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JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Nélson Silva desafia Sousa Real: "Apesar do nível de cacicagem, David não se amedronta em frente a Golias"

O candidato à liderança do PAN, Nélson Silva, não descarta negociações com nenhum partido a não ser com o Chega. Reitera acusações de falta de democraticidade interna no partido.

Nélson Silva tenta destronar Inês Sousa Real da liderança do PAN, mas admite que a tarefa é difícil devido à “cacicagem“. Em entrevista ao programa Vichyssoise, da Rádio Observador, o antigo deputado do PAN diz que se David não se amedrontou contra Golias, ele também não está amedrontado.

O candidato à liderança do PAN considera que alterar os estatutos é mais importante que a sua vitória e diz que se o partido tivesse diretas (e a eleição não fosse, como é atualmente, feita através de delegados em Congresso), ganharia facilmente as eleições.

Não admite ser de esquerda nem de direita. “Sou de centro”, diz. E não exclui negociações com nenhum partido a não ser com o Chega. O Congresso eletivo, onde vai tentar bater Sousa Real, realiza-se este sábado em Matosinhos.

[Ouça aqui na íntegra o programa Vichyssoise desta semana:]

Galamba desprestigiador e Costa implicado

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Inês Sousa Real terá 70 dos 100 delegados ao Congresso. O que é que vai fazer a Matosinhos?
O mesmo que tenho feito até agora: defender a democracia interna dentro do partido, continuar a apresentar uma alternativa viável e válida para os militantes do partido e para o futuro do próprio e, como já disse no debate, até ao lavar dos cestos é vindima. O voto é secreto. Vamos ver se esses 70 delegados dos tais 100 realmente votam todos em bloco, mesmo sendo o voto secreto. Não só o voto na moção global de estratégia é importante, mas também a aprovação da nossa proposta de alteração de estatutos. Realisticamente, isso é que vai ditar o futuro do PAN, muito mais do que a aprovação da nossa moção global de estratégia.

É um candidato para perder?
Não sou um candidato para perder. De maneira alguma.

Acredita genuinamente que, perante estes dados iniciais, que possa ser eleito?
Vou usar uma referência bíblica, que se adequa muito, mesmo tendo em conta o nível de cacicagem que o PAN tem atualmente, a verdade é que David quando olhou para Golias também não se amedrontou e eu também não me vou amedrontar, quanto mais não seja dar essa opção de escolha aos militantes porque os militantes merecem poder escolher entre duas listas e não apenas entre um único pensamento e uma única visão. Por isso, nem que seja só por isso, a viagem a Matosinhos é sempre bem-vinda.

"Mesmo tendo em conta o nível de cacicagem que o PAN tem atualmente, a verdade é que David quando olhou para Golias também não se amedrontou"

Defende que a eleição devia ser aberta a todos os militantes. Considera que isso aumentaria a possibilidade de ser eleito porta-voz do PAN?
Se já tivéssemos no PAN eleições diretas tenho grandes dúvidas que perdesse. Tenho uma boa parte de certeza de que, nesse cenário, o movimento Mais PAN claramente ganharia as eleições do Congresso e por larga margem. Não sendo, esta é a realidade, mas, no entanto, esperamos que os filiados, no seu bom tempo, façam a escolha certa para o futuro do partido e para o futuro democrático do partido.

"Se já tivéssemos no PAN eleições diretas tenho grandes dúvidas que perdesse."

Demitiu-se da comissão política nacional depois das eleições de 2022, ajudou a criar uma oposição interna, o movimento Mais PAN, e acusa o partido de falta de democracia interna. Queixou-se disso internamente quando fazia parte da direção do PAN?
Queixei. Não fui o único. Houve outros comissários nacionais que se foram queixando. Eu inclusivamente fiz parte da Comissão Política Permanente e demiti-me da mesma em dezembro, antes da campanha eleitoral, exatamente porque não estava de acordo com algumas coisas que estavam a ser ditas e a ser feitas. Imediatamente alguém que fale contra o pensamento convergente da Comissão Política Nacional era logo atacado, posto de parte e isso não é um comportamento que ache minimamente saudável e por isso tive as divergências que tive.

Mas era o número dois em Lisboa nestas eleições. Porque razão só saiu após a hecatombe eleitoral?
Porque em primeiro lugar, há um sentido de responsabilidade e, depois, durante um período de campanha eleitoral, não é nesse período que se sai de uma comissão política nacional. Primeiro faz-se a campanha, foca-se na campanha, tenta-se obter o melhor resultado para o partido e só depois é que existe uma reflexão e uma avaliação. Eu vou ser muito sincero: se a Inês Sousa Real no dia das eleições ou no dia seguinte tivesse colocado o seu lugar à disposição e avançado para um Congresso extraordinário eletivo, eu não me teria demitido da Comissão Política Nacional no dia 5 de fevereiro. Teria ficado até ao Congresso e depois logo se veria o que é que faria. Mas esse tipo de comportamentos foi o que me levou, a mim e a outros nove, a demitirem-se em bloco.

Discorda que haja uma regra no partido para afastar militantes? Se for eleito porta voz do PAN isso vai deixar de acontecer? Qual o limite?
O limite é o que está nos estatutos e princípios do PAN que definem alguns critérios que todos os militantes e pessoas ligadas ao partido têm de aceitar e seguir, como o da inclusão, não violência, da não agressão verbal, psicológica ou física. Desde que isso seja respeitado e o discurso de oposição política seja normalizado e não violento não existe qualquer tipo de critério para suspender alguém. Nos casos de que tenho tomado conhecimento nada disso esteve em cima da mesa.

Tem apontado um caminho desta direção que está a levar o PAN para a irrelevância política. Teria sido importante votar contra este Orçamento do Estado, era bom para se distanciar?
Das duas uma: ou as medidas que teriam de ser negociadas eram muito mais ambiciosas — por exemplo, um terço do subsídio dado à indústria da carne e do leite veiculado para os pequenos agricultores que nesta fase precisam desse tipo de apoios — aí veria medidas bastante ambiciosas. Mas tinham de ser várias medidas deste tipo para sequer poder equacionar uma abstenção. Numa maioria absoluta essa partilha de responsabilidade política sobre um documento tem de ser a troco de medidas muito muito ambiciosas e acho que não foram.

Acha que não foram suficientes as do OE deste ano?
Ao nível da quantidade acho que foram bastantes e se houvesse mais tempo de debate e não houvesse limitação de tempo aposto que Inês Sousa Real ia conseguir dar um cardápio chinês completo. O problema é a qualidade das iniciativas. Temos de olhar para as coisas como elas são. Se formos a ver desde 2020 e 2021, todas as conferências de imprensa ou declarações aos jornalistas de Inês Sousa Real, depois de umas negociações do OE, as medidas são sempre as mesmas. Nos últimos dois anos, o PAN tem conquistado basicamente sempre as mesmas medidas.

A preocupação é mostrar serviço e números e não implementar medidas?
Sim, eu não estou a dizer que isso não é importante. Foi uma receita que o André Silva seguiu e, a meu ver, muito bem, e é algo que funciona. O problema é que estamos numa situação muito complicada para o país em que a quantidade não vale por si só. A qualidade é muito mais importante.

Falou no apoio aos pequenos agricultores. foi ou não um momento de rutura quando se soube da empresa de agricultura de Inês Sousa Real? Ficou desiludido?
Nesse momento já tinha entrado em rutura com o resto do grupo parlamentar, quer com Inês Sousa real quer com Bebiana Cunha. A mim não me desapontou, não me surpreendeu particularmente. Sei que outros elementos sim, mas é uma das situações em que o que realmente é catastrófico nesta direção nem sequer é isto, é mesmo aquilo que se passa a nível interno. isso, para mim, foi uma linha vermelha que não consigo ultrapassar e nunca irei ultrapassar.

Culpa a atual direção por ter tornado o PAN num partido de nicho. Na prática o que faria diferente? Em que apostaria?
Na mensagem ecológica, na reforma fiscal, que já andamos a falar há muito tempo, para ficar enquadrada dentro das reformas fiscais verdes que andam na Europa a serem implementadas e com bom sucesso. claramente apostava em programas de reconversão de indústrias, quer para pecuárias.

Ia carregar mais no P de Pessoas e no N de Natureza do que no A de animais?
Ia carregar nos três ao mesmo tempo. Para mim não existem pessoas, animais e natureza. Existe ecologia, um ecossistema que permite a vida das criaturas no nosso planeta. O planeta vai sobreviver depois de desaparecermos, temos é de manter este equilíbrio de vida.

Inês Sousa Real tornou o partido num partido exclusivamente dedicado aos animais?
Olhando para a moção global de estratégia, ela destaca a causa animal sobre todas as outras. Na nossa moção global de estratégia tratamos as causas todas por igual.

O PAN é acusado de não ser nem carne nem peixe, no espectro político. Consegue dizer-me se é mais de esquerda ou de direita?
Sempre me considerei de centro na realidade. Olho proposta a proposta.

É aí que o partido se deve posicionar?
O PAN deve ser moderado. Deve dialogar com todos e votar proposta a proposta sem ter aquela cegueira ideológica que, lá por ser mais de esquerda vai reprovar uma proposta de direita ou de centro direita  ou por ser de direita vai reprovar uma proposta de esquerda. Esse tipo de dogmas já não fazem parte do nosso sistema.

"[Acordos] com o Chega, nunca. Se estamos a fazer todo um trabalho para defender a democracia interna, queremos que a democracia externa também seja defendida."

No futuro tanto poderá fazer acordos com o PS como com o PSD?
Não ser de esquerda ou de direita não significa que se façam acordos aqui ou acoli. Não concordo pessoalmente com acordos de governo, concordo em negociar orçamento a orçamento, medida a medida e depois logo que vê tipos de medidas e de estratégias é que os partidos têm.

Mas aí não será esquisito, o PAN tem a mesma capacidade de se entender com todos?
Ou outro partido que veja a despontar no sistema político português.

Com o Chega?
Com o Chega, nunca. Se estamos a fazer todo um trabalho para defender a democracia interna queremos que a democracia externa também seja defendida.

É o único partido riscado do espetro político português?
Claramente.

Todos os outros são aceitáveis?
Todos os partidos extremistas ou extremados ameaçam a nossa democracia e por isso ficam riscados à cabeça.

Apenas considera o Chega como partido que é extremista? Às vezes, à direita, diz-se que há partidos igualmente extremistas à esquerda, apontando o dedo, por exemplo, à ortodoxia do PCP e também a alguma posição mais radical do Bloco de Esquerda. Com o Bloco e o PCP não teria problemas em ter um acordo?
Olho para a forma como os partidos funcionam internamente e vejo como vão governar se chegarem ao governo. Os partidos são mini-países. Não queria, de maneira alguma, que o nosso país fosse governado ao estilo do comité central do PCP e também não ficaria minimamente confortável se o nosso país fosse governado com o sistema aplicado no Bloco ou no Chega. Agora, obviamente que o PCP e o Bloco de Esquerda até agora têm convivido muito bem com a democracia e conquistado avanços para o país, coisa que o Chega não fez, muito pelo contrário, só cria divisões. Neste momento é o único partido riscado.

A forma de eleição da comissão política nacional do PAN é bastante idêntica à da comissão  política do Bloco de Esquerda.
Por isso é que apresentamos uma moção global estratégica e uma proposta de alteração de estatutos distinta.

A grande diferença relativamente à atual direção é a forma da eleição da comissão política nacional?
É toda a linha, queremos abrir o partido aos filiados, à comunicação social, à sociedade em geral porque um partido deve e tem de ser escrutinado diariamente. Se não temos estruturas abertas a todas as pessoas não vamos conseguir criar uma diferença positiva na sociedade.

Já chamou André Silva de Mário Soares do PAN. O ex-porta-voz pode ter um papel no partido, é um bom candidato às eleições europeias?
Não creio que, daqui a um ano, André Silva seria o melhor candidato para apresentar às eleições europeias. A experiência que tem e viveu é benéfica para o partido…

Mas não para ser candidato às europeias?
Não creio que reúna essas condições neste momento.

E a Belém 2026 como uma espécie de senador do partido?
É uma candidatura individual e se quiser avançar o PAN fará esse debate.

O PAN ganhava em ter um candidato próprio nas Presidenciais?
Sempre defendi que o PAN deveria apoiar um candidato próprio porque é mais tempo de antena para a nossa mensagem.

Mas se ganhar as eleições internas vai tentar a sua sorte com André Silva para alguma destas circunstâncias?
Se o André Silva decidir dar o passo em frente fazemos o debate internamente.

Vamos ao segmento de Carne ou Peixe, desta vez, porque Nelson Silva é vegetariano, faremos um Tofu ou Seitan. A quem deixava um gato que encontrou na rua: Inês Sousa Real ou Bebiana Cunha?
Inês Sousa Real.

Com quem abria um restaurante vegetariano: Cristina Rodrigues ou Francisco Guerreiro? Francisco Guerreiro, faz umas belas receitas.

Quem levava a passear numa viagem de comboio: António Costa ou Luís Montenegro? Acho que levava os dois para verem o belo estado da ferrovia do país.

Preferia ser ministro do Ambiente num governo de Pedro Nuno Santos ou de Fernando Medina? Nenhum dos dois, mas se tiver mesmo de escolher talvez Pedro Nuno Santos, que tem uma visão diferente e mais de futuro.

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