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ANDRÉ DIAS NOBRE / OBSERVADOR

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PSD. Rio desafia Centeno para luta de Sarmentos (e elogia Merkel)

Campanha arrancou no hospital e seguiu para encontro com (poucos) empresários. Rio não promete revoluções, promete reformas; desafia Centeno para duelo de Sarmentos e ainda faz elogio rasgado a Merkel

Artigo em atualização ao longo do dia de campanha

Depois da luta de Centenos, transmitida em direto no debate Costa-Rio desta segunda-feira, onde Rui Rio disse que o seu Centeno era melhor do que o de Costa, e Costa disse que preferia quatro anos do seu Centeno do que seis meses do Centeno de Rio, agora, Rui Rio quer uma luta de Sarmentos. Confuso? No fundo, é a mesma coisa, só muda o nome. Joaquim Sarmento é o porta-voz do PSD para a área das Finanças, e Rui Rio não se cansa de dizer que será ele o seu ministro das Finanças se o PSD for governo. O problema foi que, no debate com António Costa, Rui Rio esqueceu-se de referir o seu nome, tratando-o apenas por “o meu Centeno”.

Numa tentativa de emendar a mão, e para que o nome ‘Sarmento’ fique no ouvido, o líder do PSD aproveitou um almoço com empresários, esta terça-feira, em Setúbal, para atar algumas pontas que ficaram soltas no rescaldo da maratona de debates entre os líderes partidários e para lançar um desafio concreto a Mário Centeno: um debate com Sarmento só sobre finanças públicas e economia.

“Houve nos debates de ontem uma troca de números que eu julgo que ninguém no país entendeu bem, e até suspeito de que foi mesmo essa a intenção de António Costa, mas felizmente houve uma rádio (a Antena1) que sugeriu um debate entre Joaquim Sarmento e Mário Centeno para falarem só sobre economia. Joaquim Sarmento já disse que sim, portanto se António Costa tem tanta segurança nos números que jogou para cima da mesa, de certeza que o seu Sarmento também aceitará fazer esse debate“, disse, em jeito de provocação. Para Rio, a campanha eleitoral exige uma parte “lúdica”, mas também deve ser “elevada”, e esse tipo de debate mais técnico podia ser útil para a dita elevação.

ANDRÉ DIAS NOBRE/OBSERVADOR

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É que Rui Rio não tem dúvidas quanto aos seus números (ou aos números do seu Sarmento): “Se a carga fiscal aumentar todos os anos queremos chegar aonde? Temos de ter coragem e dizer ‘parou’. Baixar a despesa do Estado em termos nominais, tout court, é impossível. Agora, a despesa pode crescer e deve crescer a uma taxa inferior ao crescimento do produto. Vamos aumentado a despesa do Estado mais e mais e mais… Até quando? Já basta de Estado nas nossas vidas”, disse, defendendo um modelo de crescimento económico voltado para as exportações e para o investimento.

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Lançado o desafio para o debate, e depois de cruzados os talheres, Rui Rio respondeu a perguntas de empresários presentes na sala do hotel em Setúbal. Na verdade, excluindo as mesas de jornalistas e staff, não eram mais do que seis mesas, cada uma com cerca de oito a dez pessoas, a participar no almoço. Bruno Vitorino, líder da distrital de Setúbal e crítico de Rio, estava presente no almoço, e arriscou dizer ao Observador que entre dirigentes, militantes e empresários, haveria na plateia cerca de “10 ou 12″ empresários não-militantes. Um deles pegou no microfone e, identificando-se precisamente com não-militante, elogiou Rio e criticou a forma como por vezes é tratado pela comunicação social. “Tem feito uma boa campanha, e acho que milhares de empresários devem rever-se no que diz e na visão que tem para o futuro do país”, disse o empresário de quem, na hora de responder, Rui Rio não se lembrava do nome, mas lembrava-se da idade: era apenas um ano mais novo do que ele.

Na resposta aos três empresários, que lhe tinham pedido para dizer o que pensava fazer para conciliar o crescimento do turismo com as preocupações ambientais, Rui Rio citou a chanceler alemã Angela Merkel e dedicou-lhe rasgados elogios. “Esta manhã publiquei um tweet com um excerto de um discurso de Angela Merkel nas Nações Unidas, que 99% dos portugueses não perceberam, mas que eu traduzi em partes. É uma intervenção extraordinária de Angela Merkel, que exige muita coragem”, começou por dizer, referindo-se ao discurso de Merkel na cimeira sobre o clima que decorreu em Nova Iorque onde a chanceler alemã disse que “a Alemanha tem 1% da população mundial e tem 2% das emissões de carbono: se todos fizessem como a Alemanha, sabíamos qual era o futuro da humanidade”. “É preciso muita coragem para dizer isto, sabendo que a Alemanha é um dos países mais industrializados do mundo”, disse Rio, aplaudindo a chanceler.

Para o líder do PSD, Merkel é, por isso, um exemplo na forma de atuar em política: “Temos de ter coragem de ser fortes com os fortes”, disse, repetindo o lema que já tinha anunciado no debate de segunda-feira à noite com os restantes candidatos.

Apesar de a plateia do almoço não ter sido vasta em quantidade de empresários, pelo menos em bons presságios não deixou a desejar: “Tenho a certeza de que [Rui Rio] vai surpreender muita gente, estou muito otimista”, disse, no fim, o tal empresário que partilha a idade com Rui Rio, lamentando que o líder do PSD saia prejudicado em termos de comunicação de mensagem política. Um problema do qual Rui Rio admitiu sofrer, mas que deverá ser minimizado neste período oficial de campanha onde, acredita, a mensagem política passará de forma mais direta e sem tanta “deturpação”.

“Já tenho a carapaça grande, às vezes o que digo às 11h aparece deturpado ao meio-dia, ao almoço já estão a comentar a deturpação, e à tarde já parece que o que eu disse foi exatamente o contrário”, queixou-se Rio, habitualmente crítico dos jornalistas.

Objetivo: conquistar indecisos (e não os que já votam no PSD de qualquer maneira)

Debaixo de uma chuva miúda, Rui Rio saiu do Hospital Garcia de Orta, em Almada, 50 minutos depois de ter começado a visita às instalações. Não foi ali por ter especial interesse naquele hospital, mas sobretudo porque queria falar de saúde neste que é o arranque oficial da campanha do PSD — que, terminados os debates em Lisboa, parte hoje em definitivo para a estrada e só pára na véspera das eleições. Com uma comitiva de campanha bastante numerosa, o líder do PSD não tenciona perder nem um minuto a falar de guerrilhas internas, e está apostado em passar as duas semanas que se seguem a falar para os indecisos.

ANDRÉ DIAS NOBRE/OBSERVADOR

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“Vamos manter o contacto com a população, mas vamos ter menos ações de campanha daquelas que juntam pessoas que já votam no partido de qualquer maneira”, disse Rui Rio aos jornalistas no final da visita ao hospital, quando foi questionado sobre as prometidas mudanças no modelo de campanha eleitoral. A questão é essa: Rui Rio não quer falar para os militantes do PSD, que habitualmente são convocados pelas estruturas de cada distrito para irem fazer número na receção ao líder, prefere os eleitores indecisos que ainda não sabem se hão de votar, ou não, no PSD.

“Nesse sentido, aquilo que é a minha postura, e a nossa postura, é tentar convencer as pessoas de que vale a pena votar no PSD e não ficar em casa, em nome de um futuro diferente para Portugal”, disse, ressalvando contudo que o que promete “não é um futuro muito diferente”, não é “um processo revolucionário”, mas sim um processo “reformista”. “Não estamos aqui a falar de um processo revolucionário, mas estamos a falar de um processo reformista, e há muitos aspetos da nossa sociedade que necessitam de reformas profundas para que as pessoas possam viver melhor, a começar pela saúde”, afirmou.

Daí que Rio vá deixar de lado os habituais jantares-comício, cheios de militantes a acenar com bandeiras cor de laranja. Por isso, ou porque, e já que falamos de saúde, esse jantares fazem mal ao colesterol. “Vamos cuidar da saúde de todos, incluindo dos senhores jornalistas, e por isso aqueles longos jantares que fazem mal ao colesterol vão ser largamente eliminados”, disse. Por isso, ou por outro motivo qualquer. A verdade é que há no PSD quem encontre outra explicação para a redução do número de eventos que mobilizem militantes: depois da guerra interna contra Rio, que levou ao impeachement de Luís Montenegro em janeiro, e que continuou na controversa elaboração das listas de candidatos a deputados, várias foram as estruturas distritais que ficaram descontentes com a direção nacional e que, por isso, não estarão tão dispostas a mobilizar militantes para apoiar o líder.

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Sobre isso, contudo, Rui Rio não quer falar. Um jornalista ainda o questionou sobre a anunciada presença do ex-líder do PSD e comentador Luís Marques Mendes no distrito de Leiria, esta terça-feira, num evento de campanha ao lado da cabeça de lista Margarida Balseiro Lopes, mas Rui Rio chutou para canto. “A última coisa que vou fazer agora é comentar questões do foro interno do PSD”, disse apenas.

O tema era saúde, e sobre saúde, Rui Rio garante que o país está pior do que estava há quatro anos. É nisso que os eleitores têm de pensar na hora de votar. “Há muita coisa negativa nestes quatro anos de governação do PS, mas a degradação do Serviço Nacional de Saúde é particularmente preocupante”, começou por dizer, admitindo que não dá para resolver tudo, mas o diagnóstico é “muito mau”, com falta de médicos, listas de espera a aumentar nas consultas e cirurgias, e dívidas a fornecedores cada vez maiores. Há que começar por algum lado. Lá está, Rui Rio não promete “revoluções”, não vai mudar tudo de cima a baixo, mas promete “reformas”, isso pelo menos.

A ideia é fazer uma campanha “esclarecedora”, menos centrada nos ataques aos adversários e mais centrada na explicação das propostas concretas. Mas Rui Rio não resistiu a deixar uma suspeita, à porta do Hospital Garcia de Orta: que o verdadeiro diagnóstico do estado do Serviço Nacional de Saúde está a ser escondido. “Hoje saiu o relatório social, mas é curioso que ainda não saiu o relatório e contas do SNS relativo a 2018. Suspeito que ele não vai sair antes de 6 de outubro e suspeito que os números estão ainda pior do que podemos imaginar”, sugeriu Rio.

É nisso que Rio quer que os eleitores indecisos pensem: que, comparando os últimos quatro anos com os anteriores, vejam que a governação socialista fez com que os serviços ficassem piores. “No dia 6 de outubro não vamos julgar o que aconteceu desde 1974, o PS herdou seguramente problemas [do governo PSD/CDS], mas temos de ver se o país está pior hoje ou melhor do que há quatro anos, e está pior”, acrescentou. Questionado sobre a sua prioridade para o setor da saúde, o líder do partido elegeu a melhoria da gestão hospitalar. “Os investimentos estão parados porque não há autonomia de gestão”, disse, lembrando que qualquer despesa em saúde tem de passar pelo Ministério da Saúde, que tem de pedir autorização ao Ministério das Finanças. “Há regras elementares de gestão que podemos melhorar”, disse.

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