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Leandro Silva chegou a meio da época a Leiria, ainda a tempo de festejar a subida à Segunda Liga
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Leandro Silva chegou a meio da época a Leiria, ainda a tempo de festejar a subida à Segunda Liga

União de Leiria

Leandro Silva chegou a meio da época a Leiria, ainda a tempo de festejar a subida à Segunda Liga

União de Leiria

"Só me passa pela cabeça ajudar a União de Leiria a voltar à Primeira Liga": entrevista a Leandro Silva

Formado no FC Porto, Leandro esteve perto de deixar o futebol após uma má experiência em Israel. Aterrou na Liga 3, num clube a reerguer-se, e subiu à 2.ª Liga com a U. Leiria perante 22 mil pessoas.

O corte de cabelo que Leandro Silva apresenta é pouco consensual. Cabeça rapada dos lados e uma crista ao centro. “Outros jogadores deixaram só o bigode. Ainda bem que estamos assim. É sinal que conseguimos o objetivo principal”. A subida da União de Leiria à Segunda Liga levou a que se cumprissem as promessas feitas antes do sucesso ser alcançado. A vitória frente ao Sp. Braga B foi conseguida com um golo aos 89 minutos que veio mais do que a tempo de, 11 anos depois, a equipa do centro do país carimbar o regresso aos campeonatos profissionais diante de um número recorde de espetadores (22.197) na Liga 3, antes de ganhar depois a final no Jamor frente ao Belenenses em mais um dia de festa do futebol.

[Ouça aqui a entrevista de Armando Marques, presidente da SAD da U. Leiria, no programa “Nem tudo o que vai à rede é bola” da Rádio Observador]

“As vivências do Nélio Lucas ajudaram muito no crescimento da U. Leiria”: entrevista a Armando Marques, presidente da U. Leiria SAD

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Leandro Silva chegou ao clube leiriense a meio da temporada. Na época passada, o médio fez todos os 34 jogos do Arouca na Primeira Liga. Mudou-se para o Hapoel Haifa, de Israel, no verão, mas o “erro” foi tão grande que chegou a pensar parar de jogar aos 28 anos. Abraçou a felicidade em Leiria, onde vai continuar no próximo ano e onde já se imagina a jogar na Primeira Liga.

Após vencer o Sp. Braga B por 1-0, a equipa garantiu a subida à Segunda Liga

União de Leiria

Ao logo da tua carreira, já tinhas subido e também descido de divisão. O que é que torna este momento que conseguiste com a União de Leiria tão especial?
Por tudo aquilo que o clube tinha vivido nos últimos anos, pelas condições e pelo trabalho que estava a ser feito. Nós sentíamos isso dentro do grupo. Toda a gente tinha a vontade de colocar a União de Leiria nos campeonatos profissionais. Isso torna ainda mais especial fazer parte deste momento. O clube merece muito.

És uma pessoa que vive intensamente estes momentos de alegria, tal como se fosse a primeira vez, ou, por seres mais experiente, consegues relativizar estas questões?
Quando se tem vontade de ganhar e se sente paixão por aquilo que se faz, todas as vitórias são para serem vividas ao máximo. Assim como as derrotas, temos que as sentir. Temos que aproveitar as vitórias. Há que festejar e querer sempre mais.

A União de Leiria habituou-se a ganhar. Quando ainda não estavas no plantel, a equipa teve um ciclo negativo de resultados que podia ter prejudicado toda a campanha. São um grupo que consegue manter o foco e a mentalidade vencedora para precaverem eventuais desaires?
As derrotas fazem-nos crescer. Temos que dar valor às vitórias. Não vamos ganhar sempre, mas temos que sair de todos os jogos com a consciência tranquila, porque demos tudo, e seguros do nosso valor. Quando perdemos, não somos os piores e, quando ganhamos, também não somos os melhores. As pessoas pensam muito assim, mas, dentro do grupo, temos que ter um equilíbrio muito grande. Isso faz com que saibamos reagir melhor a derrotas.

É fácil um grupo criar uma bolha em relação aos estímulos que vêm de fora e até face às exigências dos adeptos?
Nesta profissão, temos que saber lidar com a pressão de ganhar e de perder. Faz parte. Quem não estiver preparado para isso, vai ter muitas dificuldades no futebol.

Caso não vencessem a Liga 3, haveria na mesma a sensação de dever cumprido?
O principal objetivo está garantido, que era a subida de divisão, mas a ambição que temos dentro do clube faz-nos querer sempre mais, porque se não nem íamos jogar a final. Foi a cereja no topo do bolo.

"Não é normal, numa equipa como a União de Leiria, os miúdos virem ter connosco e dizerem que só têm um clube. O mais normal é dizerem que são do Benfica, do FC Porto ou do Sporting".

Como é que descreves a festa da subida?
Aproveitamos mais com a família e com os colegas. Cada um, naquelas primeiras horas, festeja um bocadinho à sua maneira. Uns juntos, outros com as famílias. Claro que há sempre excessos, mas ficaram para trás. Foi bom o que fizemos, mas não podemos estar a pensar no passado, queremos é olhar para a frente.

És uma das pessoas que prefere festejar com a família?
Gosto de festejar com os meus companheiros e, depois, aproveitar para estar com a minha família, com os meus filhos e com a minha esposa. Não sou reservado, mas gosto de aproveitar com eles, porque grande parte do tempo passo com a equipa. Neste meio ano, vivi em Leiria sozinho.

A família sofre com as especificidades de uma profissão como a de jogador de futebol. As conquistas são uma recompensa para eles?
Sim. Eles sentem muito as derrotas. Gosto de ganhar e fui habituado a isso. Quando não ganho, sinto muito. Não consigo deixar fora de casa, porque afeta-me no dia seguinte. Passados dois dias, o foco já tem que estar em ganhar o próximo. Não há nada que possamos fazer em relação aos jogos que ficam para trás.

É uma coisa que foste moldando com a idade? Inicialmente, levavas mais os resultados para casa do que aquilo que fazes agora?
O equilíbrio tem que estar presente em todos os momentos, porque se não ficamos muito tempo a pensar nas derrotas e isso vai-nos afetar no jogo seguinte. Não vamos conseguir dar o nosso rendimento máximo. Temos que refletir, pensar no que fizemos bem e menos bem.

Leandro Silva marcou um golo na fase de subida da Liga 3. A União de Leiria ganhou a Série 1, superiorizando-se a Alverca, Felgueiras e Sp. Braga B

União de Leiria

Enquanto equipa, fizeram alguma praxe?
Já dá para ver mais ou menos [aponta para o cabelo totalmente rapado nos dois lados da cabeça com um corredor de cabelo ao centro]. Tinha prometido fazer este corte caso subíssemos de divisão. Outros jogadores prometeram deixar só o bigode. São coisas de balneário. Ainda bem que estamos assim, porque é sinal que conseguimos o objetivo principal.

Têm um bom balneário?
Temos. É uma mistura de experiência com juventude. É um balneário muito bom, muito competitivo, mais do que estava à espera, para ser sincero. Temos um grupo excelente, em que todos se dão bem. A qualidade que há no grupo faz com que o colega esteja sempre alerta e a trabalhar no máximo. Isso é bom para a equipa e para o treinador que tem dores de cabeça para escolher, pois tem sempre duas, três alternativas por posição e não deixa ninguém facilitar.

A União de Leiria acaba por ser o nível mais baixo onde já jogaste, embora se trate de um projeto ambicioso. Como é que, de repente, te viste a jogar na Liga 3?
Tinha saído do Arouca no verão e fui para Israel. Muitas coisas aconteceram naqueles três meses em que lá estive. Decidi voltar a Portugal, porque não me estava a sentir bem lá. Não era feliz. Acima de tudo, quero estar a fazer a minha profissão feliz. Regressei e estive quatro meses parado. Foi quando começaram a surgir algumas propostas. Normal, há cinco meses tinha feito todos os jogos da Primeira Liga. Foi aí que, a meio de dezembro, o presidente e o diretor da União de Leiria me ligaram e demonstraram vontade em contar comigo. Apresentaram-me o projeto e, não vou negar, pensei ‘Há cinco meses estava a jogar na Primeira Liga e vou descer para a Liga 3?’. Depois, vieram ter comigo ao Porto. Após sair de Israel, queria algo ambicioso. Queria voltar a estar feliz perto da família e queria um clube com objetivos para ganhar. Tomei a decisão de ir para a União de Leiria. Podia ter escolhido voltar para o estrangeiro ou ir para a Segunda Liga. Correu tudo bem. As pessoas podem dizer que foi um bocadinho arriscado, mas gosto do risco.

Já te reencontraste com a felicidade?
Sim. Encontrei um grupo fantástico. Estrutura, equipa técnica, direção… toda a gente que está envolvida no projeto tem uma vontade imensa de ganhar e crescer com o clube. Deram-nos todas as condições. Não estava à espera. Isso faz com que tenhas prazer, porque tens todas as condições. Foi isso que me deixou mais feliz.

Quando deixaste Israel e estiveste algum tempo sem jogar, o que é que te foi passando pela cabeça?
Tenho 29 anos, mas, quando saí de Israel, nos dois primeiros meses, tinha na cabeça deixar de jogar futebol. Estava muito desacreditado por tudo o que me tinha acontecido. Vai muito para além do que se pensa. Além da pressão, é o que as pessoas são e pensam que está em causa.

"As primeiras semanas em Israel foram incríveis. Tudo o que pedisse, eu tinha... Fui falar com o diretor para saber se havia a possibilidade de me arranjarem um carro maior. No dia a seguir, fui ao stand e escolhi o carro que quis. O clube pagou e não houve problema nenhum. Depois, os resultados começaram a não aparecer".

Tinhas um plano B para o caso de deixares mesmo o futebol?
Não. Não mesmo. Só que, após esses dois meses, começou de novo o bichinho. Estava em casa, completamente parado. Foi quando decidi que não tinha que parar. Não eram três meses maus que me iam deitar abaixo e fazer desistir daquilo pelo qual tinha lutado desde os sete anos. Senti naquele momento que era para Leiria que queria ir independentemente de ter outras propostas melhores financeiramente. Queria era estar feliz e voltar a sentir a vontade de ganhar que tinha perdido. Acontecem muitas coisas que não estamos à espera e para as quais não estamos preparados.

Perdeste amor ao jogo?
Acordava e não tinha vontade de treinar. Foi o que aconteceu em Israel. Não fazia sentido nenhum estar lá só por estar. Estar lá só pelo aspeto financeiro… isso para mim não existe. Dou privilégio a estar feliz e a estar onde me fazem sentir bem. Isso não estava a acontecer e optei por sair.

Tiveste ajuda de alguém para que te desse o clique para não desistires?
Principalmente da família. Nessa fase, procurei um mental coach para me ajudar, que era uma coisa em que não acreditava. Tive que procurar, porque estava desacreditado e toda a ajuda era bem-vinda.

Esse descrédito era uma coisa de ti para ti ou alguém de fora te disse algo?
Não te dizem, mas demonstram com atitudes e com situações em que te falham à palavra. Foi um acumular de situações. Em Israel, sempre que perdíamos um jogo, a culpa era minha, do estrangeiro. Era chamado ao balneário e cobrado pelo treinador e pela direção. Chegou a uma fase em que não estava mais para aquilo.

A ideia que te apresentaram do campeonato israelita, quando chegaste ao Hapoel Haifa, não era verdadeira?
Vinha de uma Primeira Liga portuguesa muito competitiva. No Arouca, estivemos praticamente até à última jornada a lutar pela manutenção. Joguei todos os jogos. Sentia-me bem. Optei pelo Hapoel Haifa pelo aspeto financeiro. Foi um erro que cometi, mas se não o tivesse cometido, não estava agora na União de Leiria. Nada acontece por acaso.

Mais uma situação em que estavas longe da família.
Estive no primeiro mês, mas depois a minha esposa foi lá ter com os meus três filhos. Depois, também era isso. Na cidade onde estava, não havia escola internacional. A minha filha tinha que estar inscrita numa escola em Portugal e ter aulas online, ou seja, passava 60% do dia fechada no quarto a olhar para um computador. Para uma criança com oito anos, não é bom. Isso também era uma situação que mexia muito comigo. Foi uma das razões que me fez querer vir o mais rapidamente possível para Portugal independentemente de ficar três, quatro meses sem jogar.

Culturalmente, mesmo em questões extra futebol, foi a experiência mais difícil que tiveste?
Não. As pessoas têm uma ideia um bocadinho errada de Israel. Eu também tinha. Quando ouvia falar em Israel, a primeira coisa que me vinha à cabeça eram tiros e bombas, mas é um país tranquilo. Claro que é normal estarmos num café e vermos uma pessoa com uma arma, um guarda com uma metralhadora às costas. Era uma cidade muito boa para viver, à beira da praia. Não senti uma diferença muito grande.

O Chipre também não é propriamente o centro do mundo no que ao futebol diz respeito. Entre Israel e Chipre, o que é que foi mais difícil?
O Chipre é um país fantástico e, no AEL Limassol, tínhamos muitos portugueses. Em Israel, não tinha um português, nem um brasileiro na equipa, apesar de ter malta excelente. Dos jogadores não tenho nada a dizer, mas era difícil não ter alguém para falar a mesma língua. No Chipre isso não aconteceu.

No Hapoel Haifa foste prejudicado pelo rótulo de jogador português? Quase como se tivessem contratado um Cristiano Ronaldo…
Senti logo isso quando me contrataram por parte dos adeptos e de toda a gente das estruturas. As primeiras semanas foram incríveis. Tudo o que pedisse, eu tinha…

Consegues dar algum exemplo?
O clube dava um carro pequenino. Fomos 15 dias de estágio para o Chipre e, quando regressássemos, a minha esposa ia ter comigo a Israel. Fui falar com o diretor para saber se havia a possibilidade de me arranjarem um carro maior por causa dos três miúdos. No dia a seguir, fui ao stand e escolhi o carro que quis, o carro maior, um carro praticamente novo. O clube pagou e não houve problema nenhum. Depois, os resultados começaram a não aparecer. Lá, como há limite de estrangeiros, a culpa acaba por cair sempre em nós. O treinador, para se defender da pressão dos adeptos, ajudava a que isso acontecesse em vez de proteger os jogadores.

Regressando à realidade portuguesa. Numa entrevista ao Canal 11, o técnico Vasco Botelho da Costa disse que fazia uma “reunião de expectativas” com cada jogador que chagava ao clube. O que é que te disse nessa conversa?
Mostrou-me a realidade do clube e disse o que esperava de mim. Como já tinha tido experiências no estrangeiro e na Primeira Liga, tinha que ajudar os mais novos. Na Liga 3, mais do que fisicamente, precisas de ser mentalmente muito forte, porque o formato do campeonato não é fácil. Podes fazer uma primeira fase fantástica e chegas à segunda, como aconteceu com o Amora, e podes não conseguir manter o desempenho. Senti que era isso que o treinador queria de mim. Disse-me que não ia para a União de Leiria para jogar, pois se não demonstrasse não ia ter minutos. Isso é bom. Integrou-me muito bem.

"Não é só meterem-te o dinheiro à frente. Tens que te sentir bem. Não é por mil ou dois mil euros que uma pessoa tem que abdicar das condições. As condições que te dão são muito mais importantes do que uma pequena diferença no salário".

Tens uma experiência alargada do futebol português. Em que patamar colocas a União de Leiria tendo em conta as condições de trabalho?
Está num patamar muito acima da Segunda Liga. Os jogadores, por norma, queixam-se sempre de alguma coisa, querem arranjar sempre desculpas. Nós não podemos arranjar, porque temos tudo. Quando falo em condições, não falo financeiramente. Isso é importante, claro. Mas se falharem muitas coisas à volta, não é o lado financeiro que te vai ajudar a ganhar jogos. Muita gente pensa que o futebol é só o dinheiro e contratar jogadores. Não é. Às vezes, dar mais condições de trabalho e disciplina é muito importante. Isso coloca exigência. É um clube profissional e organizado independentemente de estar na Liga 3.

Em termos financeiros, também é atraente jogar na União de Leiria?
Depende. Cada um faz o seu contrato. Se fosse olhar para o aspeto financeiro, não estava na União de Leiria. Fui porque acreditei no projeto. Não é só meterem-te o dinheiro à frente. Tens que te sentir bem. Não é por 1.000 ou 2.000 euros que uma pessoa tem que abdicar das condições. As condições que te dão são muito mais importantes do que uma pequena diferença no salário.

O clube está ao nível da massa adepta que demonstrou ter esta temporada?
Não estava por dentro da realidade da União de Leiria antes de ir para lá. O que os colegas me disseram foi que a cidade estava completamente desligada do clube em anos anteriores. Temos que enaltecer o trabalho da direção. Conseguiram voltar a ligar o clube e a cidade. Na Liga 3, nos três jogos em casa da fase de subida, tivemos 12.000, 15.000 e 22.000 pessoas. Não há palavras. O ambiente e a envolvência que sentimos nos dias de jogo é muito boa.

Sentes-te mais galvanizado por ter muita gente a ver os jogos ou ficas nervoso?
Não andamos a fazer nada nesta profissão se não aguentamos a pressão. Gosto de sentir o ambiente do estádio. O nosso ponto forte é jogarmos perante os nossos adeptos. Só temos que sentir motivação. Não tem que mexer connosco pela negativa.

Por que é que por Portugal fora não há clubes com molduras humanas como as que temos visto em Leiria?
Da mesma maneira que os jogadores para virem para a União de Leiria têm que acreditar no projeto, a cidade tem que acreditar no projeto. Tem que ser criada envolvência. O futebol é uma festa. Os nossos jogos são uma festa. Conseguem atrair crianças e mulheres e isso é muito importante. Sentimos o carinho dos jogadores da formação, que dizem que são da União de Leiria. Não é normal, numa equipa como a União de Leiria, os miúdos virem ter connosco e dizerem que só têm um clube. O mais normal é dizerem que são do Benfica, do FC Porto ou do Sporting. Ali, não está a acontecer isso.

A União de Leiria bateu o recorde de assistência da Liga 3 com 22.197 a verem a partida diante do Sp. Braga B

União de Leiria

Vasco Botelho da Costa é um treinador jovem que tem dado nas vistas ultimamente. Como é trabalhar com ele?
É bom. Isso de ser um treinador jovem, para mim, diz pouco. Assim como a idade dos jogadores vale o que vale. Tem demonstrado competência nos últimos anos. Por onde passa tem vencido títulos e este ano conquistou já a subida de divisão. Vamos trabalhar para conquistar o campeonato. A competência, tanto dele, como da equipa técnica, está à vista de todos. É um treinador ambicioso e que tem qualidade para chegar a outros patamares.

Se tivesses que destacar um ponto mais forte nele, qual era?
Taticamente. Os ajustes que faz de um jogo para o outro conforme os adversários que tem pela frente.

Sentes-te bem na posição que ocupas no modelo de jogo?
Sinto-me muito bem. É um treinador que privilegia a posse de bola e o domínio do jogo. Fui habituado a isso em toda a minha formação no FC Porto e na grande parte dos clubes por onde passei. Adaptei-me com toda a naturalidade. A maneira de jogar do mister enquadra-se muito na minha maneira de ver o jogo.

O Leandro Antunes, também no Canal 11, elegeu-te como um dos elementos mais animados do balneário. Até onde eras capaz de ir para animar os teus colegas?
Pelos clubes onde passo, gosto de ter uma boa ligação com toda a gente. Somos privilegiados por estarmos nesta profissão. Tem que haver alegria quando não estamos a trabalhar. Gosto de animar os colegas, ser um bocado ‘palhaço’ e isso é bom para o grupo.

Vais continuar com o clube na Segunda Liga?
Sim, sem dúvida. O que me foi apresentado era fazer parte do projeto da União de Leiria. Não me passa pela cabeça outra coisa. Sinto-me muito bem. Quero continuar a deixar o meu nome na história do clube e ser mais um a ajudar a levar o clube à Primeira Liga.

O jogo da subida foi mais saboroso por ter sido uma vitória com um golo nos minutos finais?
Foi mais saboroso, mas também foi muito stressante. Queríamos muito festejar naquele dia perante os nossos adeptos. Claro que garantir a subida aos 89 minutos é uma sensação única. Merecíamos muito por tudo o que temos feito. Foi fantástico.

Este acaba por ser um dos momentos altos da tua carreira até agora?
Sim, sem dúvida, em conjunto com a subida no Arouca.

Estiveste duas temporadas no Arouca. Conseguiste a subida e uma difícil manutenção na Primeira Liga. Esta temporada, o Arouca está no quinto lugar. É uma surpresa. Reconheces que existia esse potencial?
Acredito que agora sim. Existiam sempre muitas mexidas no plantel. Nunca é benéfico contratar tanto. Ter sempre um núcleo de jogadores que vão passando de umas épocas para as outras é muito importante para ter sucesso. Ajuda muito terem a mesma equipa técnica há três anos, principalmente porque já se conhecem de olhos fechados. Os jogadores sabem perfeitamente quais são as ideias do mister Armando Evangelista. Isso é muito bom e dá a estabilidade que o clube precisa.

Não é comum um treinador estar tanto tempo no mesmo sítio como tem acontecido com Armando Evangelista. É um treinador especial?
Tenho uma ótima ligação com ele. É fruto de um trabalho de três anos. Quando subimos à Primeira Liga, conseguimos ganhar os últimos 11 jogos. Depois, conseguimos a manutenção, o que era muito importante para o clube, porque estar sempre a subir e a descer traz sempre instabilidade. Agora o clube está estável. Acertaram em 95% dos jogadores. Têm um plantel muito bom. Tudo se encaixou. Estou muito feliz por eles. Tenho lá muitos amigos e eles merecem.

As tuas experiências na Primeira Liga são na Académica, no Paços de Ferreira e no Arouca. Lutaste sempre pela manutenção. Tens o desejo de voltar à Primeira Liga num contexto mais estável?
Agora que conseguimos a subida para a Segunda Liga na União de Leiria, para ser sincero, não me passa outra coisa pela cabeça que não seja voltar a subir. Sou muito grato ao clube por estes seis meses fantásticos. Só me passa pela cabeça ajudar o clube a voltar à Primeira Liga.

Um jogador da Liga 3 está preparado para dar o salto para a Primeira Liga ou ainda há uma discrepância muito grande?
Vai muito das oportunidades. A diferença entre a Liga 3 e a Primeira Liga, em termos da qualidade dos jogadores, não é assim tanta como as pessoas pensam. Temos o exemplo do Arouca e do Vizela. Há três anos ambos subiram do Campeonato Nacional de Seniores (CNS) para a Segunda Liga e, logo a seguir, subiram os dois da Segunda Liga para a Primeira. No caso do Arouca, no onze mais utilizado na Primeira Liga tínhamos o Victor Braga, o Thales, o Basso, o Marco Soares, o Pedro Moreira, o Arsénio e o Bukia. Todos estes jogadores vieram com a equipa desde o CNS. É uma questão de oportunidade e não de qualidade.

Há algum talento com quem te tenhas cruzado na formação do FC Porto que te tenha surpreendido?
Sou suspeito, porque tenho uma relação muito boa com ele, mas o Gonçalo Paciência. Ele está num patamar muito bom, mas tenho muita pena das lesões que teve. Não fossem as paragens que, somando tudo, foram dois, três anos, o que é muito na carreira de um jogador, estaria ainda mais cima, porque tem uma qualidade fora do vulgar.

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