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(Rui Oliveira/Observador)

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Nuno Melo: "Com Paulo Portas aqui fico feliz da vida"

Depois de ter falado pela segunda vez no Congresso do CDS, Nuno Melo disse em entrevista à Rádio Observador que convidou pessoas da direção de Francisco Rodrigues dos Santos para a sua futura direção.

No momento em que se iniciava a votação das moções, Nuno Melo deu uma entrevista à Rádio Observador a partir do Congresso e garantiu que convidou para a sua futura direção membros da direção de Francisco Rodrigues dos Santos, sugerindo que não aceitaram o desafio. O eurodeputado garante que, se tivesse sido candidato e eleito deputado na Assembleia da República, tinha assumido o mandato em Portugal, deixando o lugar de Bruxelas para Pedro Motas Soares, o número dois da lista.

Nuno Melo admite que não concorda com muitas das ideias de Manuel Monteiro, mas elogia o discurso do antigo líder. Acolhe com mais entusiasmo a ida do antigo vice-primeiro-ministro do CDS ao Congresso: “Com Paulo Portas aqui fico feliz da vida”. Sobre o apelo, não correspondido, que fez para que algumas das figuras que se desfiliaram do partido voltassem, Nuno Melo: “Essas são pessoas com talento, quis dar um sinal para fora através deles. Quando me diz que não estão disponíveis para voltar, eu já sabia disso. Mas sei também que estão também espiritualmente ligados ao CDS”.

Nuno Melo: “Convidei membros da direção de Francisco Rodrigues dos Santos para a minha lista”

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Como é que se reconstrói um partido neste estado?
Em primeiro lugar, percebendo que o CDS, independentemente de não estar na Assembleia da República, tem ferramentas que outros que estão ainda não têm. Existe uma rede de autarcas do CDS, no continente, nos Açores, na Madeira. Tem representantes nos Governos regionais nos Açores e Madeira, a presidência da Assembleia Legislativa Regional da Madeira e uma delegação no Parlamento Europeu. Se há crença que tenho é de que nós, nos próximos desafios eleitorais, todos eles, se tivermos tempo e o partido se reconciliar com o seu passado, com quadros capazes e ideias nítidas, poderá voltar à Assembleia da República, desde logo mantendo o eurodeputado e ser um partido relevante na democracia que ajudámos a fundar.

Acredita que fez tudo para que o partido não chegasse a este ponto?
Tenho a certeza que fiz tudo o que podia para que o partido não chegasse a esse ponto.

Não assume nenhuma responsabilidade nessa situação?
Quero projetar o partido no futuro e falar para fora, fazer oposição desde logo ao PS e às esquerdas. Não vou perder um minuto a fazer avaliações sobre culpas do passado ou o que seja. Isso não ajudaria em nada o CDS, o que quero é reconciliar o CDS com passado e história, encontrar os melhores e acreditar que, com todos, conseguiremos dar a volta a este momento difícil. Não interessa nada estar a fazer ajustes de contas, pedir cabeças, fazer balanços sobre quem tem mais ou menos culpa.

(Rui Oliveira/Observador)

As ideias interessam mais que as pessoas, mas Manuel Monteiro esteve aqui e deu algum conteúdo programático. Concorda com as ideias?
O mais relevante para mim, depois de um ciclo em que o CDS viveu tão virado para dentro, é perceber que alguém que foi líder de partido faz um discurso a falar de política, dando contexto de Portugal e Europeu e agarra o congresso porque é isso que os militantes e congressistas querem: que se fale de política e se discutam ideias, mesmo que não sejam partilhadas em todo o sentido por nós.

Há alguma ideia do que Manuel Monteiro disse ali que possa integrar?
Muitas das reflexões levam-nos a refletir, independentemente de concordarmos com elas ou não.  Há muito que no contexto europeu no pensamento de Manuel Monteiro que tenho como bom, no sentido de um CDS profundamente europeísta, mas que acredita numa Europa de nações soberanas, que tem o princípio da subsidariedade como uma vantagem. É muito curioso como, mesmo nesse ciclo, quando se discutiu a adesão de Portugal ao euro e se pediu o referendo a tratados, muito do que na altura argumentámos e foi rejeitado agora foi uma constatação de facto desde logo na sequência da crise das dívidas soberanas quando a propósito do euro se chegou à conclusão daquilo que o CDS dizia na altura.

É eurocalmo? Europeísta ou euroentusiasta?
O meu CDS não é euro-frases feitas. Tem um pensamento Europeu muito estruturado sobre o que deve ser nessa Europa que reflete sobre a importância do direito de veto — que nasceu curiosamente por oposição da França —, discute-se o fim do direito de veto a propósito do lançamento de impostos através de Bruxelas, as listas transnacionais. Vamos ter eleições ao Parlamento Europeu daqui a três anos e hoje, mesmo dentro do PPE, não faltam listas transnacionais e curiosamente — quer eu, quer Paulo Rangel — estamos contra e batemo-nos contra as listas transnacionais. A propósito da crise e guerra na Ucrânia há uma disponibilidade para se fazerem reformas que podem não ser suficientemente sopesadas naquilo que tem que ver com o futuro do nosso projeto europeu. Por exemplo, sobre pressão da guerra refletir sobre o alargamento da UE, se a Ucrânia deve ou não fazer parte.

É contra uma adesão à pressa da Ucrânia?
Sou contra qualquer processo de adesão à pressa, seja Ucrânia ou Turquia. O CDS é tudo isto, se quiser fazer numa frase seria Eurorrealista.

Margarida Bentes Penedo diz que depois de passar por Bruxelas trouxe as agendas LGBT e das alterações climáticas. Concorda com esta análise?
A pessoa em causa escreve muito bem, mas não concordo com quase nada do que diz ou pensa. Quem não perceba que o mundo evoluiu, que causas como a sustentabilidade, economia verde ou digital são causas de hoje e do futuro não percebe nada do que está a ser feito à sua volta. Quem não entende que os biliões de fundos comunitários têm todos eles uma componente digital, ambiental e acha que isso é uma modernice de que os partidos em Portugal não deviam falar, se calhar ajudaria a refletir sobre muito.  Mas não vou governar um partido com base nas opiniões de quem não concordo.

Também chamou pessoas. Ligámos aos quatro que nomeou e três disseram que não. Outro não respondeu, nenhum disse que sim… É um fracasso não conseguir que estas pessoas voltem?
Se me tivesse perguntado, dizia-lhes as respostas. Falei com cada um deles antes do Congresso, várias vezes. Não se cresce subtraindo, menos cresce subtraindo pessoas com talento. Essas são pessoas com talento, quis dar um sinal para fora através deles. Quando me diz que não estão disponíveis para voltar, sabia disso. Mas sei também que estão também espiritualmente ligados ao CDS.

E mais tarde podem voltar.
No que de mim dependa sim.

O que é que falhou para não os conseguir convencer?
As pessoas decidiram sair por razão sopesada. Pesaram muito bem a decisão e consideram que não será agora o momento, não deixam de ser pessoas cheias de talento. O João Condeixa, por exemplo, participou na elaboração da minha moção. O que é relevante é mostrar também que um partido moderno que quero que o CDS seja sabe que a inteligência não se reduz ao nosso universo partidário. Há pessoas foras que como independentes podem ajudar a transformar a sociedade e o CDS pode ser um instrumento.

Paulo Portas vem cá amanhã, não veio com Assunção Cristas. O que é que isto significa?
Sobre as questões da sucessão saberá mais do que eu.

Para Filipe Lobo D’Ávila era melhor naquela altura que agora.
Mas isso era para o Filipe D’Ávila, como quem se candidata sou eu as coisas são mesmo assim. A partir do momento em que hoje decidi candidatar-me se tivesse essa vontade há uns anos tinha-me candidatado.

Chegou a ter um princípio de vontade.
Não dependeria de apoios expressos, muito embora poder contar com o apoio de alguém como Paulo Portas não é para mim irrelevante, é a pessoa que tenho como referência de liderança partidária. Se puder estar do lado do CDS e quiser estar do lado do CDS neste novo ciclo é extraordinário para o CDS. O CDS liga-se à sociedade e justifica o voto dos eleitores a partir do momento em que, nomeadamente quando através dos seus quadros, essa sociedade se revê no CDS. Sabemos como a sociedade reconhece o talento de pessoas como Paulo Portas, Manuel Monteiro ou muitos outros. Com Paulo Portas aqui fico feliz da vida.

Se não tivesse estendido a passadeira a Assunção Cristas acredita que a história hoje podia ser diferente? Foi essa a crítica que Filipe Lobo D’Ávila lhe fez.
A crítica de Lobo D’Ávila é profundamente injusta porque não é verdadeira. Nesse tempo não tive vontade de ser presidente do CDS. Ser presidente de um partido implica vontade, tem que ser muito bem pensado, com muita convicção. Se não o que nos pode animar passaria a ser sacrifício. Estou muito animado neste momento com as possibilidades.

Se amanhã sair daqui presidente do CDS vai querer concorrer a todas as eleições ou vai querer “Cecílias Meireles”, como disse no palco?
Vou querer contar com os melhores que o CDS tenha, em cada um dos desafios eleitorais. Ao contrário dos outros partidos, o CDS sempre foi mais forte quanto mais pessoas tinha com as tais ideias nítidas e quadros competentes reconhecidos em cada uma das áreas. Quantas mais dessas pessoas consigas chamar para os desafios eleitorais, melhores resultados terás. No que de mim dependa, quero ter de novo refazer um friso de credibilidade. Com pessoas competentes em cada área que contribuam para que o CDS reconquiste um lugar que acho que é de justiça e direito. O direito conquista-se nas urnas, mas se há justiça nas urnas, o CDS voltará à AR desde logo.

(Rui Oliveira/Observador)

Vai levar o mandato em Bruxelas até ao fim?
Vou, por uma razão óbvia.

Podia deixar o lugar para Pedro Mota Soares, mas não tinha palco.
Não tinha palco. Se tivesse havido congresso em outubro, se tivesse sido eleito deputado à Assembleia da República obviamente viria para cá e faria o essencial da presidência do partido. Não houve Congresso, não temos deputados à Assembleia da República e o nosso único palco parlamentar está em Bruxelas e Estrasburgo no Parlamento Europeu. Se sou presidente do partido, preciso de palco e não estou na Assembleia da República. Por isso aproveitarei o único palco que temos e que neste momento me é concedido e no qual tento afirmar o CDS todos os dias.

Esta pergunta vai ficar desatualizada amanhã, provavelmente. Cecília Meireles, Pedro Mota Soares, podemos ver estes nomes na sua direção?
Poderá ver esses nomes nos órgãos nacionais do partido, independentemente dos órgãos, do meu lado a dar credibilidade ao partido.

Portanto não será de estranhar se os virmos como vice-presidentes.
Ou até como presidentes de qualquer coisa, não se sabe. Não tenho ainda na minha cabeça fechado.

Quando é que vai fechar?
Hoje no fim deste ciclo, entre hoje e amanhã. Primeiro tenho que saber o resultado da moção.

Não vai ter ninguém da direção de Francisco Rodrigues dos Santos na sua direção?
Fiz alguns convites a pessoas da direção de Francisco Rodrigues dos Santos que sabem que o CDS com estas pontes é uma porta aberta para todos. Neste momento, a disponibilidades como é normal não foi nesse sentido, mas interessa-me dar esses sinais. Não acho que o talento se reduza à facção A, B ou C. Em qualquer uma delas é possível encontrar pessoas válidas com quem gostaria de trabalhar, mas neste momento interessa-me quem está disponível, tem talento e está de boa-fé. Infelizmente os órgãos são muito pequenos para tantas pessoas capazes que não vão estar nesses órgãos.

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