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Bernardo Blanco, deputado do partido Iniciativa Liberal, discursa na sessão solene comemorativa dos 48 anos da Revolução de 25 de Abril na Assembleia da República em Lisboa, 25 de abril de 2022. Em 25 de abril de 1974, um movimento de capitães derrubou a ditatura de 48 anos, de Marcelo Caetano, chefe do Governo e de Américo Tomás, Presidente da República, num golpe que se transformou numa revolução, a "revolução dos cravos". MANUEL DE ALMEIDA/LUSA
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"O Porto não tem TAP, Faro não tem praticamente TAP, nas ilhas também não. Temos uma companhia que serve uma parte de Lisboa"

MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

"O Porto não tem TAP, Faro não tem praticamente TAP, nas ilhas também não. Temos uma companhia que serve uma parte de Lisboa"

MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

"Maioria absoluta do PS é sinal de atraso político"

Bernardo Blanco, deputado da Iniciativa Liberal discursou no 25 de abril onde falou no "longo sono" de Portugal, criticando a posição do PS quanto ao esforço fiscal e ao dinheiro gasto na TAP.

O deputado da Iniciativa Liberal Bernardo Blanco foi o mais jovem a discursar na  última sessão solene do 25 de abril e não se opõe a que exista uma sessão semelhante no 25 de novembro. No dia em que começou o debate do Orçamento do Estado, critica o esforço fiscal que o Governo impõe e sobretudo o dinheiro que é gasto na TAP, que gostaria de ver ser privatizada com tranquilidade.

Em entrevista ao Observador, no programa “O Sofá do Parlamento”, Blanco falou ainda do partido e deixou uma garantia: apesar das novas caras, João Cotrim Figueiredo continua a ser aposta e está de pedra e cal na liderança.

[Ouça aqui o Sofá do Parlamento com a entrevista a Bernardo Blanco e os melhores momentos da sessão solene do 25 de abril]

Bernardo Blanco, da Iniciativa Liberal: “Não me chocaria uma sessão no 25 novembro”

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Fez o discurso da Iniciativa Liberal no 25 de abril e falou do longo sono que o país atravessa. Falou em três aspetos, começamos pela economia. Em dia de debate do Orçamento, para perguntar se a carga fiscal é o alfa e o ómega dos problemas do governo de António Costa? 
Mais do que a carga fiscal, prefiro o conceito de esforço fiscal que era bastante utilizado por Mário Centeno, que é basicamente saber se face aos impostos que pagamos e face aos rendimentos se os impostos são altos ou baixos. O nosso esforço fiscal é muito alto porque temos impostos de país nórdico e rendimentos de país de sul/leste da Europa. Esse é o fator principal para o país não ter crescido. O mesmo para as empresas: se uma grande empresa estiver indecisa em vir para Portugal, onde paga 31% de IRC ou ir para a Irlanda pagar 10%, não tem grandes dúvidas. E depois, claro, as famílias e as pessoas, onde consideramos que é preciso baixar o IRS. A média europeia é de quatro, Portugal vai passar a ter nove. Queremos não só baixar os escalões mas também o IRS. Tendo em conta agora a inflação, para aumentar o poder de compra, temos insistido na questão do IVA sobre a energia e o ISP, porque aí toda a gente paga.

A provocação era outra: para a Iniciativa Liberal, há mais problemas para além dos impostos? 
Obviamente. Tenho dois pontos-chave: Educação e Saúde, onde queremos um modelo em que o Estado é financiador mas não prestador. No que toca à Saúde, as pessoas escolhem o hospital público ou privado que querem e o Estado paga esse serviço ao prestador. Foi um erro acabar com as PPP. O mesmo para as escolas, onde o PS acabou com o pouco que havia, os contratos simples de desenvolvimento, achamos que isso deve ser revertido. E há ainda uma componente social e ambiental.

É possível ir mais longe na redução de impostos sobre a energia sem pôr em causa as contas certas que o PS tem como bandeira? 
Para não pôr em causa essas contas certas ou aumentamos impostos ou reduzimos despesa. Estamos do lado da redução da despesa. Este Orçamento tem cerca de 650 milhões para a TAP mas pode chegar a 990 milhões. Esse valor é 40 vezes o que se vai gastar no IRS jovem. Por isso, é uma questão de escolhas. Achamos que se deve aumentar o IRS Jovem e não colocar tanto dinheiro na TAP ou colocar bastante menos dinheiro. O exemplo da TAP é bom, tendo em conta o montante, mas há várias outras áreas onde cortar.

E para a Iniciativa Liberal já era suficiente esses 50% + 1, não a privatização total da TAP? "Diria que era um passo num caminho positivo"

No Twitter criticou a viagem dos militares que não foram na TAP. Essa é uma prova de que a empresa não é estratégica para o país? 
Há vários exemplos que mostram que a empresa não é estratégica. Depois, há alguns simbólicos: a viagem do Primeiro-ministro [aos Açores, durante a campanha] ou a ida dos militares portugueses para a Roménia, mas quando olhamos para a percentagem de portugueses e turistas que chegam pela TAP, Lisboa até tem, mas o resto do país está deserto. O Porto não tem TAP, Faro não tem praticamente TAP, nas ilhas também não. Temos uma companhia que serve uma parte de Lisboa, nem digo Lisboa inteira e estamos a pagar cerca de 4 mil milhões por essa companhia.

Devia ser privatizada? 
Sim. Aliás, na última semana de campanha, tendo em conta que estava a haver cada vez mais população contra a TAP, o primeiro-ministro até sugeriu que estava bastante aberto a privatizar 50% + 1 da TAP. Curiosamente, nunca mais o ouvi dizer isso. Essa é uma das propostas que faremos para este Orçamento. Penso que nem será a privatização total, é 50% + 1, para ver se realmente o PS está disponível a cumprir o que o primeiro-ministro disse.

Reverter a privatização feita há seis anos? 
É voltar a essa versão. Sendo que também já ouvimos o Ministro das Finanças dizer que acha que a solução deve ser privada. Não falou em timings, mas deu esse sinal e esse é um bom sinal. A nossa luta de ideias tem dado bons resultados.

E para a Iniciativa Liberal a não privatização total já era suficiente? 
Diria que era um passo num caminho positivo. Se olharmos para a Europa a esmagadora maioria dos países não tem o Estado a controlar companhias aéreas. Idealmente, o Estado deve ficar com uma participação cada vez menor, mas percebo que seja gradual até porque a TAP tem perdido bastante valor e não seria responsável privatizar ‘à maluca’, porque isso seria perder dinheiro face ao montante que infelizmente já lá colocámos.

A Iniciativa Liberal vai votar contra este Orçamento do Estado. Na especialidade vão querer alargar o leque de propostas de alteração ao documento? 
A maioria das propostas tem a ver com compromissos eleitorais que apresentámos nas eleições: descida de IRC, IRS, ISP, mas também nos serviços públicos para que se possa ter mais liberdade na entrada de privados na Saúde e na Educação. Mas teremos também iniciativas mais cirúrgicas. Relativamente à guerra, existem várias notícias de associações russas que recebem financiamento do Estado português e que estão ligadas ao regime russo. Uma das medidas que queremos implementar é que deixem de receber esse financiamento. São medidas mais pequenas, mas face ao contexto atual parece-me muito impróprio caso o PS não as aprovasse.

Acredita que o PS pode dar a mão à Iniciativa Liberal nalguma dessas propostas? 
Parece-me muito difícil. Só me parece possível em medidas em que a vontade popular é tão forte que é difícil, mediaticamente, para o PS não as aprovar. Tudo o resto tenho a certeza que o PS vai rejeitar. Temos propostas do passado, até sobre o aumento de mínimos de existência, que o PS recusou e depois no ano a seguir apresenta igual. No caso da guerra na Ucrânia, com a pressão mediática suficiente, acho que será possível.

O PCP tem votado contra estas posições e condenações mais veementes. Enquanto deputado acha que essa posição do PCP fragiliza a imagem do Parlamento nesta matéria? 
Não sei se fragiliza, porque o PCP foi eleito e por isso representa uma parte da população. Sendo o Parlamento plural, representa as várias opiniões. Não sei se fragiliza mas é de lamentar, tendo em conta que de um lado está um invasor e do outro lado está um país que nos últimos anos se tem tentado integrar nas democracias ocidentais.

O facto de a Iniciativa Liberal ter crescido não é sinal de que o país está ligado e atento, ao contrário do que disse no seu discurso de 25 de Abril? 
É sinal de que há uma parte da população que pode estar bastante informada e sobretudo a população mais jovem. Mas Portugal é um partido bastante envelhecido e mantenho que o país está desligado. Metade das pessoas não votam e isso é um caso único na Europa ocidental. Em 1975, a taxa de abstenção nem chegava aos 10%. A própria maioria absoluta é também quase um caso único. Há mais um ou dois casos, mas nos sistemas proporcionais como o nosso quase não há maioria absolutas. Portugal parece que está um pouco parado no tempo. As coligações promovem troca de ideias, negociações, cedências. Portugal tem uma maioria absoluta e isso é um sinal de atraso político.

Nestas primeiras semanas de grupo parlamentar, o nome de João Cotrim Figueiredo foi recusado para vice-presidente do Parlamento e criticou o PSD por isso. Acha que existiu uma posição concertada do PSD? 
Concertação acho que não. Algumas pessoas que olham para o crescimento da Iniciativa Liberal como uma ameaça para o PSD, para aqueles que olham para o partido à frente do país isso representa uma ameaça. Mas parece-me que se fosse hoje João [Cotrim Figueiredo] já seria eleito. Quer no PSD, quer no PS há pessoas que votaram contra que agora votariam a favor

E porque é que não apresentam novamente o nome do presidente do partido ou de outro deputado? 
Em primeiro lugar porque é uma opção do próprio, porque a Iniciativa Liberal não apresenta ninguém que não queira ir a eleições. Pelo menos no curto prazo não quer ir a eleições, com a justificação, que me parece correta, de que se o nome foi chumbado numa primeira votação agora não se volta a candidatar porque duas ou três pessoas mudaram de ideias. Se calhar daqui a uns meses ou daqui a um ano logo vemos se faz sentido voltar a propor.

Com esta tensão entre a Iniciativa Liberal e o PSD é possível ao partido entrar no arco de governação? 
Acho que não é uma tensão necessariamente má. É boa, de concorrência e de tentarmos puxar o PSD para as ideias corretas que podem pôr o país a crescer. Há muitas pessoas que simpatizam com a Iniciativa Liberal, muitas vezes vemos deputados do PSD a aplaudirem as nossas intervenções, mas também sabemos que há uma ala que considera os liberais uns perigosos radicais e que dizem que estas coisas só funcionam nos países nórdicos. Em termos de futuro, espero que daqui a quatro anos e meio, se as coisas correrem como espero, vai ser preciso uma alternativa ao PS que ponha o país a crescer. Neste momento em que há oito partidos no Parlamento, destes oito eu só vejo dois que podem ser solução: a Iniciativa Liberal e o PSD.

Via-os num governo em coligação? 
Via se o PSD disser que sim a várias iniciativas liberais. Nem é tanto pelas pessoas, não me interessa tanto se é o Rui Rio se o Luís Montenegro, é pelas ideias que trazem. Se quiserem baixar o IRS, mudar o sistema de saúde para um mais parecido com o holandês, se quiserem mudar o sistema de educação, se quiserem privatizar a TAP. Se disserem que sim a um conjunto de ideias essenciais para reformar o país, aí diremos que sim a uma coligação. Se forem as medidas dos últimos anos acho muito difícil.

Via-se com alguma pasta nesse Governo?
Acho que é prematuro.

"O João ainda é de longe a pessoa mais mediática e a mais capaz" para liderar a Iniciativa Liberal 

O Carlos Guimarães Pinto deu há dois anos palco a João Cotrim Figueiredo para ser presidente do partido porque era a pessoa mais mediática. Agora, existindo mais nomes, João Cotrim Figueiredo continua a ser o preferido para líder? 
O João ainda é de longe a pessoa mais mediática e a mais capaz. Apesar de sermos um partido pequeno tivemos líderes antes do João, que está na presidência há três anos e tem feito um ótimo trabalho. Quando chegou a Iniciativa Liberal tinha 1,5% e hoje ronda os 8% nas sondagens. Passamos de ter quase 0 euros para um orçamento maior. O partido tem dezenas de núcleos e vai ultrapassar em breve a centena. O João tem tudo para continuar a ser presidente tendo em conta o trabalho que fez.

A Iniciativa Liberal defende uma sessão solene no 25 de novembro, tal como esta em abril?
Sim, não me chocaria nada uma sessão solene no 25 de novembro. No 25 de Abril tive o cuidado de não falar no 25 de novembro. porque me iam acusar de desvalorizar a data. Mas não o fiz porque acho que no 25 de novembro teremos oportunidade de falar nessa data de consolidação democrática. Fiz questão de dizer no discurso que este ano assinala-se mais tempo sem ditadura do que com ditadura, estas palavras não foram ao acaso. Eu não disse que a democracia supera o tempo da ditadura, porque penso que só daqui a dois anos é que podemos celebrar esse facto. O 25 de novembro é essencial e no próximo ano até posso fazer esse discurso de: hoje passamos mais tempo em democracia do que em ditadura.

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