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Marcelo Rebelo de Sousa fotografado na tarde desta terça-feira, em Câmara de Lobos, ao lado da estátua de Churchill.
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Marcelo Rebelo de Sousa fotografado na tarde desta terça-feira, em Câmara de Lobos, ao lado da estátua de Churchill.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Marcelo Rebelo de Sousa fotografado na tarde desta terça-feira, em Câmara de Lobos, ao lado da estátua de Churchill.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Marcelo não é Churchill, mas pintou um quadro amigável (para o Governo) na Madeira

Na Madeira, onde foi para comemorar o 10 de Junho, Marcelo espalhou afetos sem distância junto dos populares, mas também afetos à distância para Guterres, Costa e Santos Silva.

Marcelo Rebelo de Sousa sentou-se na cadeira ao lado da estátua de Churchill, no local onde o antigo primeiro-ministro britânico pintou a baía de Câmara de Lobos, na Madeira. “Está bem acompanhado”, atirou o presidente do Governo Regional, Miguel Alburquerque. Sentado ao lado do Churchill de metal, o Presidente da República começou a lembrar uma descrição que parecia encaixar nele próprio: “Dormia até às tantas, despachava na cama e tomava o pequeno-almoço tarde”. Mas apressou-se a explicar que não se inspira nesse modo de vida: “Ele fumava, bebia, eu não posso fazer essa vida”.

Mais tarde Miguel Albuquerque continuava: “Não há um político igual”. Falava ainda de Churchill, não de Marcelo, de quem andou lado a lado todo o dia, mas que há meses criticava abertamente. Mas a guerra acabou. Ao Observador, o líder do Governo Regional diz que “tem corrido bem o segundo mandato”, até porque o Presidente fez uma sugestão de que “a lei das Finanças Regionais fosse tratada num quadro de cooperação das duas regiões autónomas, entre os Parlamentos, que é o que estamos a fazer”. E Albuquerque, que chegou a ameaçar avançar contra Marcelo nas Presidenciais, admite que algo mudou: “Há agora um esforço e um papel interventor do Presidente nesta matéria”.

Marcelo também estava de volta aos afetos. Desde logo nas ruas, em que na maior parte do percurso que fez em Câmara de Lobos, o Presidente cumprimentou centenas de pessoas, sem qualquer distanciamento social (embora com máscara), tirou selfies e provocou vários pequenos ajuntamentos. E sempre com um séquito atrás, de que não tem propriamente culpa (metade é protocolar, que inclui militares, outra metade são jornalistas). Mas os afetos estenderam-se para vários políticos. Marcelo quis ser amigo. Regozijou-se por o seu amigo de longa data (António Guterres) ficar muito provavelmente mais quatro anos no cargo, foi amigo de António Costa ao assinar por baixo a escolha de Pedro Adão e Silva e ainda amigo de Augusto Santos Silva ao isentá-lo de culpas no caso dos testes exigidos por Espanha.  Vamos aos afetos.

Marcelo Rebelo de Sousa depois de uma cerimónia militar passeou por Câmara de Lobos onde cumprimentou dezenas de pessoas e bebeu poncha, a bebida típica da ilha da Madeira.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Amigo de António Guterres

Marcelo sempre teve uma grande admiração por António Guterres, de quem é amigo há muitos anos. Chegaram a ser primeiro-ministro e líder da oposição, numa altura em que o agora secretário-geral da ONU disse uma frase curiosa: “Eu não posso fazer acordos de Estado com uma pessoa que tocava às campainhas todas lá do prédio quando saía de casa dos meus pais a altas horas da noite”. Foi uma diatribe de Guterres sobre uma diatribe de Marcelo. O atual Presidente só avançou, aliás, para Belém quando percebeu que António Guterres não seria candidato.

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E se em tempos, Marcelo chegou a anunciar um encontro com Ban-Ki-Moon em Belém enquanto cortava presunto, desta vez foi numas declarações no meio da rua em Câmara de Lobos que decidiu falar sobre alta diplomacia. Minutos antes de publicar um comunicado no site, Marcelo dava como quase certa a reeleição de António Guterres e explica o porquê.  “Queria dizer-vos que é com muita alegria que soube que o Conselho de Segurança adotou como sua a candidatura de António Guterres a uma reeleição a secretário-geral da ONU. E o facto de eles darem esta luz verde significa no fundo o caminho aberto para a Assembleia Geral adotar depois em plenário a decisão”, lembrou o Presidente.

Marcelo antevê um caminho mais fácil e mais rápido para o amigo desta vez. O Presidente explica que “ao contrário da eleição, que foi muito tarde. Lembro-me de ter ido com o primeiro-ministro em dezembro, será muito mais cedo. O plenário da Assembleia-Geral será antes do verão”. E quase que marcava viagem para Nova Iorque: “Vamos ver se não é preciso adequar a agenda internacional a isto para estar presente na tomada de posse”.

Neste caso, os afetos foram mais para Guterres do que para a diplomacia portuguesa, já que Marcelo destaca que a reeleição será fruto do trabalho do antigo primeiro-ministro: “Em período de pandemia e com uma administração norte-americana muito unilateral, protecionista — que levou a que a nível global fosse mais difícil um trabalho como o da ONU — mesmo assim, António Guterres ultrapassou isso”. O secretário-geral da ONU, lembra Marcelo, enfrentou “um mandato difícil” e acrescenta: “Espero que este segundo mandato, se for confirmado como tudo indica a reeleição, seja não direi mais fácil, mas menos complicado do que foi o anterior.”

Num miradouro Marcelo observa a baia de Câmara de Lobos. Um dos poucos momentos (e muito breves) em que esteve sozinho durante toda a tarde.

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Amigo de António Costa

A um dia de António Costa também chegar à ilha da Madeira para as comemorações do 10 de Junho, Marcelo também foi amigo do Governo do PS. Colocou-se ao lado de António Costa e contra Rui Rio na questão da nomeação de Pedro Adão e Silva para comissário executivo das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril de 1974. Marcelo explicou que não foi ele a fazer a escolha (ele apenas escolheu Ramalho Eanes para presidir no geral às comemorações), mas assina por baixo a escolha: “Foi com o meu aval“.

O Presidente da República vê Pedro Adão e Silva como  “um politólogo atento à realidade contemporânea do país” e uma escolha “muito consensual“. Admite que Pedro Adão e Silva é “mais consensual no centro-esquerda do que à direita”, mas disse não ver razão para que o comentador seja “questionado” quer “em termos de competência, de qualificação ou de conhecimento da realidade portuguesa”.

O Presidente da República desvalorizou a polémica dizendo que “democracia significa que não há duas opiniões iguais sobre ninguém” e reiterou que não vê qualquer “razão substancial para não exercer essa função”. Mesmo admitindo que Adão e Silva ainda é jovem, o Chefe de Estado recordou, por exemplo, que há militares de Abril noutra estrutura, o que garantirá alguma representatividade na preparação das cerimónias. Apesar de questionado sobre o assunto, Marcelo passou por cima da questão sobre as vantagens que Pedro Adão e Silva terá no cargo que vai ocupar.

O Presidente da República voltou a cumprimentar dezenas de pessoas como acontecia antes da pandemia.

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Amigo de Augusto Santos Silva

A primeira vez que meteu o pé fora do hotel esta terça-feira de manhã na Madeira, Marcelo comentou o facto de Espanha ter exigido testes aos portugueses que cruzavam a fronteira e ter recuado. Havia várias figuras e a oposição ao Governo a acusar o ministro dos Negócios Estrangeiros de ter cometido uma falha diplomática grave. Ora, Marcelo isentou Augusto Santos Silva de culpas e deu a entender que o chefe da diplomacia portuguesa já lhe tinha dado na noite anterior informações privilegiadas sobre o assunto.

“Não houve problemas diplomáticos entre Portugal e Espanha. Foi apenas um erro técnico”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa. E fez saber que já esperava o desfecho anunciado esta terça-feira de manhã: “Ainda ontem o senhor ministro dos Negócios Estrangeiros, depois o senhor primeiro-ministro, preveniram que as autoridades espanholas já tinham esclarecido que hoje pela manhãzinha iriam dizer que era uma retificação”. Para Marcelo está agora “tudo claro”.

Amigo dos lesados

Ainda antes de seguir para a Madeira, na segunda-feira, Marcelo recebeu os lesados do Banif ainda no Palácio de Belém em Lisboa. Horas depois, já no Funchal, recebeu a Associação de Lesados BES Emigrantes da Venezuela e África do Sul (ALEV) — que têm uma manifestação marcada para o dia 10 de junho, data em que se comemora o Dia de Portugal no Funchal, na Madeira. O Presidente não só recebeu os lesados, como explicou como os ia ajudar. Desde logo, vai falar com Mário Centeno sobre o assunto: “Ficaram de me enviar, e já recebi, ainda não li, um relatório de uma comissão de peritos independentes terminado no final de 2019, princípios de 2020, e que é importante ler. Disseram-me que aguardam um parecer do Banco de Portugal. Vou ter oportunidade de falar disso com o senhor governador do Banco de Portugal oportunamente”.

Além disso, Marcelo Rebelo de Sousa mostra-se favorável a uma das ideias que os grupos de lesados lhe transmitiram: a criação de um grupo de trabalho que junte ambos os lesados em torno de uma solução comum. Para o Presidente esta “pode ser uma plataforma interessante para ambos os casos, que não são exatamente iguais, mas têm pontos comuns”.

A reunião com os lesados do BES ocorreu já de noite. Mas não foi o último ato da segunda-feira do Presidente Marcelo, que decidiu dar trabalho extra aos seguranças. Nessa mesma noite saiu do hotel já perto da meia-noite para fazer um passeio pela marginal do Funchal. Notívago, como Churchill.

Marcelo Rebelo de Sousa depois de uma cerimónia militar passeou por Câmara de Lobos onde cumprimentou dezenas de pessoas e bebeu poncha, a bebida típica da ilha da Madeira.

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