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KIMMY SIMÕES/OBSERVADOR

KIMMY SIMÕES/OBSERVADOR

Nuno Santos, diretor da TVI: como vai ser o novo Big Brother (testes à Covid-19 incluídos)

A primeira fase do "Big Brother 2020" arranca no domingo, 26, e vai ser marcada pelo coronavírus. A pandemia alterou o formato. Concorrentes serão testados duas vezes.

O Big Brother que começa este domingo na TVI a seguir ao Jornal das 8, com Cláudio Ramos na apresentação, não marca apenas o regresso ao ecrã do mais famoso reality show de sempre. Duas décadas depois da estreia portuguesa, o novo Big Brother (BB2020) quer ser o conteúdo das estações generalistas mais bem adaptado à era do coronavírus. Como? Foi o que explicou Nuno Santos aos jornalistas numa entrevista coletiva que decorreu na segunda-feira à tarde através da plataforma Zoom.

O diretor de programas da TVI, no cargo desde janeiro, disse que o programa terá dois momentos “distintos mas complementares”. A partir de domingo, e durante pelo menos 14 dias, a primeira fase chama-se Big Brother Zoom. Os 20 concorrentes vão estar fechados em apartamentos na grande Lisboa, com câmaras instaladas. Também haverá filmagens feitas pelos próprios, com transmissão através da agora muito popular plataforma de videoconferência Zoom. Assim se conhecerão uns aos outros.

Findos esses 14 dias, em data a anunciar, o programa passará à segunda fase: os concorrentes juntam-se na já anunciada casa da Ericeira para a interação real que caracteriza o formato. Pelo meio há um grande pormenor: cada um deles fará dois testes ao coronavírus (por “uma empresa certificada”, sublinhou Nuno Santos), o que alimentará a dimensão de entretenimento.

“Houve coisas que não estavam nos nossos planos e tivemos que nos ajustar” devido ao novo vírus, admitiu o responsável. O adiamento da estreia, pensada para 22 de março, não foi a única mudança de planos. Todo o BB2020 foi ajustado — das galas de domingo às narrativas que os concorrentes interpretam.

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Também presente na entrevista coletiva de segunda-feira, Cláudio Ramos afirmou que “o Big Brother é um grande formato, com Covid ou sem Covid” e admitiu que nesta era de pandemia o programa pode ser a alavanca das audiências numa TVI com menos chama do que a SIC desde pelo menos março do ano passado – quando a liderança de 12 anos da estação de Queluz foi derrotada pela concorrente.

“As pessoas vão seguramente olhar para este formato com outros olhos. Todos tivemos de ficar em confinamento. A partir de agora, perante qualquer reação que o concorrente tenha dentro da casa, em vez de lhe apontarmos o dedo pensaremos que também poderíamos ter reagido assim naquelas semanas em que estivemos fechados com a sogra em casa”, explicou o apresentador, que em fevereiro se transferiu da SIC para a TVI.

Eis a versão editada dos momentos em que Nuno Santos respondeu diretamente ao Observador. As mudanças no BB2020 que ele descreve são um retrato vivo do que está a acontecer na indústria da televisão face ao vírus da covid-19.

Teresa Guilherme tornou-se o rosto do reality show da TVI. Será que ela esteve na calha para dividir a apresentação com Cláudio Ramos? Nuno Santos garante que não.

Júlio Lobo Pimentel

Disse há algumas semanas que o BB2020 será o programa do ano. Mantém?
O programa foi pensado para a grelha da TVI em 2020 por ser uma edição especial, precisamente a que assinala o vigésimo aniversário. O programa foi criado em 1999, entrou no ar no Holanda nesse ano e depois na maior parte dos mercados no ano 2000. Ganhou uma dinâmica global incrível este ano, com edições em muitas geografias e mercados. No nosso caso, isso não é diferente. Olhamos para o BB2020 como um programa de televisão muito marcante, muito presente na vida das pessoas. Conhecendo oferta hoje existente [nos canais generalistas portugueses], isto é uma verdade pré-pandemia e pós-pandemia. Disse que vai ser o programa mais marcante do ano e não mudei de opinião. Muitas coisas mudaram nas nossas vidas, em geral, e no programa também, mas esta opinião não mudou.

Está a sugerir que o período de decadência que o formato conheceu nos últimos anos já está ultrapassado? O Big Brother voltou em força, quase como um saudosismo?
É uma interpretação. Faz parte da própria narrativa dos conteúdos televisivos: muitas vezes, o mercado televisivo tem este tipo de ondas. Um pouco como na moda: o que hoje parece uma coisa extraordinária depois desaparece e ao fim de “x” anos volta. Agora voltou, mas de forma distinta da origem. O Big Brother de há 20 anos, que acompanhei a partir da SIC, onde estava na altura, foi um programa absolutamente revolucionário, mas tinha muito operadores de câmara a filmar os concorrentes. O BB2020 tem 58 câmaras, ou 54, já estou um pouco perdido, inteiramente robotizadas, controladas a partir de uma régie por um número muito restrito de pessoas. Ou seja, o programa mudou o seu dispositivo tecnológico. A vida mudou nestes últimos 20 anos, as sociedades têm hoje preocupações que não tinham, o país é hoje diferente. E as pessoas, de certa maneira, acompanhando essas mudanças, também mudaram aquilo que dizem, pensam e verbalizam, no acesso que têm ao ensino e à tecnologia, nas angústias que tinham ou não tinham. Há uma base que é a mesma e a base é “eis um conjunto de pessoas que não se conhece até determinado momento e vai ter de conviver no mesmo espaço durante ‘x’ tempo”.

Para que público vai estar a trabalhar?
Uma TV generalista trabalha para todos os espectadores. É muito importante ter esta matriz. Um canal generalista que não trabalhe para todo os públicos não é generalista. Os segmentos que têm mais apetência por um conteúdo na linha do Big Brother são os públicos 15-24, 25-34, 35-44 anos. Essa são as três faixas centrais de consumidores do programa, embora ele apanhe públicos mais novos e mais velhos. Paralelamente — não acontece só hoje, já aconteceu com o último ou penúltimo Secret Story —, um conteúdo desta natureza tem hoje uma vida digital que pura e simplesmente não existia há 20 anos. Tem que ter uma vida na televisão tradicional e uma vida digital, o que é complementar.

Quer falar sobre isso? Como é que o BB2020 vai viver nas redes sociais?
Quero falar pouco. Seria descobrir aqui a nossa estratégia. Há uma coisa evidente que quero reforçar: seremos complementares. Há conteúdos que nascem num lado e migram para o outro. Seremos muito sensíveis àquilo que for ditado pelas tendências do digital.

[apresentador Cláudio Ramos tem partilhado no Instagram cenas da vida doméstica, mas muito pouco sobre o regresso do reality show]

Uma vez que o programa teve se se ajustar à realidade do coronavírus e teve até a estreia adiada, algum dos concorrentes pensou desistir?
Não. Escolhemos sempre um grupo relativamente mais alargado do que aquele que vai entrar no programa, exatamente para eventuais desistências, problemas físicos, por aí fora. Nesse grupo mais alargado – pessoas que não sabem que vão ser concorrentes, só sabem que podem ser concorrentes –, houve duas pessoas que, por circunstâncias pessoais pré-pandemia disseram que não poderiam estar. Nenhuma era do nosso grupo principal. Isto também tem uma explicação, que eu já sabia do passado e entendi melhor agora: muitas vezes, as pessoas candidatam-se quase por impulso ou por incentivo de um familiar ou amigo, às vezes até por brincadeira, digamos assim. E quando estão à beira de entrar pensam ‘tenho um negócio aberto e não posso estar três meses fora’ ou ‘tenho um compromisso familiar e não posso evaporar-me’. Pode sempre acontecer. Mas vamos ter os concorrentes que queríamos ter, isso é o mais importante.

Que características dos concorrentes destaca?
Posso, a traço grosso, dizer que temos pessoas entre os 20 e poucos anos e os 40 e tantos, temos pessoas da grande cidade de pequenas aldeias, de diferentes regiões do país, incluindo uma das ilhas. Temos pessoas que, sendo tão portuguesas como nós, viveram alguns anos ou cresceram fora de Portugal. É um mosaico em termos sociais.

Os concorrentes vão aparecer no domingo à noite, via Zoom, em direto de um apartamento para a primeira fase do programa? Onde estão eles ao certo?
Não vou dizer onde. Cada um está no seu, na Grande Lisboa. Estarão a cumprir a quarentena, já estarão até uns dias antes. [Minutos antes, em reposta a outro jornalista, Nuno Santos tinha acrescentado que os concorrentes “não estão em casas nem em quartos, aparthotel será a expressão mais indicada”.]

Há neste momento algum problema de saúde com eles?
Não, não há.

Os testes acontecem ao 15º dia?
Serão sujeitos a dois testes durante o período de 14 dias. Precisamos de ter a certeza absoluta de que, no momento em que vão entrar todos na casa, estão em perfeitas condições de saúde, que nenhum está infetado.

Dois testes quer dizer prova e contraprova?
Exato.

E ao 15º dia vão para a Ericeira, para a segunda fase, certo?
Ao fim de “x” dias entram na casa na Ericeira. A quarentena são 14 dias.

Mas a entrada na casa não é ao 15ª dia?
Se eu disser isso tudo, estou a abrir demasiado o jogo. Garanto que a quarentena, de acordo com as instruções das autoridades sanitárias, será cumprida no número de dias que tem de ser cumprida e serão feitos dois testes aos correntes.

E se um deles tiver um teste positivo?
Não pode entrar na casa. Nesse caso, temos de tomar uma decisão que cumpra as normas de segurança. Será substituído? A reposta é “sim”. Será substituído no dia a seguir? A resposta é “não”.

Em que data arranca essa segunda fase do BB?
Não vou dar datas oficias, mas é fazer contas.

Os próprios testes serão conteúdo para o programa, certo?
É uma forma de mostrar aos espectadores que aquela pessoa está em condições e participar num programa de televisão e de interagir com outros. Temos estado a ouvir “estejam em casa, com a famílias, mas não se juntem a amigos, não façam reuniões familiares”, por aí fora. Como ali não estamos a falar de uma casa com três pessoas, mas muitas, nós e o espectador temos de ter a certeza que eles estão bem, sem nenhum problema relacionado com a Covid-19. E ver é a melhor prova.

Big Brother "pode ser um elemento muito importante para agregar públicos e trazer espectadores que não têm estado connosco [na TVI]. Isto era verdade antes da pandemia e continua a ser verdade."

A primeira fase do programa, o Big Brother Zoom, vai assemelhar-se a um talk-show?
É uma interpretação legítima, mas talvez valha a pena ver e depois tirar conclusões.

Na segunda fase do programa, como é o que o coronavírus vai influenciar o guião?
Se eu soubesse responder a isso, também saberia dizer como vai estar o assunto da Covid daqui a um mês. Vai estar muito presente? Vejam as edições dos vossos jornais ou os noticiários televisivos: dão Covid praticamente do princípio ao fim. Daqui a um mês também?

Ou seja, o assunto vai estar presente na segunda fase do programa se se mantiver no espaço público.
É uma boa síntese.

Quem são os apresentadores?
Terá o apresentador principal, que é o Cláudio, e duas outras apresentadoras, com a missão de apresentarem de segunda a sexta: a Maria Botelho Moniz e a Mafalda Castro.

Teresa Guilherme foi ou não hipótese para coapresentadora, como se escreveu na imprensa?
Não, não foi.

Quais serão os horários?
A gala é ao domingo, a seguir ao Jornal das 8. À semana, é na faixa das 19h00 e naquilo a que chamamos late night: 23h45, por aí. E há ainda um compacto da semana no fim da noite de sábado. Será assim garantidamente durante a primeira fase do programa. Depois, depende da evolução da situação sanitária.

[saída do concorrente Zé Maria foi um dos momentos altos da primeira edição do Big Brother, há duas décadas]

Em que medida a evolução da situação sanitária mudará as coisas?
Estou a ser prudente, acho que é aconselhável, mas posso dar um exemplo. Se eu quiser fazer um programa no estúdio do Big Brother, ou até no estúdio da TVI, em Queluz de Baixo, com oito convidados, ao dia de hoje não posso.

Nem com distanciamento é viável?
É viável, mas seria preciso ter um estúdio grande, com as pessoas afastadas, o que não tem lógica televisiva. Por isso, não vale a pena fazer. O BB2020 dura quatro meses no ar, grosso modo. Isso que digo mudará num certo momento? Talvez. É a resposta que nenhum de nós tem.

Haverá diretos no cabo?
Sim, temos o TVI Reality. A partir dos momento em que os concorrentes estejam na casa, o TVI Reality arranca 24horas em direto.

O Correio da Manhã escreveu que o adiamento da estreia, a 22 de março, levou a TVI e a produtora Endemol a dispensarem mais de 100 pessoas, isto é, toda a equipa técnica e de conteúdos que estava a trabalhar no programa. A Endemol garantiu que “todos os trabalhadores” seriam contactados assim que o programa fosse retomado. Já está a acontecer?
Sim e já para o Big Brother Zoom. Não quero falar em nome da Endemol, que tomou as decisões que considerou mais ajustadas. A Endemol e as outras produtoras. Não foi só o Big Brother que foi adiado. Alguns programas da SIC, da RTP e da TVI também. Todas essas produtoras tomaram as medidas mais adequadas. No caso do Big Brother, vamos arrancar já com a base da equipa que tínhamos, mas distribuída de maneira diferente, porque há muito trabalho que se pode fazer a partir de casa.

Quando em janeiro iniciou funções na TVI, disse no Jornal das 8 que o mercado televisivo estava “numa fase de viragem” com a “mudança acionista”. Essa mudança não se concretizou, a Média Capital não foi comprada pela Cofina. Como vê as coisas agora?
Sobre a questão acionista, não vou falar. Não só por não ser o âmbito da entrevista, mas porque acho que não é adequado fazê-lo.

O BB2020 será a alavanca de que a TVI precisa?
Pode ser um elemento muito importante no sentido de agregar públicos e trazer espectadores que não têm estado connosco. Isto era verdade antes da pandemia e continua a ser verdade.

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