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Cuscuz: óculos de sol que não chegaram a móveis

De uma simples tira de madeira com 15 centímetros por três podem nascer uns óculos. “Para uma fábrica não é nada”, para a Cuscuz é o suficiente para fazer parar o trânsito. A marca de Ana Mendes cria óculos originais a partir de desperdícios recolhidos em empresas de móveis. “O que fazemos é upcycling”, resume a criadora de 23 anos. Noutras palavras, é moda misturada com design social.

Ana começou a desenhar óculos ainda na Universidade da Beira Interior. Tinha colegas em Design de Moda que precisavam de acessórios para a coleção de final de curso e, sobretudo, tinha um pai “faz tudo” que conseguia transformar em realidade os esboços mais extravagantes. Três anos depois de ter nascido, a Cuscuz já desfilou nas passerelles da ModaLisboa e do Portugal Fashion, para criadores como Catarina Oliveira, Carla Pontes e Hugo Costa. Com armações grandes, cores arrojadas e efeitos como o craquelée (tinta estalada) ou a pedra, há óculos que nem parecem de madeira ou que são tão excêntricos que vão diretamente para os desfiles. “São peças de nicho e que nunca serão massificadas”, resume Ana, para quem é essencial que “as pessoas valorizem a questão da sustentabilidade e que queiram saber quem faz e onde é feito”. Fica a mensagem: com pormenores que podem ser decididos pelo cliente e preços que vão dos 60€ aos 160€, todos os óculos da Cuscuz são produzidos à mão pelo senhor Amâncio, num atelier em Coimbra que foi, também ele, construído a partir de paletes reaproveitadas.

Daniela Ponto Final: dos retalhos nascem camisas

As camisas de Daniela Duarte não misturam padrões e tecidos por acaso. Flores, bolas, quadrados, bombazine — vem tudo de sacos com retalhos guardados há anos. É um vício de pequena: em criança, a designer de moda cresceu com sobras das clientes da avó costureira, primeiro aproveitadas para fazer roupas para as bonecas, depois para si própria. “Tenho uma relação muito emocional com os trapos”, conta. “Quando estou a trabalhar os tecidos acho que eles falam comigo.”

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Cada peça que faz à mão no atelier do Porto nasce do que há nos tais sacos de restos. “São criações únicas, não dá para repetir”, diz, acrescentando que a construção dos padrões “é um bocado intuitiva”. As camisas têm personalidade e há quem diga que fazem lembrar outros tempos. A razão estará não só nos cortes largos, unissexo, mas no uso de tecidos antigos, sobretudo dos anos 80 e 90. “O objetivo é trabalhar o que já existe e não mandar produzir, porque há muito material disponível”, diz Daniela, que compra rolos e metros a um fornecedor de São João da Madeira cujo trabalho é rematar lotes de lojas que fecham ou que têm de escoar stock. Nas etiquetas das peças finais — cujos preços vão dos 90€ das camisas aos 35€ dos lenços, em média –, está um pouco dessa história, com uma indicação da data e da origem do tecido. “Queremos que as pessoas parem para pensar no que têm nas mãos”, diz a designer de moda de 31 anos. Nos artigos em malha a mensagem é ainda mais personalizada e indica quantas horas foram gastas para fazer um gorro ou uma camisola (“mais de 100 para te aquecer”).

Desde os primeiros tempos, “sem que nada tenha sido planeado”, Daniela começou a guardar também os restos que sobravam de cada corte que fazia nos tecidos, separados por dimensões. Já passaram oito anos e o método continua o mesmo. Resultado? Eram tantos os retalhos e retalhinhos que neste outono a marca lançou uma nova linha chamada Desperdício (haja sentido de humor). Feitas com “restos dos restos”, as primeiras camisolas foram apresentadas no Wonder Room da última ModaLisboa e têm padrões, aplicados em patchwork, que foram construídos, nada mais nada menos, a partir do que sobrou das camisas da coleção anterior.

Insane in the Rain: impermeáveis que eram garrafas de plástico

A mensagem é séria, o meio é divertido. A Insane in the Rain quer ajudar a salvar o planeta através de impermeáveis com padrões coloridos. Não são uns impermeáveis quaisquer: são feitos em RPET, um material proveniente de garrafas de plástico, reconvertidas em tecido. Cada casaco pode conter entre 17 e 25 garrafas recicladas, dependendo do tamanho. Todos são unissexo e há também uma versão de criança.

A marca tem um ano e meio, altura em que Hannah Edwards mudou duplamente de vida e veio viver para Portugal. Durante 10 anos, a inglesa trabalhou como fashion buyer em Paris. “Era muito nova e de certa forma estava a ser engolida pela indústria”, conta, hoje com 33 anos. “Aos 28 estava a gerir lojas grandes de fast fashion e a comprar 1500 t-shirts brancas de uma vez, e logo de seguida a dizer aos consumidores que isto não era relevante, agora tinham era de comprar 1500 t-shirts vermelhas. Perguntava para onde iam os restos dos saldos que não se vendiam e ninguém me sabia dar uma resposta convincente. E às tantas não estava a questionar só os restos mas a própria produção. Produzimos demasiado de demasiado coisa.”

Os seus impermeáveis são slow e existem para já em cinco padrões que nunca serão descontinuados, aos quais se juntarão outros em fevereiro, inspirados nos anos 70.“Não fazemos coleções por estações porque não queremos a pressão das novidades”, diz Hannah. “Queremos uma coisa simples, que nos faça sentir bem e que ao mesmo tempo permita exercer uma escolha. Porque os nossos casacos custam o mesmo dos que são feitos com plástico novo — 120€ –, mas são feitos com plástico reciclado. É o consumidor que tem de dizer o que prefere.”

A ideia da marca surgiu em Bali, quando Hannah estava na praia a ver os surfistas entrarem no mar cheio de plástico a boiar, e na verdade todo o projeto é bastante internacional: o design é feito em Lisboa, onde a marca tem um escritório, as garrafas de plástico vêm de Taiwan, “onde a política de reciclagem é mais exigente”, os impermeáveis são fabricados em Xangai e o armazém fica no Reino Unido. Nestas viagens e também nas entregas, não há nenhum plástico envolvido (para além do que compõe os casacos): todos os impermeáveis são enrolados e colocados num tubo de cartão, à maneira dos posters, o que não podia ser mais indicado para uma peça que, a brincar a brincar, traz uma mensagem tão séria.

Zouri: atenção à sola destes sapatos

As solas são tão interessantes como os sapatos, e esse é o maior elogio que se pode fazer à Zouri. A marca de Adriana Mano e António Barros integra plástico apanhado nas praias no seu calçado, e é isso que se vê por baixo, graças à transparência da borracha: pedacinhos coloridos que já foram boias, redes e outros resíduos ligados à pesca.

Os dois sócios conheceram-se numa empresa de calçado em Braga e juntaram-se para canalizar a paixão comum pela natureza através dos sapatos. Inicialmente, a ideia era construir uma sandália semelhante às japonesas (de onde vem o nome Zouri) inteiramente de plástico reaproveitado. Ironia: num mundo inundado deste derivado do petróleo, o material não era o mais indicado. “É pesado, é quebrável e tem uma abrasão que faz com que se desgaste com facilidade”, explica Adriana. A solução, encontrada com o apoio da Universidade do Minho e de uma fábrica em Felgueiras, foi então triturar o plástico e incorporá-lo nas solas de borracha natural, normalmente translúcida. Que plástico? O que é recolhido nas praias portuguesas, por ser local, e porque se trata de um plástico “muito degradado e sujo, que não é aceite nas empresas de reciclagem e normalmente vai parar aos aterros”, quando não fica simplesmente no mar.

Nas primeiras sandálias da Zouri, lançadas em junho de 2018 depois de uma campanha de crowdfunding, em três modelos e três cores, está parte da tonelada e meia de lixo apanhado numa grande ação de limpeza promovida pela Câmara Municipal de Esposende em toda a costa do concelho, em abril do ano passado. A quantidade de plástico usada em cada par depende do tamanho do sapato, mas “a média é equivalente a seis garrafas”.

Produzidas artesanalmente na zona de Guimarães, as sandálias e chinelos usam ainda outros materiais amigos do ambiente como a cortiça, a juta e, mais surpreendente, o piñatex, uma imitação de pele feita a partir de folhas de ananás (e o único material que tem de vir de fora, neste caso de Barcelona). As de uma só tira custam 60€, as de fivela 80€, à venda em lojas de Lisboa como a Maria Granel e a Fair Bazaar. No início deste ano, chegaram também os ténis em algodão orgânico e pinãtex, com o mesmo conceito do plástico que ninguém quer incorporado e visível nas solas. Em nome da transparência (a dobrar), cada par vendido traz uma ficha com os materiais usados, os nomes dos envolvidos na produção e a data em que o plástico foi recolhido. “No fundo queremos criar uma tendência em que as pessoas se preocupem com o que estão a usar”, conclui Adriana. “Como na alimentação.”

Cleonice: o desafio de aproveitar tudo o que temos

Sexy de sobra(s). O slogan é inventado, mas podia ser usado pela Cleonice. A marca de Kaleigh Tirone Nunes — filha de pai inglês e mãe portuguesa e italiana — veste as formas femininas (e celebridades como Carolina Patrocínio) a partir de stock parado em armazéns e lojas. “Há marcas que ficam com restos de encomendas mas não querem lançar coleções com o mesmo tecido. Eu acho um desafio. Acho que devemos usar tudo o que temos.”

A filosofia desperdício zero foi aplicada à linha de outono, onde a designer de moda de 30 anos usa a mesma malha de seda que na coleção anterior — comprada a uma marca lisboeta que faliu –, em conjuntos de duas peças estrategicamente desenhados para mostrar alguma pele. A par do deadstock, as peças da Cleonice também podem incluir tecidos sustentáveis e Kaleigh já chegou a investir em feiras internacionais — a mais recente foi em Londres — para alargar a rede de contactos. No mundo dos fornecedores, destaca a Alemanha e a Áustria e, em território nacional, a Tintex e a Riopele, duas fábricas no norte.

Caso raro na indústria, diz os nomes das fábricas porque acha que a moda do futuro “deve viver da partilha”. Nesse futuro ideal também acha que não fará sentido apresentar uma marca como sustentável: “Não vai ser preciso. Ser sustentável já não vai ser diferenciador.”

Benefício: andar com o carro às costas

À primeira vista nem se percebe, mas a mochila do Benefício é feita de cintos de segurança. Juntamente com as tiras de couro, as ferragens e as fivelas, são 57 peças que antes de estarem nas mãos de um alfaiate em Lisboa estavam na Batistas S.A., uma empresa de abate de carros no Carregado.

A ideia original foi de Rui Café e Rita Guerreiro, da Beltimore, a partir da constatação de que os cintos de segurança não são reaproveitados ou sequer reciclados quando se desmantela um automóvel. Feitos de derivados do petróleo, vão habitualmente para queima, o que acabou por dar um slogan à medida — “de matéria combustível fugaz a uma mochila para a vida” — no mínimo improvável para um acessório de moda.

A dita mochila é rígida por fora e almofadada por dentro, com espaço para um computador de 15 polegadas e duas bolsas no interior, uma delas para canetas. Foi o segundo lançamento do Benefício, uma editora de produtos incubada na Startup Lisboa que em dois anos também já pôs no mercado um azeite biológico, uma ginja de Óbidos e duas bolsas para o portátil e o tablet (estas não propriamente recicladas mas feitas a partir de uma tradição antiga, a dos teares de Minde).

“Queremos funcionar como um laboratório de inovação para os pequenos produtores”, dizem Ricardo Nunes e Paulo Fernandes, os fundadores. Como em todos os lançamentos, fizeram uma primeira edição da mochila limitada a 100 exemplares, sendo que na loja online do Benefício é possível personalizar uma etiqueta com o nome do proprietário e o número de série.

Feito à mão em Lisboa, cada exemplar custa 250€. E não será exagero dizer que é caso único no mundo. Afinal, esta é uma mochila onde é possível levar, não a casa às costas, mas uma parte do carro.

38 Graus: e das redes de pesca nasceram fatos de banho

Antes das riscas, do rosa pastilha, dos padrões divertidos e dos cortes cavados, os fatos de banho da 38 Graus eram lixo no mar. Este verão, a marca de Marta Oliveira juntou-se à causa sustentável e começou a usar uma licra ecológica nas suas criações. O nome técnico é econyl e é uma fibra feita a partir de redes de pesca, plásticos industriais, fio de nylon e outros resíduos encontrados no oceano.

Foi na nova fábrica onde os fatos de banho são produzidos, em Lisboa, que Marta ouviu falar deste género de tecido, por sinal italiano. Oitenta por cento da última coleção, da qual fazem parte 16 modelos em 10 padrões, já é feita nessa licra, com a preocupação ambiental a estender-se às embalagens onde os fatos de banho são vendidos: em sacos de pano — caixas de cartão no caso dos envios online — e com etiquetas feitas de fécula de batata.

Lançada em maio de 2017, na loja Nossa, em Lisboa (onde continua a estar à venda, com preços que rondam os 90€), a 38 Graus foi uma forma de Marta Oliveira resolver “uma falha no mercado”. “Já temos muitos folhos, fitas, mistura de padrões e coisas complicadas, por isso estou a levar a marca para formas mais simples e que as pessoas possam usar sem se cansarem.” 2018 foi o ano das riscas, dos quadrados e de tons como o rosa, o lilás e o laranja, este ano será a vez dos animais e das flores darem uma nova vida à licra mais amiga dos oceanos.

Näz: reciclar tecido e saber quem faz

Uma só peça de roupa pode passar por 100 mãos. Quem o diz é Cristiana Costa, fundadora da Näz. “As pessoas acham que o tecido entra numa máquina e sai feito do outro lado, e isso está completamente errado”, afirma, enquanto enumera os vários envolvidos que podem estar entre quem apanha a fibra e quem passa a ferro.

Para a jovem de 24 anos, a sustentabilidade tem a ver, antes de mais, com o lado social. Foi assim desde que foi estudar Design de Moda para a Universidade da Beira Interior, na Covilhã: “Direcionei o meu mestrado para o têxtil e fui muito a fábricas. Falava com as pessoas, ouvia a sua história de vida. Muitas viram a indústria mudar de uma forma alucinante e a maioria das fábricas a fecharem. Conhecer essas histórias fez-me compreender como é importante que as roupas sejam feitas de uma forma justa.”

Foi nessas fábricas que começou também a comprar excedentes para criar roupa e a perceber que, se ia fazer parte “da segunda indústria mais poluente do mundo”, mais valia utilizar material que já existia. Hoje, dedica-se por inteiro à marca que começou a desenhar na universidade e que desde 2017 está presente em várias lojas, com duas coleções por ano. Na mais recente apresentou uma grande novidade: casacos de lã completamente reciclados, feitos numa empresa da Covilhã que estava essencialmente a desenvolver esse serviço para exportação. “Lá fora isto já é muito valorizado, aqui ainda é visto como lixo”, diz Cristiana, que tem como público mais fiel o belga e já vende para a Holanda, Suíça, Áustria, França, Espanha e Alemanha. “Basicamente o que eles fazem é comprar o resto do corte e da fiação a outras empresas, separar por cor e por fibra, triturar tudo e daí fazer o fio.”

No início de 2018, a designer ganhou três mil euros com o segundo lugar no Terre de Femmes, o prémio da Fundação Yves Rocher que distingue projetos femininos amigos do ambiente. Para além da reciclagem e dos excedentes comprados a fábricas no norte, a sua marca de estética minimal e confortável usa tecidos ecológicos como o cupro, feito a partir das sobras do algodão, e o liocel, uma fibra celulósica. Até os botões são ecológicos e fabricados com materiais que vão desde o papel reciclado às borras de café.

Com incubação na Parkurbis, na Covilhã, a marca começou por ser confecionada à máquina de costura ali mesmo na Beira Interior mas com o crescimento das coleções teve de recorrer a outras empresas na zona de Belmonte, Barcelos e Leiria. Por estes dias, todas têm sido filmadas num vídeo documental a divulgar em breve. “A ideia é mostrar todo o processo para tornar a nossa cadeia completamente transparente”, conclui Cristiana. Uma simples etiqueta a dizer “made in Portugal” não chega quando 100 mãos podem estar envolvidas num só vestido.

Ballūta: calçado quê, menina?

Há três anos, quando Catarina Pedroso começou a ligar para fábricas portuguesas a perguntar se faziam calçado vegan, a reação mais comum era “calçado quê, menina?”. Numa palavra até então pouco conhecida estava resumida a marca que queria lançar: sem nada de origem animal e com o menor impacto ambiental possível.

Na indústria preferida do couro e onde “apenas 1% do calçado é vegan”, não foi imediato encontrar um parceiro que lhe permitisse sonhar com uma espécie de Stella McCartney portuguesa (um pouco mais acessível). Ao fim de muitos telefonemas e outras tantas reações de espanto, ele acabou por aparecer em São João da Madeira e em maio de 2018 a Ballūta apresentou-se ao mercado.

Os sapatos da marca usam uma imitação de pele feita de poliamida e poliéster reciclados, sendo que até o forro “tem uma percentagem de sementes de cereais e de fontes de poliuretano renováveis”. “Embora haja imensas marcas vegan estrangeiras, sobretudo alemãs, a serem feitas em Portugal, infelizmente ainda não somos um produtor forte de pele falsa e a fábrica está a trabalhar com alguns materiais espanhóis e italianos”, diz Catarina Pedroso.

Com formação em Belas Artes, um percurso de maquilhadora profissional e um negócio de alojamento local com o marido, a empresária de 38 anos “começou do zero” quando decidiu que queria desenhar sapatos. Só sabia que teriam de ser vegan — resultado de uma alimentação vegetariana e de memórias menos felizes na herdade da família no Ribatejo, onde sempre houve forcados –, e que “havia espaço para uma marca urbana” dentro deste conceito. Durante um ano, tirou o curso de Design de Calçado na Lisbon School of Design e na primavera do ano passado apresentou a sua visão do que pode ser um calçado sustentável quando se encontra com a moda. Ballūta quer dizer bolota em português arcaico mas na verdade aquilo que a marca faz é bastante à frente. No caso da última coleção de outono, por exemplo, modelos clássicos como os sapatos Oxford e as botas Chelsea foram transformados em telas geométricas onde blocos de cores fortes, conjugados em espelho, chegam a dar a ilusão de que um sapato é diferente do outro. Ao todo são sete modelos entre os 230€ e os 325€. Vegan, sim, mas também arrojados.

Artigo publicado originalmente na revista Observador Lifestyle nº 2 (novembro de 2018) com textos de Ana Dias Ferreira, fotografias de Maria Rita, styling de Inês Montello e a modelo Catarina Santos/L’Agence.