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ALEXEY DRUZHININ/AFP/Getty Images

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"Primeiro, Putin riscou os oligarcas. Depois, tornou-se no maior deles todos"

O investidor Bill Browder foi expulso da Rússia depois de cruzar o caminho dos oligarcas e de Putin. Hoje, é uma voz crítica do regime. Diz que os Panama Papers são "apenas a ponta do icebergue".

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Há poucos investidores de topo do mundo que podem dizer que são netos de um antigo líder de um partido comunista. Em 1926, Earl Browder era um reputado sindicalista de Wichita, no estado norte-americano do Kansas, quando foi convidado para visitar a União Soviética, então uma nação jovem. Apaixonou-se por uma advogada russa, com a qual rapidamente se casou. Tiveram um filho, que nasceu em Moscovo em 1927. Naqueles anos, Estaline consolidava o seu poder e Trotsky estava quase a fugir do país. Em 1932, Earl Browder deslocou-se com a família para os EUA. Foi lá que fundou o Partido Comunista dos Estados Unidos, com o qual concorreu à Casa Branca em 1936 e 1940, sem sorte.

E, depois, há o seu oposto — que curiosamente era o seu neto. 70 anos depois de o avô assentar malas em Moscovo, Bill Browder fez o mesmo, mas para dar início àquela que viria a ser, pouco depois, o Hermitage Capital Management, que em tempos chegou a ser o maior fundo de investimento estrangeiro na Rússia. Estávamos em 1996, Boris Ieltsin preparava-se para ser reeleito depois de dar início àquela que foi, possivelmente, a maior onda de privatizações da História. Foi neste campo, e sobretudo na compra de ações subvalorizadas de empresas já privatizadas, que Bill Browder fez fortuna.

É, portanto, de opostos que falamos. Se, por um lado, o avô Earl Browder não teve sucesso em transformar a maior democracia capitalista do planeta num país comunista, o neto Bill Browder vingou com a chegada do capitalismo àquela que fora a maior potência marxista-leninista de sempre.

Bill Browder e o seu fundo de investimento subiram a pulso, mas também a custo. Em 1997, surgiu o primeiro grande obstáculo pelo caminho, quando o oligarca russo Vladimir Potanin, detentor de 96% da Sidanco, quis emitir mais ações daquela petrolífera. O resultado prático seria que os investidores minoritários (dos quais fazia parte o fundo Hermitage Capital Management, com 2,4%) veriam as suas ações diluídas sem receber nada troca. Bill Browder desenhou um plano de combate à jogada de Potanin — e, por precaução, começou a ser acompanhado por uma equipa de seguranças. No final, o regulador barrou a ação do oligarca russo. “Eu vencera. Este zé-ninguém de South Side Chicago tinha derrotado um oligarca russo no seu próprio campo”, escreveu Bill Browder, entre as muitas histórias do seu livro “Alerta Vermelho — Corrupção, Crime e Violência no Século XXI” (Vogais).

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Bill Browder fundou o Hermitage Capital Management em 1996, quando se mudou para Moscovo

LEON NEAL/AFP/Getty Images

Poucos anos depois, em 1999, surgia Vladimir Putin, uma personagem pouco conhecida do panorama político da Rússia, que se preparava para transformar ainda mais o país. Bill Browder apoiou-o publicamente. “Eu nunca conheci ou falei com Vladimir Putin, mas era um apoiante dele, isso era público”, disse numa entrevista por telefone ao Observador. “Apoiante” pode parecer um eufemismo, tendo em conta que a Associated Press o chamou de “o maior chefe de claque da Rússia”, o Wall Street Journal referiu-se a ele como “um dos mais vocais apoiantes do Presidente Putin entre os investidores internacionais” e a Economist, curta e direta, apelidou-o de “Putinista”. Quando Mikhail Khodorkovsky — à altura, o homem mais rico da Rússia e financiador de partidos da oposição a Putin– foi preso por fraude e viu a sua propriedade ser-lhe expropriada em 2003, Bill Browder continuou do lado de Putin, apesar das críticas internacionais à forma como o processo decorreu.

“Isto foi quando ele entrou no poder”, contextualiza Bill Browder. “Eu estava atrás dos oligarcas que estavam a roubar as empresas e Putin estava a fazer exatamente o mesmo. Estávamos os dois do mesmo lado, portanto o meu apoio público fazia sentido.”

O tabuleiro virou-se contra Bill Browder, quando o seu fundo de investimento se deparou com ações subvalorizadas da Gazprom, a gigantesca energética russa que, à altura, valeria apenas 12 mil milhões de dólares, um preço “inferior ao de uma empresa americana mediana do mesmo setor”, escreveu no seu livro. “Por que razão era tão barata? A resposta é simples: porque a maior parte dos investidores acreditava que 99,7 por cento dos ativos da empresa tinham sido roubados.”

"Eu estava atrás dos oligarcas que estavam a roubar as empresas e Putin estava a fazer exatamente o mesmo. Estávamos os dois do mesmo lado, portanto o meu apoio público fazia sentido."
Bill Browder sobre o seu apoio inicial a Vladimir Putin

Aquilo que começou por ser uma oportunidade de negócio para o seu fundo de investimento — algo que Bill Browder concretizou, comprando ações da Gazprom — acabou por transformar-se numa investigação à cultura de corrupção dentro daquela empresa de proporções gigantescas. Depois de passar elementos da sua pesquisa à imprensa, que fez questão de cavalgar a polémica, o CEO da Gazprom foi despedido.

Podiam ser bons sinais para Bill Browder — e começaram por sê-lo, com o Hermitage Capital Management a subir 1200% acima de quando atingira o fosso, em 1998, em plena crise económica na Rússia. Mas, sem que nada o fizesse prever, quando regressava de Londres após uma visita quinzenal à sua família, Bill Browder foi impedido de entrar na Rússia. Foi no dia 13 de novembro de 2005 que foi impedido de avançar no Aeroporto Sheremetyevo, em Moscovo. Passou lá a noite e, no dia seguinte, foi recambiado para o Reino Unido. Mais tarde, ficou a saber que foi considerado uma “ameaça para a segurança nacional”.

A morte de Sergei Magnitsky

Bill Browder não antecipara nada disto. “Infelizmente, eu não estava suficientemente atento para reparar que eu e Putin tínhamos entrado em rota de colisão”, escreveu no seu livro. “Mesmo após a detenção e condenação de Khodorkovsky, não alterei um milímetro a minha conduta. Continuei a fazer exatamente o mesmo de sempre: denunciar e expor oligarcas russos. No entanto, agora havia uma diferença: em vez de andar atrás dos inimigos de Putin, passara a andar atrás dos interesses económicos de Putin.”

A realidade caiu-lhe em cima como uma bomba. “Como é que fui tão estúpido? Por que carga de água passaria pela cabeça de um tipo normal do sul de Chicago que seria capaz de derrubar oligarca russo atrás de oligarca russo… e safar-se?”, perguntou a si próprio na altura.

Hoje em dia, tudo o que se passou é muito claro na cabeça de Bill Browder. “Primeiro, Putin riscou os oligarcas. Depois, tornou-se no maior deles todos”, diz ao Observador.

“Como é que fui tão estúpido? Por que carga de água passaria pela cabeça de um tipo normal do sul de Chicago que seria capaz de derrubar oligarca russo atrás de oligarca russo… e de se safar?”
Bill Browder

A partir de então, Browder passou a controlar o seu negócio à distância, gerindo a partir de Londres uma equipa em Moscovo. O objetivo era conseguir salvaguardar os investimentos e os clientes do Hermitage Capital Management — algo que não era de somenos, tendo em conta que o julgamento de Khodorkovsky de 2003 demonstrou que as expropriações seriam usadas se necessário. Não tardou a haver rusgas ao escritório, em Moscovo, nas quais Bill Browder alega terem sido roubados documentos que terão permitido um reembolso fiscal de 230 milhões de dólares para benefício de oligarcas, altos funcionários do ministro da Administração Interna, membros da máfia, polícias, funcionários do fisco e também da justiça.

O esquema foi denunciado por Sergei Magnitski, um advogado ucraniano que pertencia à equipa de Bill Browder. A resposta da justiça russa foi contrária ao que se podia esperar: Sergei Magnitski foi acusado de ser o cabecilha do esquema e o fundo teria de pagar esses 230 milhões de dólares. “Nada disto tinha fundamento”, recorda Browder ao Observador. “Mas a vontade de levarem isto para a frente era enorme. O meu advogado expôs o caso e, em vez das autoridades irem atrás dos criminosos, foi ele que foi preso, torturado e forçado a assinar uma declaração de culpa.”

Sergei Magnitsky foi julgado postumamente. O julgamento decorreu com a divisão enjaulada destinada aos arguidos vazia.

AFP/Getty Images

Sob custódia desde novembro de 2008, Sergei Magnitski manteve sempre a sua versão. A 16 de novembro de 2009, morreu vítima de uma pancreatite, depois de lhe ter sido recusado tratamento médico. O seu corpo apresentava sinais de ter sido espancado pouco antes de morrer.

Em 2009, Sergei Magnitsky foi julgado postumamente e declarado culpado de fraude fiscal. Bill Browder, que foi julgado à revelia, foi condenado a nove anos de prisão.

“É o bê-á-bá da corrupção”

Desde que foi impedido de passar pelo Aeroporto Sheremetyevo, em Moscovo, Bill Browder nunca mais voltou à Rússia. Ainda assim, acompanha a situação do país regularmente, uma vez que se tornou num das vozes mais críticas de Putin e do seu regime na arena internacional. Em 2012, conseguiu que os EUA aprovassem um conjunto de sanções contra altos representantes russos, num projeto que ficou conhecido como o Magnitsky Act. “Tendo em conta que a elite da Rússia gostava de passar férias na América e de pôr os seus filhos a estudar em escolas americanas, a lei foi uma bofetada na cara para o Kremlin”, escreveu a jornalista Anna Arutunyan no livro “A Mística de Putin” (Quetzal).

"O que é interessante na Rússia é que eles roubam dinheiro, mas depois não se limitam a transferi-lo para as suas contas. Não é assim tão simples. Eles deitam um rasto de papelada para poderem legitimar tudo. Os russos são muito legalistas, é preciso haver um papel para tudo, mesmo que o que lá venha escrito não seja plausível"
Bill Browder

Por isso, foi sem surpresa que ficou a par das informações tornadas públicas pelos Panama Papers, onde foi demonstrada uma rede de milhares de milhões de euros que gravitava em torno do Presidente russo e que estava acomodada em complexos esquemas com contas offshore. Os supostos testas-de-ferro, identificados nos documentos da Mossack Fonseca, seriam os irmãos e homens de negócios Arkady e Boris Rotenberg, e o violoncelista Sergei Roldugyn. Os três são amigos de longa data de Vladimir Putin.

“O esquema está longe de ser sofisticado. É o bê-á-bá da corrupção, são coisas básicas. É complicado deslindar tudo, mas isso é porque eles se esforçam por complicar tudo”, diz Bill Browder ao telefone. “O que é interessante, na Rússia, é que eles roubam dinheiro, mas depois não se limitam a transferi-lo para as suas contas. Não é assim tão simples. Eles deitam um rasto de papelada para poderem legitimar tudo. Os russos são muito legalistas, é preciso haver um papel para tudo, mesmo que o que lá venha escrito não seja plausível”, explica, recorrendo aos tempos de Estaline para encontrar um paralelo. “No regime de Estaline, eles não executavam as pessoas do pé para a mão. Primeiro, encenavam investigações em torno das pessoas, torturavam-nas a modo de confessarem tudo e depois assinavam um papel. E a partir daí fazia-se um julgamento de fachada, mas que mesmo assim era levado a sério. Só depois é que acontecia a execução.”

Para Bill Browder, o esquema no qual o Presidente russo está implicado não seria possível sem o elemento offshore. “Os offshore são muito mais do que a cola que une este sistema, são o motor que mete a máquina a funcionar”, diz. “Este é o modus operandi de Putin. Ter um cargo político na Rússia serve apenas para roubar dinheiro. É este o propósito e é essa a prática.”

“Os offshore são muito mais do que a cola que une este sistema, é o motor que mete a máquina a funcionar.”
Bill Browder

Sem querer avançar detalhes, o homem de negócios nascido nos EUA, que se naturalizou britânico em 1998, garante que a investigação em torno do Presidente russo “ainda só está na superfície” e que “em breve vai haver novas revelações”. “Tenho a certeza do que estou a falar”, assegura. Até porque, garante, “isto é apenas a ponta do icebergue”. “Não nos podemos esquecer de que esta fuga de documentos aponta apenas para uma firma de advogados. Só uma. E há pelo menos outras 99 que fazem exatamente o mesmo e que têm negócios com Putin e com o seu regime. Isto ainda não acabou.”

Mas pode começar a acabar, aponta. “Estou certo de que nos aproximamos para um sistema em que cada empresa offshore terá de passar a divulgar a lista dos seus beneficiários e que cada país terá de exigir essas informações caso entre dinheiro não identificado dentro das suas fronteiras”, diz. “Esta terá mesmo de ser a rota a seguir daqui para a frente, porque acho que o que os Panama Papers conseguiram fazer foi criar uma revolta pública contra o anonimato das empresas de offshore.”

“Tudo isto pode atingir Putin”, garante. “Ele não consegue mandar no que está fora do seu país. No interior, faz o que quer. Julga, prende, manda matar. Mas no exterior, ele não pode controlar nada.”

A diferença entre a Rússia e a Islândia

Se, por um lado, o caso de Vladimir Putin fez manchetes em todo o mundo ocidental — o esquema em torno do Presidente russo foi a primeira grande revelação da investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ, na sigla em inglês) — na Rússia o assunto parece ter sido ignorado. Não houve manifestações nas ruas e os media deram pouca atenção ao tema. Uma das poucas reações, e uma boa demonstração do subvalorizado sentido de humor russo, foi eliminada em poucas horas. Tratava-se de um cartaz que foi colocado numa paragem de autocarro em Moscovo. Nele, Putin aparecia com um chapéu estilo panamá na cabeça. A legenda dizia: “Qual panamá?”.

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“Qual panamá?”

“A ausência de protestos só demonstra que a Rússia simplesmente já não tem uma sociedade civil”, opina Bill Browder. “A imprensa não é livre o suficiente para escrever sobre o tema, as pessoas têm medo de sair à rua e não há um equilíbrio saudável entre os poderes”, diz, sem conseguir evitar entrar em comparações com outros dois países onde a reação às revelações dos Panama Papers tem sido mais negativa: a Islândia e o Reino Unido. “A diferença fundamental entre esses países e a Rússia é que, com crimes muito menores do que aqueles que estamos a ver na Rússia, as pessoas e a imprensa falam abertamente do assunto. E o resultado é que o Governo na Islândia pode cair a qualquer momento e Cameron também enfrenta um momento muito mau. Isto é a diferença entre uma democracia e uma ditadura.”

O britânico chega a rir-se do à-vontade de Putin, que disse numa conferência de imprensa descontraída que o seu amigo Roldugyn tem usado a sua fortuna para comprar instrumentos musicais no estrangeiro, que doava na Rússia: “Não há instrumentos musicais que cheguem neste mundo e noutro para que seja virtualmente possível gastar aqueles milhares de milhões de dólares todos em violoncelos e outros”. A par desta afirmação, houve outro facto naquela conferência de imprensa que foi destacado pelos media russos: quando Putin serviu de intérprete para um jornalista alemão, fazendo uso do seu domínio da língua germânica, que remete aos tempos em que trabalhava para o KGB em Dresden, então na Alemanha de Leste. De resto, a história ficou por aí. Putin saiu da sala a sorrir.

Assim, Bill Browder junta-se àqueles que acreditam que nada disto trará consequências políticas para Vladimir Putin. “Esse dia só virá quando a sua gente, os oligarcas, quiserem fazer um golpe de Estado contra ele”, garante.

"O Governo na Islândia pode cair a qualquer momento e Cameron também enfrente um momento muito mau. Isto é a diferença entre uma democracia e uma ditadura."
Bill Browder, sobre as consequências políticas dos Panama Papers

Mas, depois, começa a relativizar. “Se as pessoas ficarem a saber a verdade, não vão querê-lo como Presidente. E a única resposta que o regime tem para essas pessoas é assustá-las ao ponto de ficarem submissas. Mas estamos a falar de duas coisas muito difíceis de controlar: o medo e a raiva das pessoas”, diz. “É difícil perceber qual dos dois pode prevalecer, porque esses dois fatores são muito imprevisíveis.”

E quando algo é imprevisível, é imprevisível para os dois lados: “Olhemos para a Tunísia, por exemplo. Foi lá que bastou um vendedor de rua perder a cabeça para um regime de 23 anos começar a cair”.

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