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MÁRIO CRUZ/LUSA

MÁRIO CRUZ/LUSA

Sporting-Benfica. E ao sexto round, o empate foi a Vitória de Rui

Se a saída do Benfica não foi pacífica, os primeiros tempos de Sporting muito menos: Jesus "matou" Vitória. Mas abusou da dose. Ressuscitou-o. E hoje é o técnico encarnado que domina.

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“Mais do que as equipas que começam o jogo, os treinadores poderão fazer a diferença é durante o jogo”, disse Jorge Jesus na antevisão do dérbi deste sábado. Um Sporting-Benfica é sempre um jogo de emoção e paixões, mas desde que o antigo treinador encarnado se mudou para Alvalade, passou a ser sempre uma figura especial. Ele e o homólogo, Rui Vitória. Que tiveram esta noite o sexto duelo enquanto comandantes de leões e águias.

Até meio, Jesus dominou por completo. Dentro de campo, com três vitórias, e fora de campo, com constantes ataques ao adversário. Conseguiu “matar” Vitória, mas abusou da dose e acabou por dar vida ao treinador do Benfica. Que foi ganhar a Alvalade, sagrou-se campeão e continua a liderar a Primeira Liga. As coisas mudaram e hoje é Jesus que admite um dia ser amigo do rival, porque tudo não passa de mind games, enquanto Vitória continua a destacar que não gosta muito de show off. No campo, a vantagem mudou por completo. E o empate no sexto encontro pode ter dado mais um campeonato aos encarnados.

Round 1, Supertaça: 1-0 para Jesus

Jorge Jesus chegou a Alvalade em euforia e tornou-se Judas para os lados da Luz. Olhava-se para os jornais, ouvia-se as conversas, e era só ele, ele e ele. E ele não foi de modas na primeira conferência de antevisão a um encontro oficial: a Supertaça. Colocando o duelo entre ele… e a própria sombra.

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As ideias que estão no Benfica são todas minhas, não mudou nada, zero. Não estou lá, mas vou jogar contra uma equipa que tem as minhas ideias. Pensei que o novo treinador mudasse alguma coisa, mas não vejo nada”, atirou. “Isto nunca será uma questão de treinadores, a grandeza destes clubes ultrapassa qualquer aspeto individual. Sou respeitador com toda a gente, com o meu clube e o meu passado. Isto fica claro. Mas respondo e falo com quem quero, quando quero e quando a minha cabeça manda. Agora não quero”, explicou Rui Vitória.

https://www.youtube.com/watch?v=0PYb5aXng4k

A verdade é que Vitória mexeu na equipa e o duplo pivô no meio-campo com Fejsa e Samaris acabou por retirar metros aos encarnados, que perderiam por 1-0 a final do troféu para o rival. O técnico do Benfica centrou mais a questão nos pormenores que decidiram a partida; Jesus fez a festa: “Fomos melhores, fizemos dois golos, anularam mal um. Nos últimos 16 jogos com o Benfica, o Sporting perdeu dez, empatou cinco e ganhou um. Entraram a medo”.

Houve uma outra novela em torno do jogo, relacionada com alegadas SMS que Jesus para os jogadores do Benfica: o antigo treinador encarnado teria enviado mensagens para Eliseu (que acabou por não jogar), Talisca (que jogou mais avançado do que normal) e Jonas (que teve uma altercação com Jesus no final da partida), algo que acabou por não se confirmar com o passar dos meses. Jesus saiu por cima da primeira batalha.

Sporting conquistou a Supertaça no primeiro jogo de Jesus pelo clube e logo contra a ex-equipa

José Manuel Ribeiro/Global Imagens

Round 2, Primeira Liga: 2-0 para Jesus

O Benfica entregou em outubro de 2015 uma ação judicial no Tribunal do Barreiro contra Jorge Jesus, acusando o antigo técnico de ter levado software do clube para o seu rival. Em paralelo, alegava que o treinador tinha rescindido de forma unilateral e sem justa causa quando, em junho, ainda com vínculo aos encarnados, terá estado com responsáveis leoninos. Foi também nessa altura que Bruno de Carvalho, presidente do Sporting, denunciou o célebre “caso dos vouchers”, a caixa que os rivais ofereciam aos árbitros em cada jogo.

Se o ambiente já era escaldante, ficou ainda mais ao rubro. Rui Vitória não quis fazer comparações em relação ao encontro da Supertaça, defendendo que já tinham passado três meses. “Houve mudanças, metade dos jogadores não são os mesmos da Supertaça. E existem contextos diferentes”, comentou, sem deixar de lançar uma farpa: “Vai jogar uma equipa, que somos nós, contra 11 jogadores”.

Jorge Jesus, que andou às fintas com a estrutura do Sporting para falar apenas a seguir ao técnico do Benfica nesse dia, voltou a bater na mesma tecla: “É uma equipa com seis anos de trabalho meu contra uma equipa que tem três meses de trabalho meu. Mas não tenho dúvidas que somos uma equipa”. “Se o cérebro ainda é meu? O que disse está dito, não me vou repetir”, acrescentou.

Em 36 minutos, o Sporting chegou aos 3-0 e decidiu o encontro. Foi uma das maiores vitórias de sempre dos leões na Luz. Rui Vitória falou num jogo ingrato, Jesus deu show na conferência após a partida. “Se o meu passado teve influência? Claro, sabia tudo o que aquela equipa poderia fazer porque é tudo igual, é o software que cá deixei. Era fácil colocar o treinador rival assim deste tamanhinho [fazendo um gesto com os dedos] mas não o faço por respeito“, referiu na sala de imprensa da Luz.

Bryan Ruíz fechou as contas do dérbi em outubro de 2015, que terminou com vitória do Sporting por 3-0

MIGUEL A. LOPES/EPA

Round 3, Taça de Portugal: 3-0 para Jesus

Quis a sorte que os rivais se voltassem a encontrar um mês depois, na Taça de Portugal, em Alvalade. O Benfica estava ferido e queria mostrar que à terceira era de vez. O Sporting estava motivado e queria provar que não há duas sem três. E em mais um dérbi marcado por muita polémica, a vitória valia bem mais do que a passagem à próxima eliminatória da segunda prova nacional.

“Só temos um pensamento: ganhar. É um jogo contra uma equipa forte mas só me preocupo com o jogo em si e não com aspetos exteriores. Cada jogo tem a sua história”, defendeu na antecâmara do encontro Rui Vitória. “É difícil ser surpreendido. Não sei quem vai jogar no adversário mas não há muitos segredos e já jogámos duas vezes esta temporada”, disse o confiante Jesus.

https://www.youtube.com/watch?v=ewaqQPMVPoI

Num encontro com muitos casos e que daria depois muitas queixas, o Sporting voltou a vencer, desta feita por 2-1, após prolongamento. “Antes havia a tática do 4x3x3 e do 4x4x2, agora é a tática do barulho mas não queremos ser comidos de cebolada. Sou dos principais defensores dos árbitros mas não temos de andar sempre caladinhos. Se é para fazer barulho, também faremos. E até tenho a voz grossa”, queixou-se Rui Vitória no seguimento da terceira derrota no dérbi.

“Sou um profissional e tive de procurar outros caminhos mas sou livre de procurar o que quiser para mim. Nunca me passou pela cabeça ganhar três vezes ao bicampeão nacional mas foi limpinho, limpinho. Assumo isso – não é de facto muito normal ganhar a uma equipa que estava habituada a vencer”, salientou Jesus.

Num jogo apenas decidido no prolongamento, Slimani fez o 2-1 com que o Sporting afastou o Benfica da Taça

PATRICIA DE MELO MOREIRA/AFP/Getty Images

Round 4, Primeira Liga: 1-3 para Vitória

Em março de 2016, o quarto round entre os treinadores tinha um motivo extra de interesse: poderia ser o jogo decisivo para o título. Ainda faltavam algumas jornadas, mas o desfecho em Alvalade daria certamente o mote para os restantes encontros. Mas havia uma diferença, depois confirmada na prática: se os leões estavam quase tão bem como em outubro ou novembro, as águias estavam muito melhores em relação a esses jogos. E a relação entre os técnicos tinha atingido um ponto de total rutura, com desconsiderações mútuas.

Vai ser um jogo difícil mas se quiserem dar o favoritismo ao Sporting ficamos todos contentes, é sinal que temos evoluído muito! Se a pressão está sobre nós e não sobre o bicampeão nacional, é sinal que estamos na luta. O Benfica está melhor? Sim, está melhor. Mas o Sporting também”, atirou Jesus. “Tudo o que tem sido dito de fora não tem interferência no nosso grupo, é quase como se tivéssemos uma carapaça para tudo. Nada nos influencia. Se o Sporting é favorito, isso não preocupa nada”, garantiu Rui Vitória.

https://www.youtube.com/watch?v=BsRGH0_MQdI

À quarta tentativa, o Benfica conseguiu mesmo vencer, por 1-0, com um golo de Mitroglou na estreia de Ederson nos grandes palcos. Com isso, os encarnados passavam para a frente da Primeira Liga, apesar de nenhum dos treinadores querer dar muito ênfase a algo que seria decisivo.

“Ficámos à frente mas sempre dissemos que seriam três candidatos até ao fim. Demos um passo bom, mas ainda falta conquistar muitos pontos. Temos nove finais pela frente. Sabor especial? O sabor que tenho é o de representar este grande clube. O Benfica está acima de tudo e todos e isso é que nos move”, referiu Vitória. “Perdemos a liderança mas nem sabemos bem como. Este foi o Benfica mais fraco dos últimos quatro jogos. A sorte tem influência porque não sabemos como ganharam. Empatar já era mau, perder então… Mas ainda faltam muitos jogos e a luta vai ser até ao fim”, vaticinou Jesus. E foi mesmo, mas como ninguém escorregou, foi o técnico encarnado que se riu.

Mitroglou decidiu o último dérbi em Alvalade, que seria fundamental para o tricampeonato do Benfica

FRANCISCO LEONG/AFP/Getty Images

Round 5, Primeira Liga: 2-3 para Vitória

Na presente temporada, tudo mudou. Porque o Benfica foi campeão (apesar de Jesus, no final da época, ter continuado a dizer que o Sporting seria o justo vencedor), porque o Benfica estava de novo na liderança. Com ou sem ideias do técnico leonino, os encarnados continuavam a ganhar. E isso notou-se na forma como o treinador abordou a partida no estádio da Luz, que poderia valer também liderança (os verde e brancos estavam a dois pontos)

“Para mim é o 20.º dérbi. Cada um tem a sua história. Independentemente da classificação, estes jogos são sempre especiais. Penso que as duas equipas estão muito iguais. O facto de no último ano o Sporting ter ganho três em quatro só conta para o passado. Agora não conta nada. Temos de ter ideias novas para sair da Luz com os três pontos“, disse. “Para se estar aqui a falar dos golos sofridos nos últimos jogos, é porque foi uma anormalidade. Quando não sofremos não se falou. Não vamos colocar tudo em causa. Há uma semana atrás o Marítimo era muito bom pois ganhou ao Benfica, agora perdeu. Será um jogo diferente. Jesus? Estamos a tornar o futebol num reality show. Estamos a alimentar uma novela? Isto não interessa para nada“, comentou Rui Vitória.

https://www.youtube.com/watch?v=6f8mklSWcac

Num encontro, como não poderia deixar de ser, com muita conversa e polémica, incluindo o arremesso de cartolinas em direção do banco leonino e na marcação dos pontapés de cantos, o Benfica ganhou por 2-1 e reforçou a liderança, deixando o Sporting a cinco pontos que, com o passar das jornadas, foram aumentando.

“Foi um dérbi intenso, num jogo muito bem disputado. Não com a qualidade que se pode querer sempre, mas foi um jogo à Benfica, de enorme caráter e com vontade de ganhar, a saber quando é que o jogo tinha de ser bem jogado e quando não. Fomos muito perspicazes”, destacou o treinador encarnado. “O que é que faltou ao Sporting? Não faltou nada. Foi um bom jogo com duas grandes equipas e com o Sporting melhor. Olhe, faltou que a terceira equipa tivesse visto duas grandes penalidades, uma delas que deu origem a um dos golos do Benfica…“, lamentou Jesus.

Raúl Jiménez fez o 2-0 para o Benfica, Dost ainda reduziu mas encarnados voltaram a ganhar em 2016

AFP/Getty Images

Round 6, Primeira Liga: 3-3 para Vitória

As conferências de ambos os técnicos antes deste dérbi foram calmas, sem polémicas. Falou-se de futebol, até mais do que é habitual. E como Jesus tinha referido, os treinadores podiam mesmo fazer a diferença durante o jogo: Rui Vitória lançou Jiménez para junto de Mitroglou, ganhou poder de fogo na frente e “trancou” William; depois, já com o livre de Lindelöf a restabelecer o empate, fechou o meio-campo e “matou” o jogo rumo ao 1-1 final.

https://www.youtube.com/watch?v=sT75qPwv7Ww

Este foi o primeiro empate entre Jorge Jesus e Rui Vitória em dérbis. Mas, para o último, o mesmo que iniciou este combate pessoal com três KO seguidos, soube a vitória. E agora está numa posição privilegiada para comemorar aquilo que mais nenhum treinador conseguiu: celebrar o tetracampeonato. Que começou com um bis de Jesus…

Lindelöf saltou mais uma vez do que é habitual num jogo, agora para celebrar o seu golo que deu o empate

FRANCISCO LEONG/AFP/Getty Images

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