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CHALK Jason

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Um roteiro pelo Walk & Talk, o festival onde a periferia é uma arte

É um festival de criação artística e a média de idades dos organizadores não ultrapassa os 30 anos. A sétima edição termina no sábado e esta é uma proposta de itinerário.

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O jornal mais conhecido dos Açores, e o mais antigo de Portugal, como logo se lê no cabeçalho, escreveu em primeira página que 2017 é o ano da afirmação do Walk & Talk, e Jesse James Moniz, fundador e diretor deste festival anual, não só aceita o título do “Açoriano Oriental” como reforça a ideia.

“Mais do que um festival de apresentação, somos um festival de criação artística e acho que já atingimos a maturidade na programação, na relação com a comunidade, com os artistas, com os curadores, com a imprensa”, assume o responsável.

A sétima edição teve início a 14 de julho e prolonga-se até sábado, 29, com dezenas de propostas de artes visuais e performativas, muitas das quais resultado de residências artísticas que acontecem por estes dias ou tiveram lugar no ano passado – com criadores de Portugal, Espanha, França, Reino Unido, Dinamarca, Roménia, Brasil, EUA, Canadá.

O epicentro é Ponta Delgada, mas outras localidades da ilha de São Miguel estão incluídas. Há inaugurações durante o dia e à noite, estreias absolutas, conferências, visitas guiadas. É um evento vibrante, que tira partido do estatuto ultraperiférico da região e assume esse problema como trunfo.

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“O periférico é a condição óbvia dos Açores, mas não pensamos nisso como algo que nos atrasa, até temos pensado o contrário”, explica Jesse James Moniz, de 29 anos. “Tudo pode ser simultaneamente periférico e central. A insularidade e o periférico oferecem um contexto mais específico, e muitas vezes os artistas convidados têm pensado e criado a partir disso. De resto, com o passar dos anos, deixou de ser condicionante. Para nós, o festival está no centro.”

Nascido em torno da chamada arte urbana, o Walk & Talk é organizado pela associação cultural Anda & Fala e tem vindo a estabelecer diálogo com outras formas de expressão artística.

O orçamento anual ronda os 120 mil euros, segundo o diretor, e cerca de metade do valor provém do Governo Regional e da Câmara Municipal de Ponta Delgada. A tempo inteiro, durante as duas semanas do festival, trabalham 27 pessoas com remuneração, mais duas dezenas de voluntários, principalmente estudantes de áreas artísticas. A média de idades é inferior a 30 anos.

“Para reduzir a nossa dependência de apoios públicos temos estado mais próximos de fundações e empresa privadas, que muitas vezes nos apoiam em géneros e com logística”, pormenoriza Jesse James Moniz, acrescentando que o objetivo para os próximos anos é o de “criar mais condições para os artistas produzirem”.

Para já, uma visita guiada no ano da afirmação.

Sandra Rocha na galeria de Fátima Mota

A viagem começa mesmo no centro de Ponta Delgada. A Galeria Fonseca Macedo associou-se ao Walk & Talk e propõe uma exposição de Sandra Rocha (n. 1974), fotógrafa terceirense que vive em Paris e cujo trabalho consiste em “imagens habitadas por mulheres jovens, animais únicos e paisagens estranhas”, diz a folha de sala.

A artista não está em São Miguel por estes dias, por isso a cicerone da exposição é Fátima Mota, dama da arte contemporânea nos Açores, responsável desde dá 17 anos pela Fonseca Macedo.

“Calor do Corpo”, assim se chama a mostra, resulta da residência artística de Sandra Rocha no ano passado em São Miguel, no âmbito do festival. São retratos e vídeos que “ora mostram o conceito de tempo, o tempo atmosférico e o tempo da máquina que capta as imagens, ora refletem elementos do pitoresco da ilha de São Miguel”, opinou a galerista.

Em visita guiada, na semana passada, Fátima Mota explicou que manter o espaço aberto “tem sido difícil”. “Mas continuo a ser a única galerista de arte contemporânea na ilha porque sou muito teimosa, é a única qualidade que tenho, penso eu.” Ao longos dos anos, houve projetos semelhantes ao dela, mas ou não correram bem ou não reuniam as condições técnicas necessárias, disse.

“O facto de estar nos Açores limita o número de clientes que posso ter, claro. A maioria das pessoas não pode despender muito dinheiro e procura sobretudo obras bonitas para ter nas paredes de casa. É por isso que ora faço exposições com obras muito importantes e que não se vendem, ora apresento aqui, uma ou duas vezes por ano, trabalhos mais fáceis de entender, porque não quero divorciar-me dos colecionadores que aqui vivem.”

Fátima Mota é açoriana, estudou na Faculdade de Letras de Lisboa e antes de se tornar galerista foi professora de inglês e alemão. “Nos anos 80, vários artistas açorianos de enorme qualidade, que tinham estudado em Lisboa e no Porto, regressaram à ilha e eu comecei a comprar o trabalho deles. Não tinham nenhuma galeria ou plataforma que os representasse, por isso pensei em pegar neles e fazer algo que os promovesse”, recorda.

A Fonseca Macedo representa hoje cerca de duas dezenas de artistas, a maioria portugueses: Ana Vieira, Catarina Branco, Miguel Palma, Pedro Cabrita Reis, Vasco Barata, muitos outros. Também trabalha em parceria com galerias do continente: por exemplo, no primeiro ano de parceria com o Walk & Talk, em 2014, acolheu uma mostra de Julião Sarmento, que é representado pela Cristina Guerra.

“É complicado ser galerista em São Miguel, porque tudo aquilo que eu fizer, seja bem ou mal feito, vai ser lido como a posição definitiva sobre a arte contemporânea. É uma grande responsabilidade”.
Fátima Mota

“Não é habitual artistas tão relevantes aceitarem estar em galerias tão pequenas e periféricas como esta, mas eles nunca me dizem ‘não’ e os Açores são uma terra muito especial.” Ou seja, se a galeria está limitada pelo curto mercado micaelense, também tira partido do facto de não ser concorrente direta de outras galerias.

“É complicado ser galerista em São Miguel, porque tudo aquilo que eu fizer, seja bem ou mal feito, vai ser lido como a posição definitiva sobre a arte contemporânea. É uma grande responsabilidade”, sublinhou Fátima Mota. Ainda assim, a abertura do Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas, em 2015, aliviou-lhe o peso. “Já não estou sozinha, tenho agora uma instituição pública, que tem mais responsabilidade do que eu. Fico muito feliz, porque ao longo dos anos cheguei a ser acusada de elitismo, mas agora o Arquipélago legitimou as minhas escolhas. Muitos dos artistas que por lá têm passado são aqueles que eu já tinha mostrado.”

A longa rede de Akane

Por si só, o Arquipélago merece visita, mas desta vez foi por causa do Walk & Talk que lá chegámos. Ribeira Grande, costa norte de São Miguel. Aqui se situa o único museu de arte contemporânea dos Açores, esse mesmo, o Arquipélago, a poucos metros do mar. Foi o local escolhido pela designer japonesa Akane Moriyama (n. 1983) para criar “Azorean Spectrum Range”, instalação têxtil com 70 metros de tule e aço. A luz dos Açores, a pedra vulcânica e as artes de pesca, eis os elementos que a designer condensou.

“O edifício é muito belo, mas pareceu-me que faltava alguma coisa que ligasse a rua ao interior do museu e lhe desse mais luz”, explicou Akane Moriyama, enquanto observava a instalação e se movia de um lado para o outro, inquieta perante o objeto.

O Arquipélago, numa zona de habitação um pouco isolada, foi inaugurado em 2015 sobre uma destilaria de fins do século XIX, remodelada e ampliada pelos arquitetos João Mendes Ribeiro, Francisco Vieira de Campos e Cristina Guedes.

Em pedra vulcânica, como muitos edifícios micaelenses, surpreende pelas dimensões inauditas, à escala dos museus portugueses, e por uma austeridade conventual, agora interrompida pela designer japonesa radicada em Estocolmo. Quem passa pela rua de acesso ao museu vê imediatamente o objeto de Akane Moriyama, e a partir do interior, pelas janelas do museu, ele espreita através de diferentes enquadramentos e luminosidades.

“Cheguei aqui pela primeira vez no início de junho e comecei a estudar o espaço e a cor que poderia utilizar. Trouxe vários pigmentos, laranja, rosa, amarelo, azul. A princípio ia ficar branca. Não ficou azul, nem verde, nem amarela. Talvez seja laranja. Não sei explicar como cheguei a esta cor, ou porquê, mas o efeito da luz na ilha fez-me decidir.”

“Quem não conhece estas ilhas, pode vir aqui à procura de uma ideia de paraíso tropical. Essa ilusão é desde logo desmentida pelo facto de os Açores não serem ilhas tropicais, mas subtropicais.”
Sebastian de la Cour

Descrevendo-se como “estrangeira que não percebe nada dos Açores”, Akane Moriyama admite que as redes de pesca lhe chamaram a atenção e chegou a pensar produzir a própria rede, para depois a usar na instalação. Depois desistiu da ideia. “As redes feitas à mão têm uma malha muito fechada, o que poderia tornar a peça menos transparente e luminosa”, explicou. “Nesse sentido, o que fiz não tem relação com as redes de pesca, mas, por outro lado, tem, em termos de estrutura e flexibilidade.”

O trabalho faz parte do circuito de arte pública que o Walk & Talk cria todos os anos em vários locais da ilha de São Miguel e a designer foi convidada pelos curadores desse circuito, Ricardo Gomes, Gabriela Raposo e Miguel Mesquita, do coletivo criativo KWY. Parece ser uma das propostas mais inusitadas do festival.

Dupla benandsebastian interroga o exótico

Outra peça do circuito de arte pública é assinada pelo britânico Ben Clement (n. 1981) e pelo o dinamarquês Sebastian de la Cour (n. 1980), artistas visuais sob o nome benandsebastian. Eles têm interesse em detetar falhas em coleções de arte, museus e outras instituições – os objetos que não estão lá ou as narrativas em falta –, para depois construírem discursos que evidenciam as falhas ou dão novas leituras aos espaços. Para o Walk & Talk fizeram uma “instalação-escultura hipernaturalista”, as palavras são deles. Chamaram-lhe “Nordic Miniature”.

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Estamos agora no Parque Terra Nostra, um enorme jardim privado no Vale das Furnas, a 40 minutos de carro de Ponta Delgada – zona este da ilha, perto das fumarolas aonde as famílias, ao fim-de-semana, continuam a ir fazer o célebre cozido. O jardim pertence à família açoriana Bensaúde, mas foi iniciado em 1755 por Thomas Hickling, comerciante de Boston que se tornou cônsul honorário dos EUA em São Miguel. É de entrada paga, inclui um concorrido lago de água quente e serve um hotel dos mesmos donos.

Depois de observarem as espécies existentes, benandsebastian construíram uma réplica, em miniatura, da floresta do norte da Europa, precisamente um tipo de flora que existe em reduzido número do Parque Terra Nostra. Em concreto, escolheram a faia, que não sendo típica do Norte da Europa aparece na pintura romântica daquelas paragens.

Trata-se de uma estrutura de madeira (também em faia), a imitar vitrines, mas sem vidros, como as que existem desde os anos 1920 no Museu de Arte e Design de Copenhaga, desenhadas por Kaare Klint (e que benandsebastian têm vindo a incorporar há vários anos nos seus trabalhos). Dentro da vitrine está o jardim em miniatura, com água, pequenos exemplares de faias, terra e pedra vulcânica dos Açores, e ainda algumas plantas de plástico, iguais às que se usam nos aquários. O objeto fica num local de passagem, num dos muitos recantos vegetais do parque.

“Ao mesmo tempo, estamos a perguntar se será possível reverter a ideia de exótico. Será que uma planta do Norte da Europa, trazida para aqui, hoje, simboliza a transformação do Norte da Europa em algo exótico, tal como exótica é a imagem desta ilha?”
Ben Clement

“O trabalho fala das plantas que aqui não existem, mas também da visão romântica da natureza”, explicava Sebastian de la Cour, durante a montagem da peça, na semana passada. “Quem não conhece estas ilhas, pode vir aqui à procura de uma ideia de paraíso tropical. Essa ilusão é desde logo desmentida pelo facto de os Açores não serem ilhas tropicais, mas subtropicais.”

Ben Clement acrescentou: “Ao mesmo tempo, estamos a perguntar se será possível reverter a ideia de exótico. Será que uma planta do Norte da Europa, trazida para aqui, hoje, simboliza a transformação do Norte da Europa em algo exótico, tal como exótica é a imagem desta ilha?”

Vânia Rovisco em multimeios e multilinguagens

Igualmente mais interessada em interrogar do que em responder, Vânia Rovisco (n. 1975) trabalha com dança, instalação, artes visuais, luz, paisagens sonoras. E está a preparar um espetáculo para o Walk & Talk em que recorre a todas aquelas linguagens. “Porque todos os média têm a mesma potência, a mesma relevância”, explica a coreógrafa e artista visual. “Luz é uma frequência, som é uma frequência, movimento é uma frequência, espaço é um lugar e o som que entra no lugar.”

À procura da comunhão entre os corpos dos intérpretes e os média ao dispor, a criadora tem estado a trabalhar em Ponta Delgada. Voltámos ao epicentro do festival.

O título e a data estão fechados: “Equanimidade – Ânimo Inalterável”, com estreia na sexta, 28, penúltimo dia do Walk & Talk, às 21h30, no Teatro Micalenese. O resto existe na cabeça dela e na dos intérpretes que convidou. Vai ganhando existência com o passar dos dias.

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“Por exemplo, a cena do Sérgio, em que ele está como que a pedir, é um ser humano na condição de pedinte, mas pedir pode ser muita coisa: pode-se pedir um tostão ou um bilião, e com isso o corpo muda. A música que utilizar é uma paisagem, o Jochen é ótimo a criar paisagens sonoras. Ouvimos ao mesmo tempo um discurso da Marina Abramović sobre o que é um performer e vemos uma projeção vídeo de palavras”, descreve Vânia Rovisco, pouco depois de ter terminado um ensaio. “O espetáculo vive destas justaposições”, resume. São diversos quadros, ligados por detalhes, movimentos, luzes. “Não há uma narrativa aristotélica, há uma história humana; não há personagens, há condição humana”, sublinha.

“A cena do Belard é de alguém muito belo, muito elegante, como os políticos. Pode esticar, esticar, pôr-nos na bancarrota, e a seguir votamos nele outra vez. Mas se fosse um punk já não podia esticar. Como ele é belo e está bem vestido, pode esticar, mesmo que tenha ações abusivas. É um espetáculo que quer questionar estes códigos, o ser humano. Não para julgar, porque isso é fechar.”

Em concreto, a música é assinada por Jochen Arbeit, músico e compositor alemão, fundador dos Automat e membro dos míticos Einstürzende Neubauten. Quanto aos intérpretes, quatro são fixos, Francisco Belard, Sérgio Diogo Matias, Beatriz Kordier e Beatrice Cordier, e a estes se juntaram duas bailarinas que trabalham nos Açores: Beatriz Oliveira e Carolina Rocha.

O trabalho começou a 5 de julho, como parte do programa de residências artísticas do festival, e ao contrário do que seria de supor as três semanas de criação e ensaio representam um período bastante largo, entende a criadora. “É a primeira vez que tenho tanto tempo, estes processos podem demorar meses, mas eu não tenho tido esse tempo, já fiz coisas numa semana”, comenta. “Não estivemos dias a improvisar, os intérpretes trouxeram-me temas e materiais e só tive tempo de os desconstruir com eles.”

A viagem pelo Walk & Talk pode ter muitos outros itinerários. O Instituto Cultural de Ponta Delgada, centro da cidade, onde Carla Cabanas apresenta a exposição “A Matriz e o Intervalo”, baseada em fotografias da primeira metade do século XX. Ou a instalação sonora de Ricardo Jacinto no coreto do Campo de São Francisco – a poucos passos do sítio onde que Antero de Quental se suicidou, em 1891.

“Quando fui convidada para o festival tinha saído de um retiro de 10 dias em que tinha estado a trabalhar a equanimidade. E como a equanimidade implica uma dimensão física, no corpo, e eu estava a entendê-la, e como trabalho com imagens e não narrativas, embora as narrativas estejam dentro das imagens, ficou este título”, conta a coreógrafa. “Remete para uma relação de serenidade com o que nos surge pela frente, para que depois se reaja de forma aberta. É uma serenidade, não é uma passividade.”

“Equanimidade – Ânimo Inalterável”, com duração prevista de cerca de 60 minutos, poderá conhecer novas apresentações, para além desta no Walk & Talk. Mas a criadora não quer replicar, “porque os corpos não são replicáveis”. Cada nova apresentação terá o núcleo central de quatro intérpretes, com outros dois escolhidos em cada lugar, o que levará a remontagens sucessivas.

O pavilhão fantasma de Quintela e Simon

A viagem pelo Walk & Talk pode ter muitos outros itinerários. O Instituto Cultural de Ponta Delgada, centro da cidade, onde Carla Cabanas apresenta a exposição “A Matriz e o Intervalo”, baseada em fotografias da primeira metade do século XX. Ou a instalação sonora de Ricardo Jacinto no coreto do Campo de São Francisco – a poucos passos do sítio onde que Antero de Quental se suicidou, em 1891. Muitos itinerários possíveis. Mas é no Largo de S. João, frente ao Teatro Micaelense, que terminamos, olhando o pavilhão dos arquitetos João Quintela (n. 1986) e Tim Simon (n. 1984), do atelier JQTS. Quintela é lisboeta e vive em Madrid, Simon é alemão e vive em Hamburgo, trabalham juntos desde há cinco anos e conheceram-se num atelier no Chile. “Para nós, a arquitetura é uma produção cultural alargada, fazermos uma casa ou este projeto aqui nos Açores ou uma curadoria de exposições é tudo arquitetura”, sublinhou João Quintela.

O projeto intitula-se “Pavilhão – Gallery”, é um hexágono perfeito, cada aresta marcada por três portas retangulares que evocam as famosas Portas da Cidade, monumento em pedra de fins do século XVIII.

É uma estrutura labiríntica em madeira (criptoméria, típica dos Açores), coberta por rede e com chão de pequenas pedras (bagacina, uma rocha vulcânica).

“O pavilhão está neste local específico do largo para podermos buscar alinhamento com a rua e com vista de mar que se tem a partir daqui”, explicou João Quintela. “E há um elemento vertical que faz a relação com a torre do Teatro Micaelense, isso para nós é fundamental.”

A peça é, antes do mais, uma proposta sensorial. “A madeira tem um caráter irregular, estimula o toque, a bagacina estimula a audição, a rede preta cria diferentes transparências e opacidades. Se virmos por uma rede apenas, há transparência, mas quando juntamos várias destas redes, através do olhar, ganhamos opacidade”, explicou o arquiteto.

Parte integrante do circuito de arte pública do Walk & Talk, o pavilhão poderá depois do fim do festival, no sábado, 29, vir a integrar outra paisagem de Ponta Delgada, o que, caso aconteça, obrigará a adaptações na estrutura.

Por enquanto, os visitantes entram pelas várias portas, sentam-se em pequenos bancos azuis que lá se encontram, tiram fotografias, observam ramos de hortênsias, interrogam-se sobre a razão de ser desta estrutura escura, por vezes gótica – por causa das redes soltas na torre, esvoaçando como cortinas de uma casa assombrada. Ou serão elas a imagem de um festival que se deixa levar em várias direções?

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