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O deputado do Partido Social Democrata (PSD) Hugo Carneiro intervém na sessão plenária para a discussão na especialidade do orçamento, na Assembleia da República, em Lisboa, 21 de novembro de 2022.  ANDRÉ KOSTERS/LUSA
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ANDRÉ KOSTERS/LUSA

ANDRÉ KOSTERS/LUSA

Hugo Carneiro, 'vice' da bancada do PSD, sobre Fernando Medina e a TAP: "Padrão de desconhecimento é padrão de desresponsabilização”

O deputado do PSD diz que "o padrão de desconhecimento é uma forma de desresponsabilização" que tem sido usada por Medina. Na comissão de inquérito, o PSD está disposto a ir mais longe do que 2015.

Hugo Carneiro, vice-presidente do grupo parlamentar do PSD, considera que António Costa não foi claro sobre a questão do contacto de António Costa com o ex-governador do Banco de Portugal e acusa o primeiro-ministro de se ter “enrolado numa narrativa que não responde às perguntas do PSD”.

Em entrevista ao Observador, no programa “O Sofá do Parlamento”, o social-democrata também pressiona Fernando Medina e diz que “é preciso esgravatar mais” a questão. Para Hugo Carneiro, o ministro das Finanças e o agora ex-ministro Pedro Nuno Santos apresentaram um “padrão de desconhecimento que é uma forma de desresponsabilização”.

Sobre a vida interna do PSD, Hugo Carneiro, antigo braço direito de Rui Rio, assegura que o partido está unido, fruto “do contexto atual”, rejeita qualquer tipo “desunião” dentro da bancada social-democrata e garante que o PSD “é única alternativa ao Governo do PS”.

[Ouça aqui o Sofá do Parlamento com o deputado Hugo Carneiro, do PSD]

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Hugo Carneiro, ‘vice’ da bancada do PSD: Pedro Nuno e o Whatsapp? “É o cúmulo do ridículo”

As perguntas sobre a ingerência de António Costa na defesa de Isabel dos Santos correm o risco de fazer ricochete no PSD e na gestão da banca do último Governo de Passos Coelho? 
Estamos muito seguros das perguntas que fizemos ao primeiro-ministro. E como achamos que a informação deve ser pública é que temos andado a insistir na necessidade de respostas completas. Aquilo que constatámos é que, para além de não ter cumprido o prazo de 30 dias, e depois de ter dito que eram respostas simples e fáceis de dar, tivemos que esperar 60 dias para continuarem a existir várias perguntas sem resposta. Na sequência da recusa de idoneidade de Isabel dos Santos, existiu ou não um contacto excessivo por parte do primeiro-ministro junto do governador do Banco de Portugal? Isso não é claro. Diz que nunca interferiu a favor de Isabel dos Santos mas fez um contacto. Para quê? Também não responde se articulou a sua visão com o Banco de Portugal quando enviou uma comunicação sobre as dificuldades do Banif à Comissão Europeia e ao BCE.

O PSD quer repetir algumas perguntas. O PSD não fica a meio da ponte ao não avançar para outro tipo de instrumentos?
O Parlamento tem várias formas de intervir. A comissão de inquérito é a última linha desses instrumentos. As perguntas que colocámos e a insistência que temos feito para a necessidade dessa resposta têm suscitado muito incómodo. O líder da bancada do PSD pronunciou-se sobre isto e o PS veio imediatamente dizer que era tudo mentira. Isto tem suscitado incómodo. Normalmente, onde há incómodo há alguma ferida. Julgo que os portugueses estão a começar a perceber isso.

O dossier não vai ficar fechado com uma segunda ronda de respostas ou há a possibilidade de tudo ficar esclarecido e o caso ficar encerrado?
Se houver bom senso do primeiro-ministro, e em vários momentos tem demonstrado pouco, acho que é do seu interesse responder às perguntas. É isso que tem que fazer. O primeiro-ministro não tem que enrolar as perguntas numa narrativa que o PSD não questionou.

A bancada do PS está a ajudar nisso com o pedido de informação técnica ao Banco de Portugal? Ou essa informação pode acrescentar alguma coisa?
O primeiro-ministro pode socorrer-se de toda a informação técnica. Se ajudar aos esclarecimentos, não há nenhum problema. Mas há perguntas que dizem respeito à esfera do primeiro-ministro e que dizem respeito ao conhecimento do próprio. Não é preciso pedir informação técnica sobre se articulou a resposta às instituições europeias com o Banco de Portugal. Ele sabe se articulou ou não. A resposta é de sim ou não. Tinha conhecimento ou não de eventuais e alegados contactos do ministro das Finanças com o Santander? Negociou ou não com o Santander a venda do Banif? Não é preciso documentação adicional para responder a isto.

"Alguém que diz que não sabe e chuta a responsabilidade para o Secretário de Estado e depois afinal descobriu um Whatsapp. Se um membro do Governo não sabia e depois já sabia eu posso pensar: e os outros? Fernando Medina disse que não sabia. Em maio saiu uma noticia no Expresso que questionava esta informação. Medina já era ministro nesta altura. Não procurou saber?"

“Pedro Nuno e o Whatsapp? Isto chega ao cúmulo do ridículo”

Fernando Medina tem sido outro dos alvos do PSD. Com a demissão de Pedro Nuno Santos e a admissão de que afinal tinha sido informação da indemnização, Medina não sai ilibado deste caso ? 
É exatamente o contrário.  Posso garantir, pela experiência que tive no PSD, onde tive que gerir largos milhões de euros com as campanhas eleitorais, que as decisões relevantes nunca as esqueço. É impossível. Como é que podemos assumir que alguém se fosse esquecer de uma autorização para uma indemnização de 500 mil euros? É tanto dinheiro, numa empresa com tantas dificuldades e com tanto escrutínio público, debaixo de um plano de reestruturação. Numa conversa de Whatsapp? Isto chega ao cúmulo do ridículo. Se um membro do Governo não sabia e depois já sabia posso pensar: e os outros? Fernando Medina disse que não sabia. Em maio saiu uma noticia no Expresso que questionava esta informação. Medina já era ministro nesta altura. Não procurou saber? Ninguém o alertou? E apesar de ter entrado no Governo em março, os secretários de Estado estavam a fazer o quê? João Nuno Mendes já era secretário de Estado e foi nomeado para ajudar no plano de reestruturação, ou seja, havia uma grande proximidade entre as infraestruturas e as finanças.

Fernando Medina enganou o Parlamento nesses esclarecimentos que prestou? 
Não vou dizer que enganou porque isso é um juízo que cada um poderá fazer em função das respostas que ouve. Agora, o PSD não está confortável com as respostas que ouviu no Parlamento. O ministro das Finanças habituou-nos a um padrão de desconhecimento. Não sabia dos dados dos russos à embaixada, não se lembra ou não sabe da questão da TAP… É um padrão de desconhecimento permanente que é também uma forma de desresponsabilização. Este assunto tem que ser mais esgravatado para que fiquemos mais confortados com as respostas que podemos receber.

O PS já deu luz verde à comissão de inquérito sobre a gestão pública da TAP. Para o PSD, o que é que é importante que a comissão de inquérito possa averiguar? 
Temos vindo a conhecer vários factos sobre a gestão da TAP. O plano de reestruturação ainda não é conhecido do Parlamento, apesar de já ter sido pedido. Como é que se nega o envio, ainda que fosse classificado, de um documento destes? Vamos conhecer o plano na comissão de inquérito porque tem mais poder para exigir isso e tem poderes legais que não podem ser negados. A TAP tem estado envolta nestas polémicas de indemnizações milionárias, sobre a compra de viaturas com circunstâncias que ninguém percebe. Injetámos 3,2 mil milhões de euros numa companhia que depois se dá a estes luxos. Isto tem que ser esclarecido.

Mas se o âmbito for alargado ao período de privatização isso não pode, mais uma vez, fazer ricochete no PSD?
O PSD está muito confortável relativamente a isso. Esse alargamento proposto pelo PCP merecerá a nossa concordância se for votado. O PS e o Chega são contra, um porque se quer proteger, o outro porque anda mais na propaganda. Se há dúvidas devem ser esclarecidas. Não temos receio. Até achamos útil. Com alargamento ou não, a injeção dos 3,2 mil milhões de euros, as indemnizações e o plano de reestruturação têm que ser alvo de análise.

Deduzo por isso que Fernando Medina e Pedro Nuno Santos são dois dos primeiros nomes que o PSD quererá ouvir nessa comissão?
A minha experiência de comissões de inquérito diz-me que os eventuais protagonistas mais relevantes devem ser ouvidos numa fase final para que se recolha muita informação e depois se possa fazer essa confrontação. Eles poderão ser chamados numa fase inicial ou final ou então duas vezes, o que também não seria inédito.

"Eu não posso ignorar que a liderança anterior foi confrontada com o período da pandemia e que teve que assumir esse sentido de responsabilidade, que é património do PSD. Não podemos ignorar que em determinados momentos possam ter existido posições do PSD que possam ter sido mal interpretadas"

“Não há qualquer desunião no PSD”

Esta quarta-feira, no Conselho Nacional do partido, Luís Montenegro disse que esta era a hora de António Costa. Porque é que o PSD entende que ainda não é tempo para tentar ser governo? 
Luís Montenegro disse uma coisa muito relevante ao dizer que o PSD está preparado. O PSD é o partido alternativo à governação socialista, que não existam dúvidas. Os portugueses têm sofrido esta governação socialista que começou por ser com a geringonça, com amores e desamores que levaram a eleições antecipadas. Agora, temos um partido com maioria e que não sabe o que há de fazer com essa maioria. Em vez de discutirmos os problemas do país, andamos a discutir as polémicas e casinhos do Governo. O PSD está preparado mas também não vamos permitir que o PS tenha a tentação de querer fugir às suas responsabilidades. O que constatamos é que o país está a empobrecer, o desemprego pode começar a aumentar, as pessoas estão a sentir o peso da inflação e o Governo faz gáudio de um acordo de concertação social que tem condições muito apertadas para as empresas. Há um bloqueio na ação governativa provocado pelos casos e pela incapacidade em executar políticas públicas.

Conhece bem a bancada do PSD. Na semana passada, André Coelho Lima e Carlos Eduardo Reis apresentaram uma declaração de voto em discordância com a posição do partido na moção de censura. Há uma falta de união, ainda que em surdina, dentro da bancada?
O PSD tem liberdade para que as pessoas se possam exprimir. Isso é uma característica do PSD. Os meus colegas decidiram fazê-lo. É uma opção que tomaram. Como eu próprio também poderei tomar ou qualquer outro deputado ou militante ou dirigente pode tomar em cada momento. Não vejo nisso nenhuma desunião, bem pelo contrário. O partido e a bancada têm estado em sintonia e em articulação para apresentar uma alternativa ao Governo do PS.

Era um dos homens fortes de Rui Rio. Acredita que Montenegro pode levar o PSD mais longe do Rio conseguiria?
As circunstâncias de cada momento devem ser lidas. não posso ignorar que a liderança anterior foi confrontada com o período da pandemia e que teve que assumir esse sentido de responsabilidade. Não podemos ignorar que em determinados momentos possam ter existido posições do PSD que possam ter sido mal interpretadas mas porque existia essa situação de pandemia. Se o PSD não tivesse estado do lado certo da história em decisões muito difíceis, que diziam respeito à liberdade, oque é que teria sido deste país? Agora estamos em 2023, num contexto de maioria socialista que não sabe governar para os portugueses e que só pensa na lógica partidária e em servir o aparelho, colocando os atores nos sítios certos e estando mais preocupado com quem poderá suceder a António Costa. No PSD, existiu uma passagem de testemunho totalmente pacífica. Luís Montenegro está a fazer o seu trabalho com a direção nacional, com a bancada e com o partido como um todo. É um contexto diferente e Montenegro disse que as decisões do passado, não especificamente de Rui Rio, que as assumia. Há essa tradição. Este é um partido coeso que está a denunciar a governação do PS e que é a alternativa. Não tenho dúvidas.

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