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Sondagem. PS amplia vantagem sobre PSD, Chega recupera terceiro lugar

Socialistas atingem 42,6%, melhor resultado em 6 semanas, aumentando fosso para PSD (25,7%). Liberais lutam com PCP e BE pelo quarto lugar. CDS "alimenta" Chega. Ventura só convence 1% das mulheres.

Se as eleições legislativas fossem hoje (e não apenas em 2023), o Partido Socialista teria a preferência de 42,6% dos portugueses, de acordo com uma sondagem da Pitagórica para o Observador e para a TVI. O partido de António Costa continua com grande vantagem sobre o PSD, que recebe 25,7% das intenções de voto.

Esta é a quarta subida semanal consecutiva do PS (na semana passada estava em 41,4%) e o melhor resultado desde o início do barómetro da Pitagórica, há seis semanas, quando começou com 41,9%. Já o partido de Rui Rio cai face à semana anterior (em que tinha 28%) e tem mesmo o pior desempenho destas seis semanas.

A seguir aos dois principais partidos está agora o Chega, com 6,8% das intenções de voto. O partido de André Ventura trava a queda das últimas duas semanas, em que perdeu um total de 3,2 pontos percentuais — depois de atingir um máximo de 9,1%, caiu primeiro para 8,4% e depois, na semana passada, para 5,9%. Agora recupera menos de um terço dessa queda, com uma subida de 0,9 pontos percentuais.

O que depois se segue é uma luta a três pelo quarto lugar, segundo a sondagem da Pitagórica. Bloco de Esquerda e CDU estão empatados com 5,4% das intenções de voto, embora com dinâmicas distintas — enquanto o partido liderado por Catarina Martins tem a segunda queda semanal consecutiva (perdendo 1,9 pontos percentuais neste período), a coligação que une PCP e os Verdes tem duas subidas seguidas (ganhando 1,3 pontos percentuais). Agora, no entanto, os dois partidos à esquerda têm por perto a Iniciativa Liberal, com 5% das intenções de voto. O partido de João Cotrim Figueiredo consegue ganhar 2,2 pontos percentuais em duas subidas consecutivas. Há seis semanas, no início deste barómetro, tinha apenas 1,5%.

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Mais abaixo, o PAN tem 2,3% das intenções de voto (terceira subida consecutiva) e, finalmente, o CDS de Francisco Rodrigues dos Santos tem 1,6% (apesar de tudo, uma subida de 0,4 pontos percentuais face à semana anterior).

Estes resultados têm em conta a distribuição dos indecisos, que ainda representam mais de um em cada quatro dos inquiridos (26,5%). Sem essa distribuição, o PS recolhe 31,3% das intenções de voto, contra 18,9% do PSD. O Chega tem 5%; BE e PCP 4%; Iniciativa Liberal 3,6%; PAN 1,7%; e CDS 1,2%.

PS e PCP seguram mais eleitores, Chega e PSD agradecem a CDS

Sem contar com a distribuição de indecisos, a sondagem da Pitagórica permite perceber que, por esta altura, o PS está a segurar três em cada quatro dos seus eleitores de 2019 (75,2%). O partido de António Costa — que venceu em 2019 com 36,35% — perde sobretudo votos para os indecisos (15,5%) e para o PSD (5,8%). Já o partido de Rui Rio aguenta 68% do eleitorado das últimas legislativas, deixando escapar 18,9% para os indecisos, 6,6% para a Iniciativa Liberal e 4,9% para o Chega.

O partido de André Ventura, que agora surge em terceiro lugar na sondagem, “alimenta-se” ainda de 21,3% dos eleitores que votaram branco, nulo ou noutros partidos que não os tradicionais (o que inclui o próprio Chega) e cresce também à custa do CDS. Os centristas estarão a perder neste momento 23,5% do eleitorado de 2019 para o Chega, outro tanto para o PSD e 11,8% para os indecisos. O que é que sobra? Pouco mais de um terço (35,3%) dos seus eleitores de 2019.

O presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, durante um passeio nas ruas de Madalena, na Ilha do Pico, no âmbito da campanha para as eleições legislativas regionais dos Açores, 15 de outubro de 2020. ANDRÉ KOSTERS/LUSA

Francisco Rodrigues dos Santos não está a conseguir estancar a fuga do eleitorado centrista, nomeadamente para o Chega

ANDRÉ KOSTERS/LUSA

Outro partido que estará em forte perda é o Bloco de Esquerda, que segura apenas 45,7% do eleitorado de 2019. A sondagem indica que 22,9% estão agora indecisos, 17,1% fogem neste momento para o PS e 8,6% para votos brancos, nulos ou outros partidos que não PS, PSD, CDU e CDS. Na coligação que junta PCP e PEV, 71,4% mantém a intenção de voto. A maior fuga é para o campo dos indecisos (10%), mas também há perdas para o PS (7,1%).

Os inquiridos que em 2019 votaram em branco, nulo ou em partidos sem assento parlamentar compõem a categoria mais fluida, com apenas 16% a manterem essa posição. Nos restantes, 21,3% responderam à Pitagórica que vão votar no Chega, 17,3% estão indecisos, três outros partidos (PS, Iniciativa Liberal e PAN) recebem 12% cada e o PSD 5,3%.

Entre os inquiridos que não votaram, a esmagadora maioria (75,2%) ainda está indecisa, 7,9% decidiram votar PSD, 5% na Iniciativa Liberal, 4% em outros partidos ou brancos/nulos, e 3% tanto no BE como no Chega. [Leia o gráfico seguinte na horizontal]

Apenas 1% das mulheres vota no Chega

Na análise por género, apenas o PS e o Bloco de Esquerda conseguem mais votos entre as mulheres do que entre os homens. No caso dos socialistas, se as eleições fossem hoje, contariam com apoio de 34% das inquiridas (contra 25% dos homens), e no partido de Catarina Martins (terceiro com mais votos entre mulheres) a diferença seria de 5% para 3%. Já o PSD, que surge em segundo lugar no voto feminino (com 14%), lidera as intenções de voto entre os homens (28%).

Tal como no resultado global desta sondagem, o Chega é o terceiro partido no voto masculino (9%), mas atrai muito poucos votos femininos — apenas 1%. Metade das pessoas inquiridas para esta sondagem receberam a chamada da Pitagórica entre 14 a 18 de Janeiro, período marcado pela reação nas redes sociais ao insulto de André Ventura a Marisa Matias — a quem disse que tinha os “lábios muito vermelhos, como se fosse uma coisa de brincar” —, durante esta campanha eleitoral para as presidenciais.

#VermelhoemBelem. Como um insulto de Ventura se transformou numa onda de apoio a Marisa

Ainda entre os homens, 6% ficam convencidos com a Iniciativa Liberal e 4% com a CDU. Seguem-se BE (3%), PAN (2%) e CDS (1%). Nas mulheres, depois de PS, PSD e BE, é a CDU que ocupa o quarto lugar (3%), seguida do PAN (2%). Os restantes partidos têm apenas 1% cada.

Distância de PS sobre PSD é maior entre mais novos e mais velhos

Seja qual for o escalão etário, é o PS que reúne a preferência: 27% dos inquiridos que têm entre 18 e 34 anos; 31% dos que têm entre 35 e 44 anos; bem como dos que têm 45-54 anos; e 35% dos inquiridos com mais de 54 anos).

O PSD é o segundo partido com mais intenções de voto em todos os escalões, mas enquanto ainda se aproxima nas duas faixas intermédias (que abrangem em conjunto votantes entre 35 e 54 anos) — ambos com 31% dos inquiridos —, fica a grande distância entre os mais jovens (consegue apenas 11% neste eleitorado) e os mais velhos (19%).

Fora dos dois grandes partidos, o resultado mais relevante é alcançado pela Iniciativa Liberal entre os mais jovens — reúne apoio de 7% dos eleitores entre 18 e 34 anos, mais do que os 6% de BE e Chega e os 4% de CDU e PAN. Os resultados do CDS neste escalão não têm relevância estatística. Esta é a faixa etária em que há mais indecisos face ao total de eleitores com esta idade (29%).

O primeiro-ministro, António Costa, intervém no debate sobre política geral, esta tarde na Assembleia da República, em Lisboa, 19 de janeiro de 2021. Portugal contabilizou hoje 218 mortes, um novo máximo de óbitos em 24 horas, relacionados com a covid-19, e 10.455 novos casos de infeção pelo novo coronavírus, segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS). MIGUEL A. LOPES/LUSA

Apesar das críticas que tem recebido pela gestão da pandemia e de várias polémicas no Governo, Costa tem 17 pontos de vantagem sobre o PSD

MIGUEL A. LOPES/LUSA

Se a eleição se realizasse apenas no segundo escalão etário, entre 35 e 44 anos, o terceiro lugar seria partilhado pela Iniciativa Liberal e pelo Chega (ambos com 5%). CDU (3%), PAN (2%) e CDS (1%) têm ainda menos apoio neste escalão, em que há 25% de indecisos. Já no terceiro escalão, o Chega tem o terceiro lugar (5%), seguido de BE (4%), CDS (3%) e Iniciativa Liberal (1%). Os números do PAN não são relevantes nesta faixa etária. Finalmente, entre os mais velhos (acima de 54 anos), Chega e CDU partilham o terceiro lugar do pódio (com 5%), seguidos de BE (4%), CDS (3%) e Iniciativa Liberal (1%).

PSD lidera nos estratos sociais mais elevados, mas perde em todos os outros

Em termos de estrato social, o PS lidera nas classes média (C1), média baixa (C2) e baixa (D), mas perde para o PSD nas classes mais altas (A/B).

O PSD convence 28% do eleitorado que tem mais dinheiro (categoria conjunta A/B), face a 25% do PS. Seguem-se Iniciativa Liberal (7%), CDU (6%), Chega (4%), BE (3%), CDS (2%) e PAN (1%).

Entre a classe média, o PS (34%) já deixa a grande distância o PSD (14%). Chega (7%), BE (6%), CDU, PAN, Iniciativa Liberal (3%) e CDS (1%) completam o quadro. Um pouco mais abaixo na escada social, 34% da classe média-baixa está com o PS, contra 15% do PSD. Segue-se o Chega (6%), BE (4%), CDU, PAN (ambos com 2%), CDS e Iniciativa Liberal (1%).

Por fim, entre os mais pobres, mantém-se a ordem inicial — PS (37%) em vantagem sobre o PSD (15%) —, mas o terceiro lugar passa a ser partilhado por CDU e Iniciativa Liberal (4%). BE e Chega (ambos com 2%) convencem ainda menos o eleitorado deste estrato social, de acordo com a sondagem da Pitagórica.

Resultados oficiais indicam que PS venceu eleições legislativas com 36,35%

Ficha técnica

O trabalho de campo decorreu entre os 18 e 21 de Janeiro 2021.

Foi recolhida uma amostra total de 604 entrevistas que para um grau de confiança de 95,5% corresponde a uma margem de erro máxima de ±4,07%.

A seleção dos entrevistados foi realizada através de geração aleatória de números de “telemóvel” mantendo a proporção dos 3 principais operadores identificados pelo relatório da ANACOM, sempre que necessário são selecionados aleatoriamente números fixos para apoiar o cumprimento do plano amostral. As entrevistas são recolhidas através de entrevista telefónica (CATI – Computer Assisted Telephone Interviewing).

A distribuição geográfica foi: Norte 22%; Grande Porto 12%; Centro 27%; Lisboa 23%; Sul 12% e Ilhas 4%.

O estudo tem como objetivo avaliar a opinião dos eleitores Portugueses sobre a intenção de voto nos vários partidos.

A taxa de resposta foi de 50,28% . A direção técnica do estudo é da responsabilidade de Rita Marques da Silva.

A taxa de abstenção na sondagem é de 58,2% a que correspondem os entrevistados que aquando do momento inicial se recusaram a responder à entrevista por não pretenderem votar nesta eleição.

A ficha técnica completa bem como todos os resultados foram disponibilizados junto da Entidade Reguladora da Comunicação Social que os disponibilizara oportunamente para consulta online.

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