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ISABEL SUBTIL

ISABEL SUBTIL

Trilhos, tanques, improvisação e chicharros: um Tremor à flor da pele

A cerimónia de Angel Bat Dawid e a visceralidade dos Ill Considered foram os pontos altos do segundo e terceiro dias de festival, atravessando vozes, pratos e até mergulhos nas águas das Furnas.

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Entre cultos e rituais escreve-se a história de São Miguel. Durante a quaresma, por exemplo, cantam-se louvores aos Romeiros, grupos de homens que, durante uma semana, percorrem a ilha a pé visitando as igrejas e as ermidas dedicadas a Nossa Senhora do Rosário. Apanhamo-los bem no centro de Ponta Delgada, de cajado na mão e lenço de romaria às costas, orando em voz alta. Consigo levam um bouquet feito com meias de licra, que é oferecido pelas mulheres. No núcleo do ramo, um punhado de amêndoas de Páscoa, para adoçar a boca.

“Se as meias têm um buraquinho, guarda-se para o bouquet dos Romeiros”, explica Maria, habitante de Rabo de Peixe que, na Casa do Espírito Santo, e fazia leilões entre os presentes. “Cinco euros cada” e lá ia ela entregando bouquets às mesas, onde a refeição seguia rica em chouriço, morcela e em sopa tradicional, um caldo farto de couves, massa, batata e feijão.

Tremor 2023: a festa de uma década e a semana (quase) santa na ilha bonita

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Assim são as Receitas do Baú, o momento em que a comunidade abre a cozinha ao festival e nós, sortudos, podemos provar um pouco da região e ficar a conhecer algumas das suas tradições. O dinheiro angariado vai para as festas do Espírito Santo, o ponto alto das celebrações religiosas de Rabo de Peixe. Há direito a cantares ao desafio e tudo: “vais levar um Tremor e vão-te fugir as cantigas”, atira um dos animadores, mas nem o acordeão se cansa de tocar, nem a língua de afiar rimas.

Assim são as Receitas do Baú, o momento em que a comunidade abre a cozinha ao festival e nós, sortudos, podemos provar um pouco da região

Carlos Brum Melo

Umas horas antes, no Porto de Pesca, Angel Bat Dawid conduziu um outro ritual no primeiro Tremor da Estufa desta edição (os concertos em locais secretos). Ao público foi pedido algo muito simples: “Silêncio. Ouçam o vosso coração a bater”. É de lá que vem a música de Angel e só de lá, desse sítio onde se ouve o som primevo da humanidade. Música, para ela, não tem géneros, não tem pertença. É de todos. “A música deve fazer parte da vossa vida, todos os dias”, di-lo, dando graças à ilha, ao vento, às crianças que são o futuro, à Banda Fundação Brasileira que a acompanhou, a ela e à sua “irmã” Sophia, nesta comunhão catártica.

Angel Bat Dawid, com as suas tranças longas, roupas de xamã e passada precisa, de quem sabe exatamente qual a sua missão na Terra quando pisa este chão, é habitada por todas as vozes da sua herança negra. “Isto é Black Music”, disse sobre o seu álbum de estreia The Oracle (2019), ao qual se seguiu Requiem for Jazz, lançado esta semana. Quando canta, não é apenas as suas preces e as suas dores que se ouvem. É a de todos os corpos negros que a precederam. “Temos que trazer as pessoas negras para o centro”, defende. Mais do que dizer como se deve construir a nova ordem social, há que mostrá-la. Principalmente, reforça, mostrá-la às crianças, para que quando vejam alguém como ela lhe digam “eu te amo”. “I love you”, soltou uma criança, sem ensaio, das primeiras filas, “I love you too”, respondeu-lhe a artista de Chicago, abrindo o sorriso.

Quem gosta de música, resume-nos com o seu espírito livre, gosta sempre, independentemente de onde vier. Mesmo se essa música parecer um pouco estranha, como a de Angel Bat Dawid pareceu a Matilde e a Mariana, clarinetistas de 12 anos. Porém, com Angel, as duas amigas aprenderam que não são os papéis nem as pautas que seguram nas mãos que fazem a música, mas sim as pessoas.

Bat Dawid veio ao Tremor para nos transmitir palavras de amor, mas também para nos pôr o dedo na ferida, para nos confrontar com o nosso passado. Encaremo-lo de frente, sem subterfúgios, sem desculpas. Com ela lançando palavras de ordem, não temos como desviar o olhar. Durante pouco menos de uma hora, Angel fez música com o corpo, com a voz, com o seu clarinete, alternando entre vocalizos, gritos e versos de “Wade in the Water”, esse cantar das comunidades afro-americanas escravizadas, que ainda hoje é um cantar de resistência.

A Banda, entregando-se à linguagem desta filha de missionários de Atlanta, acompanhou-a como uma onda. Sempre que Angel Bat Dawid elevava os braços, as trompetes, tubas, clarinetes, flautas agitavam-se, criando um tsunami revolucionário e disforme, cheio de ângulos e, ainda assim, uno. “Ela chegou lá, mandou-nos tocar qualquer coisa e nós inventávamos notas”, conta Manuel sobre a residência artística que Angel conduziu durante três dias, na sede desta filarmónica da freguesia da Mosteiros, “a mais antiga do concelho de Ponta Delgada”, lê-se na brochura eletrónica do festival.

Bat Dawid veio ao Tremor para nos transmitir palavras de amor, mas também para nos pôr o dedo na ferida, para nos confrontar com o nosso passado

Vera Marmelo

“Foi uma experiência fantástica”, conta-nos o senhor de 65 anos, o membro “menos novo” da banda fundada em 1863: “A forma como ela encara a músico e o espírito com que o faz é impressionante”. Quem gosta de música, resume-nos com o seu espírito livre, gosta sempre, independentemente de onde vier. Mesmo se essa música parecer um pouco estranha, como a de Angel Bat Dawid pareceu a Matilde e a Mariana, clarinetistas de 12 anos. Porém, com Angel, as duas amigas aprenderam que não são os papéis nem as pautas que seguram nas mãos que fazem a música, mas sim as pessoas. E quando as pessoas se juntam para tocar, solta-se uma energia poderosa no ar, como o vento que silva no Porto para abençoar este momento. Demos graças e esperemos até sábado, altura em que Angel Bat Dawid subirá novamente a palco, desta feita no Coliseu Micaelense (20h).

O Trilho da Barquinha e o despertar no Terra-Nostra

Quarta-feira foi o primeiro dia de muitas iniciativas e, em boa verdade, foi o primeiro dia intensivo de Tremor. Intensivo, aqui, tem que ser interpretado à luz do ritmo da ilha e do próprio festival. Felizmente estamos num lugar onde podemos saborear cada atividade sem a ansiedade de estarmos a perder muitas outras coisas noutro sítio qualquer. Claro que há escolhas a fazer, como ter que faltar à inauguração da exposição “Ornitofaunia” no Museu Carlos Machado, em Ponta Delgada, por se estar a percorrer o Trilho da Barquinha, na freguesia de Lomba da Maia, mas as escolhas fazem parte da vida.

Infelizmente, o silêncio já teve melhores dias neste festival. Ele é tão importante como qualquer cabeça de cartaz, é essencial à própria música. De uma forma geral, saltando de concerto em concerto, esbarramos sempre com franjas de público para quem falar parece ser mais urgente do que escutar. Nos tempos que correm, quietude é um conceito em claro desuso. Será que estamos todos a sofrer de défice de atenção?

O trilho apareceu na programação deste ano à boleia do Tremor Todo-o-Terreno, percursos performativos que aliam a paisagem natural à intervenção artística de um coletivo convidado. Coube às COBRACORAL, trio vocal feminino, concetualizar a experiência e a aposta não podia ter sido mais acertada. Com a voz, Catarina Miranda, Clélia Colonna e Ece Canli ampliaram os sons dos pássaros, dos bichos rastejantes que se escondem no musgo e nas folhas, dos Plátanos que furam o céu, da água das cascatas das Três Bicas e do Preto. Ampliaram a fauna e a flora, colocando-nos também a nós no papel de bichos que somos. A iniciativa repetir-se-á até sexta, apenas é exigido a quem vá que faça silêncio e se entregue ao síbilo desta cobra.

Infelizmente, o silêncio já teve melhores dias neste festival. Ele é tão importante como qualquer cabeça de cartaz, é essencial à própria música – toda a notação musical tem a sua equivalente rítmica em pausa, os opostos precisam-se para se complementarem. Quando Sophia, no concerto de Angel Bat Dawid, nos pediu silêncio, nem todo o burburinho se dissipou. E, de uma forma geral, saltando de concerto em concerto, esbarramos sempre com franjas de público para quem falar parece ser mais urgente do que escutar. Nos tempos que correm, quietude é um conceito em claro desuso. Será que estamos todos a sofrer de défice de atenção?

COBRACORAL: com a voz, Catarina Miranda, Clélia Colonna e Ece Canli ampliaram os sons dos pássaros, dos bichos rastejantes que se escondem no musgo e nas folhas

ISABEL SUBTIL

Se pararmos um pouco para ver a alvorada, encontramos lá o silêncio e o detalhe. Talvez para nos lembrar dessa beleza, o Tremor trouxe para esta edição o concerto mais matutino de que há memória na história do festival. Ainda o nevoeiro era denso, tão denso que só um motorista conhecedor da ilha se sentiria confortável a guiar um grupo de pessoas pelas curvas e contracurvas que vão dar às Furnas, quando na quinta-feira nos entregámos às águas e à voz helénica de Ana Arsuaga. A artista basca apareceu às 9h da manhã, surgida do ventre do Parque Terra Nostra, para nos lançar a sua liturgia basca enquanto Verde Prato, nome do projeto pessoal que se estreou em 2021 com o álbum “Kondaira eder hura”.

O público, mergulhado nas águas termais do tanque principal, apenas com a cabecinha de fora como os peixes a ouvir o sermão do Padre António Vieira, escutava Ana e as suas histórias de aldeias, de famílias, de tragédias e doçuras íntimas, sem compreender palavra do seu batua. Há palavras que não carecem de tradução. A arte é linguagem universal que comunica de muitas outras formas e, apenas com um teclado e sintetizadores eletrónicos, Ana Arsuaga disse-nos tudo o que precisávamos de ouvir, no seu jeito sagrado e também dançante de comunicar. Acordai árvores e camélias do Parque, o terceiro dia de Tremor está a começar.

Bicha vai bem com tudo

Acabaríamos a manhã num registo bem diferente, à mesa do Mané Cigano, taberna quase sexagenária de Ponta Delgada onde o chicharro é pitéu e onde a batata é cozida, não frita, “porque aqui só fazemos da forma tradicional”, explicam-nos, pousando o queijo à frente. Ali serve-se o que as famílias da ilha comem, sem tirar nem pôr. Ao meio dia já há travessas empilhadas de chicharros a sair da cozinha, feijão assado a acompanhar e cebola nova em vinho tinto, pimento vermelho e limão galego dos Açores para regar, limão que é cor-de-laranja como as laranjas e gosta de ser chamado de tangerino.

O trio passou a pente fino grande parte do seu reportório de fados travestidos do álbum Ocupação (2022), como “Requiem para Valentim”, em homenagem ao bailarino Valentim de Barros, “que sofreu de forma muito clara a homofobia do Estado”, nota Lila, bem como o estudante Ribeiro Santos, assassinado por um oficial da PIDE e que também tem direito a fado com o seu nome.

Se o limão quer ser laranja ou tangerino, deixai-lo ser e se o fado quer ser bicha, pois que o seja também. “Bicha é palavra que vai bem com tudo”, diz Lila Fadista, voz e letrista do projeto ativista que tirou Pedro Homem de Mello do armário, “um pai de família que tinha uma experiência queer significativa” como provam alguns dos seus poemas, diz Lila, introduzindo “Rapaz da Camisola Verde”, marcha aqui feita canção de lamento.

Com João Caçador, responsável pelos arranjos, e LaBaq a ajudar ao vivo nas percussões e na guitarra acústica, as Fado Bicha tocaram no segundo Tremor na Estufa, num pequeno pavilhão angular, branco futurista, concebido numa edição passada pelo arquiteto Paulo Vieitas. Fora deste “ninho”, como Lila lhe chamou, a plateia estendia-se num semicírculo, parte de pé, parte sentada na relva do Parque Urbano de Ponta Delgada. O verde era de perder de vista e tão fofo que não nos espantaríamos se todos ali começassem a rebolar, como as crianças fazem quando se atiram para o chão.

Se o limão quer ser laranja ou tangerino, deixai-lo ser e se o fado quer ser bicha, pois que o seja também. "Bicha é palavra que vai bem com tudo", diz Lila Fadista

ISABEL SUBTIL

O trio passou a pente fino grande parte do seu reportório de fados travestidos do álbum Ocupação (2022), como “Requiem para Valentim”, em homenagem ao bailarino Valentim de Barros, “que sofreu de forma muito clara a homofobia do Estado”, nota Lila, bem como o estudante Ribeiro Santos, assassinado por um oficial da PIDE e que também tem direito a fado com o seu nome.

Seguiu-se “Fado do Ciúme”, original de Amália Rodrigues, “Fogo na Casa” e “Fado da Alice”, este sobre Alice Azevedo, mulher e atriz trans de Lisboa que escolheu não se esconder “dos fachos”, eles que andam aí, alertou Lila, antifascista dos pés à cabeça. A atuação fechou com a “Crónica do Maxo Discreto”, canção-single que pôs o público todo a dançar. Os sorrisos eram soberanos: as Fado Bicha souberam rebolar neste Tremor.

A bendita loucura dos Ill Considered

O festival seguiria daí em autocarros, para Ribeira Grande. Era o dia de rumar a norte e de se inaugurar “Sístole”, instalação sonora e fotográfica de Duarte Ferreira e Renato Cruz Santos que tira o pulso às nove ilhas do arquipélago para as apresentar no Centro de Artes Contemporâneas de Ribeira Grande, chamado precisamente de Arquipélago. Na Black Box deste centro, tocaram Marina Herlop e [Rodrigo] Vaiapraia, concertos que, segundo testemunhos que nos chegaram, encheram rapidamente e deixaram muitos de fora a lamentar-se pelo tamanho pequeno da sala.

Não é qualquer banda que lança nove álbuns em dois anos, obras de improvisação seminais cujas capas, para deleite de qualquer colecionador, são assinadas pelo ilustrador holandês Vicent De Boer. A sua sonoridade tem a sujidade e o lado pulsante das ruas de Londres, sem maquilhagens.

Não fomos até lá, porque montámos praça no Mercado Municipal da Ribeira Grande, primeiro para ver os Lulu Monde, trio experimental açoriano, cujo concerto foi uma viagem morna de improvisação entre o psicadelismo e o jazz, e, mais tarde, para assistir à loucura total que foi a passagem dos Ill Considered pelo Tremor.

Para nós, este era sem dúvida um dos grandes projetos do cartaz deste ano, mas não estávamos preparados para aquilo que Liran Donin, Idris Rahman e Emre Ramazanoglu nos deram: praticamente duas horas a suar no baixo, no saxofone e na bateria, numa demonstração de energia e ferocidade que fizeram jus ao nome do festival. Tudo tremeu naquele mercado.

Cada vez que o público pedia “só mais uma” era ver os Ill Considered a agarrar novamente nos instrumentos, com incredulidade e, acima de tudo, revelando um gozo tremendo nisso

Carlos Brum Melo

Claro que já sabíamos que este trio, fundado entre o jazz, o punk, o hardcore, o afrobeat e muitos outros sons de espetros ilimitados, tinha um andamento fora do vulgar. Não é qualquer banda que lança nove álbuns em dois anos, obras de improvisação seminais cujas capas, para deleite de qualquer colecionador, são assinadas pelo ilustrador holandês Vicent De Boer. A sua sonoridade tem a sujidade e o lado pulsante das ruas de Londres, sem maquilhagens, como comprovam as gravações de um take só dos seus discos e os seus concertos viscerais, como o desta quinta-feira.

Cada vez que o público pedia “só mais uma” era vê-los a agarrar novamente nos instrumentos, com incredulidade e, acima de tudo, revelando um gozo tremendo nisso. Fizeram-no por três vezes, para delírio de todos os presentes, que já nem sabiam se deveriam fazer headbanger ou deixar o corpo expressar espasmos tribais. Terminaram a atuação perto da uma da manhã, já 3Phaz tinha assumido a cabine do Centro de Artes para passar o seu grime e techno pesados. Mas para os que viram Ill Considered, a noite estava feita. Este sábado, dia 1 de abril, eles passarão pelo Musicbox, em Lisboa. A nossa mensagem para quem está no continente é muito simples: não pensem duas vezes e agarrem este concerto com tudo o que tiverem.

Ficaremos mais dois dias pela ilha, a ver o que Penelope Isles (31 mar., 21h30), os catalães ZA!, que atuarão ao lado do andaluz Perrate (31 mar., 23h), os Som.Sim.Zero (1 abr., 21h), Pongo (1 abr., 22h45) e novamente Angel Bat Dawid (1 abr., 20h), têm para nos dar. Pelo meio, andaremos por terras incógnitas, físicas e emocionais, tais como os Romeiros de São Miguel, orando à música e à natureza sagrada desta estação.

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