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Europa Press via Getty Images

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O Partido Popular está de volta em Espanha. Pablo Casado deixou crescer a barba, moderou o discurso, talvez dê luta, mas... e depois?

Após o pior resultado eleitoral de sempre da história do partido, o PP surge agora reinventado, com um Pablo Casado moderado e presidenciável. As sondagens dizem que está a resultar. Mas até quando?

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O ambiente parecia o de um funeral na sede do Partido Popular (PP), naquela noite de 28 de abril. As primeiras projeções da noite eleitoral não tinham saído há muito quando Pablo Casado, o recém-escolhido líder do partido, desceu para falar aos jornalistas e reconhecer a derrota — histórica — do PP. “Sou especialista em vir a esta sala em noites complicadas”, disse aos jornalistas presentes. Admitiu que o resultado foi mau, mas disse que não tencionava sair: “Está aqui um grande partido, um partido que sabe estar ‘en las duras y las maduras’”, disse, utilizando a expressão espanhola que significa algo como “estar na saúde e na doença”.

O reconhecimento da derrota era inevitável. O resultado das últimas eleições legislativas espanholas trouxe ao PP o seu pior resultado de sempre a nível nacional (16,7%). “Foram resultados péssimos, até piores do que as expectativas”, resume ao Observador José Fernandez-Albertos, cientista político do Instituto Espanhol de Políticas e Bem Público. “O Ciudadanos ficou a um ponto percentual de arrebatar ao PP o lugar de partido mais votado da direita. E, com a irrupção do Vox, o PP ficou ameaçado pelos dois lados.”

Nessa noite, depois de, dentro de portas, Casado ter falado com poucas palavras e desaparecido quando a noite ainda era uma criança, na calle Génova, onde se situa a sede do mais antigo partido da direita espanhola, o ambiente também era pesado: “Duas horas depois, já com o peixe todo vendido, só uma vintena de pessoas — a metade deles curiosos, (‘quatro gatos pingados’, diz um que passa) — se juntam na porta do PP”, relatava nessa noite o El País. “Bom, é mais no passeio da frente; parece que têm vontade de se pôr precisamente por baixo da varanda, de onde não esperam ver sair ninguém. Todos os atores nomeados sabem que o difícil não é preparar-se para o discurso do Óscar, mas sim praticar ao espelho a cara que vão pôr se não o receberem.

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“O Ciudadanos ficou a um ponto percentual de arrebatar ao PP o lugar de partido mais votado da direita. E, com a irrupção do Vox, o PP ficou ameaçado pelos dois lados.”
José Fernandez-Albertos, politólogo, sobre os resultados das eleições de abril para o PP

Se alguém dissesse em abril que, quando o país voltasse às urnas dali a sete meses, Pablo Casado não pareceria tão derrotado, poucos acreditariam. Mas eis que, em vésperas da eleição deste 10 de novembro, o PP está perto de conseguir um resultado bem melhor do que o esperado. Não que seja o vencedor mais provável — esse título continua a ser firmemente atribuído ao PSOE de Pedro Sánchez, mas os 16% foram substituídos por uma média de 20% das intenções de voto nas sondagens. A sangria de votos para o Ciudadanos parece ter sido contida — e até alguns desses eleitores podem ter sido recuperados. O PP é até o segundo partido, apenas atrás do Vox, que mais consegue evitar perder eleitores para outras forças políticas.

Para Gema Sánchez Medero, professora de Ciência Política da Universidade Complutense de Madrid, não há dúvidas de que “o partido mudou de estratégia eleitoral entre uma campanha e outra”. “Nas eleições de abril, o PP de Casado dirigiu a sua campanha de forma a tentar tirar espaço político ao Vox e tentou projetar uma imagem renovada do partido, com a incorporação de novos candidatos, procedentes da esfera social e cultural”, explica ao Observador. Não resultou. Agora, mais de meio ano depois, Pablo Casado conseguiu, contra todas as expectativas, injetar energia num Partido Popular que parecia moribundo. Como é que conseguiu fazê-lo? E, mais importante do que isso: a recuperação está para durar?

O segredo estava no calendário eleitoral — e nos pactos fulcrais com o Ciudadanos e até com o Vox

Para os especialistas ouvidos pelo Observador, há três pontos principais que ajudam a explicar esta súbita melhoria do PP: o calendário eleitoral que fez com que o partido tivesse melhores resultados nas eleições autonómicas e municipais logo no mês a seguir; os pactos que conseguiu fazer em várias dessas autarquias com o Ciudadanos e o Vox, mas a liderá-los; e o tom mais moderado que Pablo Casado está a usar nesta campanha.

Casado festeja a vitória em Madrid. À esquerda, Isabel Diaz Ayuso, candidata do PP ao governo da comunidade madrilena (Jesús Hellín/Europa Press/Getty Images)

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Quanto aos dois primeiros pontos, os resultados eleitorais para as autarquias serviram para o PP poder respirar fundo: pelo menos no que toca à sua implantação local, os populares ainda vivem. Não só o partido conseguiu uma votação melhor a nível global (22%), como venceu em locais importantes, como Navarra, onde a coligação à direita Navarra Suma (que inclui o Ciudadanos) foi a vencedora das eleições — embora não tenha conseguido formar um governo regional, sendo ultrapassada por uma espécie de geringonça à esquerda, graças à abstenção dos independentistas do EH Bildu.

Mas talvez ainda mais relevante do que isso tenham sido os pactos fulcrais que o PP assegurou nos meses seguintes, para poder governar em determinadas autarquias, impedindo que o desfecho fosse igual ao de Navarra. O PP chegou a acordo com o Ciudadanos para governar a região de Castela e Leão e fez acordos-chave com o Ciudadanos e até com a extrema-direita do Vox: em Saragoça conseguiu assim retirar a cidade do controlo dos socialistas ao fim de 16 anos, em Murcia fez cedências ao Vox em matéria de aborto e direitos LGBT para governar, e em Madrid conseguiu agarrar o comando da capital do país graças, uma vez mais, a cedências ao Vox.

“Um mês depois das legislativas, nas eleições autonómicas, municipais e europeias, o PP conseguiu afastar a ameaça, muito graças à sua maior presença no território, o que lhe trouxe melhores resultados [neste tipo de eleição]. E forçou o seu adversário, o Ciudadanos, a ter de apoiar uma multitude de governos liderados pelo PP”, analisa Fernandez-Albertos.

O PP chegou a acordo com o Ciudadanos para governar a região de Castela e Leão e fez acordos-chave com o Ciudadanos e até com a extrema-direita do Vox: em Saragoça conseguiu assim retirar a cidade do controlo dos socialistas ao fim de 16 anos, em Murcia fez cedências ao Vox em matéria de aborto e direitos LGBT para governar, e em Madrid conseguiu agarrar o comando da capital do país graças, uma vez mais, a cedências ao Vox.

Foi aí que, explica o professor, o Ciudadanos começou a tremer, como comprovam as sondagens: o partido de Albert Rivera está em crise e pode mesmo cair de terceira para quinta força política, somando apenas 8,3% dos votos (quase um terço do que terá o PP) e apenas 14 deputados — muito atrás dos 91 previstos para o PP e também os 46 para o Vox.

Ciudadanos e Podemos. Os dois partidos espanhóis que quiseram tudo – e agora podem ficar sem nada

“A posição do Ciudadanos ficou desbotada — e as suas contradições ideológicas foram afastando progressivamente o seu eleitorado — e o PP recuperou a ‘centralidade’”. Centralidade essa que, aponta Fernandez-Albertos, foi facilitada por “um discurso um pouco mais moderado e ‘presidenciável’ do seu líder.” O que nos leva ao terceiro ponto: a remodelação do partido (através da moderação) de Pablo Casado.

Pablo Casado, de afilhado de Aznar a líder do centro-direita moderado

Quando, em julho de 2018, Pablo Casado arrebatou a presidência do PP nas primárias contra Soraya Sáyenz de Santamaria e María Dolores de Cospedal, um dos pontos mais referidos nos perfis que sobre ele foram escritos repetiam uma e outra vez o mesmo nome: José María Aznar, o antigo presidente do governo de Espanha que é uma espécie de “padrinho político” de Casado.

A afinidade é muita e assumida pelo próprio Aznar num comício do partido, em janeiro deste ano, onde o antigo líder se comparou ao novo: “Faz quase 30 anos que um jovem de 37 anos — a mesma idade de Pablo Casado — chegou à presidência do Partido Popular. Esse jovem — como Pablo Casado — vinha de Ávila. Mas a diferença desse jovem de há 30 anos face ao jovem de hoje é que Pablo Casado é muito mais preparado e sabe muito mais de política.”

Pablo Casado com o seu "padrinho" político, José María Aznar (Eduardo Parra/Getty Images)

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Talvez influenciado pela política mais à direita de Aznar — cujos governos ficaram associados ao liberalismo económico e ao apoio à invasão do Iraque em 2003 —, Casado adotou para as eleições de abril uma linha mais dura, numa tentativa de combater assim o voto na extrema-direita do Vox. Mas, ao ver que o tiro saiu ao lado, o líder popular parece agora estar a mudar o rumo. Isso mesmo apontou Gema Sánchez Medero, demonstrando que basta olhar para as listas: “Voltou a colocar nas listas eleitorais candidatos da antiga liderança que são reconhecidos pelo eleitorado como homens e mulheres relevantes do partido. Por exemplo, a número dois da lista por Madrid é Ana Pastor, antiga presidente do Congresso dos Deputados, ex-ministra e uma pessoa muito próxima de Mariano Rajoy”, diz a professora, referindo-se ao anterior presidente do governo.

O próprio Mariano Rajoy esteve presente em ações de campanha do PP, ao contrário do “padrinho” Aznar. E isso não foi por acaso: “Aznar não mobiliza o eleitorado que nos interessa agora”, reconheceu uma fonte do partido do núcleo próximo de Casado ao El Español. José Fernandez-Albertos acha que não é por acaso: “Aznar é uma figura terrivelmente polarizadora em Espanha e pouco popular fora dos círculos mais ideológicos da direita do PP. Rajoy sofreu muito desgaste durante o seu desempenho como presidente (os casos de corrupção, a crise, as políticas de austeridade), mas tem um perfil mais moderado do que Aznar que, para além disso, se vai consolidando com o passar do tempo”.

“Aznar é uma figura terrivelmente polarizadora em Espanha e pouco popular fora dos círculos mais ideológicos da direita do PP. Rajoy sofreu muito desgaste durante o seu desempenho como presidente (os casos de corrupção, a crise, as políticas de austeridade), mas tem um perfil mais moderado do que Aznar que, para além disso, se vai consolidando com o passar do tempo”.
José Fernandez-Albertos, politólogo

Sánchez Medero, que não tem uma posição tão crítica face aos tempos de Aznar, reconhece no entanto que há aqui uma mudança de estratégia clara: “O PP conseguiu converter-se num partido de governo precisamente no momento em que deixou para trás certos princípios conservadores que defendia a sua antecessora, a Aliança Popular [1976-1989], e se virou mais para o centro-direita. E essa transformação foi feita por Aznar a partir de 1989, quando o partido conseguiu quebrar o teto eleitoral de 105 mandatos e começar a crescer eleitoralmente, até chegar ao governo em 1996”, aponta a professora. “Portanto, Casado agora volta a recuperar a essência do partido, após o desastre de abril, principalmente porque ouviu as vozes de membros mais destacados do partido que lhe pediam de não ‘direitizasse’ o PP e deixasse de competir com o Vox.”

O dilema de Casado: viabilizar um governo de Sánchez ou não?

O tom de Casado na campanha passada e nesta não podia ser mais diferente. Agora fala num tom mais baixo, mais devagar, e parte menos para o ataque — como foi notório no único debate desta campanha.

O debate entre os cinco candidatos espanhóis teve luta, mas o bloqueio continua

Até a barba que deixou crescer entretanto, confirmam fontes do partido, não foi por acaso. A decisão, conta o El Periódico, foi informada por dados como os resultados de uma empresa de estudos de opinião que concluiu num focus group que os telespectadores reagiam à sua imagem, mesmo que sem som, com desagrado.

“A tática para estas eleições é atacar Pedro Sánchez e apresentar o PP como um garante da gestão económica e, desta forma, evitar o corpo a corpo com o Vox e o Ciudadanos”, aponta Gema Sánchez Medero. O próprio PP confirma que o objetivo é ir buscar votos sobretudo ao eleitorado indeciso, mais ao centro: “Há muitos lugares a flutuar” e tudo depende “da participação eleitoral”, explicaram ao El Mundo fontes do partido no início do mês. Oficialmente, a mudança de rumo é assim justificada: “Este é o PP de Pablo Casado e o outro era um ensaio, porque não houve tempo de por em marcha muitas políticas. Era uma antesala”, afirmou Isabel Díaz Ayuso, presidente da autarquia de Madrid pelo PP.

Seja por convicção ou por estratégia, o PP de Casado regressa agora ao centro-direita. E isso está a resultar, de acordo com as sondagens. Mas terá essa recuperação solidez suficiente para se manter daqui para a frente? A professora da Universidade Complutense lança um alerta e o seu nome tem três letrinhas apenas — Vox: “Neste momento, a maior ameaça do PP é a fragmentação do voto de centro-direita. Os dados parecem indicar que o PP recupera mais lugares à custa do Ciudadanos do que do Vox”, começa por apontar Sánchez Medero. “O aumento de deputados do Vox, previsto pelas sondagens, obedece a um aumento espetacular de votos concentrados em pequenas circunscrições da ‘Espanha vazia’ [expressão usada para o interior desertificado] — um espaço eleitoral que até aqui era praticamente dominado apenas pelo PP. Portanto, o PP encontra agora uma barreira ao aumento da sua representação devido à presença do Vox nestes locais.”

Já José Fernandez-Albertos, por seu turno, é bastante mais otimista: “A maior ameaça — a do Ciudadanos — já passou. A ameaça do Vox pode ser real a médio-prazo, mas há dois limites ao seu crescimento: o poder e a presença territorial do PP são incomparavalmente maiores e isso é um ativo enorme; e se o Vox conseguir crescer mais, será porque se converte num partido ainda mais populista e anti-sistema do que é agora”, afirma. “Isso permitirá ao PP ocupar uma posição de centralidade que em Espanha continua a dar muitos votos.”

"Por tudo o que nos une", é um dos recentes slogans do PP, que tem adotado uma postura mais moderada nesta campanha (Europa Press News/Europa Press/Getty Images)

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A grande questão que surge está também relacionada com o pós-campanha. Em caso de vitória de Sánchez, e se o PP for chamado a escolher viabilizar um governo do socialista, irá fazê-lo em nome da “centralidade” e do fim do bloqueio? Ou regressará à base e manter-se-á firme na oposição, para não arriscar perder mais votos para o Vox em novas eleições? Essa é a pergunta de um milhão de dólares que ainda não tem resposta — e cuja resposta o politólogo Fernandez-Albertos classifica como sendo “difícil de saber”.

“Se Sánchez vencer, as pressões para evitar umas terceiras eleições [no espaço de um ano] serão enormes e o PP pode jogar a vaza da estabilidade, uma vez que já não está a competir com o Ciudadanos”, começa por apontar. “Mas, por outro lado, custa-me muito perceber que benefícios pode obter o PP de uma potencial colaboração com o PSOE, sobretudo porque é um dos potenciais beneficiados pela esta situação de governo de gestão que temos agora.”

“O aumento de deputados do Vox, previsto pelas sondagens, obedece a um aumento espetacular de votos concentrados em pequenas circunscrições da 'Espanha vazia' [expressão usada para o interior desertificado] — um espaço eleitoral que até aqui era praticamente dominado apenas pelo PP. Portanto, o PP encontra agora uma barreira ao aumento da sua representação devido à presença do Vox nestes locais.”
Gema Sánchez Medero, professora de Ciência Política da Universidade Complutense de Madrid

Gema Sánchez-Medero, por seu turno, acha que tudo será jogado no taticismo, com PP e Ciudadanos a tentarem empurrar um para o outro a responsabilidade de viabilizar um governo do PSOE. Mas, se não houver geringonça à esquerda, diz a professora de Ciência Política, o mais certo é o PP acabar por se abster na segunda volta da sessão de investidura de Sánchez, permitindo assim que forme um governo minoritário. “Logicamente, Casado venderá isso como sendo um ato de responsabilidade para desbloquear a situação.”

O que não significa, porém, que tudo esteja bem quando acaba bem para os populares. Espanha pode ter um governo graças à “responsabilidade” do Partido Popular, é certo, mas este continua a estar na oposição. E há mais problemas a longo-prazo, aponta Medero: “Se Sánchez não conseguir apoio parlamentar estável de outros grupos parlamentares e governar só com apoios pontuais, a sua legislatura não será muito longa. Isso não só desemboca provavelmente em eleições antecipadas, como expõe e desgasta enormemente os partidos.” Nos tempos do bipartidarismo, talvez o PP conseguisse sobreviver sem problemas a um semi-apoio aos socialistas. Mas agora, com o Vox a morder-lhe as canelas, ninguém sabe o que poderia acontecer em caso de Espanha ir às quartas eleições antecipadas em pouco mais de um ano.

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