Quatro do atletismo, dois do judo, um da canoagem, um do ciclismo, um do taekwondo e um do skate. Portugal viajou para Tóquio com uma comitiva composta por 92 atletas, a terceira maior de sempre depois de Atlanta 96 (107) e Barcelona 92 (101), e tem 10 principais candidatos a regressarem para casa com uma medalha olímpica: Pedro Pablo Pichardo, Patrícia Mamona, João Vieira, Auriol Dongmo, Jorge Fonseca, Telma Monteiro, Fernando Pimenta, João Almeida, Rui Bragança e Gustavo Ribeiro.
Todos chegaram a pódios europeus ou mundiais recentemente e todos estão já prestes a iniciar as respetivas competições. Segundo a Associated Press, Portugal terá em Tóquio 2020 a sua melhor participação de sempre em Jogos Olímpicos, com um potencial ouro de Fonseca e os bronzes de Pimenta, Vieira e Pichardo. Algo é praticamente certo: as eventuais medalhas que o contingente português vai alcançar no Japão vão sair deste grupo de 10 favoritos.
Jorge Fonseca, judo
O judoca de 28 anos é o grande candidato a trazer uma medalha de ouro olímpica para Portugal — aquela que seria a primeira, depois de Carlos Lopes, Rosa Mota, Fernanda Ribeiro e Nélson Évora, fora do atletismo. Jorge Fonseca, atleta do Sporting, saltou para os holofotes da atualidade internacional quando se sagrou campeão mundial em -100kg, nos Mundiais de Tóquio de 2019. Revalidou o título no passado mês de junho, em Budapeste, e pelo meio ainda foi bronze nos Europeus de Praga, regressando agora à capital japonesa para procurar fazer história. A primeira experiência olímpica de Jorge Fonseca foi em 2016, no Rio de Janeiro, tendo sido eliminado logo na segunda ronda. O judoca entra em competição na quinta-feira, dia 29 de julho, está automaticamente apurado para a segunda ronda e vai defrontar o vencedor do combate entre Rafael Buzacarini e Toma Nikiforov.
Telma Monteiro, judo
Estes serão bem mais do que os quintos Jogos Olímpicos de Telma Monteiro. Estes serão os últimos Jogos Olímpicos de Telma Monteiro. Quando a judoca do Benfica acabar a participação em Tóquio 2020, o judo português, assim como Telma, encerra um dos capítulos mais bonitos e bem sucedidos da sua história. Mas antes, a atleta ainda tem objetivos para cumprir: Telma Monteiro, a porta-estandarte portuguesa a par de Nélson Évora, chega ao Japão com o objetivo de alcançar a segunda medalha olímpica da carreira (depois do bronze no Rio, em 2016) e depois de ter sido campeã europeia em Lisboa, chegando às 15 medalhas em Europeus. Num país que bem conhece, rodeada por uma cultura onde se sente confortável e numa cidade em que passa muito tempo ao longo do ano, a judoca portuguesa tem todas as condições para dar uma última alegria ao desporto nacional. Telma Monteiro entra em competição na madrugada desta segunda-feira, dia 26 de julho, e vai defrontar a costa-marfinense Zouleiha Abzetta Dabonne na categoria de -57kg.
Pedro Pablo Pichardo, triplo salto
O atleta do triplo salto, de 28 anos, chega aos primeiros Jogos Olímpicos da carreira e logo com a possibilidade de chegar a uma medalha — até, quem sabe, à de ouro. O cubano naturalizado português desde 2017, o ano em que passou a representar o Benfica, Pedro Pablo Pichardo foi duas vezes vice-campeão mundial (2013 e 2015) e ganhou uma medalha de bronze nos Mundiais de Pista Coberta de 2014 enquanto ainda representava Cuba. Em março deste ano, conquistou a primeira medalha com as cores portuguesas e sagrou-se campeão europeu em Torun, alcançando uma boa plataforma de motivação para Tóquio. No Japão, não terá a competição de Christian Taylor, o norte-americano bicampeão olímpico e favorito ao pódio que rompeu o tendão de Aquiles em maio. Pichardo entra em competição no próximo dia 3 de agosto, uma terça-feira, sendo que a final do triplo salto masculino só acontece dois dias depois, a 5 de agosto.
Patrícia Mamona, triplo salto
A atleta do triplo salto teve de ultrapassar uma verdadeira odisseia para conseguir chegar a Tóquio. Mamona esteve infetada com Covid-19 em janeiro, teve sintomas muito fortes e quase falhou os Europeus por ter tido pouca margem de manobra para participar em eventos de apuramento. No fim, foi a Torun conquistar a medalha de ouro, sagrar-se campeã europeia de Pista Coberta depois de ter sido prata em 2017 e alcançar a melhor vaga de fundo possível para ir a Tóquio melhorar o sexto lugar de 2016, no Rio de Janeiro. Nas últimas semanas, a competir num meeting da Liga Diamante no Mónaco, saltou 14,66 metros e melhorou o recorde nacional que durava há já cinco anos e que já era seu. Uma medalha em Tóquio, quase de certeza, poderá passar por um novo registo máximo nacional. Patrícia Mamona entra em competição no próximo dia 30 de julho, sexta-feira, sendo que a final do triplo salto feminino só acontece dois dias depois, a 1 de agosto.
Fernando Pimenta, canoagem
Logo depois de Jorge Fonseca e Pedro Pichardo, Fernando Pimenta é talvez o terceiro atleta do contingente português com as maiores possibilidades de trazer uma medalha para casa. Depois da prata conquistada em Londres 2012, em conjunto com Emanuel Silva e em K2 1.000, o canoísta natural de Ponte de Lima não conseguiu repetir o feito no Rio de Janeiro e foi 5.º em K1 1.000 e 6.º em K4 1.000 em 2016. Já este ano, foi bronze em K1 5.000 e prata em K1 1.000 na última edição dos Campeonatos da Europa, em Poznan. Chegou às 104 medalhas internacionais, depois de no passado mês de setembro ter alcançado três pódios e dois ouros na Taça do Mundo, e em Tóquio terá como principal concorrente o jovem húngaro Bálint Kopasz. Fernando Pimenta entra em competição em K1 1.000 no próximo dia 2 de agosto, segunda-feira, sendo que as meias-finais e a final acontecem no dia seguinte, 3 de agosto.
João Almeida, ciclismo
O ciclista natural de A-dos-Francos, nas Caldas da Rainha, é um daqueles casos paradigmáticos em que em 2016, nos Jogos do Rio, ninguém poderia sequer adivinhar que estaria em Tóquio. João Almeida terminou a edição de 2020 do Giro de Itália no quarto lugar, depois de ter surpreendido Portugal e o mundo ao longo dos 15 dias consecutivos em que foi líder da classificação geral e usou a camisola rosa, e já em 2021 acabou a mesma prova em sexto. O ciclista da Deceuninck foi ainda terceiro na Volta aos Emirados Árabes Unidos (o primeiro pódio de um português no World Tour), sexto na Tirreno-Adriático e sétimo na Volta à Catalunha e chega aos Jogos Olímpicos com o sonho e a possibilidade de alcançar uma medalha. João Almeida entra em competição já este sábado, dia 24 de julho e na prova de estrada, e regressa a 28 de julho, próxima quarta-feira, no contrarrelógio.
Auriol Dongmo, lançamento do peso
Em pouco mais de quatro meses, a atleta do lançamento do peso tornou-se uma das grandes esperanças portuguesas nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Auriol nasceu nos Camarões e foi aí que iniciou um percurso de vida absolutamente extraordinário, entre a estadia em Marrocos para preparar os Jogos do Rio (onde ficou em 12.º), ainda a representar o país africano, a quase ida para França e a escolha de Portugal devido à devoção por Nossa Senhora de Fátima. Chegou ao Sporting através de uma mensagem no Facebook e naturalizou-se portuguesa já em 2020, tendo depois conquistado o ouro nos Europeus de Pista Coberta de Torun no passado mês de março. Treina em Leiria, bem perto de Fátima, e em Tóquio vai procurar a segunda medalha com as cores portuguesas e a primeira glória olímpica. Auriol Dongmo entra em competição no dia 30 de julho, uma sexta-feira, sendo que a final feminina do lançamento do peso só acontece dois dias depois, a 1 de agosto.
João Vieira, marcha
Se conquistar uma medalha em Tóquio, João Vieira ficará para sempre ligado à história dos Jogos Olímpicos: por decisão do Comité Olímpico, esta será a última edição a contar com os 50 km marcha. Aos 45 anos, o atleta português vai participar nuns Jogos pela quinta vez e depois do 10.º lugar de Atenas 2004 e do 32.º de Pequim 2008, embora ambas as marcas tenham sido nos 20 km marcha. Em 2012, em Londres, Vieira foi 11.º nos 20 km mas não conseguiu terminar os 50 km, assim como havia acontecido em Sydney 2000. Na bagagem e rumo a Tóquio, o atleta de Portimão leva a recente prata conquistada nos Mundiais de Doha, em 2019, quando se tornou o medalhado mais velho na história da competição. João Vieira entra em competição no dia 5 de agosto, uma quinta-feira.
Rui Bragança, taekwondo
O atleta de Guimarães vai realizar a segunda participação em Jogos Olímpicos, depois de ter terminado em nono no Rio de Janeiro, mas desta feita é candidato a uma medalha. Aos 29 anos e já depois de ter terminado a licenciatura em Medicina na Universidade do Minho, Bragança leva para Tóquio a recente medalha de bronze conquistada nos Campeonatos da Europa de Sófia, já em 2021, e o ouro que alcançou em Baku, nos Jogos Europeus de 2015. Em Mundiais, o vimaranense que já foi líder do ranking mundial de taekwondo leva uma prata e um bronze, em 2011 e 2019, para além de ter vencido o Grand Prix de Sansum em 2015. Rui Bragança entra em competição já na madrugada deste sábado, dia 24 de julho.
Gustavo Ribeiro, skate
É uma das modalidades em estreia nestes Jogos Olímpicos e é, talvez, a que maior interesse desperta. O skater de 20 anos, natural do Pragal, foi medalha de bronze nos Mundiais de São Paulo, em 2019, e no mesmo ano foi prata nos World Roller Games. O atleta faz parte do “9 Club” da Street League Skaterboarding, o que significa que realizou uma manobra que obteve uma classificação de 9 ou mais numa prova do campeonato. Em Tóquio, o jovem português pode muito bem entrar diretamente para a história ao ser um dos medalhados na edição de estreia do skate enquanto modalidade olímpica. Gustavo Ribeiro entra em competição na madrugada deste domingo, dia 25 de julho.