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"Montenegro ainda não inverteu caminho desconsolador do PSD", lamenta Francisco Mendes da Silva
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"Montenegro ainda não inverteu caminho desconsolador do PSD", lamenta Francisco Mendes da Silva

"Montenegro ainda não inverteu caminho desconsolador do PSD", lamenta Francisco Mendes da Silva

Francisco Mendes da Silva: "O instinto de Marcelo é ser oposição à oposição"

Em entrevista, Francisco Mendes da Silva critica o facto de o PSD de Luís Montenegro estar a ser ambíguo em relação a futuras alianças com o Chega e alerta liberais para história recente do CDS.

Lamenta o que está a acontecer na Iniciativa Liberal, recorda o que aconteceu ao CDS e entende que Luís Montenegro ainda não inverteu o caminho “desconsolador” em que mergulhou o PSD. Francisco Mendes da Silva, advogado, comentador e antigo deputado democrata-cristão, só tem uma certeza: com o Chega, jamais.  “Acho que [a aliança] vai correr mal, pode correr muito mal eleitoralmente. Mas o mais triste é que era muito fácil resolver essa questão a esta distância”, lamenta.

Em entrevista ao Observador, no programa “Vichyssoise”, Mendes da Silva fala ainda de Marcelo Rebelo de Sousa, cujo instinto parece muitas vezes “ser oposição à oposição” e assume que Pedro Passos Coelho seria o grande favorito à direita para entrar na corrida a Belém. “Não há dúvida nenhuma que a aura de Passos Coelho como o prometido é, neste momento, e será durante muito tempo, imbatível.”

O democrata-cristão — que se desfiliou do CDS e não pretende regressar ao partido, nem filiar-se da Iniciativa Liberal, partido em quem votou nas legislativas — não hesita ainda em apontar baterias a António Costa: “Não projeta qualquer imagem do que gostaria que o país fosse no futuro, não tem uma reforma bandeira. É muito displicente e arrogante”.

[Ouça aqui a Vichyssoise com Francisco Mendes da Silva]

Marcelo absurdo, PS queixoso e PCP em renovação

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“CDS já perdeu força para existir como partido autónomo”

Há dias tivemos neste mesmo espaço Diogo Feio, que sugeria que se o CDS falhasse a eleição de um eurodeputado, em 2024, perderia força para existir enquanto partido autónomo. Concorda?
Não concordo porque entendo que o CDS já perdeu força para existir como partido autónomo e isso tem razões históricas compreensíveis, estruturais, porque entendo que o grande problema do CDS é que o caminho que fez em ligação com o PSD, que legítimo e historicamente razoável, fez com que na verdade o eleitorado do PSD e do CDS ficasse muito homogéneo. O eleitorado da direitz hoje em dia é o eleitorado PàF, em que não há uma diferença significativa, impeditiva de uniões naquele espaço político que vai do CDS, ao PSD, passado pela Iniciativa Liberal.

A alternativa era o CDS fechar portas e fundir-se com o PSD?
Não sei se isso é possível assim, ou desejável. Em Portugal, nunca foi tentado.

Mas o que deve fazer o CDS?
Acho que o CDS não está em nenhuma posição de liderar qualquer tipo de união ou fusão ou processo de colaboração. Se o PSD tivesse um líder com rasgo e ímpeto suficientes e necessários, já teria falado com as pessoas do CDS e tentar integrar numa plataforma até mais abrangente do que propriamente só o PSD e o CDS.

Desfiliou-se do CDS em 2021, ainda antes da eleição de Nuno Melo. Com esta nova direção, não tem vontade de regressar?
Não, mas não queria pessoalizar porque não tem a ver com Nuno Melo ou com as pessoas que lá estão, de quem aliás gosto bastante — algumas delas são os meus melhores amigos. Não tem a ver com isso, mas com razões pessoais que não são só políticas, mas também de uma falta de paciência para a vida partidária.

"Se o PSD tivesse um líder com rasgo e ímpeto suficientes e necessários, já teria falado com as pessoas do CDS e tentar integrar numa plataforma até mais abrangente do que propriamente só o PSD e o CDS"

“A única pessoa que tem carisma para unir toda a direita é Passos”

Há quem ache, na direita portuguesa e nomeadamente no PSD, que as ajudas que Marcelo dá ao Governo já estão a ficar perto do “nonsense total”, nomeadamente nesta polémica a propósito das memórias de Carlos Costa. Concorda que Marcelo está demasiado colado ao Governo socialista?
Um dia há de fazer-se a história dos mandatos de Marcelo Rebelo de Sousa. Ele foi muito importante no momento em que foi eleito para abrandar uma excessiva crispação que havia na política portuguesa. Foi muito importante como símbolo de estabilidade. Marcelo é eleito quando estamos no início da “geringonça” houve dúvidas fundadas de que a solução poderia funcionar e Marcelo teve de ser uma espécie de esteio do Governo.

E não se soube adaptar?
Não sei se é isso. Se Marcelo já não era muito bem visto pela direita que estava na altura a comandar os partidos, pior ainda ficou essa relação por causa do ímpeto do Presidente. Isso gerou ainda mais atrito e fez com que muitas figuras da direita tenham demonstrado o seu afastamento e frustração. Acho que isso também gerou um movimento de sentido contrário. A ideia de que Marcelo iria reconstruir o espaço de centro-direita e colocar-se ao lado da direita nas várias polémicas era temerária. Os políticos são humanos, têm os seus ressentimentos e ódios de estimação. Marcelo já não era propriamente um símbolo da direita quando foi eleito. E isso criou agravos mútuos, atritos, e fez com que Marcelo nunca quisesse ser uma espécie de ponta de lança do regresso da direita ao poder. Parece-me que muitas vezes o instinto dele é ser oposição à oposição.

Nas próximas presidenciais, acha que Paulo Portas tem espaço para avançar com uma candidatura, num cenário em que Luís Marques Mendes avance também?
Se me perguntarem quem tem mais capacidade e estrutura para ser Presidente da República é Paulo Portas. Mas não escondo que Portas vem de um partido menor.

E colocando Pedro Passos Coelho nessa equação, deixa de haver espaço para esses outros protagonistas à direita?
Sim. Mas aí por razões objetivas. A única pessoa que tem, neste momento, o carisma para unir toda a direita numa candidatura — que pode não ser suficiente, atenção — é Pedro Passos Coelho. Pode não ser suficiente, sobretudo se for uma candidatura muito ideologicamente marcada. Mas não há dúvida nenhuma que a aura de Passos Coelho como o prometido é, neste momento, e será durante muito tempo, imbatível. Portanto basta dar um sinal e será ele o candidato da direita à Presidência. Tenho dúvidas de que queira.

"Marcelo já não era propriamente um símbolo da direita quando foi eleito. E isso criou agravos mútuos, atritos, e fez com que Marcelo nunca quisesse ser uma espécie de ponta de lança do regresso da direita ao poder. Parece-me que muitas vezes o instinto dele é ser oposição à oposição"

“Montenegro ainda não inverteu caminho desconsolador do PSD”

O que defende é uma grande frente partidária que junte as direitas menos o Chega, é isso? Esse bloco de direita devia formar-se já para as próximas legislativas? Ou até antes?
Sim, claro. É possível uma grande frente de centro-direita, direita democrática, contra PS e Chega. Para aquelas pessoas que acham que há uma espécie de continuidade entre a direita democrática e o Chega, coisa com a qual estou em discordância profunda, mesmo para essas convém dizer que a esmagadora maioria das pessoas que entende que não — a prova é a maioria absoluta de Costa. Parece-me evidente que uma das razões da maioria absoluta uma delas foi o risco de o PSD se unir com o Chega. O eleitorado é muito mais homogéneo do que o sistema partidário revela. A direita não pode ir a eleições sem o seu projeto. Qual era o programa da direita nas eleições? Não sabíamos, porque estava dependente dos votos que cada partido ia ter.

Nesse mesmo artigo que assinou no Público, a 29 de outubro, também escreveu que: “Para um eleitor da direita, tem sido desconsolador ver nos últimos anos o estado do PSD, um partido de poder com cada vez menos ímpeto, substrato e figuras nacionais”. Luís Montenegro não conseguiu inverter esse caminho?
Julgo que ainda não. Não quer dizer que não tenha capacidade para isso, também é um pouco cedo. Tem uma dificuldade que é não se perceber qual o significado dos governos de António Costa. Não projeta qualquer imagem do que gostaria que o país fosse no futuro, não tem uma reforma bandeira, uma ideia central. Na esmagadora maioria dos ministérios, a não ser no de Pedro Nuno Santos, não há uma ideia de futuro, não sabemos o que os mobiliza. Montenegro tem a dificuldade de não saber a que é que se está a opor. A não ser à inação do Governo. Mas isso também é muito pouco. Concordo com aquelas pessoas que dizem que vão ser uns anos de discussão de casos e casinhos. O primeiro-ministro é muito displicente e arrogante nestes casos, como se viu com Miguel Alves. É bastante confrangedor. O PSD, como se viu agora no caso de Carlos Costa, quase pavloviamente vai atrás destas coisas. Isso não gera um programa de Governo e uma alternativa.

Luís Montenegro tem sido claro nessa demarcação do Chega?
Não, e basta conhecer um bocadinho o PSD para saber que está perfeitamente relaxado com a possibilidade de fazer uma coligação com o Chega. Acho que vai correr mal, pode correr muito mal eleitoralmente. Mas o mais triste é que era muito fácil resolver essa questão a esta distância. Era o que o PSD devia ter feito nos Açores. Dizer: ‘Queremos liderar uma alternativa ao PS a partir do centro-direita, numa grande coligação das forças democráticas da direita, com um programa preparado com tempo e capaz de mobilizar as pessoas. E queremos chegar à frente do PS. Se não tivermos maioria absoluta diremos que tem de escolher: ou viabilizar um Governo de direita ou permitir que o PS continue no poder. E para o PS, se está a falar a sério do perigo do Chega, terá de viabilizar a entrada da direita no Governo, para não se entregar ao Chega’.

Defende há muito que a direita deve impor um cordão sanitário em relação ao Chega. Mas quando diz que o Chega terá de decidir sozinho, sem negociações, se apoia um Governo do PSD, isso não é votar a direita à ingovernabilidade?
Não.

À partida ficaria dependente da esquerda.
Nos Açores, a direita não precisava de negociar nada com o Chega.

Foi uma exigência do representante da República.
Claro, mas com que razão? Nenhuma. Nessa situação, a direita entraria no governo e colocaria o PS perante as suas responsabilidades. Porque é que o PSD achará que o Chega é mais legítimo e mais próximo de si ideologicamente do que o PS para as questões fundamentais da governação? Para as reformas estruturais? O Chega tem alguma estrutura intelectual que seja minimamente própria para um sustento de um governo? É evidente que não tem.

"Parece-me evidente que uma das razões da maioria absoluta uma delas foi o risco de o PSD se unir com o Chega. O eleitorado é muito mais homogéneo do que o sistema partidário revela. A direita não pode ir a eleições sem o seu projeto"

“Crise da Iniciativa Liberal? Vejo ali tanta coisa do que vi no CDS”

Assumiu-se como eleitor da IL nas legislativas. Pondera filiar-se? Gostava de voltar à política ativa?
Não, não. Assumi-me como eleitor circunstancial. Como voto no distrito de Viseu, sabia bem que o voto não ia ter uma correspondência na eleição de um deputado da IL.

Foi de circunstância, portanto não pondera filiar-se.
Não. Aliás, entendo que não faz sentido haver um partido liberal tout court. Como se vê, ao contrário do que deve ser o liberalismo que é tendencialmente a grande ideologia moderada e não dogmática, quando os liberais se juntam num pequeno partido aquilo dá para o dogmatismo. Que é o que está acontecer com as lutas internas na IL.

A disputa pela sucessão de João Cotrim Figueiredo pode dar à IL o mesmo destino que o CDS teve?
Não queria dizer as coisas dessa forma, mas não consigo deixar de reconhecer que vejo ali tanta coisa do que vi no CDS. Indo mais atrás: este é um dos grandes problemas da fragmentação da direita; quando há muitos partidos a competir no mesmo grande espaço doutrinário ou ideológico, o seu instinto é de se quererem diferenciar uns dos outros em vez de quererem um programa comum. O instinto interno é sempre o da purificação, o da purga, o de dizer quem é que é mais liberal. Isto é uma autofagia absolutamente inacreditável. Um jogo de soma nula. A Iniciativa Liberal está a revelar-se um partido profundamente dogmático que em vez de olhar para os problemas do país e perceber como é que os seus valores podem responder a esses problemas, quase que inventa problemas só para poder afirmar uma ideologia pensada a regra e esquadro.

"Entendo que não faz sentido haver um partido liberal tout court. Quando os liberais se juntam num pequeno partido aquilo dá para o dogmatismo. Que é o que está acontecer com as lutas internas na IL"

“Preferia dar uns suspensórios a António Costa”

Vamos avançar para a segunda parte da nossa refeição, o “Carne ou Peixe”, em que só pode escolher uma de duas opções. Quem levaria a ver o Porto no Dragão: André Ventura ou Paulo Raimundo?
Paulo Raimundo. Não sei de que clube é que é, mas temia também pela segurança física de André Ventura no Estádio do Dragão.

A quem oferecia um bilhete para os Blur, no Golden Circle, em Wembley: Cotrim Figueiredo ou Nuno Melo?
Nuno Melo.

A quem dava uns suspensórios este Natal: a António Costa ou Pedro Nuno Santos?
Talvez a António Costa. Os suspensórios são bons para segurar as calças naquele perímetro mais avantajado.

Preferia viajar até Itália com Francisco Rodrigues dos Santos ou Rui Rio?
Com Francisco Rodrigues dos Santos.

Socialistas aplaudem defesa de Marcelo, PSD irrita-se: “Já roça o nonsense total”

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