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A Portugal Fresh é a associação que promove as exportações de frutas e legumes de Portugal.
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A Portugal Fresh é a associação que promove as exportações de frutas e legumes de Portugal.

A Portugal Fresh é a associação que promove as exportações de frutas e legumes de Portugal.

Frutas e legumes veem custos disparar até 70%. “Muitas empresas podem falir nos próximos tempos”, diz Gonçalo Santos Andrade

Presidente da Portugal Fresh diz que o setor não consegue refletir nos preços a totalidade do aumento dos custos na produção. Gonçalo Santos Andrade deixa ainda críticas à distribuição.

Após dois anos de sufoco por causa da pandemia, que fechou as portas de muitos mercados e inviabilizou as feiras internacionais de prospeção, o setor agroalimentar preparava-se para uma reinvenção quando outra crise bateu à porta. Nesta altura, os produtores debatem-se com os efeitos de uma seca extrema, que pode deixar o país sem peras e maçãs, e com um aumento de custos dos fatores de produção que está a colocar muitos sob “enormes dificuldades” e em risco de falência.

Quem o afirma é Gonçalo Santos Andrade, presidente da Portugal Fresh, a Associação para a Promoção das Frutas, Legumes e Flores de Portugal. Criada em 2010 por várias empresas do setor, com o intuito de “vender” a marca Portugal em feiras e eventos internacionais e aumentar as exportações, a Portugal Fresh tem hoje mais de 80 empresas associadas que representam mais de 4.500 produtores nacionais, além de reunir também 17 associações subsetoriais de produtores.

Em entrevista ao Observador, o líder da associação apela ao Governo por mais investimentos na eficiência hídrica e aponta o dedo à indústria e à distribuição, onde falta “solidariedade” para com os produtores.

Estamos na fase de discussão na especialidade do Orçamento do Estado para 2023. A proposta apresentada pelo Governo responde às preocupações do setor agroalimentar?
O setor agroalimentar tem sido um dos motores económicos mais fiáveis da União Europeia. Passaram dois anos e meio desde o início da pandemia, tivemos uma seca extrema, uma guerra que desejamos que termine rapidamente mas que se está a prolongar, e temos um contexto difícil. Mas não podemos esquecer que este setor nunca parou. Face ao Orçamento inicialmente apresentado, houve passos importantes, e valorizamos todos os cêntimos atribuídos ao setor.

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Mas é importante ter a perceção de que o principal beneficiado de qualquer cêntimo investido na agricultura é o consumidor final. Houve três medidas que vieram ajudar o setor diretamente: os 10 cêntimos por litro para o gasóleo agrícola, o reforço de 20% para 40% da majoração em sede de IRC e IRS dos gastos com fertilizantes e adubos e a extensão da isenção da taxa liberatória de IRS aplicável aos trabalhadores agrícolas não residentes às primeiras 50 horas de trabalho suplementar. São medidas ótimas, que face à proposta inicial vieram melhorar a perspetiva do setor. Mas, no global, são medidas exíguas para as necessidades que temos.

O que ficou a faltar para responder a essas necessidades?
Falta uma diminuição da carga fiscal sobre as empresas, principalmente.

Tendo em conta o debate prévio, ficaram com a expectativa que avançasse uma descida transversal do IRC?
Ficámos com essa expectativa e com a expectativa de o Governo ir mais além na diminuição da carga fiscal para as empresas exportadoras. Nós temos o papel de promoção internacional, defendemos a importância das exportações e víamos como algo importante haver benefícios específicos ao nível da carga fiscal para as exportadoras. Estamos num mercado global e, infelizmente, em Portugal só temos 2% dos consumidores da UE. As nossas exportações são sobretudo para a UE a 27. Nós duplicámos, em dez anos, o valor das exportações. Tínhamos 780 milhões de euros de vendas em 2010 quando lançámos a Portugal Fresh, e nessa altura o setor valia 2.200 milhões de euros.

Em 2021, as exportações mais do que duplicaram sobre o valor dessa década, atingiram 1.731 milhões de euros num volume de negócios de 3.841 milhões. Isto demonstra o dinamismo do setor, o seu potencial, e mostra que temos de ter uma visão global. Temos de comparar a robustez das nossas medidas com as dos nossos principais concorrentes, que são “só” os espanhóis, italianos e franceses. Tem havido medidas mais robustas para os nossos concorrentes e aí ficamos preocupados. Exportamos 81% do que produzimos para a UE, o nosso principal mercado é Espanha, que normalmente absorve 30% do valor das exportações. O mercado espanhol é a extensão do mercado interno. Mas a visão global implica olhar para o mercado europeu como um mercado local. Temos de ver esta linha Lisboa-Helsínquia como o nosso mercado global.

O que acha que faltou para essas medidas avançarem? Vontade política?
Sou um otimista. Temos de ser, com todo este contexto. Muitas empresas podem falir nos próximos tempos. Os preços aumentaram muito. No primeiro semestre, as exportações em valor cresceram 16%, mas em quantidade cresceram 14%. Em valor por quilo cresceu 1,3%.

Neste momento temos uma maioria absoluta, uma situação estável. Acreditamos que podem ser tomadas medidas concretas e robustas. Espero que o OE tenha sido um primeiro sinal de uma maior abertura para o diálogo com o setor e para o reforço da ambição. Espero que seja reconhecido de uma vez por todas como um setor estratégico. Já foi importante passar para um Ministério da Agricultura e da Alimentação, mas precisamos de mais ambição.

“O preço das caixas e dos transportes chegou a ser superior ao valor das couves”

Diz que as vendas estão a crescer mas, ao mesmo tempo, as empresas estão em risco de falir. Como é que isso se explica?
Porque no valor por quilo, o crescimento é de apenas 1,3%. E o crescimento de custos varia muito por subsetor. Temos crescimentos de 25% a 70% nos custos, dependendo dos subsetores. Há frutas que têm mais componente de mão de obra, como os pequenos frutos, por exemplo, ou nas frutas que estão conservadas durante seis a oito meses, como a pera e maçã, que têm uma componente de energia superior. Se o valor por quilo cresce apenas 1,3% não compensa o galopante crescimento dos custos de produção.

Teria feito diferença a redução do IVA dos produtos essenciais?
Para os consumidores, essa é uma medida sempre relevante. Pelo menos mantém o nível de consumo. Não é relevante no resultado operacional das empresas, mas é benéfico para todos.

"O que estamos a ver agora é uma diminuição de produção de peras e maçãs por não ter chovido o que é habitual. A quebra de produção de pera rocha foi na casa dos 50%, na maçã de 30%."
Gonçalo Santos Andrade, Presidente da Portugal Fresh

Que empresas correm risco de fechar? Que subsetores estão mais expostos à crise? Durante a pandemia vimos que o setor dos pequenos frutos e as flores foram os mais afetados. Qual é a situação atual?
Durante a pandemia, as plantas ornamentais e flores tiveram uma quebra que não se verificou nas frutas e legumes. O mercado fechou e houve prejuízos enormes. Reclamámos medidas concretas e tivemos linhas de crédito. Estas apoiam a tesouraria das empresas, são boas para aumentar stocks, mas não ajudam o resultado operacional. As empresas endividaram-se enormemente e ainda estão a passar grandes dificuldades. Os pequenos frutos em 2013 exportavam 31 milhões e em 2021 atingiram 250 milhões, são os reis das exportações em termos de valor. Houve algumas semanas com algumas dificuldades de escoamento mas o setor reinventou-se e encontrou alternativas. Foi importante as retiradas de produto para os bancos alimentares. Mas estas foram medidas transversais à UE a 27, não beneficiámos de nada extra. O que estamos a ver agora é uma diminuição de produção de peras e maçãs por não ter chovido o que é habitual. A quebra de produção de pera rocha foi na casa dos 50%, na maçã de 30%.

Como estão esses produtores a sobreviver?
Com enormes dificuldades. São produtos que dependem muito da conservação. Os produtos são colhidos em agosto e as campanhas duram até março, abril, maio, dependendo dos anos. Se calhar este ano, em janeiro ou fevereiro já não haverá produto. Estas empresas têm enormes custos energéticos. Nesses setores poderá haver desagradáveis surpresas. Também houve crise nos hortícolas. O preço das caixas e dos transportes chegou a ser superior ao valor das couves, o que tornava inviável a exportação durante o início da pandemia.

Essa situação amenizou, entretanto?
Estabilizou. Mas só se vai ver o impacto na diminuição das exportações no primeiro semestre de 2023. As peras e maçãs contribuem com cerca de 105 a 110 milhões de euros para as exportações.

Mas essa falta de produto é para exportar ou por cá também haverá menos peras e maçãs?
Haverá muito menor quantidade disponível de pera e maçã tanto no mercado interno como para o externo. Mas todos os setores têm tido enormes desafios. Alguns conseguem posicionar-se melhor que outros. Também o valor que temos por quilo de produto é diferente em cada subsetor. Os custos logísticos mais do que duplicaram em muitas situações. O valor por quilo em alguns produtos é neste momento difícil de controlar.

“Pequenos agricultores deveriam ser obrigados a organizar-se”

Qual é, até ao momento, o balanço da atividade exportadora de 2022 do setor agroalimentar?
A nossa ambição é chegar aos 1.900 milhões de euros no final do ano. O setor tem dado uma enorme lição a todos os setores de atividade. Mesmo não tendo havido uma estratégia ao nível das obras que são precisas, de melhoramento, modernização e revitalização dos perímetros de rega existentes, muitos deles com mais de 50 ou 60 anos.

Porque é que essas obras não avançam?
São precisos fundos públicos. Nós tínhamos a esperança de ver muito investimento no PRR na água, e não chega a 400 milhões a alocação à eficiência hídrica. É um valor muito baixo. Há um bom exemplo, que são os 200 milhões alocados ao plano de eficiência hídrica do Algarve. Desses 200 milhões, 60% são novas fontes de água, incluindo uma dessalinizadora. Estamos muito atrasados nesses processos. Em Espanha já há mais de 750, nós temos uma, no Porto Santo.

Vimos muita ambição, no plano que António Costa Silva apresentou antes de ser ministro, ao nível da ferrovia, dos portos. E quando vimos a apresentação do PRR, não tinha nada a ver com essa ambição estratégica. Muitas destas situações foram uma enorme desilusão.

Qual a alternativa?
O nosso objetivo é atingir os 1.900 milhões de euros este ano. Até 2030, desde que nos assegurem uma estratégia forte para a água, queremos atingir os 2.500 milhões. O setor tem de reforçar a sua promoção internacional. Neste momento investe-se 800 mil euros por ano na promoção e é preciso multiplicar esse valor por quatro ou por cinco para conseguirmos chegar a novos mercados. É preciso investir de forma cirúrgica, nas geografias corretas. Não podemos ter a ambição de fazer uma missão por ano à Índia ou à China e depois não replicar essas idas. Nesses países, há inúmeros mercados lá dentro, inúmeras oportunidades. A promoção tem de ser feita de forma acertada para haver retorno. A ambição até 2030 passa também por ter o setor mais organizado. O setor das frutas e legumes passa apenas 25% do seu valor por organizações de produtores, que são fundamentais para termos um setor coeso. A média europeia é de 50%. Até 2030 queremos aproximar-nos da média europeia.

Estivemos recentemente na Áustria, no congresso internacional das organizações de produtores de frutas e legumes. Muitas vezes queixamo-nos de não ter poder negocial. Não há solidariedade estratégica na distribuição do valor na cadeia agroalimentar. Deveria haver um reforço da parceria que temos com a indústria e com a distribuição, para haver uma remuneração mais justa ao longo da cadeia. No entanto, da parte da produção, também temos de fazer o nosso trabalho. Olhamos para a Bélgica, que é um país mais pequeno que nós, mas 90% do valor da produção de frutas e legumes passa por organizações de produtores.

Porque é que o nosso valor é tão baixo?
Há questões culturais que temos de mudar. Gostamos muito da nossa marca e do nosso umbigo e temos pouca cooperação empresarial. Nos últimos dez anos a cooperação empresarial aumentou, as empresas partilham espaço de exposição nas feiras, nota-se uma enorme colaboração entre as empresas para tentarem fazer negócios conjuntos. Mas o poder negocial da Bélgica é completamente diferente. A principal organização deles fatura mais de 430 milhões de euros, as nossas organizações faturam entre 5 a 30 milhões. Temos uma organização acima dos 80 milhões, e temos duas entre os 40 e os 50 milhões.

É evidente que os pequenos agricultores são fundamentais para a organização em Portugal, mas deveria haver critérios muito rígidos para os apoios aos pequenos agricultores. Eles podem e devem ser apoiados, mas deveriam ser obrigados a organizar-se. O único retorno que vamos ter de todos os euros que investimos em apoios a pequenos agricultores que não estão organizados é uma distorção do mercado, porque ao não terem poder negocial, ao não terem uma estratégia comercial de médio longo prazo, esses valores vão influenciar os valores de todo o setor e prejudicá-lo. Somos muito defensores de apoios para os pequenos agricultores, mas devem estar canalizados essencialmente através das organizações, que devem defender os produtores e remunerar melhor os seus associados.

No próximo ano será possível ambicionar chegar à meta de dois mil milhões de euros de exportações?
Esperemos que os dois mil milhões sejam ultrapassados em 2023 e que se veja o caminho para os 2.500 milhões em 2030. Reforço que precisamos de ajuda muito concreta ao nível das reservas de água. Estamos a ficar com limitações em algumas geografias. Olhamos para o Alqueva e é um caso de sucesso. O que seria daquele território sem o Alqueva? O Alqueva dá resposta a 170 mil hectares naquela região. Mesmo com um ano de seca extrema, temos mais de 60% de reservas de água no Alqueva.

Precisamos de replicar, se calhar não com aquela dimensão, mas de ter mini Alquevas no país todo, para termos uma estratégia que permita aumentar as exportações. Há casos críticos, por exemplo no aproveitamento hidroagrícola do Mira, de onde saem mais de 300 milhões de euros de volume de exportações de frutas e legumes. E este ano houve uma limitação de dois mil metros cúbicos de água por hectare. Nós não gostamos de andar a pedir, não queremos nada extra. Queremos medidas robustas, equivalentes aos nossos concorrentes do sul da Europa, para podermos concorrer com as mesmas armas num mercado cada vez mais global.

Temos de olhar para a demografia mundial. Neste momento alimentamos 7,95 mil milhões de consumidores. Em sete anos teremos 8,5 mil milhões. É importante que a UE a 27 tenha uma estratégia para ter autonomia agroalimentar, para conseguirmos dar maior resposta aos consumidores europeus e darmos resposta a países terceiros.

Acordou-se para a necessidade dessa resposta com a pandemia?
Acordou-se um pouco, mas é importante percebermos que há perspetivas para o aumento do consumo porque nós promovemos saúde. O consumo de frutas e legumes é benéfico e todas as tendências das novas gerações vão neste sentido. Também há muita apetência para o mercado online. Em 2015 apenas 1% das frutas e legumes eram vendidos online. Até 2030 queremos ter entre 8% e 10%, e essa perspetiva foi acelerada com a pandemia. A Ásia já representa mais de metade das compras mundiais de frutas e legumes, convém olharmos para mercados como a China, Índia e Indonésia com uma atenção especial, ver o que podemos fazer, que produtos são viáveis de chegar a essas geografias.

Indústria e distribuição “precisam de remunerar melhor a produção”

Países importantes para as exportações nacionais, como a Alemanha, já sinalizaram que em 2023 poderão entrar em recessão. Estas perspetivas podem pôr todas essas metas em causa? Estão preocupados?
Estamos muito preocupados, a rentabilidade do setor está a ser muito afetada. Mas penso que se houver solidariedade na cadeia agroalimentar… A indústria e a distribuição têm de entender que precisam de agricultores com situações económicas robustas, precisam de remunerar melhor a produção. Temos de ser mais justos na distribuição do valor na cadeia para os produtores conseguirem enfrentar esta escalada de preços, que tem sido galopante. Estamos com novos contratos de energia com valores que são quatro ou cinco vezes os que existiam há um ano. Os custos do gasóleo agrícola duplicaram.

Já referiu várias vezes essa necessidade de a indústria e a distribuição remunerarem melhor a produção. A distribuição diz que não tem aumentado as suas margens, neste contexto de aumento dos preços. Têm sentido um aumento da discrepância? 
Nós vemos a indústria e a distribuição como parceiros de negócio, mas acreditamos que há margem para os produtores serem mais bem remunerados, não temos dúvidas. Temos de trabalhar mais proximamente, ser verdadeiros parceiros, e existe espaço para remunerar melhor a produção.

Estamos com novos contratos de energia com valores que são quatro ou cinco vezes os que existiam há um ano. Os custos do gasóleo agrícola duplicaram.
Gonçalo Santos Andrade, Presidente da Portugal Fresh

Está a ser criado um novo observatório de preços da cadeia de abastecimento, precisamente para vigiar os custos, os preços e as margens praticadas no setor. Acredita que poderá ajudar nesse objetivo?
Há anos que reclamamos a entrada da Portugal Fresh para a PARCA (Plataforma de Acompanhamento das Relações na Cadeia Agroalimentar). Acreditamos que é uma entidade relevante para estar nestas discussões. Temos de ser mais envolvidos nestes fóruns. Esse observatório poderá ter dados mais positivos, que defendam melhor o setor. Neste momento desconheço os resultados, espero que não seja um projeto para amostra.

Sendo que alguns dos custos mais do que duplicaram, esse aumento de preços no produtor está a ser refletido no vosso preço de venda?
Depende do subsetor. Tem havido grandes dificuldades. No setor dos pequenos frutos, peras e maçãs, os preços estão muito ao nível de venda do ano anterior. Não conseguimos refletir no preço de venda o aumento exponencial dos custos. E por isso há perdas de rendimentos e, em alguns casos, há mesmo perda de valor e situações difíceis. Mas neste momento, e a partir de meados do ano, acho que os clientes começaram a aperceber-se destas dificuldades, já houve acertos de valores. Outros setores conseguiram adaptar-se bem e estão a conseguir pôr esse valor no seu valor de venda.

Consegue dar exemplos?
O setor do tomate fresco já conseguiu repercutir o aumento de custos no preço de venda final, porque houve um aumento de procura. Mas nos produtos que não tiveram aumento de procura, isso é mais difícil. Vai haver oportunidades, mas vamos ter de estudá-las bem. Os Países Baixos são o segundo maior exportador de produtos agrícolas do mundo a seguir aos EUA porque, apesar de serem pequenos, conseguem recorrer a tecnologia extremamente inovadora. Mas vão enfrentar desafios devido ao aquecimento das estufas, porque este ano não vai haver gás aos preços que havia, e poderá haver uma diminuição de produção durante o inverno de alguns produtos, essencialmente hortícolas. Os produtores do sul da Europa vão ter de conseguir reorganizar-se para fazer face a algumas flutuações de mercado e faltas de produto que possam existir. É importante andarmos sempre nos mercados à procura de oportunidades, para que os produtores possam aproveitá-las.

Nas últimas feiras que visitaram, sentiram mudanças em relação ao que os mercados que procuram? Mudou alguma coisa por causa do contexto atual, nomeadamente a guerra na Ucrânia?
Sentimos uma apreensão enorme das empresas, porque não conseguimos ter contas de cultura. Temos de ser pragmáticos, não sabemos a quanto vai estar o gasóleo agrícola daqui a três semanas. Não sabemos quanto nos vão custar as caixas para colocar os produtos ou o transporte para o mercado A, B ou C. Esta instabilidade que existe nos mercados é muito difícil para conseguirmos ter um planeamento adequado das contas de cultura. Não existe estabilidade na produção. No entanto, em Madrid sentimos uma diferença abismal. No ano passado não se viam compradores de muitas geografias, eram mais da Europa. Este ano já houve um retomar. Estivemos em Berlim em abril, na Fruitlogistic, e ainda se sentiram limitações. Mas agora em outubro sentimos que as pessoas estavam ávidas de um evento presencial, de contacto. As plataformas digitais ajudam muito, mas temos uma apetência para relações pessoais no sul da Europa que nos diferencia face ao norte.

Vende-se mais presencialmente?
Vendemos muito mais presencialmente. Temos alguns clientes do Reino Unido que, quando o Manchester United vem jogar a Portugal, já nem nos telefonam para fazer negócio, porque além de verem o jogo vêm visitar as empresas. É um calor quase familiar que se perde nas plataformas digitais.

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