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Pedro Rodrigues critica direção do PSD
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Pedro Rodrigues foi o convidado desta semana do programa Vichyssoise.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Pedro Rodrigues foi o convidado desta semana do programa Vichyssoise.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Pedro Rodrigues. "PSD tem enorme timidez em afirmar diferenças face ao Governo"

Deputado e ex-líder da JSD não gostou de ouvir Rui Rio dizer que PSD não é de direita e aponta-lhe dificuldades em fazer oposição ao Governo. Garante "empenho" no debate interno nas próximas diretas.

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Não são de hoje as demarcações do deputado Pedro Rodrigues do atual líder do seu partido. Rui Rio, diz o antigo líder da JSD, não tem conduzido o partido da melhor maneira e não tem apresentado “uma alternativa clara” ao Governo. No programa Vichyssoise, da rádio Observador, o social-democrata falou da “doença crónica” que tem e sobretudo do futuro do partido onde milita há 25 anos, prometendo empenho da próxima discussão interna que prevê para o início de 2022.

E ainda comenta a intervenção de Rui Rio na Convenção do Movimento Europa e Liberdade, considerando que o líder entrou numa “depuração ideológica” nociva aos objetivos do partido.

A esquerda no MEL e a amargura das direitas

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Houve esta semana a Convenção do MEL, uma espécie de Aula Magna das Direitas. Rui Rio disse que o PSD não é um partido de direita. Concorda com esta afirmação?
Se há matéria que o PSD tem desenvolvido com pouco sucesso nos últimos anos é esta espécie de depuração ideológica do que é o PSD. Sou militante há 25 anos e filiei-me num partido que foi fundado em Portugal com um largo espectro de pontos de vista do que é a sociedade portuguesa e para onde deve caminhar Portugal.

Vai do centro esquerda à direita liberal…
Sim, à direita social de que Marcelo Rebelo de Sousa falava na sua campanha para as presidenciais.

É um erro Rui Rio dizer naquele fórum que o PSD não é um partido de direita?
É um erro o PSD procurar uma certa depuração ideológica, seja naquele fórum ou noutro de outra natureza, porque quando o PSD ou alguns atores políticos do PSD procuram dizer que somos um partido de centro ou de centro esquerda ou de direita ou um partido liberal, o que estamos a procurar fazer, o resultado que alcançamos, é reduzir a capacidade de intervenção do PSD na sociedade portuguesa. E sobretudo estamos a diminuir aquela que é a grande riqueza do PSD. Enquanto que o PS, o PCP, e o CDS nasceram acoplados a uma determinada família internacional, o PSD não.

A questão aqui não é o posicionamento ideológico mas considerar que o PSD não se pode acantonar?
Não se pode acantonar nem negar a si próprio. Quando o PSD procura dizer que é um partido de direita ou de centro esquerda, ou de centro (seja o que isso for), quando o está a fazer está a negar as suas próprias raízes e origem. E é isso que não devemos fazer. Ao fazê-lo estamos a perder a diversidade que caracteriza o PSD e a capacidade que sempre tivemos ao longo da história de fazer um programa reformista que nos permitiu ao longo dos anos captar os setores mais dinâmicos da sociedade portuguesa. E quando nos acantonamos, aquilo que alcançamos é uma redução do nosso espaço político de intervenção.

"É um erro o PSD procurar uma certa depuração ideológica"

Em janeiro falou na “falência da liderança” de Rui Rio, na sequência de crescimento de candidatos apoiados por partidos como o Chega ou a Iniciativa Liberal. No seu entender, Rui Rio devia demitir-se? Ou não se candidatar?
De modo nenhum, Rui Rio tem um mandato mais do que expressivo e legitimidade própria para exercer o seu mandato. O que eu disse em janeiro e reafirmo é que o PSD, ao não se apresentar ao eleitorado com uma ideia clara de qual é a sua alternativa para voltar a liderar uma maioria para Portugal, o que está a fazer é a abrir espaço à sua direita para o surgimento de novas forças.

A liderança está falida e não se substitui?
A massa falida há de discutir com os credores, que são os militantes, nas próximas eleições internas, aquilo que entende do seu destino. A Assembleia Geral de acionistas há de reunir-se em janeiro, ou quando seja, para fazer um balanço.

Mas esta direção deve ficar por aqui?
Isso eu já não sei. Se há característica que não me podem deixar de apontar é a clareza e a minha frontalidade, se me perguntar sobre qual deve ser o posicionamento do PSD, é claro que não vai no sentido da afirmação do que é o posicionamento do PSD hoje. Eu vejo o PSD com uma enorme timidez em afirmar diferenças relativamente a este Governo. Um projeto político de governação socialista que se mostra falido, esse sim absolutamente falido. O país empobrece progressivamente, hoje já somos o vigésimo país da UE em termos de rendimento per capita, Temos o Plano de Recuperação e Resiliência, que é uma oportunidade histórica para Portugal, e mais uma vez mostramos falta de ambição e opções estratégicas claras. O PSD tem evidentemente de apresentar uma alternativa clara.

É um dos deputados do PSD que defendeu um referendo à eutanásia. Esta semana, o Conselho de Jurisdição do partido decidiu não sancionar o líder, mas considerou que o líder violou os estatutos. Que tipo de consequência é que isto devia ter?
É preciso percebermos que o Conselho de Jurisdição Nacional não é um órgão político, portanto pedir-lhe que faça avaliações de natureza política, é a mesma coisa que pedir aos tribunais que façam juízos de oportunidade, A avaliação política da situação é esta: há uma deliberação do congresso que diz, de forma clara, o quê, quando e como. E essa declaração tem evidentemente de ser tomada em consideração pela liderança do partido e pela direção do grupo parlamentar. Obviamente que o processo político é dinâmico, as circunstâncias podem conduzir a que uma deliberação do congresso se torne desajustada, mas isso não foi feito. O que aconteceu foi um certo psicodrama dentro do partido e não é isso que o país precisa do PSD. Vejo a direção do partido muito empenhada em pôr energia no combate dos processos internos, mas muito pouca energia em apresentar uma alternativa política em Portugal e isso é que me preocupa. Aí é que reside a natureza fundamental da minha divergência com o caminho que o PSD está a tomar.

"O PSD tem evidentemente de apresentar uma alternativa clara"

A ideia que passa para o eleitorado e para a comunicação social é que há uma falha de comunicação dentro do PSD. O que está a falhar?
Não vou entrar na análise do processo, mas julgo que o PSD não pode deixar de ter dois propósitos: internamente, unir e agregar, externamente, apresentar alternativas que permitam voltar a dinamizar uma maioria que volte a ter a a confiança dos portugueses. O que eu vejo é muita energia no combate interno e pouca energia no combate ao Governo.

Em 2020 não votou contra a eutanásia, depois de ter ensaiado uma rebelião, e assumiu que teve um problema de alcoolismo? Sente que isso o condicionou de alguma forma? Já conseguiu ultrapassar esse problema?
É um tema com que eu lido com toda a naturalidade, é uma doença crónica que tenho. Felizmente tenho a sorte de a ter conhecido cedo, há mais de 15 anos, tenho a sorte — ao contrário de milhares de portugueses que vivem com essa doença de forma silenciosa e traiçoeira — de ter uma rede familiar e de apoio que me permitiu ter acesso aos cuidados de saúde necessários. Lido com as minhas circunstâncias como um diabético e um hipertenso também lida com naturalidade, e na altura senti necessidade de o tornar público pela circunstância que me pareceu que procuraria estar a estigmatizar uma posição política…

Usaram isso para atacá-lo?
Não vou entrar nessa discussão. Agora, não aceitou que se procure estigmatizar sobre temas pessoais e sérios e sobretudo acho que era altura de, em nome de milhares de portugueses que vivem esta doença com situações até de grande drama, achei que era minha obrigação mostrar que era possível viermos com esta doença de cabeça levantada, defendendo as nossas convicções, com lealdade aos nossos princípios e rejeitar de forma absolutamente clara a estigmatizarão.

Acha que ainda vai conseguir impor um referendo ou travar a eutanásia no país de alguma forma. O Tribunal Constitucional chumbou, mas os argumentos dados pelos juízes são ultrapassáveis e a esquerda está confiante. É ultrapassável?
Julgo que a matéria da eutanásia não tem nada de político, mas de natureza individual e com o pensamento de cada um. Por isso, nessa sequência, defendi de forma muito clara e frontal que o PSD desse cumprimento à tal deliberação do congresso e tomasse a liderança num processo de referendo sobre esta matéria. É bom não ignorar que na altura havia uma iniciativa popular que recolheu mais de cem mil assinatura e a sensação que eu tinha e mantenho é que grande parte dela era cidadãos eleitores do PSD. Por outro ado, não posso defender a reforma do sistema político e a aproximação entre eleitos e eleitores e, ao mesmo tempo, não sentir uma auto-vinculação no meu mandato. Sou eleito para defender as posições políticas do PSD, mas a minha consciência individual não se sobrepõe nem pode sobrepor à consciência individual dos cidadãos. A posição do PSD não podia ter sido outro que não a liberdade de voto, mas também não poderia ser outra que não fosse a liderança do processo de referendo da eutanásia. E espero que o PSD, em bom momento, desenvolva essa defesa.

"Quando o PSD procura dizer que é um partido de direita ou de centro esquerda, ou de centro (seja o que isso for), quando o está a fazer está a negar as suas próprias raízes e origem"

Voltando à convenção do MEL, que acabou por marcar esta semana, a principal figura foi Pedro Passos Coelho, mesmo sem falar. Acredita que Passos Coelho é o salvador que a direita precisa?
Por princípio não acredito nem em salvadores nem em homens providenciais. Acredito no talento de equipas e na capacidade de todos darmos o melhor que temos em prole de um dado objetivo. O partido tem uma enorme dívida de gratidão para com Passos Coelho e o país tem um tremendo reconhecimento com Pedro Passo Coelho. Saiu do PSD e ao contrário de muitos ex- líderes do partido demonstrou um profundíssimo respeito pelo partido, nunca se pronunciando sobre matérias de natureza político-partidária e mantendo uma contenção tremenda na sua expressão pública sobre qualquer questão de natureza política.

Mas o regresso dele é desejável?
Ele anunciou que não está disponível e como ele respeitou o partido não se intrometendo na vida interna do partido, nós também temos de respeitar o seu tempo e as suas decisões e opções.

Quem é que vê no PSD melhor colocado para suceder a Rui Rio?
Não vou entrar nesse totobola de nomes. O PSD tem um vasto conjunto de dirigentes políticos com experiência, capital político, conhecimento social, reconhecimento profissional e académico, que podem, sem nenhuma dúvida, voltar a dar esperança do PSD, unir o partido,
galvanizar os militantes e voltar a liderar uma nova maioria para Portugal. Em momento algum me anteciparei à vontade que algum companheiro de partido decida publicamente manifestar. Quando houver eleições diretas posso garantir que me empenharei seriamente na discussão interna do meu partido, procurarei que o PSD contribua para uma solução agregadora e que volte a afirmar em Portugal um projeto político.

Já teve conversas com algum putativo candidato sobre essa sucessão?
O PSD tem uma característica particular: falamos sempre sobre tudo, mesmo nos momentos menos apropriados. E este momento é apropriado para nos focarmos nas eleições autárquicas, dar apoio aos nosso candidatos e ajudar a que o PSD tenha uma grande vitória eleitoral autárquica.

Consegue apontar o nome de alguns desses quadros bem preparados?
Acha? Não vou fazer esse jogo.

"Chega desejar uma coligação de Governo neste momento é como os jovens na puberdade que ainda não conhecem a noiva e já sabem que vão casar"

Qualquer que seja a pessoa está condenado a negociar com o Chega e a ter que, no futuro e caso tenha votos para isso, partilhar o Governo com o Chega?
Essa é talvez das discussões mais estranhas a que eu assisto na vida política portuguesa. De repente parece que o tema mais importante do centro direita em Portugal é discutir a inevitabilidade de uma coligação com um partido que tem três anos de existência. Que não sabemos ainda muito bem o que defende em matéria essenciais.

Mas que em três anos já tem uma representação eleitoral significativa ou não?
Tem com certeza, a que terá no futuro só os portugueses saberão. Neste momento tem um deputado na Assembleia da República, com uma indefinição programática tremenda, com oscilações dramáticas,

E isso deve fazer o PSD pensar muito antes de avançar para uma eventual coligação?
Com certeza.

O PSD já se entendeu com o Chega nos Açores, com esse mesmo partido que diz que não tem um programa estável…
O que acho é que o Chega desejar uma coligação de Governo neste momento é como os jovens na puberdade que ainda não conhecem a noiva e já sabem que vão casar.

Faz sentido uma cerca sanitária ao Chega?
Se estivermos a falar de um acordo do Governo no futuro, que passe por assentarmos uma estratégia de governação face à reforma fiscal, à reforma da justiça, com respeito pelos valores do Estado de Direito, a reforma do sistema político, com respeito pelo nosso sistema político constitucional, sim. Se tivermos a falar de um acordo de Governo que passe por pôr em causa o nosso sistema político e desmantelar o nosso Estado de Direito e Estado Social com certeza que não. O PSD tem 47 anos de história, era o que faltava que pusesse em causa valores essenciais por causa do Chega.

Vamos agora à parte dos desafios, o Carne ou Peixe. Tem de escolher umas das opções das seguintes perguntas: 
Contra quem gostava de jogar uma partida de paddel Miguel Pinto Luz ou Rui Rio?
Deve ser muito divertido com o Miguel Pinto Luz.

Quem preferia convidar para comer sushi Francisco Rodrigues dos Santos ou André Ventura?
Sem dúvida Francisco Rodrigues dos Santos.

Preferia ser ministro de um governo liderado por Carlos Moedas ou Paulo Rangel?
Servir o Governo português num Governo liderado por um militante do PSD será sempre uma honra distintísisma.

Quem convidaria para fazer um prefácio de um livro seu: Cavaco Silva ou Marcelo Rebelo de Sousa?
Esta é muito difícil. Por ser o Presidente da República em funções, Marcelo rebelo de Sousa, não desconsiderando o professor Cavaco Silva por quem também tenho uma grande admiração.

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