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Campanhas para as eleições legislativas de 2022: Arruada em Guimarães do candidato pelo Partido Socialista, António Costa, secretário-geral do PS e candidato a primeiro-ministro. As eleições legislativas realizam-se no próximo dia 30 de janeiro de 2022. Guimarães, 23 de janeiro de 2022. JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR
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JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Factor PM. Em campanha, Costa é mais que o candidato (e isso está no terreno)

Ser primeiro-ministro traz diferenças na estrada. Há obra para mostrar, promessas para fazer com a mão na massa (desta vez não é só PRR) e também um gabinete preparado que tirou férias para ali estar.

O casaco felpudo cor-de-rosa quase tapa todo o avental verde rendado de Deolinda que, de sandálias por cima das meias, está ali preocupada. Tem de “apanhar a camioneta do meio dia” porque tem uma consulta e, por isso, arrisca-se a passar ao lado do momento do dia na socialista Afurada. António Costa está atrasado para a arruada e ela “gostava de ver o primeiro-ministro”. Para o bem e para o mal, pelo país que percorre, é esse o cargo e o próprio tem posto a render as funções, em tudo o que mexe, nesta campanha.

António Costa levou consigo alguns elementos do seu gabinete de primeiro-ministro, o seu núcleo de conselheiros mais próximos (onde cabem governantes que são também dirigentes do PS mas também, um independente, e funcionários) e tem também, obrigatoriamente, a proteção do corpo de segurança pessoal, com os elementos do destacamento de Segurança Pessoal do primeiro-ministro a acompanharem cada ação de campanha.

Depois há também a obra que destaca a cada território que pisa e, mais recentemente, a carta da gestão da pandemia que começou a ser jogada a toda a volta e até pelo próprio. Há bem menos referências ao Plano de Recuperação e Resiliência do que na campanha autárquica —  altura em que tanto irritou a oposição — mas António Costa visitou obras lançadas pelo seu Governo, apontou outras e até fez promessas. Palavra de primeiro-ministro.

A pandemia e outras frentes

Quando esteve em campanha ao lado do líder do PS, a independente Ana Abrunhosa (ministra da Coesão Territorial) subiu ao palco do comício ofegante com os gritos pelo partido e dirigiu-se a Costa assim: “Senhor primeiro-ministro. Eu só o vejo como primeiro-ministro e acho que todos o vemos como primeiro-ministro”. A estratégia da campanha passa tanto por aqui como pela gravata de primeiro-ministro que António Costa só tirou na segunda semana de campanha. A ideia foi sempre sublinhar o candidato no cargo e a linha adensou a partir do momento em que, nas sondagens, o PSD começou a morder os calcanhares ao candidato primeiro-ministro.

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Em Vila Real, na segunda-feira, o socialista disparou com o combate à pandemia, nos dois últimos anos, como capital a seu favor, uma arma que ainda não tinha usado desta forma. “Lamento, nunca li um manual de como se governa em tempo de pandemia, mas aprendi que em tempo de pandemia se governa unindo um país, mobilizando coletivamente o país, dirigindo-me a todos”. E ainda acrescentou: “Se não foi o diabo e vírus que nos derrotaram também não vai ser a oposição”, arrancando o aplauso da sala.

Não que a pandemia não tivesse sido uma referência constante até aqui, mas o foco não era tanto o da gestão mas antes o da necessidade de “virar de página”. Agora isso mudou e até Eduardo Vítor, o autarca de Vila Nova de Gaia que se juntou esta terça-feira à campanha,  carregou na dramatização colocando António Costa no meio desse furacão, uma espécie de salvador: “Enquanto estávamos isolados, ele andava a lutar por nós”, disse na Afurada. E em Coimbra esta terça-feira, com a argumentação sobre a pandemia a entrar pela campanha adentro, Costa teve ao seu lado a cabeça de lista pelo círculo, a ministra da Saúde Marta Temido. Na baixa de Coimbra, a ministra fez sensação, com duas senhoras logo no início, no Largo da Portagem e outra mais adiante a chamarem-na pelo nome próprio e até com diminuitivos: “Martinha”.

A ministra ia respondendo às solicitações e numa intervenção, no final da arruada, sublinhou o papel do SNS na pandemia. “Tem muito a melhorar mas esteve lá quando precisámos”, afirmou quando atacava a proposta de Rio nesta matéria.

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Não foi só esta carta mais recente do Governo que Costa usou em campanha. No combate direto com Rui Rio, alinhou outras frentes do Executivo nos últimos anos, nomeadamente o aumento do salário mínimo nacional que chegou a comparar ao do tempo de Passos Coelho. “Nos quatro anos de governação PSD/CDS, o salário mínimo subiu 20 euros. Só este ano subiu o dobro”, referiu num comício em Viseu. O mesmo no aumento das pensões, que aproveitou para ainda somar à queixa do chumbo do Orçamento quando tinha previsto um novo aumento extraordinário para as mais baixas. Uma proposta que transpôs para o seu programa eleitoral, prometendo efeitos retroativos a janeiro. Ainda assim, o valor das pensões continua a ser uma das queixas mais recorrentes que enfrenta nas ruas.

Já o Plano de Recuperação e Resiliência, desta vez, não tem sido a cartada mais usada. Falou nele, sim, mas de forma esporádica. Não é uma linha tão presente como foi nas autárquicas, mas vai aparecendo. No Funchal, por exemplo, Costa falou no assunto, para sublinhar que tinha acabado de ser assinado, no dia anterior em Bruxelas, “o acordo operacional que permitirá receber as tranches do PRR” que, acrescentou, “são fundamentais para levar o país mais além e mais rápido do que iria sem a solidariedade da União Europeia”. E em Faro, depois da candidata Jamila Madeira ter falado no Plano, Costa disse apenas que “num momento difícil e quando estávamos em plena pandemia e finalmente tínhamos ao nosso dispor o que tanto custou a ganhar na União Europeia”, sem sequer dizer PRR.

Em Castelo Branco, também o usou, mas de passagem, para carregar neste mesmo argumento. “Temos mesmo de nos mobilizar, o país não pode continuar parado quando tem de estar mobilizado para lutar contra a pandemia e quando tem o PRR”.

As promessas e obras

De capacete branco e de mão dada com a mulher, Fernanda Tadeu, António Costa passa pela poeirada do início da obra do Hospital Central do Alentejo. Não há muito mais do que máquinas em movimento, buracos e muito pó. Mas o líder socialista não quis deixar de ir lá em campanha, quando passou por Évora. É uma promessa antiga cumprida que vem em resposta ao PCP, que está periclitante no distrito e que muito tem reivindicado esta obra.

A obra começou em agosto e estará pronta em 2023, segundo as previsões do Governo que espera que a nova unidade possa estar a funcionar em pleno em 2024, a meio da legislatura que há de começar. A presidente da Administração Regional de Saúde, Filomena Mendes, até agradeceu ao socialista, quando apresentava o plano da obra, se não fosse a sua “vontade” não estaria ali aquele arranque de obra.

Campanhas para as eleições legislativas de 2022: Ação de campanha arruada, de António Costa, candidato pelo PS a primeiro-ministro, em Évora e Reguengos de Monsaraz. As eleições legislativas realizam-se no próximo dia 30 de janeiro de 2022. Évora e Reguengos de Monsaraz, 20 de janeiro de 2022. JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

António Costa numa visita às obras do que virá a ser o hospital de Évora

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Na Guarda, Costa também vendeu obra, ao referir a reabertura da linha entre a Guarda e a Covilhã, que estava fechada há 12 anos e que aconteceu no tempo do seu Governo. Nem como o lançamento do concurso e a adjudicação da obra de requalificação de uma das alas do Hospital da Guarda. “A legislatura não durou quatro anos, mas o concurso foi lançado no Verão e a obra já está adjudicada e vai estar pronta a tempo”, afirmou.

Em Gaia e Matosinhos, em intensas ações de rua esta terça-feira, António Costa foi prometendo à vista. A uma senhora que o abordou no mercado de Matosinhos queixando-se de ter recebido um aumento de pensão que foi absorvido pelos imposto, Costa explicou que no dia anterior, o seu secretário de Estado dos Assuntos Fiscais tinha resolvido a questão através da revisão da tabela de retenção de IRS precisamente para evitar casos como aquele.

Noutro ponto da manhã, na Afurada, uma outra mulher queixou-se de falhas na travessia de barco entre a Afurada e o Porto, Costa prometeu resolver a questão. E no discurso que fez a seguir à população defendeu que “a melhor forma” de o fazer é tirar essa competência à APDL (Administração dos Portos do Douro) e entregar à Câmara e Gaia”. Um problema, uma solução prometida por quem tem a mão na massa.

O staff (parte dele tirou férias do gabinete) e a segurança

Antes de qualquer ação de campanha, os seguranças do primeiro-ministro fazem uma avançada, ou seja, parte da equipa vai à frente, examina o espaço e eventuais riscos. E desse controlo de espaços para garantir a segurança física do candidato que também é primeiro-ministro, acabam por resultar alguns alívios políticos, como na arruada de Espinho, no sábado do meio da campanha, em que um representante dos Lesados do BES ainda conseguiu chegar ao candidato socialista, mas outro que estava mais à frente já não conseguiu. Pelo meio, várias comunicações entre seguranças e organização do PS sobre um homem exaltado mais à frente, que não chegou a conseguir sequer entrar na bolha onde ia António Costa.

E até nos momentos mais privados do primeiro-ministro estão presentes, como por exemplo quando pára para um encontro informal, com dirigentes locais, como aconteceu na Madeira quando foi comer uma queijada e beber um café a uma pastelaria em Machico, muito perto do auditório do fórum onde ia a seguir. Aliás, Costa até decidiu fazer o percurso até ao local do comício a pé e, nesses momentos, os seguranças comunicam entre si a decisão do socialista e realinham estratégia.

Campanhas para as eleições legislativas de 2022: Ação de campanha de António Costa, candidato pelo PS a primeiro-ministro, em Beja e em Faro. Beja e Faro, 19 de janeiro de 2022. JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR Campanhas para as eleições legislativas de 2022: Arruada em Espinho do candidato pelo Partido Socialista, António Costa, secretário-geral do PS e candidato a primeiro-ministro. As eleições legislativas realizam-se no próximo dia 30 de janeiro de 2022. Espinho, 22 de janeiro de 2022. JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR Campanhas para as eleições legislativas de 2022: Arruada nas Caxinas do candidato pelo Partido Socialista, António Costa, secretário-geral do PS e candidato a primeiro-ministro. As eleições legislativas realizam-se no próximo dia 30 de janeiro de 2022. Caxinas, 23 de janeiro de 2022. JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR Campanhas para as eleições legislativas de 2022: Arruada nas Caxinas do candidato pelo Partido Socialista, António Costa, secretário-geral do PS e candidato a primeiro-ministro. As eleições legislativas realizam-se no próximo dia 30 de janeiro de 2022. Caxinas, 23 de janeiro de 2022. JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

O destacamento de Segurança Pessoal do primeiro-ministro acompanha cada ação de campanha ao lado de António Costa

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Não é diferente hoje do que foi em 2019 também com Costa na estrada como candidato ao mesmo tempo que era primeiro-ministro. Houve até uma arruada em Coimbra, na campanha da Europeias nesse ano, em que os mesmos lesados do BES obrigaram à intervenção da PSP, tal a confusão gerada no local. O socialista teve constantemente à sua volta sete elementos do destacamento de segurança do primeiro-ministro nesse momento. Nesta campanha, por exemplo, ainda não se viu uma moldura dessa dimensão, embora estejam sempre presentes pelo menos quatro pilares à volta do candidato atentos à movimentação do próprio (e da sua mulher) e a orientarem a turba que se gera com a sua presença.

Neste capítulo não tem escolha, é uma imposição. No caso do staff do gabinete que o acompanha, a escolha é sua e baseada na confiança. Não dispensa a presença da sua secretária pessoal em São Bento, nem nesta campanha nem em situação nenhuma, já que Conceição Ribeiro está com Costa desde que ele foi líder da bancada parlamentar do PS. É presença constante ao seu lado em grandes iniciativas partidárias, como congressos, por exemplo.

Campanhas para as eleições legislativas de 2022: Ação de campanha arruada, de António Costa, candidato pelo PS a primeiro-ministro, em Évora e Reguengos de Monsaraz. As eleições legislativas realizam-se no próximo dia 30 de janeiro de 2022. Évora e Reguengos de Monsaraz, 20 de janeiro de 2022. JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR Campanhas para as eleições legislativas de 2022: Ação de campanha arruada, de António Costa, candidato pelo PS a primeiro-ministro, em Évora e Reguengos de Monsaraz. As eleições legislativas realizam-se no próximo dia 30 de janeiro de 2022. Évora e Reguengos de Monsaraz, 20 de janeiro de 2022. JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Alguns elementos da equipa de António Costa

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O trabalho de primeiro-ministro, nestas duas semanas fica em suspenso, embora Costa esteja em funções e mantenha sempre o contacto com o seu gabinete. Um dos seus assessores de imprensa está apenas dedicado à campanha, bem como os dois fotógrafos do gabinete e uma assessora do primeiro-ministro. De acordo com informação da caravana, os elementos do gabinete que estão na campanha tiraram férias nestas duas semanas para poderem acompanhar o secretário-geral do PS com quem trabalham em São Bento.

Já entre os conselheiros que andam na estrada com Costa conta-se Duarte Cordeiro, novamente seu diretor de campanha que também é o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares e candidato por Lisboa, Mariana Vieira da Silva, também candidata a deputada, e ainda Tiago Antunes, que é o secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro e também tirou férias para estar na estrada com o líder do PS. Vão prestando apoio na organização de iniciativas de campanha e também munindo o candidato de informação sobre o que se passa noutras candidaturas e nas notícias. Também tem a estrutura do partido a acompanhá-lo a cada momento, mas no círculo mais próximo mantém aqueles com que trabalha diariamente em São Bento.

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