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CONGRESSO DO CHEGA: Tiago Sousa Dias, secretário geral do partido CHEGA, discursa no 4º Congresso do Partido. 26 de Novembro de 2021, Viseu TOMÁS SILVA/OBSERVADOR
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André Ventura e Tiago Sousa Dias, que sai de secretário-geral do Chega, durante um congresso

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

André Ventura e Tiago Sousa Dias, que sai de secretário-geral do Chega, durante um congresso

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Mais uma baixa no Chega: Ventura afasta secretário-geral "ressentido"

Sousa Dias anunciou saída do cargo de secretário-geral depois de contados últimos votos das eleições. Mas saída já estava a ser preparada por Ventura. Direção não gostou de alegada falta de empenho.

A ausência de Tiago Sousa Dias da campanha legislativa já tinha sido notada pelo núcleo mais próximo de André Ventura. O agora ex-secretário-geral do Chega tinha sido um dos protagonistas do último congresso e o rosto da revisão estatutária do partido que permitiu ultrapassar o bloqueio do Tribunal Constitucional. Mas a exclusão das listas de candidatos a deputados e o súbito afastamento da vida interna do partido traçaram-lhe o destino: deixou de contar para Ventura.

Esta quarta-feira, no Facebook, Sousa Dias, ex-militante e candidato a deputado pela Aliança, assumiu a iniciativa e decidiu anunciar o fim do vínculo à direção do Chega. Naquela rede social, fez questão de garantir que saía pelo próprio pé, em nome da “liberdade de pensar” e sem qualquer “drama”. No entanto, os dirigentes mais próximos de Ventura têm outra versão dos acontecimentos: Tiago Sousa Dias foi convidado a sair por alegada falta de empenho.

Fonte da direção do Chega garante ao Observador que Tiago Sousa Dias ficou “ressentido” com o facto de ter ficado de fora das listas de deputados escolhidas por André Ventura. O ex-dirigente do partido alimentava essa expectativa e tinha a ambição de fazer parte das escolhas do líder para o Parlamento. Não aconteceu.

Como consequência prática dessa exclusão, garante a mesma fonte, o agora ex-secretário-geral terá “deixado de trabalhar” em prol do partido. Sousa Dias não fez parte do núcleo duro que acompanhou André Ventura durante a campanha eleitoral (o que podia ser justificado com a agenda profissional), nem sequer marcou presença em qualquer ação de campanha em que o líder esteve presente.

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Esta alegada falta de disponibilidade para ajudar o partido no combate eleitoral não agradou à direção, que começou desde logo a preparar a substituição ainda antes do anúncio de Tiago Sousa Dias. O escolhido para o substituir acabou por ser Rui Paulo Sousa, deputado, membro da direção e coordenador da comissão de ética do partido.

Já depois de ter deixado a nota de despedida na sua página pessoal de Facebook, Tiago Sousa Dias preferiu não fazer qualquer outro esclarecimento sobre o caso. Questionado pelo Observador sobre as motivações da direção de Ventura, o ex-dirigente disse apenas que não irá voltar a pronunciar-se sobre o tema, “nem sobre verdades nem sobre mentiras”, desejando apenas o “maior dos sucessos” aos deputados eleitos pelo Chega, partido de que continuará a fazer parte enquanto militante.

As versões públicas que não coincidem

Até ao consumar da rutura, Tiago Sousa Dias era um ativo fundamental do partido em termos jurídicos e chegou a representar o Chega no caso da família Coxi, em que André Ventura e o partido acabaram condenados.

De acordo com a publicação no Facebook, Tiago Sousa Dias reuniu-se na terça-feira com André Ventura e demonstrou-lhe “indisponibilidade” para continuar no cargo. Apesar de ter garantido que não houve “dramas, gravidades ou querelas pessoais” na saída da direção, Tiago Sousa Dias admite que não encontrou “outra solução” senão bater com a porta.

As entrelinhas da despedida de Sousa Dias revelam muito mais. Ainda que tenha assegurado que não sai a mal e que se vai manter como militante do Chega, deixou duas mensagens sobre a liberdade (ou falta dela) dentro do partido: “Não abdico da liberdade de pensar” e “prezo muito a minha liberdade”, frisou.

Além disso, Sousa Dias sublinhou ainda que, perante uma alegada e continuada “ausência de respostas”, era tempo de deixar a direção do partido para outros militantes mais “enquadrados no espírito e na missão designada”.

Numa conferência de imprensa em que aproveitou para se pronunciar sobre a polémica em torno de Diogo Pacheco Amorim, André Ventura não fugiu às questões sobre Tiago Sousa Dias, apresentando, ainda assim, uma versão muito diferente dos factos: não foi Sousa Dias quem escolheu sair; foi uma “decisão tomada em conjunto”.

Tiago Sousa Dias demite-se do cargo de secretário-geral do Chega

O destino diferente do outro excluído

André Ventura escolheu a dedo os candidatos às eleições legislativas e deixou de fora poucas pessoas da direção. Com duas exceções de relevo: além de Tiago Sousa Dias, ficou também de fora Nuno Afonso, militante número dois, ex-coordenador autárquico, vereador em Sintra, chefe de gabinete do líder do partido e figura popular no Chega.

Os dois tiveram destinos diferentes. Sousa Dias afastou-se e/ou foi afastado; Nuno Afonso acabou por aceitar o desafio de André Ventura para se manter à frente do gabinete parlamentar, mesmo tendo feito saber a sua desilusão com o facto de não ter sido escolhido como candidato a deputado.

Amigo de André Ventura há mais de 20 anos e politicamente próximo do presidente do Chega desde os tempos da JSD e do PSD, Nuno Afonso é o militante número dois do partido e um dos pilares da fundação. Sentiu-se “apunhalado” (palavra usada pelo próprio no Congresso de Coimbra) quando caiu de vice-presidente para vogal da direção, mas sofreu outras despromoções nos últimos meses. A pior delas foi mesmo o facto de ter ficado fora das listas para as legislativas.

Em declarações ao Observador no momento em que foram conhecidos os nomes candidatos a deputados, disse até tratar-se de uma “subversão” da ideia de meritocracia que se tenta implementar dentro do Chega. E, nessa altura, deixou duas hipóteses em aberto: “Ou ficar a lutar, ou sair.”

Agora, conhecidos os resultados das eleições legislativas e após reunir com André Ventura, Nuno Afonso decidiu aceitar o convite do presidente do Chega para se manter como chefe do gabinete parlamentar. Justifica a decisão com “maturidade política e pessoal” e com a necessidade de “meter os interesses do país à frente do partido”.

Com o crescimento exponencial do partido — que passou de um deputado único para um grupo parlamentar de 12 deputados —, será feita a normal adaptação do gabinete parlamentar e a escolha da comitiva do Parlamento será uma decisão conjunta entre André Ventura e Nuno Afonso. Vão ser cerca de 20 pessoas, entre oito a 12 assessores, dois a três conselheiros e três a quatro administrativos.

Além de Nuno Afonso, do gabinete anterior transitam Patrícia Carvalho, Rodrigo Alves Taxa, Manuel Matias e Filipa Lourinho. O dirigente do Chega realça que o objetivo é conseguir “bons assessores”, “pessoas com experiência política”, nomeadamente membros especializados nos temas das comissões permanentes, sendo que Nuno Afonso admite que possam “vir de outros partidos” e ter “experiência de assessoria na Assembleia da República”.

A queda lenta de Nuno Afonso. Ventura afasta número dois do Chega das listas de deputados

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