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União Europeia – 32 anos a dar-nos tanto

A liberdade que hoje temos na União Europeia é enorme e sem precedentes. Mas é também desconhecida por muitos. Para mudar isso, o projeto #EUandME vem lembrar o que é nosso por direito – e de borla.

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Em nenhuma outra época da História se viveu assim como hoje. Este “assim” refere-se a um puzzle gigante de possibilidades que já se entranharam de tal forma na nossa génese de cidadão europeu que quase passam despercebidas. Mas a verdade é que aquilo que podemos hoje – viajar livremente, comprar produtos noutros países, usar a mesma moeda, trabalhar e estudar no espaço europeu ou comunicar sem pagar roaming, para referir apenas alguns exemplos – só é possível porque integramos a União Europeia (UE). Nós, portugueses, embarcámos nesta aventura no dia 1 de janeiro de 1986 e, desde então, a abertura em termos de liberdades, direitos e garantias tem sido a maior conquista.

Viver neste mundo quase perfeito – em que tanto é possível – já é um dado adquirido para muitos de nós, sobretudo para os que nunca viveram no “antes disto tudo”. Foi para nos lembrar disso mesmo que a UE convidou cinco realizadores europeus para participarem no projeto #EUandMe . Fazem-no através de cinco curtas-metragens que nos contam histórias com um ponto comum: todas esclarecem como é que isto de sermos cidadãos europeus nos permite, todos os dias, ir muito além.

O objetivo desta iniciativa é reforçado por Sofia Colares Alves, Chefe da Representação da Comissão Europeia em Portugal. Em entrevista ao Observador Lab, justifica a necessidade do projeto #EUandMe: “As pessoas tomam as conquistas da UE como um dado adquirido e já pouco valor lhes dão. Em particular, os jovens de hoje não sabem o que é a não-Europa.”

Para inverter a situação, escolheram cinco grandes temas para transformar em pequenos filmes, que prometem tornar-se virais logo que comecem a ser difundidos: sociedade digital; liberdade de viver, viajar, estudar e trabalhar na UE; ambiente e sustentabilidade; direitos humanos e empreendedorismo. Sofia Colares Alves explica que os temas “foram escolhidos não só porque são indiscutivelmente importantes para os jovens, mas também porque são domínios em que a UE faz diferença ao criar direitos e oportunidades”.

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“As pessoas tomam as conquistas da UE como um dado adquirido e já pouco valor lhes dão. Em particular, os jovens de hoje não sabem o que é a não-Europa.”
Sofia Colares Alves, Chefe da Representação da Comissão Europeia em Portugal

Mas a melhor forma de perceber a iniciativa #EUandME é conhecer cada uma das histórias europeias que nos são contadas através de idiomas e cenários tão diversos. E se nos identificarmos com alguma delas – ou até com mais do que uma – não nos espantemos. É que a vida de cada uma das personagens pode muito bem ser a de cada um de nós. Mesmo.

Mobilidade – não há limites para a viagem de cada um

Viver, viajar, trabalhar ou estudar em qualquer país da UE é hoje uma opção para nós. Já é, aliás, uma realidade para 16 milhões de cidadãos europeus que atualmente vivem num Estado-Membro diferente do seu país de origem.

O que posso fazer?

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  • Realizar uma das cerca de 1,25 mil milhões de viagens que são feitas todos os anos nos 26 países do Espaço Schengen em que não é preciso mostrar passaporte ou cartão de cidadão.
  • Conduzir com a minha carta de condução em qualquer parte da UE.
  • Usar os serviços de saúde públicos dos países europeus onde me encontro com o Cartão Europeu de Seguro de Doença.
  • Registar-me no EURES, um portal com mais de 1,3 milhões de oportunidades de trabalho na Europa.
  • Integrar o Corpo Europeu de Solidariedade, que oferece oportunidades de voluntariado e remuneradas a quem tem entre 18 e 30 anos.
  • Recorrer ao Fundo Social Europeu e a programas como o Erasmus+ para fazer formação noutro país da UE.

Mas como é que este direito – consagrado no “Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia” – se conta numa história? O desafio foi lançado ao realizador alemão Matthias Hoene, que participa no projeto com o filme “O Hostel Com Vida”. Aqui encontramos Heike e Moritz, dois jovens irmãos que vivem com a avó numa quinta degradada. Uma tarde, quando Moritz mexe numa caixa com fotografias antigas, a avó aproveita para lhes contar o plano que em tempos traçou com o avô: viajarem juntos para conhecer a Europa.

Mas a aventura nunca chegou a concretizar-se, porque o marido morreu cedo. Os netos decidem então ajudar a avó a concretizar o sonho e, para angariarem dinheiro para a viagem, transformam o velho estábulo num hostel, que rapidamente se enche de viajantes de toda a Europa. Quando finalmente conseguem juntar o dinheiro a avó surpreende-os, depois de a Europa a ter surpreendido a ela, na sua própria casa.

O tema atribuído a Matthias Hoene não podia ser mais adequado à sua própria história. Tendo nascido em Singapura, em 1976, e crescido em Berlim, na Alemanha, acabou por estudar em Londres. Quanto ao trabalho como realizador, desenvolveu-o não só em Inglaterra, mas também em França e na Alemanha. Talvez por isso, pelo caminho europeu que tem vindo a trilhar, terá assumido, em entrevista, que “queria de facto contar uma boa história sobre como é ótimo que a Europa nos junte a todos”. E quanto ao objetivo da sua curta-metragem, não hesitou: “Espero que o público jovem se sinta emocionalmente tocado e inspirado a viajar. Talvez os inspire a abrir um hostel ou talvez apreciem apenas fazer parte da Europa.”

Direitos humanos – liberdade para ser quem sou

A UE foi a primeira organização internacional a proibir, de forma explícita, a orientação sexual e a identidade de género como motivos de discriminação. É no artigo 21.º da “Carta dos Direitos Fundamentais da UE”

Tenho direito a quê?

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  • A votar nas eleições europeias e municipais, seja qual for o Estado-Membro em que viva.
  • A ser reembolsado em caso de voos ou viagens de comboio com atraso. As regras da UE preveem até alojamento e comida quando as esperas são muito demoradas.
  • Posso falar livremente sobre as minhas ideias e crenças. A liberdade de expressão é a base da UE.
  • Tenho o direito à justiça e a um julgamento justo. Posso até recorrer ao Tribunal Europeu ou ao Provedor de Justiça Europeu.
  • Não posso ser discriminado no local de trabalho. Se tal acontecer, tenho à minha disposição a Comissão Nacional para a Igualdade, por exemplo.
  • Como consumidor da UE tenho 14 dias para devolver qualquer produto comprado online, por telefone ou catálogo.

que essa proibição ganha corpo e é nela que nos podemos apoiar para livremente assumirmos quem somos. Sem medo de sermos colocados à margem.

Este é precisamente o tema da curta-metragem “Debut”, realizada pelo croata Dalibor Matanić, que nos conta a história de Ivan, um jovem que brilha na equipa de futebol local numa altura em que se debate por compreender os sentimentos que nutre por Marko, um colega de equipa. Um dia, para celebrar em campo o facto de ter sido selecionado por um olheiro, surpreende Marko com um beijo. O silêncio e o sofrimento que se sucedem ao momento de revelação terminam quando Marko e outros colegas da equipa vão ter com Ivan, num movimento de aceitação total.

“Lutar pela humanidade, pela possibilidade de um mundo melhor, é um tema que percorre o meu trabalho”, afirmou Dalibor Matanić em entrevista, quando questionado sobre o projeto. Na sua perspetiva, a essência do filme passa por “lutar pela humanidade, pela hipótese de um dia melhor”, considerando que “esta é uma ocasião perfeita para o fazer”.

Sociedade digital – sempre ligado em todo o lado

Todos os dias, cerca de 72% dos europeus usam a Internet. Entre estes, 87% dos que têm entre 16 e 24 anos comunicam diariamente nas redes sociais. Contribuir para o crescimento desta sociedade digital, sem deixar ninguém de fora, tem sido um dos grandes objetivos da UE. De tal forma que, só no acesso a banda larga de alta velocidade em zonas rurais, por exemplo, estão a ser investidos mais de 2 mil milhões de euros.

Como é que me ligo?

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  • O roaming deixou de ser cobrado e agora posso usar o meu telemóvel sem custos extra nos países da UE, Islândia, Liechtenstein e Noruega.
  • Posso ligar-me gratuitamente em cada vez mais locais. A UE está a investir 120 milhões de euros na instalação de hotspots de wi-fi pública gratuita em 8 mil locais espalhados pela Europa.
  • Já a partir deste mês, as novas regras da UE garantem mais segurança relacionada com os meus dados pessoais.
  • Tenho a possibilidade de aceder às minhas assinaturas a serviços de streaming de vídeo e música online sempre que viajar dentro da UE.
  • A UE acabou com os monopólios das empresas de telecomunicações, pelo que hoje há cada vez mais operadores no mercado a praticar preços mais vantajosos para mim.

Estar ligado todos os dias, a qualquer hora, em todos os lugares – mesmo no ponto mais remoto da Europa – abre um mundo imenso de possibilidades. Algumas das quais nunca foram sequer imaginadas por quem delas beneficia. Tal como Jan – o protagonista de “O Solitário”, a curta-metragem realizada pelo polaco Tomasz Konecki – nunca imaginou o que uma encomenda online poderia acabar por trazer à sua vida.

Jan vive sozinho no meio de uma montanha coberta de neve. Durante uma caminhada estraga as botas e encomenda um novo par online. Na manhã seguinte conhece Ana, a bela funcionária que faz a entrega. Desejoso de voltar a vê-la, Jan faz nova encomenda e aguarda o regresso de Ana. Mas a comunicação não é o seu forte e os encontros seguintes são frustrantes. Até ao dia em que Ana aceita o convite de Jan para beber um chá na sua cabana.

Segundo Tomasz Konecki, “o filme fala daquilo que mudou repentinamente. Se estivermos aqui escondidos num baldio em Bieszczady [onde foi filmado o filme, na Polónia] e formos capazes de usar a Internet, então podemos acompanhar o que se passa na UE”.

Empreendedorismo – eu construo a minha vida

Como me desenvolvo a mim e ao meu negócio?

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  • Através dos programas Erasmus+ [https://erasmusmais.eu] ou ErasmusPro. O primeiro permite estudar, fazer formação, voluntariado ou intercâmbio num de 33 países da Europa e fora dela, enquanto o segundo financia estágios de 6 a 12 meses.
  • Posso fazer um curso online de línguas no site Erasmus+ Online Linguistic Support.
  • Tenho a possibilidade de estudar no estrangeiro como pós-graduado através do programa Erasmus Mundus Joint Masters Degree 
  • A UE pode ajudar-me a desenvolver uma ideia de negócio através de diversas iniciativas locais, regionais e nacionais. Estão disponíveis candidaturas a empréstimos, microfinanciamento, garantias e capital de risco suportados pela UE.
  • Através da Garantia Jovem  a UE compromete-se a ajudar quem termina os estudos ou fica sem emprego a encontrar trabalho, estágio ou a continuar a formação nos quatro meses seguintes.
  • Para me ajudar a desenvolver o meu modelo de negócio, a Enterprise Europe Network disponibiliza-me um especialista com experiência na área.

Criar o próprio emprego, prolongar os estudos no estrangeiro, buscar formação especializada, fazer um estágio noutro país ou embarcar em projetos de solidariedade. A lista é interminável, da mesma forma que o são os sonhos. Mas porque sem sonhos não avançamos, a UE ajuda a dar-lhes continuidade. Por exemplo, desde 2013 já contribuiu para o emprego de mais de 2 milhões de jovens através de diversas iniciativas.

Alex, o protagonista de “Party Animal” , é mais um desses jovens detentores de um sonho. Aos 25 anos, a música e a dança preenchem-no de uma forma que o emprego que o pai lhe arranjou – fazer limpezas num lar de idosos – jamais preencherá. Numa sala escura e aparentemente vazia coloca os auscultadores e, acompanhado pela sua música, varre a sala enquanto dança. Até que um idoso, ao vê-lo dançar, mostra curiosidade em relação à música que Alex está a ouvir. Entusiasmado, o jovem acaba por ensiná-lo a dançar. O gesto multiplica-se e a alegria atinge os restantes habitantes do lar que também aprendem a dançar. Alex acabara de transformar um pesadelo no seu maior sonho.

Para o realizador, Yorgos Zois, o filme “é sobre como um jovem pode conseguir um futuro diferente para si ao alterar a realidade”. “Penso que os jovens seguem o sonho, seja ele qual for. Aconteça o que lhes acontecer e o Alex faz o mesmo”, explicou em entrevista.

O facto de Yorgos Zois ser de nacionalidade grega não passou ao lado da produtora executiva do filme, Stephanie Deleuze: “Estamos muito contentes por estar a fazer este filme com o Yorgos por ele ser jovem e por ser grego, dado que a situação económica na Grécia é atualmente difícil. Os jovens têm de perceber que mesmo que vivam na Grécia, ou em qualquer outro lugar na Europa, a UE está lá para os apoiar.”

Ambiente e sustentabilidade – natureza protegida

Imaginemos uma área maior que a Alemanha, a Polónia e a República Checa todas juntas. A acontecer, essa área ocuparia cerca de 18% da UE, que é o total da soma das áreas ocupadas pelas 27 mil zonas naturais integradas na rede Natura 2000. Esta é a maior rede de áreas protegidas do mundo e é graças a ela que a vida selvagem europeia beneficia de um abrigo seguro.

Como é que somos protegidos?

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  • Na UE a água tem de cumprir normas apertadas e apresentar-se livre de quaisquer microrganismos, parasitas e substâncias prejudiciais.
  • Mais de 96% dos locais com água balnear na UE cumprem as normas mínimas de qualidade exigidas.
  • A UE está a investir 2,7 mil milhões de euros em projetos de transportes públicos sustentáveis, contribuindo para reduzir o impacto ambiental.
  • Todos os anos, 20% do orçamento da UE (180 mil milhões de euros) é usado para apoiar projetos relacionados com o clima.
  • Na UE existem quase 120 mil pontos de carregamento de veículos elétricos, para que estes constituam uma opção para todos.

A garantia oferecida pela UE de que o ambiente é protegido, a água é segura, o ar é puro e as praias estão limpas, só é conseguida com um trabalho contínuo, árduo e levado a cabo em todas as frentes. Mas o esforço vale a pena, porque só através de uma natureza acarinhada a nossa sobrevivência é assegurada.

Esta é exatamente a mensagem de “Oona”, a curta-metragem realizada por Zaida Bergroth, que nos apresenta uma adolescente desligada do pai, apesar das inúmeras tentativas deste para inverter a situação. Juntos viajam de carro para uma zona no meio da natureza e, pelo caminho, o pai tenta fazer conversa falando na vida selvagem da zona. Mas Oona não quer saber, assim como também se recusa a acompanhar o pai quando este sai para colher ervas.

Durante a sua ausência, a rapariga adormece e esquece-se de apagar o forno – tal como o pai lhe pedira – e a cabana enche-se de fumo. Assustada, Oona vai em busca do pai, mas acaba por perder-se. A salvação dela acaba por ser um urso que, ao invés de a atacar, a ajuda a encontrar o caminho de volta.

Para Zaida Bergroth, a mensagem incluída no filme apela a algo essencial para todos nós, já que considera que “é muito importante lembrar o relevante trabalho que a UE faz na preservação da natureza e da vida selvagem”.

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