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JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

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Marcelo ao Observador: três anos depois de Pedrógão, espera que "investigação seja levada até ao fim"

Presidente ao Observador em Pedrógão Grande, 3 anos depois: "O facto de o apuramento das responsabilidades abarcar de uma forma ou de outra responsáveis locais complica a mudança".

Três anos depois do grande incêndio de Pedrógão Grande, que matou 66 pessoas, feriu outras 254, destruiu 500 casas e arrasou 50 empresas, o Presidente da República assiste esta quarta-feira de manhã a uma missa de homenagem a todas as vítimas, na igreja do Convento de Nossa Senhora do Carmo, em Figueiró dos Vinhos.

Esta terça-feira, Marcelo Rebelo de Sousa saiu de Lisboa ao final do dia, jantou em Fátima e chegou a Pedrógão Grande às 23h10, com uma comitiva mínima: sem assessores de imprensa, com quatro seguranças e Maria João Ruela, a sua assessora para os Assuntos Sociais.

À entrada do hotel, o Presidente da República falou em exclusivo ao Observador, com um enfoque especial no papel da justiça: dez arguidos vão ser levados a julgamento para apurar as responsabilidades penais pelos homicídios; e há ainda 28 arguidos acusados pelo Ministério Público no âmbito de suspeitas de fraudes na gestão dos donativos e na reconstrução da região, fraudes essas que lhes terão permitido aproveitar-se indevidamente de 715.987,62 euros.

Pode ouvir a entrevista aqui.

Marcelo em Pedrógão, 3 anos depois: “Ainda há dor em muitas famílias”

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O que espera encontrar três anos depois nesta região?
Eu tenho voltado cá com alguma frequência e portanto tenho acompanhado o que se tem passado aqui na região. Ainda há a dor em muitas famílias, ainda há o facto de se esperar um conjunto de investigações do foro judicial (e não apenas administrativo), relativamente à utilização dos contributos, que foram múltiplos, apoiando essa reconstrução.

Esperava que a investigação tivesse sido mais célere?
O Ministério Público, e bem, chamou a si essa investigação. Eu apoiei sempre esse facto e é bom que a investigação seja levada até ao fim, apurando o que se passou, se há dúvidas sobre aquilo que se passou. E depois há a reconstrução económica e social da região, que é lenta. Agora infelizmente com a pandemia tornou-se ainda mais lenta, não tanto por um problema localizado, mas pela situação económica e social global do país. Mas é lenta porque as atividades produtivas eram muito desiguais nos vários municípios, houve que refazer infraestruturas ou estruturas económicas e não há aqui, de facto, massa crítica que havia e há na região que foi atingida pelos incêndios de Outubro, que era mais ampla e portanto foi uma área em termos de dimensão geográfica muito mais expressiva, mas também com uma capacidade de estruturas económicas e de refazer a vida superior àquela que existia e existe aqui. Portanto aqui o que encontramos é que as estruturas industriais e comerciais demoram tempo a recuperar. O turismo o mesmo. A componente agrícola também é exatamente o mesmo.

"Até o próprio facto de o apuramento das responsabilidades, que acaba por abarcar de uma forma ou de outra responsáveis locais, sem que se possa dizer em homenagem ao estado de direito que alguém possa ser condenado antes de um trânsito definitivo de uma decisão judicial sobre a matéria, (...) tudo isso também complica uma mudança que seria sempre difícil e que desejaríamos mas mais rápida."
Marcelo Rebelo de Sousa

É uma região muito envelhecida…
É uma região muito envelhecida e que está naquele interior que é um interior intermédio, em que está ao mesmo tempo próximo do chamado litoral mas longe. Portanto muitas vezes quando se fala no interior fala-se no interior profundo e esquece-se este interior, que não está muito longe do chamado litoral, mas que tem condições demográficas — idade da população — e condições sociais e económicas complicadas, muito difíceis.

Já chegou de noite aqui a Pedrógão, mas a mancha verde que podemos ver, que voltou a nascer e a crescer, está aparentemente um pouco desordenada. Preocupa-o que três anos depois se calhar as lições não tenham sido todas bem aprendidas? 
A reforma da floresta é um processo longo. Muito longo. E que exige não só tempo como sobretudo condições económicas, financeiras e sociais para ser executada. Muitas famílias aqui não têm capacidade financeira para lidar com aquilo que a reforma imporia. Por outro lado acontece também que o próprio dinamismo da região foi sendo recuperado de forma progressiva mas lenta. Isso também não facilitou o investimento nessa reforma, portanto num processo que é longo nós encontramos depois condicionantes da região. Amanhã [esta quarta-feira] estará cá a senhora ministra responsável pela Coesão Territorial [Ana Abrunhosa] e há aqui uma questão de coesão territorial: de facto, sendo uma região aparentemente muito pequena, há aqui uma questão de coesão territorial, comparando com outras regiões vizinhas que entretanto em termos de turismo tiveram outro dinamismo, em termos de atividade económica, em termos até de estrutura demográfica.

Marcelo Rebelo de Sousa a cumprimentar bombeiros que ajudaram a combater as chamas de Pedrógão Grande

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

É preciso mais apoio a esta região?
Sim. É uma região com problemas complexos. E depois não se esqueça que até o próprio facto de o apuramento das responsabilidades, que acaba por abarcar de uma forma ou de outra responsáveis locais, sem que se possa dizer em homenagem ao estado de direito que alguém possa ser condenado antes de um trânsito definitivo de uma decisão judicial sobre a matéria, se houver decisão judicial sobre a matéria, se houver matéria para isso. Tudo isso também complica uma mudança que seria sempre difícil e que desejaríamos mas mais rápida.

"Até o facto de a pandemia desejavelmente conhecer uma evolução de desagravamento seria bom, porque ter várias frentes ao mesmo tempo não é desejável. E assim teríamos o aligeirar progressivo, o esbater progressivo da pandemia, entre o final de junho e o mês de julho, acompanhado da preparação e da mobilização dos meios para o combate aos fogos no período que, tradicionalmente, é o mais complicado. Isto poderia prometer um panorama pacífico que acho que os portugueses merecem"
Marcelo Rebelo de Sousa

Preocupa-o a forma como vai ser feito o combate aos incêndios este ano, um ano de pandemia em que há tantas limitações para os bombeiros, em que é necessária, por exemplo, tanta distância entre os homens no terreno?
Houve uma preparação muito grande de que eu fui sendo informado, da parte do Governo, do Ministério da Administração interna, da Proteção Civil e dos bombeiros em especial. Essa preparação começou mesmo no meio do estado de emergência. Os bombeiros estão muito motivados para isso e estão agora mais aliviados das missões que têm a ver com a pandemia. Por outro lado, até agora as condições do ponto de vista climatérico têm sido relativamente favoráveis, comparemos com o que se passou há três anos. Fazem lembrar um bocadinho mais o ano passado e mesmo há dois anos do que há três anos, mas é evidente que com tudo isso todos nós desejamos que não venha a ocorrer um circunstancialismo que coloque problemas em termos de incêndios florestais. Houve um trabalho de preparação. Esse trabalho de preparação tem as estruturas preparadas e mobilizadas. Vamos quase a caminho do final de junho e, por isso, vamos ver, porque ainda falta todo o verão. Até o facto de a pandemia desejavelmente conhecer uma evolução de desagravamento seria bom, porque ter várias frentes ao mesmo tempo não é desejável. E assim teríamos o aligeirar progressivo, o esbater progressivo da pandemia, entre o final de junho e o mês de julho, isto acompanhado da preparação e da mobilização dos meios para o combate aos fogos no período que, tradicionalmente, é o mais complicado, que é julho e agosto, mas já não sabemos… Há três anos aconteceu em junho e aconteceu em outubro… Isto poderia prometer um panorama pacífico que acho que os portugueses merecem e, sobretudo, os que vivem nestas zonas que podem ser mais afetadas também merecem.

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