Verão de 1986: uma fuga da prisão que parecia saída de um filme deixou alerta o país inteiro, preocupou adultos e fascinou crianças, divididas entre o medo e a adrenalina. Seis condenados escaparam da cadeia de Pinheiro da Cruz, deixando mortos pelo caminho e transformando-se numa espécie de mito. O mais enigmático e temido era Faustino Cavaco, líder de um gangue responsável por vários assaltos a bancos. A história transformou-se agora na nova série da RTP1, O Americano, com estreia marcada para segunda-feira, 2 de dezembro, exibida semanalmente às 21h e disponível na RTP Play.
O escritor Bruno Vieira Amaral (voz diária nas manhãs da Rádio Observador) nunca esqueceu o episódio e acabou por ser um dos responsáveis pela adaptação, fazendo parte da equipa de guionistas que escreveu os oito episódios — a história avança e recua desde os primeiros crimes à vida na prisão. “Eu teria entre os oito e os 13 anos e lembro-me de haver uma paranoia coletiva que nós, miúdos, sendo mais impressionáveis, vivemos com mais intensidade. Em minha casa apareceu uma edição do jornal O Crime e eu li avidamente todos os pormenores. Era uma mistura de aventura, macabro e terror”, recorda ao Observador.
A história nunca o abandonou e contou-a detalhadamente num artigo que escreveu no Observador para assinalar os 30 anos do acontecimento. “Havia uma ideia genérica em volta da fuga sangrenta, das mortes, mas depois a história do Faustino não era muito conhecida. Foi isso que também quis contar.” Passaram-se cerca de três anos até o realizador Ivo Ferreira tropeçar o artigo, na história e na figura. Um encontro bastou para O Americano começar a ser delineado.
Passar a realidade para a ficção
Ivo Ferreira, o realizador, e Bruno Vieira Amaral, argumentista, nunca tinham trabalhado juntos. Aliás, nem se conheciam. “Li as primeiras coisas do Bruno e gostei imenso. Além do lado literário, gostei da forma como são retratados os anos 80 e, por outro lado, também de uma certa portugalidade suburbana que tenho até alguma dificuldade em conhecer tão bem, no sentido em que vivia num mundo bastante fechado, o do teatro”, recorda ao Observador.
Quis conhecer o escritor, mas o projeto que tinha para lhe propor era outro. “Estava à procura de alguém que pudesse trabalhar com personagens que têm uma linguagem que não é exatamente aquela a que estou mais habituado. Era para o Projeto Global [também para a RTP, está neste momento em pós-produção].”
[o trailer de “O Americano”:]
Combinaram encontrar-se na Biblioteca do Barreiro e, para ter os TPC em dia, Ivo Ferreira passou a véspera a ler textos de Bruno Vieira Amaral. Deparou-se então com o artigo do Observador sobre o caso dos irmãos Cavaco. “Tinha uma memória muito forte dessa história porque, com 11 anos, fui de férias com os meus avós para o Algarve na altura em que se deu a fuga [da prisão de Pinheiro da Cruz] e havia uma tensão gigante nas estradas.” Ficou a pensar nisso e levou o caminho todo para o encontro a alinhavar o que poderia propor a Bruno Vieira Amaral. “Conversámos, fomos almoçar e acabei por lhe explicar que inicialmente queria trabalhar com ele numa coisa mas que, se calhar, agora estava interessado noutra.
“Falámos de várias coisas e, em relação aos meus livros, não tinha nenhuma adaptação concreta na cabeça. Mas esta história é muito cinematográfica e passou-se num período muito interessante da história contemporânea de Portugal, nos anos 80, um período de grandes transições e de grandes transformações”, conta Bruno Vieira Amaral.
O autor de livros como Hoje Estarás Comigo no Paraíso, As Primeiras Coisas e o recente Toda a Gente Tem um Plano, que nunca tinha trabalhado em televisão, dedicou-se ao projeto durante mais de um ano. Além de todas as notícias, baseou-se em Vida e Mortes de Faustino Cavaco, antologia escrita pelo jornalista Rogério Rodrigues, publicada em 1988. “Escrevi os primeiros episódios e deixei delineados os restantes, que numa fase posterior já foram escritos pelo Ivo com o Hélder Beja, com base naquilo que eu tinha pensado inicialmente.”
Entregou os guiões ainda sem saber se o projeto iria avançar, acabando por não estar envolvido na fase posterior de filmagens. Com o texto de Bruno Vieira Amaral, Ivo Ferreira teve de fazer algumas escolhas.
“Tivemos de trabalhar sobre uma personagem que está descrita na história de Portugal e que tinha à partida uma série de valências que o tornavam sexy. Era alto, vestia-se de americano, tinha uma pontaria bestial, mas de repente faz uma série de escolhas que o colocam neste mundo de crime. Como é que um tipo destes se torna criminoso? Podemos recuar à história de um menino que vai a monte para França nos anos 60, que acaba por assistir à morte da mãe ao ser atropelada na fronteira com Espanha, que fica sozinho no meio do nada e passa um mau bocado em França.”
Essa contextualização ficou fora do argumento porque, como todos perceberam desde cedo, não haveria orçamento para filmar em França. “Quando começámos a delinear o projeto, a minha ideia era que os dois primeiros episódios fossem centrados na infância que o Faustino passou em França, acho que era importante essa contextualização. Quer a relação dele com a mãe, quer depois da morte dela, a relação com a madrasta, todo o ambiente que viveu, seria importante até para se perceber melhor a relação com o pai. Porém, a minha intenção foi sempre estar ao serviço da visão do Ivo”, refere Bruno Vieira Amaral.
“Faustino Cavaco era um bom miúdo, bom aluno, cuja história acaba vítima de um certo Portugal perdido entre a ruralidade e a entrada na CEE. Parecia que vinha lá um tempo de facilidades, mas isso não se via na prática. Há uma sucessão de coisas que o levam àquilo. Não estou a perdoar, nem a deixar de perdoar, isso não me compete, mas claro que me intriga ainda hoje como é que um tipo acaba a tomar tantas opções disparatadas”, diz Ivo Ferreira.
Uma ligação desde os 12 anos e uma corda na garganta
Ana Pinhão Moura, a produtora do projeto, e Ivo Ferreira conhecem-se desde os 12 anos. Foram colegas no liceu Maria Amália, em Lisboa. Fora da escola encontravam-se no cinema e no teatro. “O meu avô era jornalista. Os pais dele eram do teatro, portanto o meu avô e os pais dele já se conheciam. Íamos muito às estreias e antestreias”. No décimo ano cada um seguiu o seu caminho mas voltaram a encontrar-se para fazerem o primeiro filme juntos, O Homem da Bicicleta, em 1997.
Ana Pinhão Moura criou a APM (Actions Per Minute) em 2019 e, mais ou menos na mesma altura, Ivo Ferreira abordou-a com a ideia para O Americano que estava a discutir com Bruno Vieira Amaral. Sabiam que não seria fácil, precisavam de tempo e dinheiro e, por isso, concorreram à Escrita e Desenvolvimento do ICA (Instituto do Cinema e Audiovisual), em 2019, e no ano seguinte à Produção. Ganharam os apoios financeiros, o que permitiu que Ivo e Bruno Vieira Amaral pudessem dedicar o tal ano à pesquisa e escrita do projeto.
Ironicamente, “a centralidade do dinheiro está bem presente na série, fala-se muito de dinheiro e vê-se muito dinheiro”, refere Vieira Amaral. “O apoio do ICA, na altura, era de 500 mil euros. Para oito episódios era impossível. Mas já tínhamos o apoio da RTP nessa altura”. Decidiram avançar com o que havia.
“Nunca falo em valores”, explica José Fragoso, diretor da RTP1, “mas temos um padrão de financiamento que é conhecido dos produtores em geral e é muito regular, ou seja, o investimento que fazemos num episódio de uma série é basicamente igual para as séries todas. O que difere depois são as contribuições que o produtor consegue. Quando é uma coprodução internacional, obviamente os valores são muito mais altos”.
A luz verde da estação pública aconteceu há mais de quatro anos. “Este caso foi muito mediático na época em que aconteceu. As figuras são todas elas muito marcantes daquele tempo. Além desse fascínio pelo pedaço de relato histórico, as várias pessoas envolvidas no projeto davam à partida uma garantia segura de que teríamos uma boa série.” A série tem mais caminho para percorrer, idealmente juntando-se ao catálogo de um dos serviços de streaming que possam catapultá-la a nível mundial. “Espero também que tenha capacidade de circular para fora de Portugal, porque é uma das questões que também temos procurado desenvolver, o potencial internacional das séries”, garante José Fragoso ao Observador.
O Americano é 100% português mas, já depois de garantidas as contribuições do ICA e da RTP, entrou em cena o PIC (programa de incentivo da Portugal Film Commission). “Foi muito bom, mas muito mau, porque esse dinheiro acabaria por só nos chegar a 29 de dezembro. As produtoras ficaram um ano à espera e nós já tínhamos filmado tudo”. Ana Pinhão Moura usa a expressão “corda na garganta” para descrever o dia a dia nos meses de atraso da atribuição dessa última tranche. “Nos primeiros anos, o PIC era muito célere. No ano passado, por haver cada vez mais procura e as regras terem mudado, houve um imbróglio jurídico, mas eu estava confiante. Avancei porque o PIC era em abril, nós começamos a rodagem em junho, na pior das hipóteses em julho teríamos o dinheiro, achava eu.”
A 21 de maio, a produção de O Americano arrancou — terminando a 3 de agosto — e teve de acontecer sem as verbas esperadas. Passou por Lisboa, várias zonas do Algarve e Santarém. “Esta série tem muitos custos de pós-produção. Aí nunca entrei em incumprimento porque consegui fazer a pós-produção já em dezembro e janeiro, mas a rodagem foi muito difícil.”
Ana Pinhão Moura valeu-se da compreensão e esforço das pessoas à sua volta. “Isto é um pouco anedótico, mas muitas pessoas da equipa são da minha família, isso ajudou. Havia a confiança para pedir para aguentarem um bocadinho até eu receber. Também porque já trabalhamos juntos há muitos anos, sabiam que não estávamos a brincar.” Nunca chegou a ponderar parar as filmagens, mas todos os dias havia um dilema para resolver: “Pago os impostos ou tenho o autocarro? Pago o salário ou tenho catering?”.
A equipa técnica tinha 30 pessoas fixas, a que se juntou um elenco de quase 80 atores e cinco pessoas dedicadas a efeitos especiais, além dos duplos. Havia coisas onde não era possível poupar, como as cenas passadas no Algarve. “Não podíamos gravar na Costa de Caparica” ou arranjar um helicóptero para um único momento. “Custou-nos sete mil euros, mas tinha de ser, era a última cena. Foram meses de grande angústia, porque pensava sempre: ‘E agora, como é que faço amanhã’? Mas também muito compensadores ao ver o trabalho dos atores e de toda a equipa.”
Apesar das dificuldades, a produtora refere as ajudas das câmaras municipais de Lisboa, Loulé e Santarém. “A nível logístico foram incansáveis nas autorizações para filmagens e cedências de espaços.” Filmaram dentro da prisão de Santarém, algo que não voltará a acontecer com as instalações intactas. “Agora vai ser uma residência universitária e um hotel”. Recorda um episódio que continua a deixá-la arrepiada. “Levámos muitos carros antigos para o Algarve e, quando terminaram as filmagens e regressámos, cruzei-me com um reboque que vinha com dez ou mais carros uns em cima dos outros e tive aquela sensação: ‘Conseguimos’.”
Da história verídica, Ana Pinhão Moura tem memórias muito nítidas. “Lembro-me daquele verão em que toda a gente tinha medo, era preciso fechar as portas e janelas”. Faustino Cavaco é o protagonista mas não é apenas uma personagem e houve o cuidado de não o glorificar, apesar do seu carisma, porque a sua história fez vítimas e os respetivos familiares podem agora ter de reviver as histórias com O Americano. “Claro que, na ficção, os bandidos são sempre os mais interessantes, mas acho que aqui não há um julgamento do bom e do mau. A personagem do Adriano Luz [o inspetor] é muito forte, mas tem também uma carga dramática grande e muitos demónios.”
Convencer Faustino Cavaco
Faustino Cavaco cumpriu a respetiva pena, contou a sua história em livro e é hoje um cidadão livre. Por isso, não foi fácil desenterrar o passado. “A princípio, quando o abordei, estava extremamente desconfiado. É uma pessoa que está integrada na sociedade, a última coisa que ele queria era que se fosse mexer na ferida. E obviamente havia toda a desconfiança: ‘Agora, o que é que eles vêm aqui fazer? O que é que eles vêm dizer?’ Foi um namoro longo e complexo”, recorda Ana Pinhão Moura.
Chegou a estar presente nas filmagens, em dias de perseguições, por exemplo. “Nesses dias tínhamos a GNR connosco e ele dava-se lindamente com os agentes locais, toda a gente o conhece.” Sabendo que o que se estava a gravar era ficção, Faustino Cavaco deu, ainda assim, conselhos importantes. “Numa cena de tiroteio, dizia: ‘Olha, não digas isso porque uma pessoa quando está a levar tiros, é mais assim ou assado. Não penses no que está no guião, pensa no que dirias se estivesses em pânico’.”
A escolha de João Estima para o papel principal teve duas explicações. Albano Jerónimo, o ator pensado inicialmente para interpretar Faustino Cavaco, estava ocupado (e as idades também não correspondiam) e Ana Pinhão Moura estava a trabalhar com João Estima num filme de João Canijo. “Liguei ao Ivo e disse: ‘Tenho aqui um rapaz que ninguém conhece, não tem um caparro como o Albano, mas é alto e magrinho’. E ele foi incrível.”
O trabalho começou imediatamente com a mesma intensidade que teria durante as filmagens. “A Ana deu-me logo o guião na totalidade, as cenas para casting e o livro do Faustino Cavaco”, conta o ator ao Observador. Passou também uma tarde com o homem que interpreta no ecrã. “Depois de ler o livro dele, já conseguia adivinhar que estaria ali uma pessoa com uma inteligência peculiar, com um léxico abrangente e isso confirmou-se. Tivemos uma conversa sobre a vida dele e ele foi muito generoso.” Mais do que expressões ou forma de falar, guardou na memória “sobretudo os silêncios, que deixam antever pequenos gestos e olhares”.
Ainda assim, na fase final de preparação teve de se desligar dos factos verídicos. “Recorri a tudo o que tinha à disposição mas, depois de perceber esta pessoa, houve um processo importante de me afastar disso tudo para poder focar-me no guião, porque era isso que íamos filmar.” O Faustino Cavaco de João Estima está sempre em contenção, com semblante enigmático. “Era, de facto, uma pessoa ponderada nas palavras. Depois, nas ações, já é outra questão.”
Na rodagem, as questões morais tiveram de ficar em segundo plano. “Nesse momento, não me passavam pela cabeça e acho que só podia ser feito dessa forma. Na vida, muitas vezes também não temos tempo para parar e estar a pensar nas consequências dos nossos atos, na moralidade dos mesmos, ou seja, limitamo-nos a viver e a agir.”
“Doutor”, assim se chama a personagem de Ivo Canelas. A sua “trave mestra é o poder de influenciar o personagem do João Estima, o Faustino, e seduzi-lo para um estilo de vida aparentemente mais fácil e com resultados mais imediatos do que uma vida honesta”, conta o ator ao Observador. Da história verídica não guarda grandes recordações e, além de ter ficado fascinado ao descobri-la no livro Vida e Mortes de Faustino Cavaco, focou-se noutro detalhe. “Tenho mais presente um Portugal a aproximar-se da União Europeia do que antes disso e o livro é muito interessante porque pinta o retrato de um Portugal realmente muito duro, pobre, analfabeto e ainda com uma necessidade de emigração forte”.
Ivo Canelas já tinha trabalhado várias vezes com o outro Ivo, Ferreira, e os dois sintonizaram-se na perfeição. “Temos ambos o raciocínio intenso e muitas vezes damos por nós à procura de ideias para cenas e há momentos em que, quando de repente conseguimos concretizar aquilo de que estamos à procura, tenho muito prazer em trabalhar com ele. Tenho essas memórias das filmagens, a alta velocidade.” Não havia grande margem para perder tempo — todos os minutos equivaliam a dinheiro — mas o que mais custou ao “Doutor”, das personagens mais carismáticas da série, foram as gravações à noite, “sempre maravilhosamente complicadas e difíceis”.
O frio, o sono e as longas horas são fatores desgastantes. Tudo isso se junta ao pouco tempo de descanso. Em 64 dias de rodagem, João Estima filmou 62. “Foi duríssimo. Tive de fazer um grande trabalho para ultrapassar constantemente a frustração. Não vale a pena alongarmo-nos muito nisso, mas em Portugal é comum não termos o tempo necessário para poder fazer as coisas como gostaríamos.” O ritmo alucinante ensinou João Estima, com Glória e A Herdade no currículo, a aceitar que só podia controlar um dia de cada vez. “É necessário andar para a frente e gravar outra cena e outra cena e, como me disse um colega que me ajudou muito neste processo, às vezes nós voamos baixinho, às vezes voamos médio e às vezes voamos alto, mas fazemos sempre um esforço por bater as asas.”
Segundo Jani Zhao, uma das figuras femininas do elenco — “Felicidade” — as filmagens foram “árduas e exigentes” mas brilhantemente dirigidas por Ivo Ferreira, garante. “Estive muitas vezes no set sem estar a filmar, estava atrás das câmaras a poder observar como é que tudo isto funciona, como é que se faz, o que é que cada departamento faz na concordância e como é que eles se comunicam entre eles e, sobretudo, como é que um ator habita este mundo, como é que entra no set e se prepara, e isso foi muito bonito.”
“Felicidade” é, ironicamente, uma mulher muito pouco feliz. “Ela vem de Moçambique e, de repente, vê-se ali no meio da serra algarvia onde tem um café com o tio que acaba transformado em boate, muito contra a vontade dela. Por isso, ela tem este lado amargurado que nos faz sentir empatia”, explica a atriz ao Observador. Para Zhao, uma das funções da personagem “é humanizar o Faustino Cavaco”. Com o distanciamento de mais de um ano das filmagens, a atriz tem agora uma visão mais complexa do seu papel. “Já tive vários momentos de incompreensão: porque está ali, porque faz aquelas escolhas? Mas depois percebo que ela teve muitos infortúnios na vida e é o resultado de tudo isso”.
Não podia ser preocupação do elenco questões de PIC ou verbas, mas a tensão da equipa de produção era palpável. “Nós não estamos envolvidos nessas questões, mas afetam-nos, influenciam-nos, não só na nossa vida pessoal, mas também profissional. Claro que se sentiu essa instabilidade, esse receio, esse medo, essa aflição e essa angústia. No entanto, acho que todos percebemos que o que estávamos a fazer era um bocadinho mais importante do que isso.”