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Aos 61 anos, o enfermeiro foi o primeiro profissional de saúde a contactar com o primeiro infetado Covid-19 registado em Portugal
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Aos 61 anos, o enfermeiro foi o primeiro profissional de saúde a contactar com o primeiro infetado Covid-19 registado em Portugal

Octavio Passos/Observador

Aos 61 anos, o enfermeiro foi o primeiro profissional de saúde a contactar com o primeiro infetado Covid-19 registado em Portugal

Octavio Passos/Observador

O testemunho do enfermeiro que tratou o primeiro infetado do país: “Estavam com medo de entrar, então fui eu que lhe dei o jantar”

Domingos Dieguez recebeu o primeiro caso de Covid-19 do país nas urgências do Hospital de Santo António, no Porto. Um ano depois, fala da condecoração de Marcelo e do desejo de reencontrar o doente.

Domingos Dieguez é enfermeiro no Hospital de Santo António, no Porto, há mais de quatro décadas e um dos profissionais mais antigos da casa. No dia 1 de março de 2020 viu chegar de ambulância ao serviço de urgência um homem, de 60 anos, suspeito de ter contraído o novo coronavírus. Dois testes depois, o doente, um médico cardiologista que tinha passado as suas férias de Carnaval em Itália, foi considerado, a 2 de março, o primeiro caso positivo de Covid-19 em Portugal. “O facto de ele ser médico ajudou-me, falámos um pouco através da máscara e fiquei com a sensação de que ele sabia exatamente onde tinha sido infetado, já conhecia a doença e por isso estava tranquilo”, conta Domingos.

O doente chegou calmo, de máscara no rosto e algumas dores de cabeça e esteve isolado num gabinete durante várias horas para ser examinado antes de subir para o internamento. Já não se pôde despedir da mulher que o esperava lá fora. Nesse dia, Domingos vestiu pela primeira vez o fato de proteção que agora todos conhecem (EPI) e visitou-o três vezes naquela tarde. Uma delas foi para lhe servir o jantar, algo que não estava inicialmente previsto. “À hora do jantar, já quase no fim do meu turno, a auxiliar responsável que lhe ia levar o tabuleiro com a refeição estava um bocado aflita, não queria entrar com medo de vestir o equipamento e mesmo assim ficar infetada. Disse-lhe imediatamente para não se preocupar, que eu tratava do assunto.”

Nos corredores, o enfermeiro recorda que o tema de conversa era o vírus novo de que toda a gente ouvia falar, mas que poucos conheciam verdadeiramente. Garante que o hospital estava preparado para receber casos positivos e que a partir desse dia quase tudo mudou, dos circuitos ao uniforme, passando pelo contacto com as famílias. “Os primeiros dois ou três meses foram os mais difíceis, saía daqui mais tarde que o habitual e tinha de passar o serviço todo direitinho aos meus colegas para que nada falhasse. Claro que o sentimento de impotência existe, por vezes sentimos que há sempre qualquer coisa que falha.”

Pragmático, discreto e profundamente racional, Domingos Dieguez nunca teve receio de ficar infetado e sublinha que quando despe a bata branca e descalça as crocs azuis consegue desligar e descansar. Enaltece o seu “sangue frio” para lidar com tudo o que chega ao serviço de urgência e diz tratar todos os doentes de forma igual, tenham ou não Covid-19. “Sinto que este último ano passou rápido, até rápido demais. Quando a pandemia chegou, era tudo muito lento, mas depois de entrar na rotina ficamos tão mergulhados neste ritmo que os dias passam a voar.”

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O enfermeiro nunca mais viu aquele que é considerado o paciente zero em Portugal, mas confessa que gostava de o reencontrar um dia para o cumprimentar. Graças “à sorte” de o ter recebido, foi condecorado em outubro com a Ordem do Mérito por Marcelo Rebelo de Sousa, uma distinção que resistiu em receber, mas que o deixa orgulhoso. “Não gosto de holofotes, gosto de estar sossegado, fazer o que tenho a fazer, que é tratar as pessoas.”

Domingos Dieguez é um dos profissionais mais antigos do Hospital de Santo António e o único enfermeiro a ser condecorado pelo Presidente da República

Octavio Passos/Observador

Eis o seu testemunho em discurso direto:

Um domingo diferente de todos os outros

“No domingo, dia 1 de março, comecei o meu turno às 14h e terminei às 20h30. Quando cheguei, os meus colegas do turno anterior deram-me a indicação que ao início da tarde iria aparecer um doente suspeito Covid-19 positivo, que tinha estado de férias em Itália no Carnaval, penso que ele teria ligado para a linha Saúde24 já com alguns sintomas. O serviço de urgência estava com algum movimento relativamente a outras patologias, mas nada de extraordinário. Aproveitei para me certificar que estavam montadas todas as condições para o receber e que a equipa conseguia seguir todos os parâmetros necessários indicados pelo hospital. Há sempre aquela ansiedade inicial, mas a minha principal preocupação naquela altura era deixar as coisas direitinhas para que quando ele chegasse corresse tudo bem, dentro do previsto.

O doente chegou a meio da tarde de ambulância, na triagem orientei-o para um gabinete  que temos na entrada, exclusivo para isolar casos Covid-19. Queixava-se apenas de dores de cabeça, mas estava calmo. O facto de ser médico ajudou-me, falámos um pouco através da máscara e fiquei com a sensação de que ele sabia exatamente onde tinha sido infetado, já conhecia a doença e por isso estava tranquilo. Se fosse outra pessoa, talvez ficasse mais agitado ou confuso, mas ele não. Como profissional de saúde, sabia como se comportar.

Na sala, perguntei-lhe se estava bem, dei-lhe todas as indicações necessárias, expliquei-lhe a área que ele poderia ocupar e caso quisesse sair daquele gabinete teria que me telefonar para que eu pudesse tomar as devidas precauções, para afastar as pessoas e não haver contactos. Em cima da mesa havia um telefone, então dei-lhe o meu contacto para que ele me pudesse ligar caso precisasse de alguma coisa. Mas não ligou. Fui lá vê-lo três vezes e em todas as entradas trocava de equipamento: máscara, touca, bata, luvas e uma proteção para os pés.

"No fundo, foi uma sorte ter sido eu a recebê-lo aqui, não me importava de o reencontrar para o cumprimentar e saber como está. Não sei se ele ainda se lembrará de mim, agora é difícil por causa da máscara e nós nunca nos vimos sem máscara."

Durante várias horas, foi fazendo exames médicos de observação, auscultações e raio X, enquanto se adiantava a parte burocrática e se preparava a unidade de doenças infeciosas, onde ele depois iria ser internado. A esposa dele tinha vindo de carro atrás da ambulância e ficou cá fora. A certa altura tive que a mandar para casa para se auto vigiar, uma vez que estava assintomática. Estava calma, ainda quis despedir-se, mas explicámos-lhe que não era possível e ela foi logo embora.

Nos corredores do hospital ouvia-se falar do caso, as pessoas tinham receio, era normal, estávamos perante uma coisa completamente nova. À hora do jantar, já quase no fim do meu turno, a auxiliar responsável que lhe ia levar o tabuleiro com a refeição estava um bocado aflita, não queria entrar com medo de vestir o equipamento e mesmo assim ficar infetada. Disse-lhe imediatamente para não se preocupar, que eu tratava do assunto. Nessa noite, fui eu que lhe levei o jantar e ele agradeceu. Foi instintivo, não pensei duas vezes, nunca tive muito receio, senti que estava bem preparado, que mais cedo ou mais tarde isto iria acontecer e um serviço de urgência tem de estar sempre preparado para o que vier.

Discreto, racional e observador, o enfermeiro foi o primeiro profissional de saúde a ter contacto com o 1.º caso de Covid-19 identificado em Portugal

Octavio Passos/Observador

Não acompanhei a realização dos dois testes que lhe fizeram, terminei o turno às 20h30 e ele ainda estava no gabinete, só depois é que subiu para o quarto. Sei que esteve internado uns 13 dias, mas nunca me lembrei de perguntar como estava ou quando teria alta, estamos preocupados com o serviço e quando acabamos o trabalho só queremos ir para casa descansar e desligar. No fundo, foi uma sorte ter sido eu a recebê-lo aqui, não me importava de o reencontrar para o cumprimentar e saber como está. Não sei se ele ainda se lembrará de mim, agora é difícil por causa da máscara e nós nunca nos vimos sem máscara.”

O sangue frio e a pandemia que passa rápido demais

“Perante o que via acontecer lá fora, nos outros países, percebi que esta era uma doença altamente contagiosa e que eram necessárias muitas precauções para lidar com ela. No entanto, o hospital já estava preparado, tínhamos material e circuitos definidos, depois era uma questão de organizar o serviço e a triagem. Temos alguma experiência, fruto de episódios anteriores, como a gripe das aves, o sarampo ou a suspeita de ébola, também estamos montados para atuar em situações de catástrofe. Em 2010, por exemplo, quando o Papa Bento XVI veio ao Porto, preparámo-nos para uma possibilidade de atentado. Tive noção da gravidade da doença, mas nunca senti receio de ficar infetado, não era isso que me atormentava.

"Todos precisámos de muita calma e paciência, até com o próprio fato, que é, sem dúvida, a coisa mais chata e incomodativa. Torna-se muito quente ao fim de algumas horas e fico saturado de estar com aquilo e ter que o mudar constantemente. Não me habituo a ele."

A partir do dia 2 de março, quando ficámos a saber que o doente estava mesmo positivo, praticamente tudo mudou. Na urgência, começámos a separar os doentes com sintomas respiratórios com suspeitas ou não de Covid-19. Foi essencial fazermos essa separação logo na triagem, para depois esperar pelos resultados dos testes. Conforme as coisas foram evoluindo, também se melhoraram alguns aspetos, nomeadamente no que diz respeito à capacidade de espaço nas áreas de separação.

O meu trabalho nessa altura era de coordenação e a minha grande dor de cabeça não era o doente em si, mas sim organizar o serviço. Não é de um dia para o outro que as pessoas conseguem assimilar todas as mudanças, foi preciso tempo para corrigir algumas coisas e orientar a equipa. Os primeiros dois ou três meses foram os mais difíceis, saía daqui mais tarde que o habitual e tinha de passar o serviço todo direitinho aos meus colegas para que nada falhasse.

Claro que o sentimento de impotência existe, por vezes sentimos que há sempre qualquer coisa que falha, mas tentava passar a quem me iria substituir no turno seguinte o que era preciso fazer naquele momento a um determinado doente. Todos precisámos de muita calma e paciência, até com o próprio fato, que é, sem dúvida, a coisa mais chata e incomodativa. Torna-se muito quente ao fim de algumas horas e fico saturado de estar com aquilo e ter que o mudar constantemente. Não me habituo a ele.

"Já fiz umas quantas vídeochamadas, mas nunca me emocionei com nenhuma delas. O meu feitio é assim, sempre fui assim, só se consegue trabalhar aqui 40 anos com sangue frio. Ainda na semana passada morreu a minha mãe, podia estar sem querer fazer nada, mas estou aqui normalmente. É a minha natureza."

Outra coisa que mudou muito foi o contacto com as famílias. Sempre que possível há um telefonema diário, mas quando deixavam cá o doente, tentávamos dar alguma informação. Explicamos que o contacto direto não era possível em casos suspeitos Covid-19, claro que as famílias ficavam tristes, mas conversando com eles percebemos que às vezes basta dizer que a pessoa está bem, comeu e descansou e eles ficam logo contentes com uma simples palavra. Para o doente, psicologicamente é mais complicado porque fica mais fragilizado. Explicamos que não pode ter qualquer contacto direto com a família, mas nos que têm telemóvel aproveitamos a ferramenta para encurtar essa distância. Já fiz umas quantas vídeochamadas, mas nunca me emocionei com nenhuma delas. O meu feitio é assim, sempre fui assim, só se consegue trabalhar aqui 40 anos com sangue frio. Ainda na semana passada morreu a minha mãe, podia estar sem querer fazer nada, mas estou aqui normalmente. É a minha natureza.

O doente que mais me marcou? Não tenho, sabe que a minha maneira de ser faz com que trate os doentes todos por igual. Obviamente que há determinados cuidados para cada patologia, mas de resto é tudo igual, não faço qualquer distinção entre ninguém. Mesmo sendo este um vírus novo, contagioso e perigoso, se os profissionais estiverem protegidos, a nossa obrigação é tratar os doentes como deve ser e de igual forma. Sim, tive vários colegas infetados, apenas lhes dizia para se protegerem e voltarem depressa ao trabalho.

Agora as coisas estão mais tranquilas a nível de Covid-19, já se nota um aumento nas urgências de entrada de outras patologias, o que é sinal de que está tudo a funcionar, apesar de ainda haver muita gente com medo de vir ao hospital. Já fui vacinado com as duas doses, mas não senti nenhuma alegria especial por isso, vamos esperar para ver a eficácia desta vacina. Acredito que a imunidade de grupo há de chegar, o nosso organismo tem sempre essa capacidade. Não é num ano, talvez em três ou mais, mas irá conseguir.

Sinto que este último ano passou rápido, até rápido demais. Quando a pandemia chegou, era tudo muito lento, mas depois de entrar na rotina ficamos tão mergulhados neste ritmo que os dias passam a voar. Felizmente, consigo desligar completamente quando saio do hospital, posso dizer que sempre dormi bem desde que isto tudo começou.”

A condecoração não desejada do Presidente da República

“No dia 10 de junho, recebi um telefonema da presidência da república a dizer que, devido às comemorações do Dia de Portugal, gostavam que fosse à cerimónia para me ser entregue uma medalha, uma vez que estive em contacto com o primeiro doente Covid-19 em Portugal. Respondi logo que não dava para ir a Lisboa porque minha mãe estava doente e a minha mulher tinha fraturado uma perna recentemente. Não estava nada à espera disto, e como não sou muito apologista destas coisas, fiquei normalíssimo. Claro que é sempre uma razão de orgulho, fiquei contente, mas não me manifesto muito. Disse à minha mulher, mas houve amigos e família que só souberam disto pela comunicação social e depois vieram falar comigo. Por mim, nem dizia nada a ninguém.

A cerimónia acabou por ser aqui no hospital em outubro e cedi porque a própria administração do hospital insistiu comigo, se não o tivessem feito, acho que não iria. Sou assim, é um mal de família, o meu pai também era assim, teve direito a honras militares e não apareceu. Não gosto de holofotes, gosto de estar sossegado, fazer o que tenho a fazer, que é tratar as pessoas.

"Hoje tenho a medalha em casa guardada num cofre. Pela minha simplicidade, não me sinto condicionado com este rótulo, sinto-me pronto para o que for necessário fazer no futuro, mas obviamente que é uma história para contar aos meus netos. Um dia conto mostrar-lhes mostrar os vídeos e as fotografias da cerimónia."

No salão nobre do hospital, o Presidente da República condecorou um médico, uma diretora da laboratório, um auxiliar e um enfermeiro. Estava a representar os enfermeiros e nessa altura senti uma grande responsabilidade, vejo que aqui dentro as pessoas têm respeito por mim. Sou o segundo profissional mais antigo da casa, tenho outro colega com o mesmo tempo de serviço que eu, mas foi um dos que apanhou Covid-19 e não esteve tão presente.

A cerimónia em si foi muito simples, Marcelo Rebelo de Sousa fez um discurso inicial, depois chamou cada um de nós para entregar a medalha, enquanto as ia entregando, falava particularmente com cada um. No meu caso, perguntou-me como estava a minha família, a minha mulher e agradeceu o nosso trabalho. Hoje tenho a medalha em casa guardada num cofre. Pela minha simplicidade, não me sinto condicionado com este rótulo, sinto-me pronto para o que for necessário fazer no futuro, mas obviamente que é uma história para contar aos meus netos. Um dia conto mostrar-lhes mostrar os vídeos e as fotografias da cerimónia.”

 O apelido espanhol e a enfermagem por influência do pai

“Tenho 61 anos, nasci no Porto, mas tenho família em Viseu e raízes em Ourense, daí o meu apelido espanhol. Sou filho de uma farmacêutica e de um cirurgião pediatra. O meu pai trabalhava no hospital Maria Pia, por influência dele gostava de ter tirado medicina com especialização em cirurgia, mas as minhas notas não chegavam e acabei por escolher enfermagem. Não me arrependo, se hoje fosse médico acho que me especializava em ortopedia, é uma área que gosto muito.

Domingos tem 61 anos e, apesar de já pensar na reforma, confessa gostar da adrenalina e da confusão que vive no serviço de urgência

Octavio Passos/Observador

Tirei o curso na Escola Superior de Enfermagem do Porto, estagiei no Hospital de Santo António e por aqui fiquei, já lá vão 41 anos. Comecei por trabalhar no serviço de reabilitação durante cinco anos, mas depois fui para o serviço de urgência, que era a área que queria desde o início. Em reabilitação era tudo mais calmo e parado, gosto mais da confusão e da adrenalina das urgências.

Além do trabalho que tenho no hospital, colaboro também com alguns lares de idosos e tenho dois filhos, um de 34 e outro com 35 anos, um é engenheiro agrónomo, outro é hospedeiro de bordo e neste momento está desempregado, devido à pandemia. Confesso que já penso na reforma, mas tenho de esperar três anos ou então talvez vá mais cedo. Gosto do que faço, mas também é bom aproveitar a vida.”

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