Tornou-se um desporto nacional — ou melhor, supranacional: o humor na Internet tem sido uma das formas usadas em todo o mundo para gozar com cada declaração ou medida de Donald Trump. Quando abrimos as redes sociais, encontramos posts como este que Matt Viser, jornalista do Boston Globe, partilhou na sexta-feira no Twitter, logo a seguir a Donald Trump ter dito numa conferência de imprensa que a sua Administração estava a trabalhar como uma máquina bem oleada.

Não têm sido dias fáceis para Trump. Poucos depois de se saber que Rex Tillerson, ex-presidente executivo da petrolífera Exxon Mobile, seria o nome escolhido para a pasta dos Negócios Estrangeiros, vários responsáveis pela diplomacia americana apresentaram a sua demissão. Mais recentemente, o Conselheiro Nacional para a Segurança, Michael Flynn, também optou por deixar o lugar por ter discutido (ou negociado) com o embaixador russo as sanções decretadas à Rússia pelos Estados Unidos e por não ter contado a história toda nem a Trump nem a Pence. Mas o que mais desestabilizou a Administração foi, sem dúvida, a ordem executiva de Trump, impedindo os cidadãos de sete países de maioria muçulmana de entrarem no país. Os protestos tomaram conta de alguns dos principais aeroportos do país e a Justiça americana acabou por estancar a implementação da ordem, por enquanto (Trump prometeu novidades para os próximos dias).

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Mais um motivo para se pôr em causa a quantidade de óleo na tal máquina:

A maior tomada de posse de sempre – só que não

A tomada de posse de Donald Trump foi “a maior de sempre, ponto final”, disse Sean Spicer, o responsável pela comunicação da Casa Branca, depois de milhares de pessoas terem partilhado fotografias aéreas e análises à utilização dos transportes públicos de Washington, provando não só que a tomada de posse de Barack Obama tinha tido uma adesão muito maior do que a Donald Trump, como também o protesto que se seguiu à apresentação da nova Administração reuniu muito mais gente do que a tomada de posse em si.

Aqui as imagens aéreas da tomada de posse de Barack Obama, em 2009, e Donald Trump, 2017.

E em relação ao protesto “Marcha das Mulheres”, contra Trump, que aconteceu logo no dia seguinte:

Quem não ficou nada contente com estas fotografias foi Sean Spicer, que convocou uma conferência de imprensa na qual criticou os jornalistas e os diversos meios de comunicação social, rotulando boa parte dos media norte-americanos como fornecedores de “notícias falsas”. Alguns utilizadores do Twitter começaram a publicar, com ironia, outras supostas verdades absolutas.

https://twitter.com/iSmashFizzle/status/822994310346014720?ref_src=twsrc%5Etfw

E a contribuição do comediante Conan O’Brien:

Donald Trump Conan Obrien GIF by Team Coco - Find & Share on GIPHY

Ficamos por aqui, existem centenas. O Twitter é apenas uma das armas de tortura usadas contra Sean Spicer. Também há gifs:

Sean Spicer GIF by Election 2016 - Find & Share on GIPHY

Sean Spicer Fake News GIF by Election 2016 - Find & Share on GIPHY

Depois de tudo isto chegou, em força, o programa Saturday Night Live, que se tem dedicado a demolir Sean Spicer. Aqui está um o sketch da atriz Melissa McCarthy interpretanto Sean Spicer.

A primeira conferência de imprensa

Dia 11 de janeiro (a nove dias de ser oficialmente presidente) Donald Trump deu uma conferência de imprensa e disparou em todas as direções, mas a maioria dos tiros atingiu os media. Este foi o apanhado que o Observador fez na altura dos melhores momentos no Twitter:

Memes de Trump. A Internet já brinca com conferência de imprensa

A ordem executiva que fechou as portas a cidadãos de países árabes

Foi a decisão que até agora mais abalou a nova presidência. Donald Trump assinou uma ordem executiva que impediu, com efeito imediato, a entrada de pessoas provenientes de sete países maioritariamente muçulmanos nos Estados Unidos. Vários aeroportos foram invadidos por manifestantes, enquanto dezenas de advogados trabalhavam no chão da área de chegadas para conseguirem uma solução para as pessoas abrangidas pela decisão.

O Presidente ficou frustrado por a Justiça ter impedido que a sua ordem executiva fosse implementada e reagiu no Twitter: “Aumento enorme das entradas no nosso país de pessoas vindas de certos países. Os nossos cidadãos estão muito mais vulneráveis enquanto esperamos pelo que devia ser FÁCIL D!”. Ora, o problema aqui é o “D”. No dicionário de calão, “Easy D”, é conseguir “um encontro sexual fácil”.

Coisas que a internet não perdoa:

Também no Twitter surgiram uma série de possíveis desenhos que Trump poderia ter feito no papel onde assinou a ordem executiva.

Já esta semana, mais um episódio. Justin Trudeau, o primeiro-ministro canadiano que disse querer abrir as portas do seu país aos refugiados que Trump se recusa a receber, foi à Casa Branca e, naquilo que pareceu ser uma hesitação de segundos antes de apertar a mão ao Presidente dos Estados Unidos, deu munições aos utilizadores das redes sociais.

O problema dos apertos de mão de Trump já estava, contudo, bem documentado.

https://youtu.be/1gFOTGmflEU

A filha de Trump também provocou várias reações nas redes sociais pela forma como olhou para o primeiro-ministro canadiano. “Ivanka com cara de quem arriscaria tudo”, lê-se em baixo.

https://twitter.com/MatthewACherry/status/831274371415093248?ref_src=twsrc%5Etfw

Portugal/Germany/Holand/second – Porque em primeiro a América, claro

Na sua tomada de posse, Donald Trump fez questão de repetir, várias vezes, que “A América está em primeiro lugar, em primeiro lugar, em primeiro lugar”. Como resposta, vários países decidiram produzir vídeos onde apresentam os seus ex libris turísticos, pedindo ironicamente a Trump que os considere para segundo lugar na sua lista.

Portugal também já enviou o seu pedido:

E os Açores:

E a Madeira:

A lista de contribuições, contudo, não pára de crescer.

Os vídeos anti-Trump. Depois da Holanda e Portugal, outros cinco países querem ser os segundos

O último fenómeno viral chama-se “Tiny Trump”, ou “Trump pequenino”. Aqui estão alguns exemplos:

https://twitter.com/GaryStLawrence/status/833184305790668800

https://twitter.com/GaryStLawrence/status/833183051546980352

“Suécia, quem acreditaria?” Ninguém, de facto.

No fim-de-semana em que cumpre um mês de presidência, Donald Trump voltou ao seu elemento: o ambiente de campanha. Num discurso na Florida, citou uma série de ataques terroristas em cidades europeias para justificar a necessidade de “manter o povo americano seguro”. Mas, entre as referências a Nice, Bruxelas ou Paris, mencionou um ataque na Suécia que nunca aconteceu: “Suécia? Acreditam nisto? Suécia. Esta sexta-feira à noite. Eles receberam um grande número de refugiados e estão a ter problemas que nunca imaginaram”, disse o presidente.

Já circula a suspeita de que Donald Trump possa ter confundido Suécia (Sweden, em inglês) com a cidade paquistanesa de Sehwan onde, de facto, mais de 80 pessoas morrem na passada quinta-feira, num ataque bombista. Não demorou muito até que a hashtag #PrayforSweden, normalmente utilizada depois de um ataque terrorista como forma de homenagear as vítimas, fosse das mais utilizadas no Twitter, mas desta vez com ironia. Aqui estão algumas das contribuições que foram aparecendo ao longo do fim-de-semana (a maioria são de suecos).

“Cenas do desespero”, lê-se em baixo:

Alguns utilizadores usaram também a frase “Je Suis”, ou “Eu Sou”, que se tornou um símbolo de solidariedade para com as vítimas de terrorismo depois dos ataques à redação do jornal satírico francês Charlie Hebdo. Aqui pode ler-se “Eu sou o que quer que se tenha passado na Suécia”.

https://twitter.com/XFXVX/status/833395534425628672

“O que acontece em Estocolmo, fica em Estocolmo”

Uma outra hashtag no topo das mais populares foi #LastNightinSweden”, ou #OntemÀNoiteNaSuécia”, sob a qual muitos suecos publicaram fotografias de almôndegas, velhinhas, gatinhos e jantares em família. E dos Abba também.

“Isto foi o que realmente aconteceu ontem à noite na Suécia”

E um último tweet como resumo da saga: