Lá dentro os socialistas elogiavam, em tom de despedida, António Costa e lambiam as feridas judiciais (mais uns que outros), mas à porta da Comissão Nacional do PS armava-se o partido para o combate que se segue. O próprio líder foi à porta ajustar contas com o Presidente da República e apontar caminhos para a estratégia eleitoral do partido, enquanto alguns grupos próximos de cada um dos lados da disputa interna discutiam riscos, caminhos e contabilizavam cabeças. Os tempos estão confusos e a dificuldade socialista é apontar o discurso todo numa só frente e alinhar interesses dispersos num só sentido.
Por estes dias não passa muito tempo entre ver um socialista carpir as mágoas mais recentes e ver o mesmo socialista a afiar facas para o combate interno. Um bom exemplo disso foi a forma rápida como, à saída da Comissão Nacional, o secretário-geral adjunto, João Torres, encerrou as contas da reunião, despiu o fato do seu cargo na era Costa e anunciou, nesse mesmo enfiamento, o apoio a Pedro Nuno Santos. Ou a entrada do candidato José Luís Carneiro na sala, logo a acenar com as boas contas do seu apoiante Fernando Medina, passando já por cima do ainda líder do Governo — que não apoiará nenhuma das candidaturas publicamente, embora vá votar.
As conversas circulam por todos os assuntos do momento e muitas vezes vão até em sentidos opostos, como acontece em matéria de justiça, por exemplo. Na intervenção de abertura da reunião, António Costa pediu aos socialistas para deixarem a defesa judicial para ele e para os fóruns adequados, afastando as campanhas (interna e nacional) do Ministério Público e dos processos judiciais. Cá fora, aos jornalistas disse até que o PS “não deve intrometer-se no tempo da Justiça mas concentrar-se no tempo dos portugueses”.
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