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Rui Tavares não está mal nas sondagens, mas vai dizendo que sondagens não elegem deputados
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Rui Tavares não está mal nas sondagens, mas vai dizendo que sondagens não elegem deputados

FRANCISCO ROMÃO PEREIRA/OBSERVADOR

Rui Tavares não está mal nas sondagens, mas vai dizendo que sondagens não elegem deputados

FRANCISCO ROMÃO PEREIRA/OBSERVADOR

Livre. Lembra-me o que fiz nas eleições de 2015

O Livre ainda se recorda do que aconteceu em 2015. Não elegeu qualquer deputado, embora não andasse mal nas sondagens. Um papão que Rui Tavares confronta agora diretamente.

Saiu das eleições de 2015 sem qualquer deputado eleito. Rui Tavares e Ana Drago davam a cara pela coligação Tempo de Avançar/Livre, nessas eleições. As sondagens, especialmente na reta final, e as projeções que resultam de inquéritos à boca das urnas ainda colocavam o partido na Assembleia da República. Para a história ficou um votação de 39.340 eleitores que deram 0,73% a esta candidatura.

Na noite eleitoral, quando a expressão desses votos determinou o Livre fora do Parlamento, Rui Tavares assumia o falhanço. “Eu, pessoalmente, falhei também. Assumo-o inequivocamente”, realçando, então, que continua a “acreditar numa esquerda libertária, ecológica e progressista, convergente e consequente”.

Seis anos depois… o ano de 2015 não é esquecido. E é pensando nele que Rui Tavares vai falando aos eleitores que, há seis anos, admitiam votar no Livre e que na altura de colocar o voto na urna optaram por um voto útil. Rui Tavares pede que isso não se repita.

E, por isso, no arranque da segunda semana da campanha eleitoral para as legislativas 2022 resolveu centrar parte do discurso nisso mesmo. “Qualquer meio ponto acima ou qualquer meio ponto a baixo é crucial”, disse e repetiu o cabeça de lista do Livre por Lisboa, que tem apostado numa campanha direcionada a temas escolhidos e que esta segunda-feira, 24 de janeiro, optou por falar de cultura — visitando o teatro Mosca no Cacém — e de ecologia — fazendo um passeio no Tejo.

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“Vamos encarar de frente a questão do voto útil. Nesta última semana vai haver uma enorme pressão pelo voto das pessoas. Vai ser uma semana muito tumultuosa. E as sondagens servem essa pressão”, atira Rui Tavares. Numa dessas sondagens, a da Universidade Católica, dá o Livre perto dos 2%, com a da Pitagórica a ficar nos 1,2%.

“As sondagens para o Livre têm sido encorajadoras, permitem confirmar a ideia que o Livre vai eleger para a Assembleia da República. Mas nesta fase nos últimos dias qualquer meio ponto acima, ou qualquer meio ponto abaixo na situação de sondagens em que está o Livre é crucial”, e por isso repetiu esta segunda-feira: “Mais vale votos a mais do que a menos no Livre.”

É que meio ponto acima pode até significar a eleições de um grupo parlamentar (eleger mais do que um deputado), mas meio ponto abaixo pode significar repetir 2015. Rui Tavares lembra-se desse ano e recorda-o aos eleitores. “Estamos em eleições antecipadas porque a maneira de fazer política na Assembleia da República nos falhou a todos” e, por isso, deixa a mensagem “muito direta para toda a gente”: “As sondagens não elegem ninguém, as boas prestações nos debates não elegem ninguém, mesmo a enorme simpatia que sentimos todos os dias na rua connosco é encorajada e animadora, mas por si só não elege ninguém, o que elege é votar e portanto o Livre esta semana vai explicar muito claramente as razões para o voto nesta esquerda verde europeísta com uma cultura de diálogo e compromisso que nos faz tanta falta e com a visão do futuro para o país que precisamos”.

Daí que o lema do Livre para esta semana mude um pouco: “Mais vale votos a mais do que a menos no Livre.”

Rui Tavares não se cansa em realçar que quer contribuir para uma esquerda convergente e que em Portugal faz falta um partido à semelhança dos verdes da Alemanha. É nisso que quer tornar o Livre. “O Livre trouxe valor acrescentado nestas eleições, para toda a gente que quer ver a política a funcionar de outra forma, para toda a gente que vê que a esquerda continua em guerrilhas internas durante a campanha e que é preciso visão de convergência [a mensagem] é que votem no Livre”. A convergência leva a que Rui Tavares reafirme que vai convocar todos os partidos à esquerda para uma reunião no dia 31 de janeiro e atira a Catarina Martins, coordenadora do Bloco de Esquerda, que disse que ia pedir um encontro com António Costa no dia seguinte ao das eleições.

“As coisas não se passam só entre Bloco de Esquerda e PS, precisam do contributo de toda a esquerda e é com toda a esquerda que vamos ter de falar a seguir”. E vai mais longe. “Vemos com uma certa ironia que partidos, que têm nas suas distinções em relação ao PS um discurso que parece às vezes muito afirmativo e cheio de linhas vermelhas, parecem só concentrados em reunir só com o Partido Socialista”.

Não por acaso, por estes dias, Rui Tavares lembrou, na sua conta do Twitter, o cartaz do congresso fundador do Livre em 2014. “Fazer pontes” era o lema.

Uma ponte para a outra margem do Tejo

Em dia de pontes, o Tejo foi o pano de fundo para Rui Tavares voltar a falar de convergência mas também de um dos temas que o Livre tem escolhido para a sua campanha: a ecologia. Mas não ficou esquecido um tema trazido por António Costa no debate com Rui Tavares, em que o primeiro-ministro atirava ao Livre a ideia que pretendia energia nuclear no país.

Rui Tavares tinha 10 anos quando Lena d’Água cantava “Nuclear não, obrigado!”.  Assim começava a canção: “Ó papão mau vai-te embora”. E foi esse papão que Rui Tavares quis afastar esta segunda-feira antes de iniciar, em Escaroupim (Salvaterra de Magos), um passeio pelo Tejo.

“Temos um problema de risco nuclear na fronteira, em Almaraz [Espanha, que tem uma central]”, realçando que “o Livre defende há muitos anos uma Península Ibérica complemente livre de risco nuclear. É uma boa altura para o dizer. Ao contrário do que tentaram dizer, defendemos um Portugal e uma Península Ibérica, toda ela, livre de risco nuclear”.

E assim quis por, mais uma vez, fim à polémica do nuclear. No programa do Livre promete-se “gerir o risco nuclear para Portugal, em particular o risco de poluição radioativa no rio Tejo, cooperando com a Espanha no sentido de desenvolver um plano para níveis mínimos de risco nuclear na Península Ibérica”, acrescentando-se que se pretende “seguir atentamente o desenvolvimento de novas tecnologias de produção de energia nuclear (como os small modular reactors, ou a fusão nuclear), que poderão contribuir para a descarbonização, assim como dar resposta ao crescente consumo energético”.

Fact Check. Livre admite recorrer a energia nuclear para transição energética, como diz António Costa?

É aqui que Rui Tavares puxa também dos galões europeístas para dizer que nesta relação com Espanha em relação à gestão do tejo têm de ser considerados dois tratados: o tratado da União Europeia que define a partilha da proteção ambiental, mas também o tratado Euratom, para a energia atómica.

O Tejo, esse, está “em boa medida doente”, não apenas pelos riscos nucleares mas também ao nível dos recursos hídricos. Em Escaroupim a falta de água vai-se notando, mas aí o rio corre de feição. Mais perto de Vila Franca a maré ainda se sente. No barco, da Rio-a-dentro, Rui Tavares aproveita para dar umas lições de história, contando que em tempos o rio navegável levava a corte de Lisboa à ópera em Salvaterra de Magos. E assim fez mais uma ponte. A do Tejo à cultura.

Cultura levou Rui Tavares ao Teatromosca

Foi a cultura que motivou a primeira ação de campanha de Rui Tavares nesta segunda-feira, o arranque da semana decisiva. O Teatromosca, na Agualva-Cacém, foi o escolhido para o Livre falar do seu programa nesta área, dizendo pretender “aumentar e diversificar o financiamento da cultura, que deve atingir 1% da receita total do Orçamento do Estado, enquanto é também revista a lei do Mecenato e são igualmente direcionados fundos europeus para projetos culturais”. E ainda quer a criação de um “estatuto para o criador independente na área da cultura”.

No Teatro, Rui Tavares aproveitou para falar da necessidade de mais atenção à cultura

FRANCISCO ROMÃO PEREIRA/OBSERVADOR

“A cultura nunca é só cultura. Cultura significa também solidariedade, coesão, inclusão, criatividade, inovação nas nossas cidades e em todo o país”, realçou o candidato por Lisboa que se deslocou a uma freguesia do concelho de Sintra para mostrar que cultura também pode ser descentralizada. Aliás, isso mesmo lhe transmitiu o diretor artístico do Teatromosca, Pedro Alves.

O espaço de perto de 200 lugares tem uma média de 90 espetadores por sessão. Rui Tavares viu o auditório e fez perguntas a quem tem de gerir um orçamento de 400 mil euros, fazendo questão de garantir contratos aos artistas. Pedro Alves admite que por ali não passam políticos. Apareceu agora o Livre, de quem ouviu o convite para entrar para o partido.

“Sou o cabecilha da rapaziada. Mas sou um privilegiado. Faço o que gosto e sou pago por isso”, atira Pedro Alves que fala, por exemplo, de não ter fins de semana. Um pouco como um candidato por estes dias. No sábado, no entanto, é dia de reflexão. No Auditório Municipal António Sintra, gerido pelo Teatromosca, toca Manuel de Oliveira em trio. “É aproveitar para verem”, atira Rui Tavares, que logo acrescenta: sem máscaras dos partidos e sem bandeiras. O dia de reflexão a isso obriga. Dia 30 de janeiro, os portugueses vão a voto. Rui Tavares saberá qual a nova história do Livre. Em 2015 não elegeu qualquer deputado. Em 2019 elegeu (com 1,09% e 57.172 votos) Joacine Katar Moreira que acabou por sair do partido. E até, no Twitter, esta ex-deputada do Livre diz, agora, que em Lisboa votaria MAS. Em nenhum dos círculos eleitorais escolheria, aliás, o Livre. Mas para o Livre Joacine é uma conta de outro rosário.

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