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Marcelo fez discurso de vitória no mesmo local de há cinco anos. Agora pediu rapidez a resolver pandemia.
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Marcelo fez discurso de vitória no mesmo local de há cinco anos. Agora pediu rapidez a resolver pandemia.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Marcelo fez discurso de vitória no mesmo local de há cinco anos. Agora pediu rapidez a resolver pandemia.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Marcelo lembra que teve mais votos do que há cinco anos e que portugueses "querem mais e melhor" dele

Presidente foi reeleito e na vitória sublinhou que votação foi reforçada face a 2016. Deixa avisos sobre onde vai intervir mais, por ordem dos portugueses. A gestão da pandemia é uma das áreas.

Marcelo Rebelo de Sousa chegou a casa em Cascais depois de quatro dias fora, a Norte do país, em campanha, no seu próprio carro e foi à frente das televisões que despejou a bagageira de malas e porta-fatos. Foi até ao take away do restaurante perto da sua casa buscar o jantar, sempre em direto, e saiu para falar aos jornalistas à porta, sobre a abstenção e sobre as projeções. Voltou a sair para ir para a Faculdade de Direito, mas antes de estacionar andou às voltas até que todos os adversários nesta campanha tivessem discursado. Depois lá estacionou e do mesmo palco de há cinco anos prometeu mais ação presidencial em diversas áreas, incluindo a da gestão da pandemia, e deixou avisos aos extremistas.

Foi reeleito com mais 129.867 votos do que 2016 e isso não é coisa que tenha passado à margem do seu discurso. Assinalou logo que esta “confiança agora renovada é tudo menos um cheque em branco”. “Quem recebe o mandato tem de continuar a ser um Presidente de todos e cada um dos portugueses, próximo, que estabilize, una, que não seja de uns, dos bons, contra os outros, os maus, que não seja um Presidente de fação, que respeite o pluralismo e a diferença e nunca desista da justiça social”. As mensagens enviadas são várias e têm vários destinatários. Há “inequívocas respostas sobre o futuro imediato” nesta reeleição. Vejamos quais.

A primeira é sobre a escolha que foi feita na tal “renovação da confiança no Presidente da República em funções”, em vez “da sua substituição por outra ou outro dos candidatos”.

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Essa opção, que envolvia também julgar o desempenho de quem se submete ao voto como o responsável máximo do Estado e, nessa medida da gestão da pandemia, os portugueses responderam renovando a confiança no atual Presidente por mais cinco anos”

Já tinha avisado durante a campanha que este domingo também a gestão da pandemia ia a escrutínio e, na hora da vitória, quis frisar que acabou por ter nota positiva dos portugueses no pior momento do país neste capítulo. Aliás, Marcelo até começou a intervenção com uma homenagem aos mortos Covid e não-Covid nestes tempos pandémicos, dedicando-lhes um “emocionado pensamento”. E depois de medidas pelas quais assumiu responsabilidade, de levantar restrições no Natal  e do consequente aumento dos números de infetados e mortos, Marcelo conclui que tudo vai bem em matéria de liderança. Esta reeleição, sublinhou, valida a gestão feita até aqui, pelo menos pela sua parte.

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A pandemia também foi uma constante nesta campanha eleitoral, com o Presidente reeleito agora a sublinhar também o “devotado empenhamento cívico em condições nunca vividas em 46 anos de democracia”.

E além das promessas que fez de unir e estabilizar nos próximos cinco anos, Marcelo também anotou que esta votação que obteve nestas eleições reforça o seu poder. Não o disse diretamente mas ficou claro nas entrelinhas do seu discurso de vitória.

O mandato, nas condições que foi conferido, com uma abstenção elevada, descontando embora o efeito determinante da pandemia, mas também com uma significativa subida de percentagem e de voto absoluto relativamente há cinco anos obriga o Presidente reeleito a reter duas mensagens claras”.

Ante de dizer ao que vem, Marcelo Rebelo de Sousa vincou que a abstenção foi “elevada”, mas que há que descontar que o país está em plena pandemia e confinamento geral, o que desmobilizou votantes. E que ele teve desta vez mais votos do que aqueles que somou há cinco anos. Assim, é preciso “ter noção” que ao “reforçarem o seu voto” nele, os portugueses sinalizaram que “querem mais e melhor em proximidade, em convergência, estabilidade, construção de pontes, justiça social e de modo mais urgente em gestão da pandemia. Entendi esse sinal e dele retirarei as devidas ilações”.

Nesta frase, Marcelo sintetiza as áreas onde sai desta votação necessariamente com mais poder de influência, com destaque para a referência que fez — até pela situação política delicada para o Governo que está no olho do furacão desta pandemia — à gestão da pandemia e à influência que quer ter na “construção de pontes”. Isto numa altura em que também o Governo enfrenta uma situação mais delicada do que alguma vez enfrentou em termos de estabilidade política, já que pela primeira vez o Bloco de Esquerda (o parceiro à esquerda com mais deputados) votou contra um Orçamento do Estado.

Além disso, Marcelo considera que tem também mais força para “insistir” junto da Assembleia da República para que sejam revistas as leis que bloqueiam o voto postal por correspondência, “objeções que tanto penalizaram os votantes” nestas eleições, em particular os emigrantes.

Há ainda uma resposta mais importante que o voto deu à pergunta sobre o que não querem e querem para Portugal. Não querem uma pandemia infidável, uma crise económica sem termo à vista, um empobrecimento agravado, um recuo na comparação com outras sociedades, um sistema político lento a perceber a mudança, uma radicalização e um extremismo nas pessoas, atitudes, na vida social e política”

Uma frase, dois destinatários. O primeiro é o Governo, a quem Marcelo pede aqui muito claramente que tenha uma “pandemia dominada o mais rápido possível”, bem como a “recuperação de emprego, de investimento, de exportações e do mercado interno”. Além de pedir também que os fundos europeus pelos quais o país espera “sejam bem geridos em transparência e eficácia” e que a “reconstrução vá além da mera recuperação”. Quer atenção não só ao clima, ambiente, na energia, no digital, mas também nas demais: economia, justiça, na luta contra a corrupção, na reforma do Estado e da Defesa e na segurança”. Extenso caderno de encargos para o primeiro-ministro.

E diz mais, ao deixar uma data para ver os frutos desta recuperação: os 50 anos do 25 de abril, em 2024. “Dentro de três anos estaremos no meio século do 25 de Abril e é inconcebível que não se possa dizer então que somos não só muito mais livres, mas muito mais desenvolvidos, iguais, justos e solidários do que no início da caminhada”. “Temos de partir o quanto antes para atingir a meta a tempo de não deixar esmorecer a esperança”, determinou.

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A outra mensagem desta frase é a leitura que Marcelo faz dos resultados para as forças extremadas. Não diz “Chega”, mas a descrição fica colada ao partido de André Ventura quando Marcelo diz que os portugueses rejeitaram “uma radicalização e um extremismo nas pessoas, atitudes, na vida social e política”.

Os portugueses querem um sistema político estável com governação forte sustentada e credível e alternativa também forte para que a sensação de vazio não convide a desesperos e aventuras

A interpretação dos resultados vai além dos seus números e do que eles representam para a sua relação com o Governo e Assembleia da República. Marcelo aproveita-os também para dizer que os portugueses usaram esta eleição afirmarem que querem “uma democracia que respeita a constituição democrática, não uma democracia iliberal, ou seja, não democrática”. E responsabiliza a alternativa ao Governo de esquerda, ou seja, a alternativa à direita de deixar um vazio que é aproveitado para “aventuras”. Ventura está em parte da palavra e em todo o seu significado. E outra vez mais a frente, quando Marcelo diz que o país, na luta contra a pandemia e nesta recuperação, tem de “esquecer xenofobias, exclusões e medos instalados”.

A pandemia continua a ser essa minha primeira missão. Para estas semanas e próximos meses, em solidariedade institucional total com a Assembleia da República e o Governo e tentando envolver o maior número de partidos e parceiros económicos e sociais”

A ideia de Marcelo é “primeiro conter e depois abreviar a pandemia”. E, apesar de todos os avisos e exigências, promete ao Governo “solidariedade institucional total”.

Depois terminou a intervenção a dizer que ia repetir a frase com que encerrou o discurso de há cinco anos: “Acima de uns e de outros, sem separar uns dos outros, viva Portugal”. Mas em 2016 não foi bem assim que terminou o seu discurso, mas antes assim: “É hora de seguir a história, de honrar a memória e arrancar para um futuro a medida dos nossos sonhos. É hora de refazer Portugal. Viva Portugal”.

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