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(Rui Oliveira/Observador)

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Nas ruas do Porto, à coligação Iniciativa Liberal-PSD só faltou Rui Rio: o dia em que as campanhas se cruzaram

A subir bandeiras azuis e cânticos de "liberal!", a descer cânticos de "PSD" e figuras laranjas a cumprimentarem Cotrim. As comitivas bateram de frente no Porto, mas Rio faltou à coligação de rua.

Por entre o fura-fura, os empurrões e a azáma, os cânticos cruzam-se e as cores das bandeiras confundem-se. Afinal é uma ação de campanha da Iniciativa Liberal ou do PSD? Resposta c): dos dois.

Não foi combinado, garante João Cotrim Figueiredo. Mas era assumidamente “um encontro politicamente importante”. A Iniciativa Liberal está disponível para se sentar à mesa com Rui Rio depois das eleições e espera crescer e “dar ímpeto” a um PSD que supere o PS. Esta quinta-feira à tarde, cruzou-se mesmo com a comitiva laranja na Rua de Santa Catarina, no Porto.

A furar entre bandeiras azuis e laranjas, as câmaras ainda captaram um abraço entre Cotrim e Salvador Malheiro, o presidente da IL ouviu o deputado laranja Álvaro Almeida dizer-lhe “boa sorte” e “temos de ter maioria” e Malheiro ainda lhe disse “vai chegar o momento” — mas de Rio nem sinal.

O presidente do PSD ter-se-á atrasado e só se juntou à comitiva social-democrata por volta das 17h20. Falhou o encontro com Cotrim por meros dez minutos. No final da subida de Rua de Santa Catarina, que o PSD haveria de começar a descer logo a seguir, havia estranheza na comitiva liberal e estava uma dúvida instalada: terá Rio chegado propositadamente mais tarde para que o encontro não se desse? E o que é que isso significará para o pós-eleições?

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A arruada da comitiva liberal começara há hora e meia e já tivera outros motivos de interesse: desde logo um encontro com Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto que decidiu encontrar-se com Cotrim Figueiredo e desejar boa sorte a um partido que o apoia ativamente na autarquia — já fizera o mesmo com o CDS há dias. Mas o encontro entre liberais e sociais-democratas haveria de ser o momento mediático da tarde.

A tentar furar pelo meio de centenas de pessoas — atrás de si os apoiantes, à frente gente com bandeiras do PSD —, Cotrim Figueiredo ia subindo a rua acompanhado por Tiago Mayan Gonçalves, candidato presidencial da IL em 2021, hoje presidente da junta de freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde. E ia encontrando alguns conhecidos, um deles Jorge Paulo Oliveira, deputado pelo PSD eleito por Braga, que lhe desejou boa sorte mas ainda teve de tirar a máscara para que Cotrim o reconhecesse, no meio da multidão. O presidente liberal agradecia a força: “Obrigado, Jorge Paulo!”

Atrás de si, Cotrim ia ouvindo cânticos de “liberal! liberal! liberal!”, à frente gritos de “PSD PSD”. Ia cumprimentando quem se dirigia a ele e o abordava, nas laterais — como um senhor que lhe dizia já ser do PSD “há muitos anos”. Cotrim ainda lhe dizia “ainda tens dois dias para pensar na vida” mas ali a caça ao voto era missão impossível: “Não, não, há muitos anos… mas boa sorte!”

(Rui Oliveira/Observador)

Foi a arruada mais participada da Iniciativa Liberal nesta campanha, o que reforça a fé na eleição de pelo menos dois deputados no Porto. Mas Cotrim não embandeirava em arco e explicava aos jornalistas: “Dos primeiros conselhos que me deram antes de entrar na política é que a rua é enganadora. Quem anda na rua e beneficia da simpatia do povo português acha sempre que vai ter maioria absoluta. Não me deixo enganar pelas ruas”. Mas o “boneco” televisivo é simpático: “Claro que estar na rua com muita gente é animador, gosto de sentir o apelo e mobilização das pessoas. Mas não dou à rua uma importância exagerada, o que conta são os boletins de voto nas urnas no dia 30″.

Depois de Jorge Paulo Oliveira aparecia Álvaro Almeida, o segundo deputado do PSD que fez questão de ir cumprimentar Cotrim e piscar-lhe o olho para dia 31: “Boa sorte para todos nós, temos de ter a maioria”. Aos jornalistas, o liberal piscava de volta sem cair nas armadilhas do voto útil e de deixar o PSD brilhar em demasia: “Dissemos sempre que estávamos disponíveis. Temos a mesma vontade de alterar o ciclo político. Nós temos mais esperança e determinação e queremos emprestar essa pressa e determinação ao PSD”.

Santa Catarina acima, eis Cotrim a cumprimentar o “presidente da câmara da Trofa” (“ohhhh… muito gosto, Sérgio Humberto!”), a conhecer o autarca da Póvoa do Varzim e a arrumar ao canto perguntas sobre se o cruzamento de campanhas fora uma coincidência: “Não, porque podíamos ter evitado este encontro. Não andámos a coordenar agendas, que fique claro. Quando soubemos ao princípio do dia que íamos coincidir mais ou menos na hora, tínhamos a opção de evitar e não evitar. E optámos por não evitar”.

O encontro era um “momento político importante”, o candidato liberal não deixou de o reconhecer. Afinal, “vão-se cruzar duas caravanas de dois partidos que se querem opor ao Partido Socialista”. Mas voltava o voto útil à conversa, que mal se ouvia acima da música dos cânticos partidários: “Mas são partidos que querem opor-se ao PS com ímpetos e vontades muito diferentes, com menos aversão ao risco da nossa parte do que da do PSD. Tratam-se, no entanto, de dois opositores que podem construir uma alternativa — e isto é um momento político importante, obviamente. Até por isso achámos que não era possível evitá-lo”.

Cotrim ia aproveitando os microfones para fazer anúncios: “A IL vai ter um gabinete parlamentar na cidade do Porto, que se deslocará entre todos os distritos em que venhamos a eleger para provar que não é preciso ter quase 90% dos organismos públicos sediados em Lisboa para fazer o país funcionar”. Ordem para descentralizar, portanto. E ainda deixava uma pequena farpa ao PSD sobre o Chega: “Somos o partido que nunca fará entendimentos com o Chega. O PSD tem de entender que quando chegar a altura de governar tem de fazer uma escolha: ou nós ou o Chega. Daremos força ao PSD para se manter firme nessa escolha pela democracia liberal, pelo não populismo, pelo não apelo às soluções fáceis”.

Não era porém só deputados que o candidato liberal ia cumprimentando — por entre a barafunda ainda ia ficando a conhecer duas fãs de bandeira laranja na mão, a dizerem-lhe “João, em frente” e a alongarem-se na conversa. Na comitiva liberal um militante ria-se e comentava: “Já há Cotrinettes”.

Para a festa ficar completa só faltou mesmo Rio aparecer para a fotografia. Ou Rangel, que chegou a ser convidado por um elemento da comitiva liberal — viu o Observador — mas preferiu não ir cumprimentar Cotrim para “não tirar o foco”.

Minutos antes da comitiva liberal dispersar e de o presidente do PSD finalmente aparecer, era já o presidente da IL quem dizia aos jornalistas: “Não sei se [Rui Rio] vai chegar, não faço ideia”. A prioridade era outra: “Agora apetece-me beber um copo de água. Para ser franco, estou cheio de sede desde a hora de almoço”.

(Rui Oliveira/Observador)

Um abraço do amigo Rui Moreira e um vídeo de um ministro alemão

Antes do cruzamento com o PSD, a comitiva da Iniciativa Liberal — com algumas dezenas de apoiantes — seguiu Porto fora, apanhando uma boleia pelo caminho: o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, juntou-se para um abraço a Cotrim e para participar por alguns curtos minutos na caminhada liberal pela cidade. Moreira, cuja recandidatura foi apoiada pela IL, já estivera antes na campanha do CDS, que também o apoiou nas últimas autárquicas.

Lado a lado, Cotrim e Rui Moreira iam comentando o que viam e os planos para os próximos dias. Cotrim dizia-lhe ter ficado “impressionado com estar pouca gente na rua pelo país, não é só no Porto”, porventura também devido ao número de novos casos de Covid-19 e de pessoas isoladas, o autarca perguntava-lhe se ia no dia seguinte para Lisboa. Resposta negativa: “Não, encerramos aqui, em Matosinhos”. A equipa de campanha tem de arrumar as trouxas às 23h59 mas queria aproveitar a noite portuense para celebrar as últimas semanas de estrada. E Cotrim percebe: “Tenho de lhes dar isso. Portanto só vou na manhã seguinte [sábado] para Lisboa”.

Aos jornalistas, Rui Moreira explicava que quis encontrar-se com Cotrim: “Não é uma questão de apoio. Tenho muita simpatia pelos partidos que me apoiam, pela Iniciativa Liberal, pelo CDS, pelo Nós, Cidadãos. Partidos com quem temos uma governação” na cidade. E lembrava: “A IL está representada na vereação, na Assembleia Municipal, no meu movimento — temos um presidente de junta, o Tiago Mayan, que toda a gente conhece. Portanto é normal, tendo nós estes entendimentos, estes pontos de vista, esta amizade, que venha aqui dar um abraço”.

Cotrim agradecia o apoio e aquela que pode ser mais uma ajuda a que a Iniciativa Liberal consiga eleger pelo menos dois deputados no Porto: “Fico muitíssimo satisfeito. E não é mais do que confirmar uma visão de cidade que levou a que de uma forma muito convicta e empenhada, tenhamos apoiado a recandidatura do meu amigo Rui Moreira nas últimas autárquicas”.

O apoio da IL a Rui Moreira aconteceu também “pela fé que temos no projeto que ele tem para esta cidade e pela atitude independente e, vou dizer, liberal que tem perante a vida e a cidade. Essa comunhão de perspetivas e pontos de vista reflete-se naturalmente também quando há legislativas”.

A arruada aconteceu durante a tarde e depois da revelação de um outro apoio relevante: do ministro das Finanças alemão Christian Lindner. O também líder dos liberais alemães FDP, uma das formações partidárias estrangeiras com maior afinidade programática com a IL — de acordo com os liberais portugueses —, gravou um vídeo desejando sorte a Cotrim e à Iniciativa Liberal.

No vídeo, a que o Observador teve acesso, Christian Lindner dirige-se ao “querido João e queridos amigos da Iniciativa Liberal” para lhes dizer que “estamos a viver tempos desafiantes, temos de superar a situação pandémica e organizar a recuperação económica”. Sobre as eleições, anuncia o seu apoio: “Os portugueses têm a oportunidade de votar na Iniciativa Liberal. Acho que é uma oportunidade para tornar Portugal mais forte e para apoiar as políticas liberais em Portugal e na Europa. Enquanto vosso colega e amigo, desejo-vos o melhor para as eleições que aí vêm e estamos desejos de trabalhar de perto convosco”.

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