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epa09418766 British Prime Minister Boris Johnson departs 10 Downing Street in London, Britain, 18 August 2021. Prime Minister Boris Johnson has recalled parliament from recess to discuss the ongoing situation in Afghanistan.  EPA/VICKIE FLORES
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Boris Johnson enfrenta críticas dentro do próprio partido, que pela primeira vez desde janeiro foi ultrapassado pelo Labour numa sondagem

VICKIE FLORES/EPA

Boris Johnson enfrenta críticas dentro do próprio partido, que pela primeira vez desde janeiro foi ultrapassado pelo Labour numa sondagem

VICKIE FLORES/EPA

O aumento de impostos, as prateleiras vazias nos supermercados e a queda nas sondagens. Boris Johnson está a perder o controlo?

Primeiro-ministro violou promessa eleitoral e viu o Labour ultrapassar o Partido Conservador numa sondagem. Efeitos do Brexit já se sentem e a pressão aumenta, mas Boris parece seguro. Por agora.

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“Assim que acertamos as nossas contas, vamos retomar o controlo de 350 milhões de libras por semana. Seria ótimo, como muitos de nós sublinhámos, que muito desse dinheiro fosse para o NHS [serviço nacional de saúde].”
Boris Johnson, artigo de opinião publicado no The Daily Telegraph, a 15 de setembro de 2017

Quando estas declarações foram feitas, passara pouco mais de um ano desde que os britânicos tinham votado para sair da União Europeia. O atual primeiro-ministro do Reino Unido ocupava, na altura, a pasta dos Negócios Estrangeiros no governo de Theresa May, mas já tinha os olhos postos no n.º 10 de Downing Street, sendo que, para lá chegar, em 2019, fez uma promessa aos britânicos: durante o seu mandato, não iria aumentar os impostos. Agora, dois anos depois, quebrou a promessa — e de forma estrondosa — e a pressão — dentro do Partido Conservador e não só — sobre Boris Johnson está a aumentar, numa altura em que os efeitos do Brexit se começam a fazer sentir no país e o Partido Conservador está em queda nas sondagens.

A aposta de Boris Johnson na passada quarta-feira, quando conseguiu luz verde do parlamento para o maior aumento de impostos dos últimos 70 anos, foi uma jogada de alto risco. Desde logo porque o primeiro-ministro britânico foi novamente confrontado com as suas declarações de antes e depois do Brexit, quando garantiu que 350 milhões de libras (supostamente o dinheiro enviado semanalmente pelo Reino Unido para Bruxelas) seriam injetadas no Serviço Nacional de Saúde (NHS, na sigla em inglês), algo ainda mais difícil de justificar que afinal não vá acontecer em plena crise na saúde, com recordes nas listas de espera para cirurgias. Além disso, Boris gerou uma onda de indignação dentro do seu próprio partido, que vê o aumento de impostos como uma violação dos seus princípios thatcheristas de pouca intervenção do Estado, e arrisca alienar uma parte do seu eleitorado tradicional.

Boris Johnson quebra promessa eleitoral e anuncia aumento das contribuições para a Segurança Social

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A grande questão, neste momento, é perceber até que ponto a estabilidade que tem marcado a primeira metade do seu executivo está ou não em causa. E um primeiro sinal de mudança (ou pelo menos um alerta para os conservadores) surgiu esta sexta-feira, quando o YouGov divulgou a primeira sondagem após o anúncio do aumento de impostos, com resultados pouco animadores para o primeiro-ministro: pela primeira vez desde janeiro, o Partido Trabalhista (com 35% das intenções de voto) ultrapassou o Partido Conservador (33%). Além disso, esta sondagem põe os tories no nível mais baixo desde a vitória nas legislativas de 2019. Os politólogos ouvidos pelo Observador, no entanto, pedem cautela quanto à possibilidade de a liderança de Boris Johnson se colocar.

“O Partido Conservador provavelmente vai continuar a apoiar Boris Johnson enquanto ele parecer capaz de vencer eleições. Deixando de lado a sondagem do YouGov, há de mais de 100 sondagens seguidas em que os conservadores estavam na liderança, por isso não os vejo a abandonar [Boris Johnson]”, afirmou ao Observador Ben Ansell, professor de Ciência Política do Nuffield College, na Universidade de Oxford. “É apenas uma sondagem! Duvido que esteja a acontecer algo de significativo entre o eleitorado”, acrescentou.

“Johnson não está, certamente, com problemas imediatos, embora muitos dos seus deputados estejam preocupados com a possibilidade de os conservadores perderem a reputação de partido de baixos impostos"
Tim Bale, professor de Ciência Política na Universidade de Queen Mary, em Londres

No mesmo sentido, Tim Bale, politólogo da Universidade de Queen Mary, em Londres, alerta que são necessárias mais sondagens para perceber até que ponto pode estar a ocorrer uma transformação no sentido de voto dos britânicos, até porque “mesmo que [a sondagem] represente uma fissura na barragem, isso não significa que a barragem esteja prestes a rebentar ou que não possa ser reparada até às próximas eleições”. No entanto, o especialista admite que o aumento das contribuições sociais, pagas por trabalhadores e empresas, em 1,25% a partir de abril de 2022 possa vir a causar problemas no futuro.

epa09419079 A handout photo made available by the UK Parliament shows British Prime Minister Boris Johnson during a debate on the Afghanistan crisis, in the House of Commons in London, Britain, 18 August 2021. Prime Minister Johnson had recalled parliament from recess to discuss the ongoing situation in Afghanistan.  EPA/UK Parliament / Roger Harris HANDOUT  HANDOUT EDITORIAL USE ONLY/NO SALES

Boris Johnson disse que o aumento de 1,25% nas contribuições para a Segurança Social representa o "maior programa de recuperação da história" do Reino Unido

UK Parliament / Roger Harris HANDOUT/EPA

“Johnson não está, certamente, com problemas imediatos, embora muitos dos seus deputados estejam preocupados com a possibilidade de os conservadores perderem a reputação de partido de baixos impostos. Se a quebra da promessa [eleitoral] vai ou não assombrá-lo a longo prazo, provavelmente dependerá de os eleitores verem o dinheiro arrecadado como uma melhoria visível na saúde e na assistência social. Caso contrário, poderá ser um grande problema”, sublinhou Bale ao Observador.

De criança tímida a político exuberante: Boris Johnson não é uma piada

Para já, o aumento de 1,25% nas contribuições para a Segurança Social — com o qual Boris Johnson espera arrecadar 36 mil milhões de libras (mais de 41 mil milhões de euros) para financiar o NHS e aumentar a assistência social — está a dividir os britânicos. No dia em que o primeiro-ministro anunciou o aumento de impostos, uma sondagem do YouGov mostrou que 44% dos britânicos apoiavam a medida, enquanto 43% estavam contra, sendo de realçar o enorme fosso geracional, sintomático de que os mais jovens temem que recaia sobre eles o peso da medida: 68% das pessoas com mais de 65 estão a favor, enquanto na faixa etária entre os 18 e os 24 anos, 47% estão contra (e apenas 26% a a defendem).

Rumores sobre remodelação governamental podem ter sido ameaça. “Parece ter resultado”

O desafio de Boris Johnson, contudo, não passa apenas por convencer os eleitores britânicos (e particularmente os mais jovens) de que um aumento de impostos, num contexto de pandemia de Covid-19, era inevitável. Dentro do Partido Conservador, embora ainda não se fale sobre derrubar Boris Johnson, há sinais evidentes de tensão.

“Johnson também está do lado da maioria dos deputados conservadores no que continua a ser a principal linha política divisória — o Brexit e as atitudes perante a União Europeia”.
Ben Ansell, politólogo

Na quarta-feira, o primeiro-ministro britânico conseguiu sobreviver ao primeiro embate, apesar das críticas de algumas figuras importantes do Partido Conservador, como o veterano deputado Peter Bone, que disse que o aumento de impostos mais parecia uma medida do Labour, ou do deputado Steve Baker, que comparou a medida ao socialismo, conforme contou o The Guardian.

Mas, ao contrário do que Boris Johnson temeu, no parlamento britânico não houve uma debandada de deputados conservadores a votar contra o aumento de impostos, e a medida acabou por ser aprovada com 319 votos a favor e 248 contra. Apenas cinco deputados conservadores a chumbaram e 37 não se registaram para votar, uma dissidência que ficou aquém do que o primeiro-ministro temia e que pode ser explicada pelas ameaças de remodelação eleitoral que pairaram nos últimos dias em Westminster.

“O rumor sobre uma remodelação parece ter sido usado como forma de evitar que os ministros se opusessem ao aumento de impostos, com medo de perderem os seus empregos. Parece ter resultado”, afirma o politólogo Tim Bale, considerando que Boris Johnson “ainda não perdeu o controlo do partido”. “Na verdade, há quem diga que é como se estivesse a tocar violino”, acrescenta.

Os escândalos de Boris Johnson: a remodelação Downing Street, a ajuda a amigos e os corpos empilhados

A possibilidade de uma remodelação governamental chegou a ser apontada como iminente nesta quinta-feira, mas Boris Johnson trocou as voltas à imprensa britânica, que não descarta que tal ainda possa vir a acontecer nos próximos dias ou semanas. Na verdade, vários ministros vêm acusando desgaste — desde logo o ministro dos Negócios Estrangeiros, Dominic Raab, muito criticado pela forma como lidou com a crise no Afeganistão e por ter estado de férias enquanto os talibãs conquistavam Cabul; ou a ministra da Administração Interna, Priti Patel, que tem trocado duras acusações com a União Europeia sobre imigração — e uma hipotética remodelação pode ser uma forma de dar uma nova imagem ao governo, revigorando-o para a segunda metade do mandato.

“Sunak é certamente o favorito a suceder a Johnson, mas eu ficaria surpreendido se houvesse uma rebelião suficientemente eficaz para derrubar Johnson, que tem uma maioria de 80 lugares, enquanto May estava muito mais enfraquecida no parlamento”
Ben Ansell, professor de Ciência Política do Nuffield College, na Universidade de Oxford

Boris mantém controlo do partido, mas Rishi Sunak aguarda nos bastidores

Fora de uma hipotética remodelação, numa lógica de “mantém os teus amigos perto e os inimigos ainda mais perto”, deverá estar o ministro das Finanças, Rishi Sunak, apontado como um potencial sucessor de Boris Johnson, e com uma popularidade superior à do chefe do executivo — 42% contra 34%, segundo o YouGov.

Sunak tem vindo a ganhar influência dentro dos tories, sobretudo entre a ala thatcherista, uma vez que tem sido um grande opositor do aumento dos gastos do Estado, e terá sido contrariado que aprovou o aumento de impostos decidido pelo primeiro-ministro, embora ambos tenham tentado passar a ideia de união dentro do executivo.

epa08932035 A handout photo made available by the UK Parliament shows Britain's Chancellor Rishi Sunak giving an economic update statement on in the House of Commons in London, Britain, 11 January 2021.  EPA/JESSICA TAYLOR/UK PARLIAMENT HANDOUT MANDATORY CREDIT: UK PARLIAMENT HANDOUT EDITORIAL USE ONLY/NO SALES

Rishi Sunak, ministro das Finanças, é mais popular do que Boris Johnson e é apontado como um possível sucessor

JESSICA TAYLOR/UK PARLIAMENT HANDOUT/EPA

Ciente de que a maior ameaça à sua liderança pode vir dentro do próprio partido, na cabeça de Boris Johnson estará, certamente, o golpe interno dado pelo próprio para derrubar Theresa May, pelo que a possibilidade de afastar um político tão popular nesta fase poderia ser contraproducente. Acresce que primeiro-ministro tem a seu favor o facto de dispor de uma confortável maioria no parlamento britânico, tornando difícil uma debandada que ponha em causa a sua liderança. Rishi Sunak terá, provavelmente, de aguardar nos bastidores mais algum tempo até avançar para uma contestação aberta à liderança de Boris Johnson.

União Europeia aberta a “soluções práticas” mas rejeita renegociação do acordo

“Sunak é certamente o favorito a suceder a Johnson, mas eu ficaria surpreendido se houvesse uma rebelião suficientemente eficaz para derrubar Johnson, que tem uma maioria de 80 lugares, enquanto May estava muito mais enfraquecida no parlamento”, defende Ben Ansell. Além disso, acrescenta o politólogo da Universidade de Oxford, “Johnson também está do lado da maioria dos deputados conservadores no que continua a ser a principal linha política divisória — o Brexit e as atitudes perante a União Europeia”.

Problemas nas cadeias de abastecimento: a culpa é do Brexit ou da pandemia de Covid-19?

O principal mote do governo de Boris Johnson (e da maioria dos membros do Partido Conservador) tem sido o de cumprir o Brexit, entrando frequentemente em confronto com a União Europeia sobre os acordos para as relações futuras entre Londres e Bruxelas. Isso tem sido notório seja as questões da imigração no Canal da Mancha, como comprovam as recentes ameaças de Priti Patel em devolver os barcos com migrantes que cheguem ao Reino Unido (com a França a acusar a ministra da Administração Interna britânica de chantagem), seja no que diz respeito ao controlo de mercadorias ao longo da fronteira terrestre entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda.

Brexit: Partido ‘unionista’ ameaça derrubar governo da Irlanda do Norte

Este último ponto, de resto, já levou o Partido Democrata Unionista (DUP) a ameaçar fazer cair o governo na Irlanda do Norte, aumentando a pressão para que Boris Johnson consiga um acordo que acabe com a burocracia que, na ótica de Belfast, prejudica as relações entre a Irlanda do Norte com o resto do Reino Unido. Ao mesmo tempo, Boris Johnson enfrenta também a pressão do governo escocês, que, impulsionado pela maioria independentista conseguida após as eleições de maio (com um acordo entre o Partido Nacionalista Escocês e os Verdes), tenta forçar um novo referendo à independência.

“Questões como os problemas na cadeia de abastecimento ou a escassez de produtos são vistas através de lentes diferentes. Aqueles que votaram Remain tendem a culpar o Brexit, enquanto os que votaram Leave tendem a culpar a Covid”
Paula Surridge, professora de Sociologia Política na Universidade de Bristol

A estas dores de cabeça que prometem dar muito trabalho a Boris Johnson nos próximos tempos, acrescem os efeitos que se começam a sentir com o fim do período transitório do Brexit, sendo um dos mais visíveis para os britânicos os problemas nas cadeias de abastecimento, que levaram a que as prateleiras de muitos supermercados ficassem vazias. Os problemas de abastecimento, além de afetarem fábricas e distribuidores, chegaram mesmo a multinacionais como a McDonald ‘s, que teve de tirar os batidos do menu, ou a cadeia de restaurantes Nando’s (frango assado ‘à portuguesa’), que teve de encerrar 50 estabelecimentos por falta de carne de frango.

Problemas de abastecimento deixam McDonald’s sem bebidas no Reino Unido

Com a pandemia de Covid-19 é inegável que as cadeias de abastecimento foram afetadas um pouco por todo o mundo, mas no Reino Unido sobressai um problema claro que deriva do Brexit: a falta de motoristas para transportar as mercadorias. De acordo com a Confederação da Indústria Britânica, faltam pelo menos 100 mil camionistas, um fenómeno que se deve ao facto de milhares de trabalhadores terem saído e não quererem regressar ao Reino Unido, devido aos entraves resultantes do Brexit na entrada de trabalhadores europeus em território britânico.

Todavia, para já, esta ainda não é a maior dor de cabeça para Boris Johnson, sobretudo entre o eleitorado do Partido Conservador (que votou esmagadoramente no referendo pela saída do Reino Unido da União Europeia, uma vez que estes eleitores tendem a culpar principalmente a pandemia pelos problemas nas cadeias de abastecimento. Conforme sintetiza ao Observador Paula Surridge, professora de Sociologia Política na Universidade de Bristol, “questões como os problemas na cadeia de abastecimento ou a escassez de produtos são vistas através de lentes diferentes: aqueles que votaram Remain tendem a culpar o Brexit, enquanto os que votaram Leave tendem a culpar a Covid”.

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Prateleiras de supermercados vazios em Leeds. Disrupção nas cadeias de abastecimento deve-se à falta de camionistas, agravada pela saída de trabalhadores europeus

Getty Images

Uma sondagem publicada na passada terça-feira confirma este cenário: entre os que votaram Leave em 2016, 37% consideram que os problemas na cadeia de abastecimento devem-se à pandemia, enquanto 21% atribuem as culpas ao Brexit. Em sentido inverso, nos que votaram Remain, 65% responsabilizam o Brexit e 18% as restrições impostas devido à Covid-19.

Os próximos meses, contudo, poderão trazer dissabores a Boris Johnson, até porque se aproxima o Natal e várias empresas já alertaram que os problemas nas cadeias de abastecimento podem ser permanentes e pôr em causa a capacidade de resposta à procura dos mais variados bens. Além disso, os efeitos do Brexit vão sentir-se cada vez mais enquanto, devido ao avanço no processo de vacinação, as restrições para conter a pandemia vão sentir-se, ao que tudo indica, cada vez menos. Ainda assim, isso pode não ser suficiente para mudar a perspetiva dos apoiantes do Leave.

"O problema é que o Partido Trabalhista ainda é visto como dividido, sem visão de futuro, e o seu líder ainda não se conseguiu destacar”
Tim Bale, politólogo

“Prevejo que este padrão continue durante algum tempo, mas quando ou se ultrapassarmos a pandemia e as coisas regressarem ao ‘normal’, vai ser mais difícil [Boris Johnson] esconder-se atrás da crise da Covid”, salienta Paula Surridge. “Contudo, as posições em relação ao Brexit têm-se revelado muito resistentes e por isso antecipo que muitos que votaram Leave irão, a curto prazo, ver as disrupções como algo que valeu a pena em vez de punir imediatamente o governo”, acrescenta a especialista.

Labour, o garante da sobrevivência de Boris Johnson?

Recuperar o eleitorado que tradicionalmente votava no Labour e que, depois do Brexit, virou-se para o Partido Conservador, é um dos principais desafios dos trabalhistas que, profundamente divididos, tentam ainda recompor-se da atribulada saída de Jeremy Corbyn e decidir o rumo a seguir com o centrista Keir Starmer ao comando.

Keir Starmer chumbou no primeiro teste eleitoral e o caos instalou-se no Labour

O facto de o partido surgir agora na liderança de uma sondagem pode ser um balão de oxigénio, embora os trabalhistas apenas tenham subido um ponto (para os 35%) nas intenções de voto comparativamente à semana passada, enquanto os Tories caíram cinco pontos (para os 33%).

epa08930004 A handout photo made available by the British Broadcasting Corporation (BBC) shows Britain's Labour leader Keir Starmer appearing at the Andrew Marr show in the BBC studios in London, Britain, 10 January 2021.  EPA/JEFF OVERS / BBC HANDOUT ATTENTION EDITORS: PICTURE TAKEN THROUGH GLASS. NOT FOR USE AFTER JANUARY, 31, 2021. HANDOUT EDITORIAL USE ONLY/NO SALES

Pela primeira vez desde janeiro, o Labour está à frente nas sondagens, mas Keir Starmer ainda não conseguiu unir o partido

JEFF OVERS / BBC HANDOUT/EPA

Fazer prognósticos nesta fase torna-se, por isso, arriscado, e mesmo entre as fileiras do Labour a preocupação principal é estabilizar o partido, o que está longe de acontecer, como comprova a recente expulsão do premiado cineasta Ken Loach, numa altura em que ainda se fala em “caça às bruxas” e perseguição aos membros da ala da esquerda mais radical. Enquanto este ambiente continuar, será difícil o Partido Trabalhista beneficiar dos problemas que o governo de Boris Johnson enfrenta e ultrapassar convincentemente o Partido Conservador.

“Seria expectável que qualquer desaceleração na recuperação económica, problemas em pôr fim às listas de espera nos cuidados de saúde, a escassez de bens nas cadeias de retalho ou os aumentos dos preços ajudassem o Labour a chegar à liderança no futuro. O problema é que o Partido Trabalhista ainda é visto como dividido, sem visão de futuro e o seu líder ainda não se conseguiu destacar”, remata o politólogo Tim Bale.

"Muito dependerá de o Labour conseguir encontrar uma mensagem forte a que os eleitores se agarrem na corrida para as próximas eleições” 
Paula Surridge, professora de Sociologia Política

Enquanto o Labour delimita a estratégia para os próximos meses, a pressão sobre Boris Johnson vai continuar a aumentar. Tanto para dentro como para fora do seu partido, Johnson espera usar a pandemia de Covid-19 como justificação para medidas menos populares ou problemas sem resposta à vista, como as disrupções nas cadeias de abastecimento. Resta saber até quando é que esta estratégia será eficaz e até quando é que a crise no Labour funcionará como garante da sobrevivência de Boris Johnson, que está a ser confrontado com as promessas eleitorais que fez para chegar ao poder.

“Há desafios que o governo vai ter de enfrentar e potencial para que muitos eleitores se sintam desapontados em relação às promessas feitas em 2019, mas o governo vai argumentar que não conseguiu cumprir devido à pandemia. Muito dependerá de o Labour conseguir encontrar uma mensagem forte a que os eleitores se agarrem na corrida para as próximas eleições”, conclui Paula Surridge, professora de Sociologia Política na Universidade de Bristol.

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