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João Oliveira e João Ferreira nas jornadas parlamentares em Setúbal fevereiro de 2014
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João Oliveira e João Ferreira nas jornadas parlamentares em Setúbal fevereiro de 2014

Rui Minderico/Global Imagens

João Oliveira e João Ferreira nas jornadas parlamentares em Setúbal fevereiro de 2014

Rui Minderico/Global Imagens

Um João, dois Joões. Como aconteceu o infortúnio comunista que é aula prática para a liderança

Uma estenose da carótida, uma noite mal dormida que acabou por revelar um teste positivo à Covid-19 e a garantia que "ainda há stock de Joões no Comité Central". A dor de cabeça de imprevistos na CDU.

O relógio rondava as 12 horas, o carro estava já a chegar a Évora para mais uma ação de campanha no distrito, mas se João Oliveira pensava que lhe cabia “apenas” o papel de substituir Jerónimo de Sousa em mais um debate — que se realiza na quinta-feira nas rádios — e dedicar-se à campanha no distrito pelo qual é cabeça de lista, uma chamada telefónica havia de lhe trocar as voltas. Do outro lado da linha um membro da direção de campanha informava-o que João Ferreira tinha testado positivo à Covid-19.

Não houve muito tempo para reajustes. A próxima ação de campanha estava agendada para daí a três horas a mais de 350 quilómetros de distância de Évora, que até àquela chamada era o destino final do líder parlamentar. Acabado de sair de Lisboa, João Oliveira fez inversão do sentido de marcha e voltou à capital para apanhar a boleia da carrinha que até esta terça-feira fez o transporte de João Ferreira pelas ações de campanha.

Ajustes na equipa? “Os normais, há sempre rotações, mas nenhuma especialmente diferente”, diz ao Observador fonte da campanha comunista. A mensagem é clara: no PCP a liderança é do Comité Central e há apenas uma cara que o representa. Se o secretário-geral Jerónimo de Sousa é a cara mais conhecida do partido, João Ferreira é o mais experimentado em eleições.

Há precisamente um ano, João Ferreira percorria o país em campanha para as presidenciais numa época especialmente difícil para os portugueses no que à pandemia diz respeito. Com Jerónimo de Sousa ainda a recuperar da operação e João Ferreira em isolamento, o terceiro Jota (Jerónimo-João-João) teve mesmo que deixar Évora por uns dias.

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João Ferreira e Jerónimo de Sousa

JOÃO PEDRO MORAIS/OBSERVADOR

Mas é preciso voltar atrás umas semanas para acompanhar os contratempos que a caravana comunista tem enfrentado e como os tem superado.

A 11 de janeiro, já a meio do calendário de debates entre os candidatos e líderes partidários o Partido Comunista Português dava conta que Jerónimo de Sousa iria ser operado de urgência a um problema vascular daí a dois dias. Pouco tempo depois o país ficava a perceber o que é uma “estenose da carótida” e a solução dos comunistas foi colocar na estrada a dupla de Joões.

João Oliveira no debate entre todos os partidos com assento parlamentar que se realizou na segunda-feira, antes de João Ferreira ser afastado da campanha

PEDRO PINA/RTP

A divisão era simples: João Ferreira na estrada no contacto com as populações, João Oliveira nas televisões e rádios para dar a cara pelo partido e mantendo a agenda no distrito de Évora onde em 2019 viu a eleição fazer-se difícil.

Mas nem tudo é tão linear assim e este início de 2022 não se faz fácil para o PCP. Como se de uma profecia (escrita por linhas tortas) se tratasse, as questões de saúde estendem o tapete vermelho para testar candidatos a futuros secretários-gerais.

A noite mal dormida e o substituto do substituto

Voltando a esta terça-feira, foi ao início do dia que soaram os alarmes na caravana comunista depois de João Ferreira ter informado que tinha passado mal a noite, com “problemas gástricos” e que faria um teste à Covid-19 para despistar eventual infeção. A ação da manhã ficou nas mãos de Bernardino Soares — logo em Loures, concelho que presidiu como autarca até há quatro meses — mas mantinha-se a incógnita sobre quem tomaria as rédeas da campanha daí para a frente se o pior se confirmasse.

Bastou uma hora. Com a informação do teste positivo de João Ferreira veio também com a confirmação de que seria João Oliveira a continuar na estrada “sem qualquer alteração na agenda” e até ao previsível regresso de Jerónimo de Sousa. Datas certas para o regresso de Jerónimo ninguém se arrisca a avançar: “Depende da avaliação médica”. Uma coisa é certa: “Todos querem que aconteça o quanto antes”. A agenda que a caravana segue é a mesma que foi traçada desde o primeiro momento. Primeiro substituiu-se Jerónimo de Sousa por João Ferreira, agora João Ferreira por João Oliveira.

João Oliveira já esteve infetado com a Covid-19 pelo que os comunistas têm alguma almofada de folga na ansiedade de ter que arranjar mais uma alternativa. Pelo menos para já.

Nos bastidores da campanha vai-se brincando com o “stock de Joões”, que ainda estão disponíveis no Comité Central. De facto, há 14 Joões no atual Comité Central, isto no sentido literal. Porque no sentido figurado são 146 Joões, 146 membros do órgão de liderança coletiva. João Oliveira relativiza as trocas de caras, mas não afasta que possa ser prejudicial para o partido. “É uma sementeira, no dia 30 veremos o que colhe”, disse na primeira ação pela qual ficou responsável esta terça-feira.

No Facebook, João Ferreira citou o comunista Pablo Neruda para dizer que “a luta continua” e descansar quem estivesse mais preocupado com a sua saúde. Com sintomas ligeiros, o vereador em Lisboa ainda conseguirá exercer o direito de voto no dia 30, com o período de isolamento a terminar antes.

Bernardino Soares na manhã desta terça-feira em ação de campanha em Loures, Lisboa

LUSA

João Oliveira ultrapassa Bernardino, solução transitória só durante uma manhã

Além dos Joões, Bernardino Soares é outro dos nomes constantemente lançados para cima da mesa no tópico da sucessão de Jerónimo de Sousa. Mandatário da campanha em Lisboa, esteve apenas esta manhã na ação de campanha no município que liderou até às autárquicas de setembro. Ao mesmo tempo, João Oliveira regressava a Évora, depois de participar no debate, sem se saber ainda que João Ferreira estava positivo para a Covid-19.

A presença de Bernardino no restaurante em Loures já estava garantida antes mesmo da indisposição noturna de João Ferreira e manteve-se, mas a hipótese de continuar ao longo do dia não se pôs, afinal desde o primeiro percalço com a operação a Jerónimo de Sousa que a opção comunista foi uma provisória liderança bicéfala entregue à dupla João Ferreira/João Oliveira.

Como peixe na água, Bernardino lá respondeu que “já são muitos anos e muitas campanhas” quando questionado sobre o à vontade que teve na ação no restaurante “O Cotrim” — que em semelhanças com a Iniciativa Liberal só tem mesmo o nome. A forma de fazer campanha e o apoio que recebeu não foram boost suficiente para seguir viagem até ao norte do país e continuar com a tarefa de dar a cara pelo Comité Central.

À hora que os jornalistas eram avisados do teste positivo de João Ferreira, depois da ação no restaurante, já João Oliveira rumava novamente a Lisboa para apanhar boleia da caravana do partido. Bernardino Soares ficou na campanha no distrito onde é mandatário, a campanha em Évora entregue aos “muitos militantes” — nas palavras de Oliveira.

Se esta semana as honras estão entregues a João Oliveira, dentro de uma semana a expectativa é a de que os restantes valetes — os Jotas no baralho — estejam de volta à caravana da CDU.

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