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Se este fosse o primeiro Orçamento do Estado de António Costa tudo seria mais fácil. Mas é o sétimo, em que se tenta seguir a mesma estratégia, de responder à pressão de mais despesa, social e, este ano, de salários para a função pública, e ainda menos IRS, reduzindo o défice com cortes na despesa que não se vê. Não se via, porque com o passar do tempo começou a ver-se que essa despesa fazia falta. É, metaforicamente, a visibilidade da falta de dinheiro para comprar rodas na CP que o ministro Pedro Nuno Santos colocou na praça pública. Ou dos médicos dos hospitais que se vão demitindo.

É irónico que o Orçamento que tem mais dinheiro para investir, graças ao cheque que vem de Bruxelas, seja aquele que António Costa tem mais dificuldade em satisfazer as exigências dos partidos que têm suportado o Governo. Financeiramente fácil, politicamente muito difícil porque já todos, incluindo os ministros do Governo, como o mostrou Pedro Nuno Santos, ficaram fartos dos apertos financeiros que garantiram o milagre das “contas certas”.

Manter as “contas certas” está agora mais difícil porque o modelo se esgotou. António Costa terá de encontrar outra forma de garantir que o país é visto como capaz de pagar a sua dívida. Em 2022 não pode contar com os habituais cortes no investimento, como variável de ajustamento para reduzir o défice público, e as cativações já estão demasiado expostas. Além disso, 2022 pode ser o último ano em que se consegue poupar nos juros da dívida pública. Se o Orçamento for aprovado, será curioso acompanhar a sua concretização, especialmente se se for mais longe no IRS. A subida das pensões só mostrará a sua factura mais tarde.

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