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“A Generala”, série protagonizada por Soraia Chaves, é o tipo de produto que pode, de facto, fazer a diferença. Isto é, justificar os 3,99€ que pedem às pessoas que deem a mais por mês
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“A Generala”, série protagonizada por Soraia Chaves, é o tipo de produto que pode, de facto, fazer a diferença. Isto é, justificar os 3,99€ que pedem às pessoas que deem a mais por mês

“A Generala”, série protagonizada por Soraia Chaves, é o tipo de produto que pode, de facto, fazer a diferença. Isto é, justificar os 3,99€ que pedem às pessoas que deem a mais por mês

Soraia Chaves: sim. Noticiários: menos, por favor. E boas promessas a caminho. Passámos um dia a ver a OPTO

Chuva e recolher obrigatório: a combinação perfeita para experimentar a estreia da SIC no terreno das plataformas de streaming. Este é o diário de bordo do nosso enviado especial ao sofá.

Ainda que tudo possa apontar para o contrário, há especialistas no sector a escrever que a era de ouro do streaming poderá já ter passado. Do televisivo, pelo menos. O sucesso da Netflix aconteceu, em primeiro lugar, porque as pessoas pagavam pelo acesso a uma plataforma onde lhes era prometido que estaria “tudo”. Todas as séries que valia a pena ver, independentemente do canal ou produtora de proveniência. Mas o streaming poderá ser vítima do seu próprio sucesso. À medida que mais gigantes televisivos e tecnológicos cobiçam uma fatia do bolo e abrem as suas próprias plataformas, em vez de licenciarem os conteúdos como primeiramente, o público deixa de ter aquele lugar mágico onde, a troco de uma subscrição de 13 euros por mês, tinha “tudo”. Agora, a pergunta “mas isso dá onde?” voltou às conversas. Porque a série que “tens absolutamente de ver” tanto pode dar na Netflix, como na HBO, como na Amazon Prime Vídeo, como na Apple TV, ou na Disney + ou mesmo no YouTube – e mais se anunciam. A questão é: quantas subscrições está o telespectador disponível para pagar, ele que já paga a TV, o cabo e a malfadada taxa audiovisual, para não ver absolutamente nada?

Entre nós, dá agora os primeiros passos a OPTO, plataforma de streaming da SIC, com uma campanha publicitária que até faz parecer que as congéneres já não tinham as suas próprias (RTP Play e TVI Player), muito embora – e isso faça enorme diferença – sem conteúdos exclusivos.

Vivemos tempos de recolher obrigatório, fins-de-semana grandes de confinamento e chuva, obrigatoriamente recolhidos no ano da clausura. Estão reunidas as condições para passar um dia inteiro no sofá a fazer o test drive da OPTO. Sim, amigo leitor: gostamos de viver perigosamente. E foi isso que fizemos. Este foi o resultado.

"O Clube" é uma das produções inscrita na categoria "a estrear brevemente"

Primeiras impressões e “Brevementes”

A Netflix é a Gillette das plataformas de streaming, o iPhone dos conteúdos audiovisuais por subscrição: se amanhã decidirem mudar a cor de fundo para verde elétrico e acompanhar cada clique da “Cavalgada das Valquírias” em toque polifónico, os outros vão todos atrás fazer igual. A OPTO tem, basicamente, a aparência de uma Netflix com menos oferta, o que é mau pela impressão de tédio e ótimo porque percebemos instintivamente a organização e rapidamente localizamos o que queremos. Ou antes, quase tudo, já que, para aceder aos episódios, é preciso aceder a um segundo separador – o que, no meio de tanto conteúdo ainda apenas anunciado para “brevemente”, quase nos faz perder outros que já estão efetivamente lá. Nota também para o tamanho de letra dedicado à ficha técnica ou à velocidade a que esta passa no fim de, por exemplo, “A Generala”. Há listas de vítimas em monumentos que se leem com mais facilidade.

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O “Bicho”, mais RAP, a “Generala” Soraia Chaves e Ljubomir: o que vai estar na OPTO, a plataforma de streaming da SIC

Os destaques prometem, mas ainda são quase todos para, lá está, “brevemente”. Entretemo-nos a ver trailers. De “O Clube”, que nos apresenta Luana Piovani em lingerie e, portanto, se calhar não dizemos mais nada e ficamos só em silêncio respeitoso. De “Esperança”, onde um César Mourão transformado em senhora octogenária (mas transformado mesmo) promete uma série que, se tiver pelo menos metade da graça do trailer, já será um fenómeno. De “Espaço Agora Para”, onde Ricardo Araújo Pereira, José Diogo Quintela e Miguel Góis são bastante convincentes na ideia de que ainda não sabem realmente o que vão fazer.

[em "A Generala] Assombrosa Anabela Moreira, excelente Rui Luís Brás, magníficos Carolina Carvalho, Ricardo Pereira, enfim, um excelente elenco, com um bom texto e o extra habitual aportado por Sérgio Graciano na realização.

Há documentários e documentários

Não conseguindo ainda ver realmente nenhum destes “exclusivos”, partimos para o documentário “Como é que o Bicho Mexe? – O Natal em Maio”. Mas “documentário” é um nome francamente pomposo para aquilo que seria um extra pouco interessante de DVD. Trata-se, na verdade, de um compacto do último direto da primeira “série” da rubrica de Bruno Nogueira no Instagram que se tornou no mais estrondoso fenómeno do confinamento depois do álcool gel. Para quem assistiu então, não traz qualquer novidade, ficando-se pela condensação das duas horas e tal da emissão original em 50 minutos, limitando-se a somar alguns planos de câmara “objetivos” ao subjetivo do telemóvel de Bruno Nogueira. Quanto muito, bom para quem não acompanhou na internet e quer perceber o falatório.

Seguimos então para uma coisa chamada “Mundo à Vista” e que é uma delícia. Provavelmente, conhece da SIC Notícias ou do “Jornal da Noite”. As duas primeiras temporadas passaram lá e a terceira é anunciada como exclusiva da OPTO. “Mundo à Vista” é, basicamente, o talento do enorme fotógrafo Joel Santos depois de descobrir o drone. A primeira série é a melhor. Os episódios têm a duração perfeita de sete minutos, o suficiente para não serem um mero postal, mas também não secarem a poesia com o excesso de informação. São viagens pelo mundo, que contam a história de lugares e povos que ainda escapam à grande normalização de tudo: os pescadores do rio Li e os seus corvos marinhos; o deserto do Danakil, lugar mais quente da terra; os Tsaatan e as suas águias, nas estepes da Mongólia, e muitos outros, que poderá já conhecer das fotos de Joel e que aqui são aprofundadas com os recursos do drone e da TV. Nas temporadas seguintes, os episódios duplicam ou triplicam tamanho, assume-se mais a presença da jornalista Teresa Conceição e tornam-se mais convencionais, mais TV e menos fotografia, o que é pena. Mas ainda assim, um excelente magazine de viagem que não é para turista. Uma raridade.

“Mundo à Vista” é, basicamente, o talento do enorme fotógrafo Joel Santos depois de descobrir o drone

A ficção inspirada no real e o real contado com mecanismos da ficção

Paramos para comer, que isto do streaming também abre o apetite. Uma nota para os responsáveis pela programação informática por detrás da OPTO: a passagem para o episódio seguinte provoca sempre uma saída automática do ecrã cheio, obrigando o cidadão sem smart TV a levantar-se para clicar no ícone respetivo e quebrando aquele estado hipnótico que tanto favorece a prática do binge watching. A considerar.

A tarde é ocupada com “A Generala”. Quem ainda se lembrar da figura de Maria Teresinha Gomes, a.k.a., general Tito Paixão Gomes, que inspira a “Maria Luísa Monteiro” desta ficção de Patrícia Muller e Vera Sacramento, tenderá a achar a opção por Soraia Chaves para o papel um pouco, digamos, errr, benevolente. Quem não se lembrar, mas tiver visto há pouco César Mourão a fazer de senhora de idade no trailer de “Esperança”, achará apenas que uns conseguem e outros não. À parte isso, o responsável pelo figurino de José Fidalgo ter certamente confundido 1992 com 1972 (nós ainda nos lembramos de 1992. Estávamos lá e não havia agentes da PJ vestidos como figurantes do “Saturday Night Fever”) e ninguém fazer o menor esforço por parecer minimamente madeirense (mas antes isso que um desastre caricatural qualquer), “A Generala” é o tipo de produto que pode, de facto, fazer a diferença. Isto é, justificar os 3,99€ que pedem às pessoas que deem a mais por mês para ter, além da SIC e da SIC Notícias, mais esta SIC em casa. Assombrosa Anabela Moreira, excelente Rui Luís Brás, magníficos Carolina Carvalho, Ricardo Pereira, enfim, um excelente elenco, com um bom texto e o extra habitual aportado por Sérgio Graciano na realização.

Além do Jornal da Uma e do Jornal da Noite e de um canal inteiro dedicado às notícias, ainda estávamos mesmo a precisar de mais alguns pequenos telejornais. Só para desenjoar.

O resto da tarde é ocupada com a informação. “5+” é um programa conduzido por Clara de Sousa e que, tirando o drone que, de vez em quando, a deixa a falar do tamanho dum píxel no meio da paisagem, convence como um magazine muito eficaz, muito Discovery ou canal História. Os dois primeiros episódios trazem as cinco maiores catástrofes naturais da História de Portugal e os cinco acidentes aéreos mais marcantes, relatados com objetividade, ritmo e economia. Nada de novo, mas, “de novo”, muito eficaz.

Já “Mercado Negro” traz a grande reportagem de Sofia Pinto Coelho no território que lhe é habitual: a justiça. Vemos o primeiro episódio dos quatro já disponíveis: meia hora marcante sobre o estado das prisões em Portugal e o fracasso da suposta “reintegração social”. A história de Mário Reis, condenado a um total de 32 anos de cadeia por acumulação de penas que sai, pela primeira vez, para cinco dias de precária ao fim de 25 anos de cárcere, é o fio condutor da tese de que, lamentavelmente, o sistema prisional em Portugal funciona como uma mera porta giratória que manda as pessoas sair em ainda piores condições do que quando entraram.

Finalizamos com uma amostra dos jornais “exclusivos” que a SIC faz para a OPTO, de cinco, dez e quinze minutos. Sim, porque, além do Jornal da Uma e do Jornal da Noite e de um canal inteiro dedicado às notícias, ainda estávamos mesmo a precisar de mais alguns pequenos telejornais. Só para desenjoar. E porque a Netflix e a HBO estão cheias de noticiários. É uma coisa que funciona bem no streaming. Há grupos inteiros de malta que se juntam aos fins-de-semana para ver, por exemplo, os jornais da tarde de Março de 1987 em binge. É para isto que vos damos para a mão os dados do nosso cartão de crédito. É, é.

“Flesh and Blood” é uma boa minissérie da ITV que mistura o relationship drama à la “This is Us” com uma investigação a lembrar “The Affair”

Policiais e relações – quais os mais sangrentos?

Jantamos. Respondemos a algumas mensagens só para saberem que ainda não nos deu uma coisa fininha. Fazemos alguns alongamentos antes de voltar ao sofá, que isto é desporto de alta competição e o atleta já não vai para novo. Regressamos para uma curta última parte.

O serão fica para as séries estrangeiras, que a OPTO também as tem e ainda não facultadas por nenhum outro serviço de streaming entre nós. “Flesh and Blood” é uma boa minissérie da ITV que mistura o relationship drama à la “This is Us” com uma investigação a lembrar “The Affair”. Começa com a perturbação familiar provocada na família por uma viúva que decide que a vida ainda não acabou e inicia uma nova relação e acaba num possível crime visto em retrospetiva. Traz-nos Francesca Annis, Imelda Staunton, Stephen Rea, o ponto de vista da amante, prostituição masculina e casamentos onde ela é a profissional de sucesso e ele a parte que se sente abandonada.

A OPTO é uma boa opção caso “O Clube” e “Esperança” estejam pelo menos à altura de “A Generala” e do que prometem nos trailers. Talvez a televisão com uma grelha escolhida por um programador esteja mesmo condenada à extinção.

Com “The Nest”, continuamos por territórios britânicos, mas mais thriller e menos relationship. O casal aparentemente perfeito procura uma barriga de aluguer e tresanda a problemas. É uma minissérie da BBC filmada em Glasgow e as duas maiores estrelas são Sophie Rundle (a Ada de “Peaky Blinders”) e a inacreditável casa dos protagonistas, à beira do lago Long, que vai fazer o vosso acolhedor apartamento, comprado com todo o vosso suor e decorado com o máximo das vossas capacidades parecer um WC pré-fabricado em polipropileno.

E com esta nota de alegria, damos por finda a maratona. A noite já vai longa e amanhã é dia de… Esqueçam. Amanhã não é dia de nada outra vez. A OPTO é uma boa opção caso “O Clube” e “Esperança” estejam pelo menos à altura de “A Generala” e do que prometem nos trailers. Talvez a televisão com uma grelha escolhida por um programador esteja mesmo condenada à extinção e já não saibamos o que fazer sem esta lógica de catálogo desdobrado diante do nariz, com todo o portfolio à escolha. A vida caminha a passos largos para se tornar, toda ela, uma grande subscrição. E já cancelávamos este serviço da pandemia.

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