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John Coltrane partira logo em 1967, o contrabaixista Jimmy Garrison em 1976 e o baterista Elvin Jones em 2004. Com a morte do pianista McCoy Tyner, na sexta-feira passada, já não restam sobreviventes de um dos mais lendários grupos da história do jazz. E as fileiras dos nomes lendários que criaram o jazz das décadas de 1950 e 1960 ficam reduzidas ao insubmersível Ahmad Jamal (n. 1930), que, quase 70 (setenta!) anos após os seus primeiros registos como líder continua a exibir admirável elasticidade mental e digital.

Nota: salvo indicação em contrário, no texto que se segue as datas associadas aos discos dizem respeito ao ano de gravação, que nem sempre coincide com o de edição.

Morreu McCoy Tyner, lendário pianista de jazz

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Os primórdios e os anos Coltrane

Nas décadas de 1940 e 1950, Filadélfia foi um dos mais efervescentes centros do jazz, pelo que não é de estranhar que o jovem Alfred McCoy Tyner tivesse por vizinhos os irmãos Bud (1924-1966) e Richie Powell (1931-1956), ambos pianistas, e que a banda de que fez parte na escola secundária incluísse o trompetista Lee Morgan (1938-1972). A estreia na I Divisão do jazz teve, porém, lugar em Nova Iorque, no Jazztet de Art Farmer e Benny Golson, tinha o pianista 22 anos. A passagem pelo Jazztet duraria seis meses e ficaria registada apenas no primeiro álbum do grupo, Meet the Jazztet (1960, Argo), pois o pianista não tardou a ser aliciado a juntar-se ao quarteto de John Coltrane.

[“Park Avenue Petite”, composição de Benny Golson do álbum Meet the Jazztet (1960, Argo):]

Coltrane, que acabara de trocar a editora Prestige pela Atlantic e estava numa fase de rápida alteração dos seus conceitos musicais, andava em busca dos parceiros certos para as suas explorações musicais e, após ter usado, no primeiro álbum para a Atlantic, Giant Steps, os préstimos dos pianistas Tommy Flanagan, Cedar Walton e Wynton Kelly, recorreria a Tyner na sessão de 21 de Outubro de 1960 que produziu a faixa “Village blues”, incluída no álbum Coltrane Jazz, maioritariamente gravado em 1959 e em que Kelly assegura o piano nas restantes faixas.

[“Village blues”, do álbum Coltrane Jazz (Atlantic), o primeiro registo de Tyner com Coltrane:]

A sessão de 21 de Outubro de 1960 tinha outras duas estreias entre os sidemen de Coltrane: o contrabaixista Steve Davis e o baterista Elvin Jones. Após Coltrane’s sound (gravado em 1960) e My favorite things (1961), Davis daria lugar a Reggie Workman (e, mais pontualmente, a Art Davis), acabando o posto de contrabaixista por ser atribuído definitivamente, no final de 1961, a Jimmy Garrison. Com este e com Tyner e Jones estava encontrado o “quarteto clássico” que viria a tornar-se num marco da carreira de Coltrane e da história do jazz (embora, na altura, a respeitável revista Downbeat tenha rotulado a sua música de “anti-jazz”) e que viria a produzir (já para a editora Impulse!) obras-primas como Impressions (gravado em 1961-63), Crescent (1963) e A love supreme (1964).

[“Love supreme part I: Acknowledgement” (1964, Impulse!):]

Mas Coltrane, um espírito naturalmente irrequieto, não se contentou com as audaciosas ruturas operadas por estes discos, e, em parte influenciado pelas vias tomadas pelos saxofonistas Albert Ayler e Ornette Coleman, aproveitou o ímpeto para desbravar novas abordagens e sonoridades, desígnio que passou por somar outros músicos ao núcleo do quarteto, o mais frequente dos quais foi o saxofonista Pharoah Sanders. A adição de um segundo baterista, Rashied Ali, na sessão de 23 de Novembro de 1965 que gerou o álbum Meditations, levou a que Tyner abandonasse o grupo, alegando que era impossível fazer-se ouvir entre o chinfrim produzido pelos bateristas. Elvin Jones sairia poucos meses depois, por considerar que as intervenções de Ali entravam em conflito com a sua abordagem ao instrumento. Ali ficou como único responsável pela bateria, e Alice Coltrane, a segunda esposa do saxofonista, tomou o lugar de Tyner; Jimmy Garrison ficou até ao fim – o último registo foi The Olantuji Concert, gravado a 23 de Março de 1967 (editado apenas em 2001) e Coltrane morreu em Julho, de um cancro no fígado.

[“Consequences”, do álbum Meditations (1965, Impulse!):]

Por conta própria, na Impulse! e Blue Note

Tyner começara a gravar como líder pouco depois de se juntar ao quarteto de Coltrane: o seu primeiro disco foi Inception (1962), editado pela Impulse!, tal como os cinco seguintes (Reaching fourth, Nights of ballads & blues, Today and tomorrow, Live at Newport, Plays Ellington). A maioria destes discos são no formato trio, combinam originais de Tyner com standards, recorrem amiúde aos seus colegas do quarteto de Coltrane, Garrison e Jones, e, embora inscrevendo-se na linha da frente do jazz de então, são menos ousados do que a música que o pianista então fazia com Coltrane.

[”Inception”, do álbum homónimo (1962, Impulse!):]

O último álbum desta série, Plays Ellington, gravado em Dezembro de 1964, tem a particularidade de prestar homenagem a um jazzman e compositor que, na época, tinha visto o seu brilho ofuscado pelas vagas do hard bop e, mais recentemente, pela New Thing e pelo seu primo free jazz.

Nesse interim, o contrato de Tyner com a Impulse! não o impediu de ser presença assídua em numerosos discos de hard bop editados pela Blue Note, sob a liderança de Freddie Hubbard, Joe Henderson, Grant Green, Hank Mobley, Lee Morgan, Wayne Shorter e Stanley Turrentine.

[“Open Sesame”, faixa de abertura do álbum homónimo de Freddie Hubbard, gravado em Junho de 1960: o disco marcou a estreia de Hubbard como líder e foi também o primeiro registo de Tyner para a Blue Note:]

Assim, após ter saído do quarteto de Coltrane, não foi inesperado que Tyner assinasse contrato com a Blue Note, onde se estreou em 1967 com The real McCoy (um trocadilho com a expressão idiomática inglesa que tem o sentido de algo genuíno, que não deve ser confundido com uma imitação), que não só contou com um quarteto de grandes músicos – Joe Henderson (saxofone), Ron Carter (contrabaixo) e o usual cúmplice Elvin Jones – como se diria gravado em estado de graça, em particular a faixa de abertura, “Passion dance” (da autoria de Tyner, como as restantes quatro), de ambiente épico e arrebatado.

[“Passion dance”, de The real McCoy (1967, Blue Note):]

The real McCoy trouxe ao pianista uma aclamação que nenhum dos álbuns anteriores como líder lograra e continua hoje a ser o mais conhecido da sua longa discografia; foi seguido, até 1970, por mais seis álbuns: Tender moments, Time for Tyner, Expansions, Cosmos e Asante. Como o título Cosmos sugere, Tyner não andava então longe da explorações místicas e das sondagens do “espaço interstelar” que tinham absorvido Coltrane nos últimos anos de vida, mas enquanto Coltrane podia assumir uma intensidade selvática e paroxística, Tyner apostou na sofisticação e na dilatação da paleta tímbrica, que nalgumas faixas deste álbum é enriquecida por um quarteto de cordas e um oboé.

[“Shaken, but not forsaken”, do álbum Cosmos (1968-70):]

Vale a pena mencionar que Tyner, embora se inserisse esteticamente na linha da frente do jazz da década de 1960, não assumiu posições públicas em prol da luta pelos direitos cívicos, ao contrário de outras figuras de proa no novo jazz, como Max Roach, Charles Mingus, Nina Simone, ou Archie Shepp. Tyner toca, claro está, em “Alabama”, a famosa composição de Coltrane, em homenagem às vítimas de um atentado bombista do Ku Klux Klan em Birmingham, Alabama, em 1963, estreada no álbum Live at Birdland, desse mesmo ano.

O relativo afastamento de Tyner em relação à política contrasta com o percurso do seu irmão mais novo, Jarvis Tyner (n.1941), um empenhado sindicalista que aderiu, logo aos 20 anos, ao Partido Comunista dos EUA, onde subiu ao cargo de vice-secretário e se apresentou como candidato a vice-presidente nas eleições presidenciais americanas de 1972 e 1976.

[“Alabama”, do álbum Live at Birdland (1963, Impulse!):]

Asante, o derradeiro álbum de Tyner para a Blue Note, soma à pulsão para o espaço exterior um mergulho nas tradições africanas e indiana, que também tinham fascinado Coltrane e outras figuras da vanguarda jazzística da época. Porém, por esta altura, o mercado do jazz entrara em colapso, devido à continuada deserção do público para o pop-rock (e, em menor medida, para o nascente jazz-rock), e a Blue Note, que fora, em 1965, adquirida pela Liberty, perdera os seus capitães (Alfred Lion reformara-se e Francis Wolff faleceu em 1971) e era um navio desgovernado no meio de uma tempestade (ver Blue Note x 5: Estes clássicos são mensageiros do jazz e Os melhores anos: Quando a Blue Note mudava o mundo e o capítulo “Um farol na Idade das Trevas” de ECM: Há 50 anos a redefinir o jazz). Não é de estranhar que Cosmos, gravado em 1968-70, apenas tenha sido lançado em 1976, e que Asante, gravado em 1970, apenas tenha visto a luz do dia em 1974.

A renascida Blue Note – hoje incluída, como a Impulse!, no mega-grupo Universal – apressou-se a fazer o elogio fúnebre de Tyner, mas melhor faria, em vez de proferir discursos de circunstância, em reeditar os excelentes discos de Tyner no período 1967-70, de que apenas está disponível The real McCoy.

[“Mailka”, do álbum Asante (1970):]

Os anos Milestone

No meio desta tormenta, McCoy Tyner acabou por encontrar abrigo na Milestone, fundada em 1966 por Orrin Keepnews e que ganhara novo rumo em 1972 ao ser comprada pela Fantasy. Foi também em 1972 que Tyner lançou o seu primeiro disco na Milestone, Sahara, que, como o título sugere, prossegue a mescla de jazz com tradições africanas (e orientais) evidenciada em Asante. Na faixa “Valley of life”, a abertura de Tyner às “músicas do mundo” vai ao ponto de trocar o piano pelo koto, instrumento tradicional japonês, que aborda, todavia, numa toada mais africana do que japonesa.

[“Valley of life”, do álbum Sahara (1972, Milestone):]

Inesperadamente para quem, pouco antes se encontrava sem editora e sem perspetivas de carreira, Sahara revelou-se um êxito – vendeu 100.000 exemplares e foi nomeado para dois Grammys – e estabeleceu um profícuo vínculo entre o pianista e a editora, que se traduziria em mais 18 discos até 1981.

O sucessor imediato de Sahara, Echoes of a friend (que foi gravado em Tóquio e teve edição original na recém-criada etiqueta japonesa JVC, sendo depois reeditado pela Milestone), foi o primeiro de muitos álbuns de piano solo de Tyner e também a primeira de muitas homenagens ao seu antigo “patrão” e amigo, John Coltrane – é ele o “amigo” aludido no título e são dele (ou vinculadas a ele) três das cinco composições do álbum.

[“Naima”, composição de Coltrane, do álbum Echoes of a friend (1972, JVC/Milestone):]

Na lúgubre década de 1970, enquanto muitos músicos de jazz eram forçados a abandonar a carreira, a consagrar-se ao ensino ou a render-se à moda da “fusão”, incorporando elementos de rock, funk e soul, Tyner perseverou na via do jazz acústico e sem piscadelas de olho a géneros mais “comerciais”. Muita da música deste período pode ser vista como uma interpretação pessoal das vias seguidas por Coltrane em meados dos anos 60, pautando-se pela densidade e pelo arrebatamento, não poucas vezes atingindo a incandescência, para o que contribuiu o recrutamento de saxofonistas fogosos, como Sonny Fortune, Gary Bartz ou o hoje muito esquecido Azar Lawrence

[“Enlightenment Suite part 1: Genesis”, do álbum Enlightenment (Milestone), gravado ao vivo no Festival de Jazz de Montreux, a 7 de Julho de 1973, com Azar Lawrence (saxofone), Juni Booth (baixo) e Alphonse Mouzon (bateria)]

O estatuto de Tyner como compositor de talento, músico consumado e herdeiro espiritual de Coltrane foi consolidando-se e até lhe permitiu a “extravagância” de, em 1973, gravar com uma big band recheada de vedetas, dando origem ao álbum Song of the new world, em que além das composições de sua lavra (que se tinham tornado dominantes nos programas de Tyner a partir de The real McCoy) faz uma efervescente releitura de “Afro blue”, de Mongo Santamaría.

[“Afro blue”, do álbum Song of the new world (1973, Milestone):]

Um dos álbuns mais conceituados do período Milestone é Supertrios, gravado em Abril de 1977 e que faz jus ao nome, uma vez que divide as suas 12 faixas por dois trios de luxo, um com Ron Carter (contrabaixo) e Tony Williams (bateria) e outro com Eddie Gomez (contrabaixo) e Jack DeJohnette (bateria). O disco abre com uma revisão inflamada de “Wave”, de António Carlos Jobim (também conhecida como “Vou te contar”) e cuja placidez melancólica de bossa nova é descartada em favor da visão inflamada, densa e agitada de Tyner (vale a pena confrontar a versão de Tyner com o original de Jobim incluído no álbum homónimo de 1967 de António Carlos Jobim, a fim de comprovar o poder alquímico dos grandes jazzmen).

[“Wave”, do álbum Supertrios (1977, Milestone), com Ron Carter e Tony Williams:]

[“Wave”, na versão do álbum homónimo de António Carlos Jobim (1967, A&M):]

As últimas quatro décadas: 1981-2020

O fim do contrato com a Milestone fez a discografia de Tyner saltitar entre uma miríade de editoras – Columbia, Elektra, Palo Alto, Denon, King, Jazz Door, LRC, Laserlight, Enja, Chesky, Dreyfus, Birdology, para lá de regressos episódicos à Blue Note, Impulse! e Milestone – até que em 1999 estabeleceu uma relação mais duradoura com a Telarc. A dispersão por editoras correspondeu também uma ampliação do espectro de registos e a uma multiplicação de articulações instrumentais e parcerias.

O primeiro álbum pós-Milestone, La leyenda de la hora (1981, Columbia) revela uma inesperada veia Latin jazz, com um noneto de que faz parte o saxofonista Paquito D’Rivera e que é suplementado por uma secção de cordas – um desvio caribenho que seria repetido, novamente em noneto, em 1999 com McCoy Tyner and the Latin All-Stars (Telarc). A bossa nova, que não “infectara” Tyner quando a febre do “jazz samba” varrera os EUA em 1962-63, acabou por apanhá-lo com quase 30 anos de atraso em Blue bossa (1991, LRC), que também não se conta entre os seus discos mais conseguidos. O equívoco das incursões de Tyner no Latin jazz só foi ultrapassado, pela negativa, em What the world needs know (1996, Impulse!), álbum consagrado às composições de Burt Bacharach, com o trio de Tyner a abordar as canções sem um pingo de imaginação e com os opulentos arranjos orquestrais a servir de glacé num bolo já de si enjoativamente doce.

O eclectismo de Tyner acabaria por manifestar-se também num namoro com a música “erudita”, em Prelude and Sonata (1994, Milestone), em quarteto, com Joshua Redman (saxofone), Christian McBride (contrabaixo) e Marvin “Smitty” Smith (bateria), em que um núcleo de baladas (composições de Tyner e jazz standards) é enquadrado pelo Prelúdio op.28 n.º 4 de Chopin (a abrir) e pela Sonata para piano n.º 8 de Beethoven (a fechar).

[Prelúdio op.28 n.º 4 de Chopin, na versão de Prelude and Sonata (1994, Milestone):]

No que toca a formatos, Tyner explorou os extremos: gravou regularmente álbuns em piano solo e fez três discos com big band: Uptown/Downtown (1988, Milestone), The turning point (1992, Birdology) e Journey (1993, Birdology). Nos duos com outras figuras históricas do jazz há a contabilizar Manhattan Moods (1993, Blue Note), com o vibrafonista Bobby Hutcherson, um cúmplice de longa data (Hutcherson participara em Time for Tyner, de 1968), e One on one (1990, Milestone), com o violinista Stéphane Grapelli (com um programa integralmente preenchido por standards).

Tyner reataria a parceria com Hutcherson, agora em quarteto, em Land of Giants (2002, Telarc), álbum com um título que alimenta a persistente e detestável lenda de que o jazz teve uma Idade de Ouro, em que era cultivado por gigantes, praticamente extintos no século XXI, que está entregue a uma raça de pigmeus. A par da quebra do nível médio de qualidade, as últimas décadas de actividade de Tyner também são pontuadas pelo “regresso ao passado”, traduzido quer na frequente adopção de uma linguagem mais mainstream quer nos acenos explícitos à “era Coltrane”, como sejam o quinteto que formou com Elvin Jones e gravou Love & Peace (1982, AMJ), e os álbuns Blues for Coltrane (1987, Impulse!, em quinteto com David Murray e Pharoah Sanders), Remembering John (1991, Enja, em trio com Avery Sharpe e Aaron Scott) e Plays John Coltrane: Live at the Village Vanguard (1997, Telarc, em trio com George Mraz e Al Foster).

[“Naima”, de Coltrane, na versão do álbum Plays John Coltrane: Live at the Village Vanguard:]

Este restabelecimento de laços com os anos passados com John Coltrane passou também pela associação ao filho deste, Ravi (que teve a coragem/temeridade de adoptar o mesmo instrumento que o pai).

[“Walk spirit, talk spirit”, uma composição de Tyner, por Ravi Coltrane (saxofone), Tyner, Gerald Cannon (contrabaixo) e Montez Coleman (bateria), ao vivo no festival Jazz à Vienne, 2012:]

Sempre ávido de novas experiências, Tyner deixou como penúltimo álbum o inesperado Guitars (2006, McCoy Tyner Music/Half Note), em que o trio de piano, contrabaixo (Ron Carter) e bateria (Jack DeJohnette) tem, alternadamente, a parceria de quatro estrelas das seis cordas – Bill Frisell, Marc Ribot, John Scofield e Derek Trucks – ou do tocador de banjo Béla Fleck. O último álbum – se entretanto não forem repescadas fitas inéditas – foi Solo: Live from San Francisco, dá a ouvir Tyner no Herbst Theatre, com uma programa de jazz standards, composições originais e, inevitavelmente, dois clássicos de Coltrane, “Lazy bird” e “Naima”.