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Kevin Durant trocou os Brooklyn Nets pelos Phoenix Suns após a saída de Kyrie Irving para os Dallas Mavericks. Todos ganharam menos a equipa de Doncic...
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Kevin Durant trocou os Brooklyn Nets pelos Phoenix Suns após a saída de Kyrie Irving para os Dallas Mavericks. Todos ganharam menos a equipa de Doncic...

Getty Images

Kevin Durant trocou os Brooklyn Nets pelos Phoenix Suns após a saída de Kyrie Irving para os Dallas Mavericks. Todos ganharam menos a equipa de Doncic...

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Os que subiram por mudar, os que ficaram bons por não mexer e uns que fizeram asneira nas trocas: a Oeste tudo de novo na hora da verdade

Suns apostaram tudo com Durant. Lakers dispensaram o terceiro do Big Three para serem bigs. Celtics, Bucks e Nuggets são favoritos porque não mexeram. Quem perdeu? Mavericks – nem aos playoffs foram.

Ninguém está à espera da Inquisição Espanhola, como se dizia no célebre sketch dos Monty Python, em que do nada surgiam, bom, membros da Inquisição Espanhola. A piada funcionava pela dicotomia entre inesperado/óbvio. Alguém mencionava a Inquisição Espanhola e aparecia a Inquisição Espanhola – o espectador não esperava esta aparição, mas ao mesmo tempo era a piada mais óbvia e nonsense que se podia fazer. Tão óbvia e nonsense que era quase infantil, no sentido lúdico do termo, pelo que nos dava vontade de rir.

A Oeste, tudo de novo (e o mercado ainda mexe): Kyrie Irving em Dallas, Durant para Phoenix e D’Angelo Russell nos Lakers

Há outras coisas inesperadas mas no fundo óbvias e que nos dão vontade de rir: quando os Lakers resolveram juntar Russel Westbrook a Lebron James e Anthony Davis uma boa parte de nós torceu o nariz – a equipa precisava de lançadores (Russ é tudo menos isso), alguém fiável a transportar e a criar espaço no perímetro, enquanto Russ perde bolas e tem uma percentagem de triplos parecida com a minha.

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Entre as lesões de James e Davis e o desconforto de encaixar Russ num Big Three que raramente conseguiu ter os três em campo quanto mais ser big, o basquetebol dos amarelos-púrpura chegou a dar vergonha alheia. Com pouquíssimo espaço de manobra em termos salariais e de jogadores para trocar, os Lakers pareciam condenados. Mas, se a América hoje já não parece ser a terra das oportunidades, Los Angeles continua a produzir magia – e do nada, com uma simples troca, os Lakers mandaram Russ para os Clippers e (é mais complicado que isto mas o resultado foi este) viram Rui Hachimura e D’Angelo Russell juntarem-se à equipa. Do nada, vieram vitórias atrás de vitórias.

D'Angelo Russell voltou aos Lakers mais maduro e conhecedor do seu papel numa equipa que, com LeBron e Davis, voltou a ser equipa

Em Hachimura os Lakers encontraram aquele tipo de role player que todas as equipas precisam – sabe defender, ganha ressaltos, cria espaço, sabe penetrar, enfim, tira um peso enorme das costas de James e Davis. D’Angelo Russell é um penetrador natural e se, por vezes, se excede, agora parece mais maduro e entender o seu papel: ser a terceira estrela mas uma estrela a milhas de James e Davis, controlar o ritmo, criar lançamentos, melhorar o espaçamento. Vitórias e vitórias – a equipa que não sabia defender é, desde as trocas, das que melhor defende; a equipa que dependia exclusivamente de James e Davis tem agora à sua volta elementos que também podem marcar.

LeBron chegou onde não tinha sonhado e é o melhor marcador de todos os tempos. No entanto, só quer ter “uma vida normal”

Os Lakers não foram a tempo de entrar diretamente no playoff mas chegaram lá indiretamente após despacharem os Timberwolves – e agora vão encontrar Ja Morant e os Grizzlies no playoff. À partida seria o pior que lhes podia acontecer: Morant é uma super-estrela em expansão e os Grizzlies têm aquele misto de juventude, arrogância e fisicalidade que os veteranos dos Lakers têm dificuldades em travar. Mas Ja Morant é também um acidente à espera de acontecer e a arrogância dos Grizzlies roça, muitas vezes, a infantilidade e displicência.

Uma forma de aferir o grau de transformação que as trocas tiveram é olhar para as apostas: os Lakers estão em quarto no Oeste, atrás dos Warriors e dos Nuggets – e dos Suns. Sim, os mesmos Suns que há dois anos perderam a final para os Bucks quando parecia que o título já era deles (estavam a vencer 2-0), que no ano passado foram eliminados pelos Mavericks quando eram os favoritos ao campeonato e estavam, sim, isso, exatamente a vencer 2-0.

Kevin Durant é, provavelmente, o melhor lançador puro da NBA; se estiver fisicamente bem apenas precisa de estar rodeado de dois ou três jogadores de qualidade, que saibam criar espaçamento, para pôr-lhe a bola nas mãos. Facilmente converte 30 pontos por jogo (e mais, se estiver bem disposto, tiver apreciado o cheiro do gel de banho ou se tiver feito um bom tweet). É o que os killers fazem: matam o jogo.

Estes Suns arriscaram tudo no último mercado de trocas, mandaram Mikal Bridges e quase todos os jogadores de rotação para os Nets (que têm agora uma ótima equipa e um número de jogadores bons suficiente para trocar alguns por um par de estrelas e tornarem-se candidatos na próxima época) de modo a adquirirem Kevin Durant, que quis sair dos Nets quando Kyrie Irving foi trocado para Dallas.

Arriscar tudo num jogador de 34 anos – em particular quando se perde um jogador do calibre de Bridges – parece insano a longo prazo. Mas desde que KD chegou eles simplesmente não perdem quando KD está em campo. Os Suns tinham carne e resolveram pô-la toda no assador antes que estragasse: Chris Paul está com 37 anos e não é o mesmo jogador de há dois anos; Ayton, o poste, nunca deu o salto que se esperava que desse (apesar de toda a sua técnica nunca se tornou um Tim Duncan), e Devin Booker, sendo um shooter de eleição e o auto-proclamado herdeiro de Kobe, está muito longe de ser o jogador que sonha que é. Mas quando KD entra na equação, tudo muda.

KD é, provavelmente, o melhor lançador puro da NBA; se estiver fisicamente bem apenas precisa de estar rodeado de dois ou três jogadores de qualidade, que saibam criar espaçamento, para pôr-lhe a bola nas mãos. Facilmente converte 30 pontos por jogo (e mais, se estiver bem disposto, tiver apreciado o cheiro do gel de banho ou se tiver feito um bom tweet). É o que os killers fazem: matam o jogo.

Phoenix Suns quiseram promover a Last Dance de Chris Paul (37 anos). Com quem? Um jogador de 34, Kevin Durant, por sinal o melhor lançador da liga...

A trade de KD mudou o cenário da NBA, e neste momento os Suns, nas apostas, oscilam entre os segundo e terceiro lugares, atrás de Bucks e Celtics. As trades, aliás, mudaram a época toda: os Lakers e os Suns, que antes pareciam plácidos lagos ensolarados, assemelham-se agora a um cabo das tormentas inultrapassável. Mas nem toda a gente ganhou com as trocas: os Mavs despacharam a rotação toda para adquirir Kyrie Irving aos Nets – a ideia era tirar algum peso de cima de Doncic, arranjar um segundo lançador e criador. Não se pode dizer que Kyrie tenha jogado mal (continuou a produzir cerca de 20 pontos e quase dez assistências por jogo) mas a defesa simplesmente colapsou porque foi trocada. Os Mavs vieram por aí abaixo e a época para eles acabou.

O caso mais complexo de aferir é o dos Clippers. Melhoraram mas talvez menos pela entrada de Russ que pela gestão cuidada de Kawhi Leonard – depois de anos de lesões, com Paul George a carregar a equipa, Kawhi foi sendo introduzido lentamente, viu os seus minutos em campo aumentarem e agora já joga em noites consecutivas. Num playoff a capacidade física é fundamental e se Kawhi conseguir manter-se saudável e Russ continuar a contribuir os Clippers podem bater toda a gente num dia bom. Um senão: Paul George entretanto está lesionado e todos sabem como a ausência num par de noites nesta fase faz diferença.

O problema dos Clippers é que calharam contra os Suns numa eliminatória que irá ser decidida pela saúde dos protagonistas. Quem passar jogará com o vencedor da contenda entre os Kings (a grande surpresa da época) e Golden State, os atuais campeões, que andaram a época toda a vencer em casa e a serem miseráveis fora. Mas nas últimas semanas GS melhorou: a introdução de Gary Payton II tornou-os mais firmes na defesa, o regresso de Wiggins (após semanas de fora, por motivos familiares) vai fechar aquela tabela defensiva como um cinto de castidade da Idade Média.

Os Celtics andaram mais de meia época a serem dados como futuros vencedores e por boas razões: têm talvez o plantel com mais soluções da NBA. Mas quando não produzem faísca, resignam-se a um basquetebol robótico, com muitos triplos e luta pelas tabelas.

Vai dar Golden State e depois, provavelmente Suns, o que provavelmente (e dependendo da saúde dos atores) dará Suns contra Denver, o que nos leva às equipas que mexeram pouco: quem estava bem não andou com trades para cá e para lá. Os Nuggets, que este ano contaram com todo o plantel saudável, sentem que é o ano deles e por isso não mexeram – ter toda a gente sem lesões foi a grande trade. Mas têm um histórico de colapsar nos playoffs e dependem demasiado de Jokic.

Como os old school atrasaram a mudança geracional na NBA: o título dos Warriors, colocado no seu tempo e espaço

Do outro lado, no Este, Bucks, Celtics e 76ers pouco mexeram: Bucks e 76ers dependem muito da relação entre base e poste, mas os Bucks parecem ter mais opções no banco e são mais físicos, o que nos playoffs faz a diferença. Os Celtics andaram mais de meia época a serem dados como futuros vencedores e por boas razões: têm talvez o plantel com mais soluções da NBA. Mas quando não produzem faísca, resignam-se a um basquetebol robótico, com muitos triplos e luta pelas tabelas.

Mas talvez haja uma surpresa preparada no Este: se os Cavaliers passarem os Knicks (que com a chegada de Branson se tornaram uma equipa duríssima de bater) podem fazer comichão aos favoritos, em particular porque Donovan Mitchell tem estado em regime super-estrela, com vários jogos acima dos 50 pontos. A rotação tem gente suficiente para criar dano, para marcar de três, para jogar em transição – não é excluir que se encontrarem os 76rs descubram a fórmula para travar os bloqueios que Embiid e Harden usam para libertar o primeiro (Embiid já merece uma final da NBA, diga-se).

Bucks e Celtics foram as duas equipas mais consistentes na Conferência Este mas convém não esquecer Philadelphia 76ers e Cleveland Cavaliers

Patrick McDermott

Nunca a NBA teve tanto talento e nunca foi tão disputada por tantas equipas – com tanto talento disponível, quem conseguiu reunir bons jogadores ao redor das suas estrelas posicionou-se bem para os playoffs. Às vezes, como no caso de Golden State, bastou adquirir um defensor de rotação; outras, como nos Lakers, foi preciso tirar um elemento que não encaixava e trazer um par de jogadores de qualidade com características específicas que faltavam.

Racismo, murros, perder de propósito e pontos como nunca: a NBA mais imprevisível e com mais drama de sempre

Ou então faz-se como os Suns: vai-se buscar o melhor atirador da liga em troca por metade da equipa e reza-se para que os quatro melhores jogadores não se lesionem. A festa vai começar e vai ser magnífica.

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