786kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

FC Bayern Muenchen v Hannover 96 - Bundesliga
i

O antigo guarda-redes, agora com 52 anos, integrou a administração do clube há cerca de um ano

Bongarts/Getty Images

O antigo guarda-redes, agora com 52 anos, integrou a administração do clube há cerca de um ano

Bongarts/Getty Images

Oliver Kahn é o novo CEO do Bayern. Em 2000 Sérgio Conceição marcou-lhe 3 golos e pôs a Alemanha fora do Euro

Em 2000, o antigo guarda-redes foi surpreendido por um hat-trick de Sérgio Conceição e acabou eliminado do Euro. À beira de um novo Alemanha-Portugal, Kahn foi recentemente nomeado CEO do Bayern.

Enviada especial do Observador em Munique, Alemanha

Viajar para a Alemanha depois de ter estado vários dias na Hungria obriga a um certo choque de realidades. Afinal, em Budapeste, já não é obrigatório usar máscara na rua e mesmo a necessidade de utilização de máscara em espaços fechados é sempre muito relativa, com algumas pessoas a cumprirem essa regra e outras a ignorá-la sem serem alertados. Em Munique, tal como em Portugal, continua a ser obrigatório usar máscara na via pública, assim como em todos os espaços fechados e transportes públicos, e a larga maioria da população obedece. Em alguns sítios, adicionalmente, somos até surpreendidos pela extensão das exigências.

Esta quinta-feira, o dia em que a Seleção Nacional deixou Budapeste e viajou para Munique, os termómetros da cidade alemã chegaram aos 31 graus. O calor, o céu azul e a aproximação do início do verão levaram para as ruas milhares de residentes na capital da Bavária, que ocupavam avenidas pedonais, extensas esplanadas e as lojas do centro da cidade. Já perto de Odeonsplatz, um dos principais pontos turísticos de Munique, uma loja oficial do Bayern Munique parece o local ideal para alguns minutos de abrigo do sol e do calor. Em plena rua Neuhauser, somos recebidos alegremente por Lina, atrás do balcão e vestida com um pólo do Bayern, pronta para nos guiar pelo estabelecimento de três pisos que tem não só produtos oficiais como algumas camisolas antigas que valem várias centenas de euros. O nosso plano, porém, é outro: falar com Lina sobre a seleção alemã, sobre o jogo do próximo sábado contra Portugal e ainda sobre Oliver Kahn, recém-nomeado CEO do Bayern Munique e antigo guarda-redes da Alemanha que no Euro 2000 sofreu três golos de Sérgio Conceição. Lina acede. Mas assim que damos três passos para dentro da loja, pede-nos para parar.

SOCCER-C1-FINAL-BAYERN MUNICH-VALENCIA

Kahn conquistou uma Liga dos Campeões pelo Bayern, em 2001, depois de vencer o Valencia na final

AFP via Getty Images

“Que máscara é essa?”, atira, num inglês remendado. “É cirúrgica”, respondemos. “Ah, então não podes entrar aqui. Para estares aqui na loja tens de ter uma máscara destas”, diz Lina, apontando para a máscara FFP2 que está a usar. Explica-nos que podemos comprar uma ali mesmo em frente, numa farmácia do outro lado da rua. Perguntamos se não podemos arranjar outra solução: Lina fica do lado de dentro, até porque a loja está vazia, e nós à porta, sem entrar no espaço. Depois de alguns segundos de indecisão, aceita. De repente, à distância de um voo de pouco mais de uma hora, passámos de um país onde até se entra em todo o lado sem máscara para um país onde é exigida uma máscara específica para entrar numa loja.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Ainda assim, problema resolvido. Lina é de Munique, trabalha na loja oficial do Bayern há dois anos e meio e, “ao contrário de outros colegas”, como nos conta, gosta mesmo de futebol. Nesse sentido, enquanto alemã, não podia ter outra opinião sobre o jogo do próximo sábado: “A Alemanha vai ganhar, claro. Depois de termos perdido com França não podemos arriscar mais, temos mesmo de ganhar a Portugal. E eu acredito que é isso que vai acontecer”, diz-nos. “A Alemanha passou por um período complicado nos últimos anos, no Mundial [da Rússia, em 2018] nem sequer passámos dos grupos. Mas agora estamos a voltar ao que éramos e eu acredito que podemos chegar à final. Temos jogadores para isso, jogadores que no ano passado ganharam a Liga dos Campeões”, acrescenta, referindo-se a elementos como Neuer, Kimmich, Müller, Gnabry e outros, que em agosto de 2020 venceram o PSG e conquistaram a liga milionária no Estádio da Luz, em Lisboa.

18/10/17 UEFA CHAMPIONS LEAGUE GROUP STAGE .BAYERN MUNICH v CELTIC.ALLIANZ ARENA - MUNICH .Bayern Munich Chairman Karl-Heinz Rummenigge (left) and former player Oliuver Kahn.

O antigo guarda-redes vai assumir as funções que eram desempenhadas por Karl-Heinze Rummenigge desde 2002, há 20 anos

SNS Group via Getty Images

Daí, partimos então para Oliver Kahn e perguntamos a Lina se o nome Sérgio Conceição lhe diz alguma coisa. Nada. Perguntamos se sabe quem é o treinador do FC Porto. Também nada — sobre os dragões, só sabe que eliminaram a Juventus nesta edição da Liga dos Campeões. Insistimos e perguntamos se sabe como correu o Euro 2000 à Alemanha. “2000? Tinha seis anos, não faço ideia”. Compreensível. Ora, explicamos que Sérgio Conceição foi o avançado português que, em 2000 e no último jogo da fase de grupos, fez três golos a Oliver Kahn e confirmou o último lugar da Alemanha no Grupo A. “Não fazia ideia”, confessa, conversando depois sobre o antigo guarda-redes. “Kahn é um símbolo da Alemanha mas é também, principalmente, um símbolo do Bayern Munique. Acho que toda a gente gosta dele, era um daqueles jogadores que defendia mesmo a camisola. E agora vai fazer um bom trabalho, tal como Rummenigge também fez”, diz-nos Lina, recordando o guarda-redes que esteve 14 anos no Bayern e ganhou oito Bundesligas, seis Taças da Alemanha, uma Liga dos Campeões, uma Taça UEFA e uma Taça Intercontinental.

Ora, o “bom trabalho” que Lina acredita que Kahn vai fazer está relacionado com a mudança que, há apenas duas semanas, aconteceu na cúpula do Bayern Munique. Aos 52 anos, o antigo guarda-redes assumiu o cargo de CEO do clube, posição que era de Karl-Heinz Rummenigge desde 2002, e é agora o rosto do novo projeto que os bávaros vão iniciar na próxima temporada — e que já começou com a saída de Hansi Flick, que vai ser selecionador alemão, e a chegada de Julian Nagelsmann. A saída de Rummenigge e a entrada de Kahn já tinham sido anunciadas há mais de um ano, altura em que o antigo guarda-redes integrou a administração do clube para iniciar uma transição prolongada, mas era previsto que só acontecessem no final de 2021. Rummenigge, porém, decidiu pedir que a saída fosse antecipada e, assim sendo, Kahn assumiu as novas funções cerca de seis meses antes do expectável.

Soccer - Euro 2000 - Group A - Portugal v Germany

Sérgio Conceição a festejar, Kahn derrotado: uma imagem que se repetiu três vezes em junho de 2000, na última partida da fase de grupos do Europeu

PA Images via Getty Images

“É a altura mais lógica e a estratégica. Estamos a entrar numa nova era com uma nova equipa técnica. A nova temporada deve começar com o Oliver Kahn já enquanto CEO”, justificou Rummenigge, que deixa assim a estrutura do Bayern Munique mais de 30 anos depois, já que também havia sido vice-presidente anteriormente. Quis a história, portanto, que Kahn começasse a escrever um novo capítulo da própria história na altura em que Portugal e Alemanha voltam a defrontar-se num Europeu. Um confronto que, para o guarda-redes, ainda deve fazer recordar o tal jogo de junho de 2000, em Roterdão.

Portugal entrou muito bem no Campeonato da Europa e venceu os dois primeiros jogos, contra Inglaterra e Roménia, garantindo desde logo o apuramento para a fase a eliminar. Do lado da Alemanha, a campeã em título depois de ter vencido o Euro 96, as contas eram mais complicadas: a seleção orientada por Erich Ribbeck empatou com a Roménia e perdeu com Inglaterra e precisava de vencer Portugal e esperar por um empate entre as outras duas equipas para ainda sonhar com a qualificação. Já apurado, Humberto Coelho surpreendeu e lançou os habituais suplentes contra os alemães — do onze que havia defrontado Inglaterra, só sobraram mesmo Jorge Costa e Fernando Couto, com nomes como Vítor Baía, Rui Costa e Luís Figo a começarem todos no banco. Sérgio Conceição, na altura com 26 anos e à beira de deixar a Lazio e assinar pelo Parma, foi um dos que recebeu o voto de confiança para ser titular.

Tudo começou aos 35 minutos. Rui Jorge desmarcou Pedro Pauleta na esquerda e o avançado açoriano cruzou já em esforço para o segundo poste, onde Sérgio Conceição apareceu a cabecear nas costas de um surpreendido Kahn. Tudo piorou aos 54 minutos. Sérgio Conceição conseguiu encontrar espaço à entrada da grande área, depois de fugir do lado direito, e atirou de pé esquerdo para o centro da baliza, com a bola a passar por entre as pernas de Kahn. E tudo ficou sentenciado aos 71 minutos. Pauleta surgiu em progressão no corredor central, numa transição rápida, e abriu em Sérgio Conceição na direita. O jogador português recebeu com um toque para a frente e atirou em seguida de pé direito, rasteiro e na diagonal, para finalizar um hat-trick perfeito. Sem as principais figuras, Portugal derrotava de forma clara de deixava de fora do Europeu uma Alemanha que tinha Matthäus, Ballack, Scholl e Deisler. E Sérgio Conceição, sozinho, era o protagonista de uma das poucas noites de pesadelo da carreira de Oliver Kahn.

Assine o Observador a partir de 0,18€/ dia

Não é só para chegar ao fim deste artigo:

  • Leitura sem limites, em qualquer dispositivo
  • Menos publicidade
  • Desconto na Academia Observador
  • Desconto na revista best-of
  • Newsletter exclusiva
  • Conversas com jornalistas exclusivas
  • Oferta de artigos
  • Participação nos comentários

Apoie agora o jornalismo independente

Ver planos

Oferta limitada

Apoio ao cliente | Já é assinante? Faça logout e inicie sessão na conta com a qual tem uma assinatura

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.

Vivemos tempos interessantes e importantes

Se 1% dos nossos leitores assinasse o Observador, conseguiríamos aumentar ainda mais o nosso investimento no escrutínio dos poderes públicos e na capacidade de explicarmos todas as crises – as nacionais e as internacionais. Hoje como nunca é essencial apoiar o jornalismo independente para estar bem informado. Torne-se assinante a partir de 0,18€/ dia.

Ver planos