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Um popular observa um cartaz informativo com as palavras "Por Motivos de Greve o Metro Está Encerrado" na entrada da estação do Metro do Campo Grande em Lisboa, 19 de maio de 2015. O Metropolitano de Lisboa encerrou às 23:20 de segunda-feira devido à greve de 24 horas, em protesto contra a subconcessão da empresa. MIGUEL A. LOPES/LUSA
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Metro já parou em 11 dias desde início do ano

MIGUEL A. LOPES/LUSA

Metro já parou em 11 dias desde início do ano

MIGUEL A. LOPES/LUSA

Nos primeiros seis meses do ano, lisboetas enfrentaram mais de um mês de greves nos transportes

Só o metro de Lisboa já parou mais de uma semana este ano, em consequência de greves ou plenários dos trabalhadores. Junho foi o mês com mais greves: 10 dias. O que se passa nos transportes em Lisboa?

“Por motivo de greve o metro está encerrado. Pedimos desculpa pelo incómodo”. Se vive ou trabalha em Lisboa, só nos primeiros seis meses deste ano já se poderá ter confrontado com o já famoso aviso nas entradas das estações, ou nos painéis luminosos, pelo menos 11 vezes. Entre o dia 1 de janeiro e 30 de junho, apenas nos dois primeiros meses os trabalhadores do Metropolitano não fizeram greve em qualquer dia para reclamar melhores condições de trabalho. Ainda que seja um dos meios de transporte que, parando, maiores constrangimentos pode causar à cidade, está longe de ser o único a ter dificultado a vida a quem se desloca em Lisboa.

Sindicatos falam em problemas “crónicos”, agravados pelo cenário da inflação, e queixam-se da “falta de interlocutores num Governo de maioria absoluta”. A esquerda maioritária na autarquia pede ao Executivo de Costa “maior atenção ao setor” e que possa “acelerar os procedimentos necessários”, mas também lembra que “há muito tempo os trabalhadores têm motivos de insatisfação”.

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Plenário
Carris
Carristur
Metropolitano de Lisboa
Soflusa
Transtejo
CP - Comboios de Portugal
Rodoviária de Lisboa
Aeroporto SEF
Transportes Sul do Tejo
Limpar tudo
Plenário

De acordo com o levantamento de greves e plenários, feito pelo Observador, além do recordista Metropolitano de Lisboa (com 11 paralisações, sendo apenas duas plenários) a CP também parou por sete vezes, uma delas a 28 de abril para um plenário geral descentralizado onde ficou decidida a primeira greve do ano: para 16 de maio. Desde então, os trabalhadores apresentaram um pré-aviso de greve para todo o mês de junho (que provocou paralisações depois no dia 3, nos dias 11 e 12 e novamente a 23 e 24) e no último dia do mês publicou já um aviso que prevê “perturbações em todos os serviços, entre os dias 1 e 31 de julho de 2022, nomeadamente atrasos e supressões de comboios”.

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Já no transporte rodoviário, a Transportes Sul do Tejo realizou um plenário a 2 de junho, enquanto a Rodoviária de Lisboa pára esta sexta-feira pela quarta vez, tendo nos primeiros seis meses do ano parado no dia 1 de fevereiro, 4 de março e novamente a 1 de junho. Com carreiras que atravessam os concelhos de Lisboa, Loures, Odivelas e Vila Franca de Xira a empresa serve quase meio milhão de habitantes e os trabalhadores acusam a operadora de transportes na área metropolitana de continuar a ignorar as reivindicações por melhores salários.

Com um ordenado médio de cerca de 700 euros brutos, os trabalhadores pedem que a atualização seja feita para os 750 euros para “compensar a diferença para o salário mínimo”, que atualmente se fixa nos 705 euros. Num ano, é a 14.ª vez que os motoristas da Rodoviária de Lisboa fazem greve, mas continuam sem ter previsão para que as reivindicações sejam atendidas.

O vereador na autarquia de Lisboa, João Ferreira nota que “todos os problemas já vinham de trás”, mas “num momento em que há uma inflação tão significativa a consequência é a perda do poder de compra e o aumento do custo de vida”: “Na troika cortou-se o salário, agora na prática é o mesmo. Tudo aumenta menos o salário, há um corte no salário feito de outra forma”.

Para o comunista, a preocupação da autarquia deve ir além “do transtorno pontual do dia [de greve]”. “A Câmara Municipal de Lisboa deve olhar para todo o quadro que, a não ser melhorado, causa transtornos permanentes. Precisamos de investir no transporte público, deve ser essa a exigência da câmara, fazendo o que depende dela”, diz ao Observador o vereador.

Greve da Soflusa impede passageiros de atravessar rio Tejo por via marítima

NUNO VEIGA/LUSA

Fim de semana de Santo António com 10 greves

Com centenas de milhares de pessoas nas ruas para celebrar o regresso dos arraiais à cidade de Lisboa, o fim de semana prolongado entre 11 e 13 de junho foi também escolhido por vários trabalhadores para fazer greve. Só nos dias 11, 12 e 13 de junho houve 10 greves.

Depois do feriado do Dia de Portugal, a 11 de junho pararam a CarrisTur (uma subordinada da Carris, mais direcionada ao turismo que tem por exemplo os serviços de autocarros panorâmicos para visitar a cidade) e a Transtejo.

No dia 12 de junho voltou a parar a CarrisTur, o metro, somou-se a CP e as empresas de transporte fluvial, que ligam através do rio Tejo as duas margens de Lisboa. Quem quis vir da margem sul até à capital do país para comer sardinhas assadas e dançar nos arraiais teve dificuldades acrescidas. A Soflusa e a Transtejo pararam na véspera de Santo António.

Em dia de Santo António o metro voltou a funcionar, mas as ligações fluviais com a Soflusa e a Transtejo continuaram encerradas durante toda a noite, sendo que para quem quis voltar à margem Sul depois de jantar1 teve, obrigatoriamente, que recorrer a outro serviço ou esperar várias horas.

A Carris, empresa municipal, realizou dois plenários gerais de trabalhadores, um a 27 de janeiro entre as 11h e as 15 horas e o outro a 22 de março (entre as 10h e as 15 horas). Em abril, a estratégia dos trabalhadores da empresa foi outra. Os seis plenários seguintes foram segmentados, cada um correspondendo a uma das estações da empresa, pelo que quem usa os autocarros ou elétricos amarelos da empresa para se deslocar em Lisboa não terá sentido tantos constrangimentos nesses dias: 11, 12, 13, 14, 15 e 18 de abril.

TIAGO PETINGA/LUSA

Metro já tem autorização para contratar, mas greves continuam

No Metropolitano de Lisboa o Governo já autorizou a contratação de pessoal para reforçar as equipas, depois de o ministro, Duarte Cordeiro, ter dado como solução transitória a diminuição do número de comboios e, consequente, aumento do tempo de espera entre cada viagem. O Governo aprovou a contratação de 34 agentes de tráfego que permitirão a progressão interna de 22 funcionários para a função de maquinistas. Ainda assim, nota o sindicalista José Manuel Oliveira “anúncios são diferentes de uma concretização”.

Já o vereador do PCP na autarquia lisboeta, João Ferreira, frisa que é “do interesse da cidade que a rede de transportes públicos seja “funcional, capaz de responder às necessidades de mobilidade das populações e de atrair gente para os transportes públicos”. Destaca o comunista que foi dado um “passo importante com o passe social intermodal, que permitiu que muita gente viesse ao sistema”, mas realça que as pessoas só se mantêm “se for assegurada a qualidade, rapidez, comodidade, segurança e frequência”.

“Não é próprio de um transporte tipo metro que as pessoas esperem 10 minutos pelo transporte seguinte, pelas próprias características do transporte. Deve ter frequência na casa dos três minutos. Chegámos a uma situação, que inicialmente era pontual, mas que se tornou rotineira. Há que esperar longos minutos no cais, com as implicações que isso tem de aglomerações de pessoas e demora nas deslocações”, diz ao Observador João Ferreira.

Já Rui Tavares, do Livre, frisa que o metro é “uma peça chave na estratégia climática da área metropolitana de Lisboa”, uma vez que “é essencial como alternativa ao carro particular”. “É por isso necessário que funcione de forma eficiente, pontual e acessível. Todo o sistema de transportes depende dessa confiança. Por isso tem sido preocupante para nós assistir ao que os sindicatos têm dito sobre a falta de condições de trabalho e de trabalhadores”, diz o vereador sem pelouro, que apela ao “Governo para que acelere as novas contratações” e ainda à administração da empresa para que “reduza o serviço apenas o mínimo indispensável à retoma da normalidade”.

Ainda que a autorização para contratação já tenha sido dada, a mais recente paralisação do Metro foi decidida para um último dia da realização do Rock in Rio, um festival de música que reúne milhares de pessoas na cidade de Lisboa, numa paralisação que teve, segundo o sindicato, “quase 100% de adesão”. Além da reivindicação de mais trabalhadores, o sindicato pede que a empresa vá além dos 0,9% de aumentos salariais para tentar aproximar da taxa de inflação.

Para a deputada municipal do Bloco de Esquerda, Isabel Pires, o setor dos transportes é um dos que é “particularmente afetado pela não subida dos salários, pelo aumento da inflação e dos preços e porque a contração coletiva não existe e os salários não têm sido aumentados”. Considerando a resposta do Governo desajustada, Isabel Pires diz que “quando se quer aumentar o número de pessoas a usar transportes públicos, através da gratuitidade, é necessário também aumentar a oferta e isso implica trabalhadores”.

“Não tem existido resposta cabal por parte das empresas públicas, nomeadamente, por isso também é que as greves continuam. A pressão é necessária, esperamos e faremos a nossa parte para que as coisas mudem”, afirmou ao Observador a deputada bloquista.

Nos dias em que o metro está encerrado os autocarros são opção

MARIO CRUZ/LUSA

Sindicatos assumem mais “formas de luta” e queixam-se da “falta de resposta do Governo de maioria absoluta”

“Numa altura de maioria absoluta esta postura do quero, posso e mando não indica nada de bom. Neste momento não há interlocutores. Ninguém negoceia, os ministros não atendem os pedidos de reunião“, alerta José Manuel Oliveira da Fectrans, a Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações, que congrega várias das empresas que efetuam transporte de passageiros na área de Lisboa.

Admitindo “mais formas de luta, além da greve”, o sindicalista aponta o aumento de 0,9% nas empresas públicas como um dos principais fatores de descontentamento, bem como a falta de trabalhadores e de equipamentos. “Os baixos salários praticados não atraem trabalhadores, é difícil recrutar. Ninguém vem pelos baixos salários, são áreas de alguma especialidade. Nas oficinas da CP, por exemplo, é uma coisa muito específica e os salários são baixos”, explica ao Observador José Manuel Oliveira.

Sobre as datas escolhidas para as paralisações o sindicalista assume que são “escolhidas com intenção de ter maior impacto e mediatização”: “Quanto mais sentida ou visível for, melhor”.

Segundo Oliveira, a falta de trabalhadores é “mais notória a partir de maio porque começam também as épocas de férias” dos funcionários e “as empresas ficam com mais dificuldades”.

Filas de passageiros na zona de chegadas do aeroporto de Lisboa, imagem registada por um passageiro.

Leandro Silva/Twitter

Plenário do SEF no final de maio provocou caos no aeroporto de Lisboa

Ainda que não se trate de uma paralisação nos transportes, o plenário dos trabalhadores do SEF, no final de maio, paralisou durante várias horas o aeroporto de Lisboa, causando o caos na zona das chegadas com centenas de pessoas aglomeradas e veio colocar em maior evidência os constrangimentos vividos no aeroporto de Lisboa.

Uma paragem estratégica, para plenário, entre as seis e as nove da manhã foi suficiente para que centenas de pessoas ficassem retidas nos corredores do aeroporto antes do controlo de passaportes que lhes permitiria entrar no país.  Nas redes sociais houve quem deixasse como “dica de viagem à Europa nunca escolher o aeroporto de Lisboa como ponto de chegada” para controlo da imigração.

Sem alternativa, a solução foi mesmo esperar que os funcionários do SEF regressassem aos postos de controlo para que pudessem começar a visita ao país. Mais de um mês antes da realização do plenário, já com registo de vários dias de constrangimentos no principal aeroporto do país, a Câmara Municipal de Lisboa tinha aprovado uma moção para pedir ao Governo que exercesse “as suas competências para que o controlo de entrada e saída de passageiros no Aeroporto de Lisboa seja eficaz”.

Mas nem a moção parece ter surtido qualquer efeito, nem o plenário de maio foi suficiente para que o Governo tivesse intervenção direta no problema. Já em junho depois de novo caos — em dias em que Lisboa chegou a receber mais de 100 mil pessoas — o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, prometeu pulso firme com o SEF: garantiu que outro cenário de caos no aeroporto iria implicar a “substituição imediata” dos responsáveis do SEF.

Há uma semana, na apresentação dos programas de promoção do Turismo de Lisboa para 2022, Carlos Moedas mostrou-se novamente preocupado com “o efeito devastador” que as filas no aeroporto da capital podem ter no turismo, pedindo ao Governo que “resolva de uma vez por todas” a situação.

“Temos aqui uma oportunidade única nos próximos tempos, Lisboa está cada vez mais na moda, vemos isso pelos rankings internacionais e agora não podemos desalavancar e, por isso, não podemos, de uma vez por todas, dar esta má imagem que está a acontecer no aeroporto de Lisboa, em que aqueles que chegam de fora da Europa ficam à espera durante horas”, disse o autarca, citado numa revista de especialidade.

Reconhecendo que o Governo está a “trabalhar para resolver a situação”, Moedas pressionou o Executivo de Costa para que seja “rápido” a implementar “as suas ideias” para resolver os constrangimentos.

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