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Seguimos o conselho de Costa: andámos de transportes públicos. Mas não nos demos bem

Nos grandes centros urbanos alguns percursos podem ser um pesadelo. Tempos de espera, transbordos e desinformação complicam o que devia ser fácil. Seguimos o conselho de Costa e contamos como foi.

Oito da manhã. A pastelaria que escolhemos para tomar o primeiro café do dia ainda está meio vazia de gente e nem mesmo as prateleiras de bolos estão completamente compostas. Melhor assim, que não íamos ter tempo para provar como deve ser as bolas de Berlim com bom aspecto ou os pastéis de nata com ar de quem acabou de sair do forno. Cafeína no corpo, chapéu de chuva na mão, uns breves passos e estamos onde queremos: na paragem de autocarro da Praça São Francisco de Assis — que é como quem diz a grande rotunda de Telheiras.

Vamos fazer um exercício e seguir o conselho do primeiro-ministro. Deixar o carro parado para poupar nos combustíveis e nas emissões de poluentes e usar os transportes públicos. Será que fora dos limites de Lisboa e Porto o conselho é fácil de seguir? O objetivo de hoje é ir de Telheiras, em Lisboa, ao Tagus Park, em Oeiras, e de Fânzeres, em Gondomar, à Avenida dos Aliados, no centro do Porto. Só de transportes públicos, em plena hora de ponta.

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Esta é a escultura “Cidade Imaginária”, em Telheiras

A paragem do autocarro 703 da Carris fica mesmo em frente à rotunda da Praça São Francisco de Assis, com vista privilegiada para uma estrutura metálica vermelha que, diz a internet, é a escultura “Cidade Imaginária” de João Charters de Almeida. A vista de pouco serve, porque não há tempo para apreciar condignamente a obra de arte. Três minutos depois das oito, o 703 aparece. Foi o site Transporlis, um simulador de percursos, que aconselhou esta carreira.

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O que o site não disse foi que não era preciso trocar de autocarro no Largo da Luz, a muito pouca distância do nosso ponto de partida. O 703 passa na estação de comboios de Benfica, mas o simulador aconselhou a mudar para o 767 em frente ao Colégio Militar. A mudança era escusada e custou mais 1,80 euros do que o necessário. Contas feitas, a viagem de cinco minutos até ao Largo da Luz e dali até à estação da Damaia ficou em 3,60 euros – comprando os bilhetes a bordo. O prejuízo, contudo, acabou por compensar. Abrigada da chuva na paragem, mas ainda assim armada com um chapéu verde, uma mulher sorri condescendente quando percebe que queremos ir para o Tagus Park. “Quando me reformei há 18 anos era para lá que nos queriam mandar. Mas eu disse que já não ia.”

Telheiras é um daqueles bairros de Lisboa que é frequentemente apelidado por quem lá mora como o melhor da cidade. Pertence atualmente à freguesia de Carnide, com quase 25 mil habitantes. Dali até ao Tagus Park (o primeiro parque tecnológico que abriu no país) são mais ou menos vinte quilómetros de distância. Às 08h00, uma viagem de carro pode demorar uma meia-hora, mas de transportes públicos a situação complica-se. A mulher com quem falamos (e que nem sequer temos tempo para saber o nome) sabia disso. “Nunca lá fui. A filha de uma vizinha minha, que trabalhou lá mas depois fartou-se e veio-se embora, apanhava um autocarro para Sete Rios e depois o comboio de lá.”

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É mais ou menos o que vamos fazer. Às 08h22, depois de 14 minutos à espera, lá vem o 767. Ao contrário do 703, que estava bastante cheio, sobretudo de alunos do secundário, este autocarro está praticamente vazio. Do Largo da Luz, o veículo desce até perto do centro comercial Colombo (onde se esvazia ainda mais) e dali segue, Benfica adentro, até às Portas com o mesmo nome. Dá-se aí um episódio curioso. Uma idosa entra no autocarro e passa vários cartões 7 Colinas e Viva Viagem pelo leitor magnético. Nenhum tem viagens ou dinheiro carregado. Ela não faz caso. “Olhe que esse cartão não dá”, diz o motorista. “Está bem, eu saio ali na Estrada de Benfica e vou carregar.”

A etapa seguinte da viagem conta-se em poucas linhas. O 767 chegou à estação da Damaia às 08h44 e o comboio com destino a Sintra apareceu às 08h47. Por um percurso com seis paragens paga-se 1,55 euros de viagem e mais 50 cêntimos pelo cartão recarregável Viva Viagem. Até agora já gastámos 5,65 euros.

Residentes da zona de Lisboa preferem o carro para ir para o trabalho

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Em 2011, nos Censos, 54% das pessoas que residiam na região de Lisboa (abrangendo 18 concelhos) afirmaram que iam para o trabalho ou para a escola de automóvel. Isto representa cerca de 1,5 milhões de pessoas.

Os dados de 2011 mostravam igualmente que os residentes da cidade de Lisboa eram, de toda a área metropolitana, os que menos tempo demoravam nas suas deslocações para o trabalho. Contrariamente, os moradores dos concelhos do Barreiro, Seixal, Moita, Almada, Sintra e Odivelas eram os que mais tempo perdiam em viagens.

A carruagem não vinha com muita gente — afinal, este não é o típico sentido dos movimentos pendulares da zona de Lisboa. Quinze minutos depois de sair da Damaia, o comboio de tons avermelhados chegou ao Cacém, onde começaria a última etapa da jornada. Descendo um lanço de escadas e virando à esquerda, damos de caras com um terminal rodoviário relativamente grande que é o porto de abrigo de dezenas de pessoas enquanto os autocarros não aparecem. A Lisboa Transportes, marca da empresa privada Vimeca, é que domina por aqui (embora também se vejam veículos da Rodoviária de Lisboa). São pelo menos nove as carreiras com paragem na estação do Cacém, mas a que nos interessa para chegar ao Tagus Park é a 112. Enquanto nos aproximamos da paragem correta, um autocarro desta linha afasta-se. Pouca sorte, mas era quase impossível ainda tê-lo apanhado.

Aproveitamos o tempo de espera para meter conversa com António, homem de 63 anos que não chegamos a perceber que autocarro vai apanhar. Se é que vai. “Isto só é mau quando há greves e não nos dão alternativas”, comenta. As paralisações são mais frequentes nos comboios do que nos autocarros, mas mesmo essas têm os dias contados, acredita. “Agora com este primeiro-ministro isso já não acontece”, ri-se António. A fila para o 112 entretanto engrossa e Jacira, passageira habitual da linha até São Marcos, garante que “costuma ser certinho. 09h30 ou 09h31 está aí”. Curioso, no horário afixado na paragem está escrito que é suposto passar um autocarro por ali às 09h15.

67, 65€

No complexo sistema de coroas dos transportes de Lisboa, o Tagus Park fica na coroa 3. Por isso, para fazer um percurso semelhante ao que o Observador fez, os utilizadores diários têm de ter um passe L123 — cujo preço normal é de 67,65 euros por mês.

Por fim, às 9h35, habemus autocarro. A viagem até ao Tagus Park custa-nos 2,25 euros, o que faz subir a conta total deste trajeto até aos 7,90 euros. Chegamos ao parque tecnológico às 9h52 — ou seja, uma hora e quarenta e nove minutos depois de termos saído de Telheiras.

O Tagus Park está instalado em Porto Salvo desde 1992. São 150 hectares de empresas, institutos universitários, incubadoras e serviços. Atualmente, o parque tem grandes instalações de bancos como o Millenium BCP e o Novo Banco, farmacêuticas como a Novartis, universidades como o Instituto Superior Técnico, um colégio, um centro de congressos e outras entidades. Isto significa que, diariamente, entram no Tagus Park vários milhares de pessoas. No recinto, os parques de estacionamento estão quase todos praticamente cheios de automóveis particulares. E um pouco por todo o lado se veem autocarros fretados pelas empresas para trazer os trabalhadores até ao parque.

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Grande parte das empresas do Tagus Park aluga autocarros para trazer os trabalhadores até aqui. O veículo mais à esquerda tem a indicação de que veio da gare do Oriente, passando por Santa Apolónia, Cais do Sodré e Alcântara

É um reconhecimento mais ou menos explícito de que os transportes públicos, por aqui, são má opção. Que o diga Lúcia, por exemplo. Por um percurso muito mais pequeno e muito menos demorado que o nosso, ela pagou quase tanto como nós. “Vivo ao pé da estação em Carcavelos e trabalho em São Pedro do Estoril”, diz. Como tem comboio à porta de casa e do trabalho, sente que até nem se pode queixar. Mas quando tem de vir ao dentista ao Tagus Park… “São 3,25 euros de Oeiras até aqui!” Ou seja, ir e voltar são 6,50 euros (mais o percurso de comboio entre Carcavelos e Oeiras, mas para isso Lúcia tem passe social).

De Fânzeres ao Porto são nove quilómetros de distância, mas a viagem é demorada

Oito da manhã. A paragem em frente ao prédio onde nos encontramos, na Rua dos Carregais, em Gondomar, engana. “Ó menina, já não passam aí camionetas há muito tempo”, avisa uma senhora do outro lado da rua, admirada por encontrar ali alguém que ainda não saiba disso. Não existe nenhuma indicação de que a paragem ligada à empresa de transportes Gondomarense esteja desativada, mas é preciso encontrar soluções se queremos chegar à Avenida dos Aliados antes das 09h00. São 9,4 quilómetros de distância, que se fazem em cerca de 15 minutos de carro indo pela A43. Mas, com os anunciados aumentos do Imposto sobre Veículos e o aumento do Imposto Sobre os Produtos Petrolíferos, hoje a carta fica em casa e testam-se alternativas.

Há duas. A paragem de metro Fânzeres fica a 30 minutos de distância e é preciso ir a pé. Dali, o percurso até à principal avenida portuense demora mais 29 minutos, de acordo com a página da empresa, mais um tempo de espera estimado de 21 minutos. Total: uma hora e 20 minutos. O tempo chuvoso desencoraja longas caminhadas e partimos em direção à paragem de autocarro mais próxima. Ainda assim, para lá chegar é preciso subir toda a Rua da Portelinha durante pouco mais de 15 minutos. Pessoas com dificuldades de locomoção estão dependentes de viatura própria ou táxi, ainda que seja uma zona com muitos prédios, moradias e uma pequena zona industrial, onde se situa a Renault. As acessibilidades rodoviárias são excelentes e não é de estranhar que no pátio ou à porta de cada habitação haja carros estacionados. À medida que subimos a rua vemos, do lado esquerdo, o Estádio do Dragão. Tão próximo e, ao mesmo tempo, tão distante.

Moradores de Gondomar são dos que mais demoram a chegar ao trabalho

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Apesar de estar mesmo ao lado do Porto, o concelho de Gondomar era, em 2011, um dos que fazia parte de um top não muito favorável. Os residentes desse município eram, a par com os de Baião, Cinfães e Castelo de Paiva, aqueles que mais demoravam nas suas deslocações para o trabalho.

Os Censos mostraram igualmente que, no Norte em geral e no Grande Porto em particular, a utilização do carro particular para ir trabalhar aumentou significativamente face a 2001. Nesse ano, 62,2% dos residentes nessa região recorriam a esse meio de transporte diariamente.

Chegamos à paragem da Travessa das Cruzes às 08h18 e estamos prontos para apanhar o 806, da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP), única carreira que ali passa. O horário das 08h00 é o mais concorrido e há quatro opções, sendo que faltam 14 minutos para o autocarro das 08h33 passar. A partir das 08h52 a frequência diminui e só há transporte às 09h10, 09h35, 10h05, 10h40, 11h20, 12h00… Ou seja, é melhor ir já com o horário sabido, para não perder tempo. Entre as 00h03 e as 06h03 não existe qualquer transporte. Entretanto, já gastámos meia hora e mal saímos do sítio. E mesmo que tivéssemos corrido para apanhar o das 08h15, poderíamos ter ficado na mesma na paragem, à espera.

“Falha muitas vezes”, queixa-se Gorete Ferreira. Como assim, falha? “Não aparece. Já chegaram a faltar três autocarros seguidos. Os miúdos têm de ir para a escola e é imprevisível. Aqui só anda de autocarro quem não pode mesmo ter carro”, diz a utente, que também gostaria de ter uma paragem “mais abrigadinha”. “É muito tempo à espera para ficar ao calor ou à chuva”. Por este serviço paga 47,10€ por mês pelo passe, que inclui quatro zonas.

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Gorete Ferreira está neste momento de baixa. Num dia de trabalho normal teria de apanhar três transportes até à Boavista: o 806 até ao Estádio do Dragão, dali o metro até à Casa da Música e lá ainda precisaria de um autocarro até à Avenida da Boavista. Uma hora e meia depois de sair de casa, chegava ao destino. Se pudesse pedir uma coisa à STCP — para além de uma paragem coberta — escolhia ter mais autocarros. “Então nas horas de ponta… Ui, vamos como a sardinha na canastra. Às vezes nem dá para entrar e temos de ficar à espera do próximo”, lamenta.

“Eu eté pensei que ia falhar agora!”, admite Catarina Gomes, que também mora naquela zona. A jovem de 23 anos concorda que é necessária uma melhoria nos transportes em Fânzeres mas, apesar de ter carro, prefere sujeitar-se à imprevisibilidade do 806. “Não justifica estar a ir de carro porque fica caro e também porque tinha de ir pela VCI, que é muito congestionada”, explica. À noite, sim, o automóvel é quase imprescindível. O 9M e o 8M são os autocarros da rede da madrugada da STCP e passam a cerca de 15 minutos de distância da paragem onde nos encontramos. Só que, para além da distância, requerem um passe mais caro, com mais zonas. Ir a pé de uma dessas paragens até ao prédio de onde partimos pode demorar mais de meia hora a pé.

O autocarro chega à hora certa e entramos com destino à Praça do Marquês de Pombal. A ideia é apanhar lá o metro com ligação direta aos Aliados. Para entrar é preciso ter passe ou um cartão Andante com uma viagem z3 — as zonas pelas quais o veículo passa até chegar ao Marquês, e que custa 1,50€ — ou então pagar 1,85€ ao motorista, em troca de uma senha. Depois de recebermos 15 cêntimos de troco sentamo-nos ao lado de Adriana Rodrigues, uma utilizadora ocasional. “Prefiro o carro porque demoro menos, por causa dos horários e porque é mais cómodo”, diz. Entre Fânzeres e o Marquês demora um quarto de hora de carro, mais do dobro se for de autocarro. Se houvesse mais assiduidade, poderíamos encontrar esta mulher de 59 anos mais vezes no autocarro. “Pelo menos uma vez que perguntei a um dos motoristas porque é que o autocarro não apareceu, ele disse-me que não sabia, coisa que eu acho que tem de saber”, queixa-se.

Andante permite poupanças nos transportes

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O passe social por excelência no Porto é o Andante, que permite viajar no comboio, no metro e em diferentes empresas de autocarros. Os mais comuns são os passes de três zonas, com o preço mensal de 36 euros, e os de quatro zonas, a 47,10 euros.

Mariana de Oliveira tem pena dos motoristas, que “não têm culpa nenhuma” e têm de ouvir todas as queixas dos passageiros. “Se chegar à minha hora, não tiver ninguém para me substituir e não me pagarem as horas a mais, também não faço”, justifica. A empregada de limpeza de 48 anos apanha todos os dias dois autocarros para chegar ao Carvalhido, a 14 quilómetros de distância de Fânzeres. Como mora a cinco minutos da paragem, demora uma hora até ao trabalho. Isto se correr tudo bem. “Não é só o 806 que falha, os outros também”, conta. “Já me aconteceu chegar à paragem para apanhar o das 08h33 e só conseguir apanhar o das 09h10. Depois chego ao trabalho e a patroa pergunta: ‘Tarde outra vez?’, e eu digo: ‘Foi o autocarro’. Parece cliché, mas não vem muitas vezes. É o Governo que nós temos.”

Desta vez correu tudo bem. O 806 não falhou nem apanhou trânsito e demorou 30 minutos certos até ao Marquês. São 09:03 e é hora de apanhar o metro, no centro da Praça. Se tivéssemos usado um z3 na viagem poderíamos entrar no metro sem pagar mais por isso, já que o cartão tem a validade de uma hora e pode ser usado nos autocarros, no metro e no comboio. Como comprámos uma senha, há que gastar mais 1,20€ num z2 (mais 60 cêntimos pelo cartão, recarregável durante um ano) até aos Aliados. Descemos quatro andares pelas escadas, porque havia fila para o elevador, e esperamos mais quatro minutos pelo metro. As três paragens fazem-se em seis minutos e, finalmente, após 1h20 de viagem, pisamos a Avenida dos Aliados (com 20 minutos de atraso face ao objetivo inicial).

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Se conhecêssemos bem a zona e os horários e tivéssemos apanhado o autocarro das 8h15 teríamos chegado 15 minutos mais cedo. Ainda assim, fazer o percurso de 9,4 quilómetros demoraria sempre mais de uma hora. Os Aliados são ainda o ponto de partida para muitos outros destinos, uma vez que ali se concentram vários autocarros, o metro e também o comboio, na Estação de São Bento. Se quiséssemos ir para Leça da Palmeira, por exemplo, seria mais uma hora de autocarro. Fora das horas de ponta há mais tempo de espera e menos horários disponíveis. Ao todo gastámos 3,55€. O passe mensal para as três zonas por onde passámos custa 36€.

Ainda curiosos em relação àquela primeira paragem, ligamos para a Gondomarense. “Ainda passa lá o 21, mas já não vai ao Porto”, explica o funcionário do outro lado da linha. Naquela paragem passa um único autocarro, unicamente às 07h45, 08h49, 12h28, 12h55, 13h50, 17h14, 18h30 e 19h40, a seguir ao qual ainda é preciso apanhar outro autocarro para o Porto, que fica em Campanhã ou no Campo 24 de Agosto. Para saber isto é preciso ligar ou consultar o site, já que não existe qualquer informação no local. É um ciclo vicioso: havendo poucos transportes e falta de informação, as pessoas arranjam alternativa. Havendo menos utentes, as empresas diminuem ou cortam os serviços.

Quanto às queixas das constantes falhas do 806 (e de outros autocarros), o funcionário na linha azul da STCP justifica-as com a falta de motoristas. Em agosto, após o insucesso do concurso para a subconcessão do Metro do Porto e da STCP, o Governo foi obrigado a autorizar a contratação de mais motoristas. Em dezembro foi anunciado que a Transdev e a Alsa assinaram o contrato de concessão para a Metro do Porto e a STCP, respetivamente, mas um novo Governo tomou posse e António Costa reverteu a decisão.

Ao Observador, o Ministério do Ambiente e Mobilidade disse que estão atualmente a decorrer conversações sobre o modelo de gestão e que este “será apresentado mais tarde”. O modelo preferido pelo primeiro-ministro pode passar por pôr as câmaras municipais a gerirem os transportes coletivos. No programa de Governo pode ler-se que é necessário “reforçar as competências das autarquias locais numa lógica de descentralização e subsidiariedade”. Uma das alíneas defende que “as áreas metropolitanas terão competências próprias bem definidas que lhes permitam contribuir de forma eficaz para a gestão e coordenação de redes de âmbito metropolitano, designadamente nas áreas dos transportes (…)”.

O autocarro está atrasado? Já pode fazer “Queixas dos Transportes”

A pensar nestas situações, a DECO lançou esta quinta-feira o site Queixas dos Transportes, um portal feito para receber todas as reclamações dos utentes por atrasos, cancelamentos, supressões e ainda preços elevados, que estão “entre as reclamações mais frequentes de quem anda habitualmente de transportes públicos”, refere a associação.

824

Em dois anos, a DECO recebeu 824 reclamações de associados relativas a transportes públicos. Foram 516 queixas em 2014 e 308 em 2015.

De acordo com os dados fornecidos pela associação ao Observador, a maior parte dos reparos dos utentes dizem respeito a atrasos, cancelamentos, supressão de carreiras, preços e alterações ao percurso.

Não é preciso ser associado da DECO para recorrer ao serviço, gratuito. A associação “compromete-se a dar seguimento a todas as queixas, atuando, sempre que necessário, ao nível local em todo o território nacional (incluindo as ilhas)”. Além disso, foi elaborada uma “Carta dos Direitos dos Passageiros de Transporte Público Coletivo” que inclui várias reivindicações que “reforçam os direitos dos utilizadores destes serviços”. Entre elas está o direito ao reembolso do preço da viagem em caso de atraso ou cancelamento, independentemente do tipo de título adquirido. Isso inclui os portadores de passes que, atualmente, não conseguem ser ressarcidos dos prejuízos sempre que ficam impossibilitados de utilizar os meios de transporte abrangidos pelo seu título.

Se a iniciativa correr bem, Gorete, Catarina, Adriana e Mariana não vão continuar a ficar com os cabelos em pé — de nervos e do vento — de tanto esperarem na paragem desabrigada por um autocarro que não vem.

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