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"O desafio da monarquia é demonstrar que é útil ao país"

O Observador entrevistou José Apezarena, jornalista especializado na Casa Real, que lançou um livro sobre como Felipe e Letizia conquistaram o trono. Diz que Juan Carlos está "a passar muito mal".

Seguiu durante anos a família real espanhola em visitas oficiais, nos seus triunfos e nos seus escândalos, reportando para vários meios de comunicação, desde a Europa Press à Antena 3 Radio, da qual foi diretor de Informação. José Apezarena é atualmente editor do grupo El Confidencial Digital e o seu mais recente livro conta a ascensão de Felipe e Letizia ao trono de Espanha. O autor esteve em Portugal para falar sobre “Felipe e Letizia, a conquista do trono” (A Esfera dos Livros), mas falou também sobre a política espanhola, sobre a independência da Catalunha e sobre o difícil momento que atravessa Juan Carlos.

Diz que Felipe foi criado para ser rei. Felipe estava preparado para chegar ao trono?
Sim, há muito tempo. Com a idade que ele tem há muitas pessoas que lideram grandes empresas, portanto não é uma questão de idade. Ele teve uma formação académica muito boa, viajou muito – esteve 57 vezes nos Estados Unidos -, conheceu presidentes, é muito reconhecido na América Latina. É um homem que tem uma personalidade ideal para ser rei: é trabalhador, exigente, íntegro, é mesmo boa pessoa. E tem uma coisa a adicionar a tudo isso, viu reinar o seu pai.

No livro menciona que isso o marcou muito.
Ele esteve presente durante o reinado do pai e assistiu a tudo. E há mais uma coisa, ele queria ser rei. Parece uma coisa banal, mas não é. O chefe da Casa Real contou-me que todos os anos, todos os chefes das casas reais reinantes se encontram e eu perguntei-lhe do que falaram. Ele disse-me: “Chegámos à conclusão que o maior problema das casas reais são os príncipes. As monarquias estão a fazer um esforço para serem mais parecidas com o povo e por isso estão a educar-se os príncipes como se fossem pessoas normais, vão a escolas normais e pode acontecer que um príncipe não queira vir a ser rei”. E Felipe sempre quis ser rei. E acho que vai ser um bom rei.

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Há a percepção que estes assuntos são mais ligados à imprensa cor-de-rosa, mas em Espanha há também um grande acompanhamento político da família real. Como é que estas duas realidades convivem?
A monarquia é muito importante, porque faz parte da estabilidade do país. E agora temos o problema do separatismo e a monarquia é um fator de unidade. A monarquia não é só uma questão de Estado, é uma questão de unidade nacional. E isso faz com que haja partidos a criticarem abertamente a monarquia e já não são só os partidos de extrema-esquerda que querem uma república, são também os partidos nacionalistas. O tema monárquico é mais do que História, ou um fator elementar da democracia espanhola, agora é um elemento da estabilidade política.

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No seu livro diz que reconquistar a Catalunha é a principal tarefa de Felipe como rei. Como é que isso se faz?
Ele já está a fazê-lo, começou a fazê-lo mesmo antes de ser proclamado rei. E agora, semana sim, semana não, está na Catalunha. O que é que o rei está a fazer? Está a aproximar-se das pessoas. Não dos partidos, porque esses têm as suas próprias ideias, mas sim falar com os cidadãos. Está a marcar presença. Foi a sua primeira visita como rei e faz questão de falar catalão. E vai mostrar que somos o mesmo, fazemos parte do mesmo país.

No seu primeiro discurso como rei, uma das mensagens mais fortes foi o apelo para a união do país.
Claro, embora tenha dito com cuidado. Ele tem de ter cuidado com as palavras que utiliza para não prejudicar o processo. Não é uma coisa simples. Mas acredito que seja o seu maior desafio. Ele é rei de Espanha e representa a unidade do país. Tanto ele como Juan Carlos são patriotas. No entanto, precisa ter cuidado. Em Espanha, o rei não governa. Sabe-se que os empresários catalães pediram ao rei que faça alguma coisa para impedir a independência da Catalunha, mas a sua resposta foi que ele pode ajudar, mas não pode fazer nada concreto, porque não tem capacidade. Ele não pode dizer coisas muito fortes em público, tem sim de apelar ao consenso e é isso que ele está a fazer. Há anos que Felipe fala com muitas pessoas ligadas a este processo de independência, sejam políticos ou empresários – falar com pessoas de diversos quadrantes fez parte da sua formação como herdeiro do trono.

"A monarquia não é só uma questão de Estado, é uma questão de unidade nacional"
José Apezarena

Acha que quando chegou a altura de encontrar uma companheira, Felipe teve em conta que estava a escolher uma Rainha? Pensa que viu em Letizia as qualidade necessárias para reinar ao seu lado?
Ele sempre pensou, quando tentou encontrar uma mulher, que ela viria a ser rainha de Espanha. Fez três tentativas sérias [Isabel Sartorius, Eva Sannum e Letizia Ortiz] e pensava que elas poderiam vir a ser rainha de Espanha. Ele pensou mesmo que Eva Sannum, que na altura era modelo, podia vir a ser a sua companheira. E apresentou-a à sociedade, ela deu entrevistas, tiravam fotografias juntos, mas os espanhóis diziam que não gostavam dela – houve quase um referendo informal – e o príncipe deixou esta mulher. Isto explica porque é que quando conheceu Letizia não fez nenhuma apresentação formal e já apresentou o compromisso como firmado. Se me perguntar se eu teria escolhido Letizia para rainha de Espanha, eu digo que não. Não tinha perfil.

Felipe e Letizia anunciaram o seu noivado a 6 de novembro de 2003

Carlos Alvarez

Mas ela já era uma figura conhecida dos espanhóis, apresentava um telejornal.
Quando se abriu a discussão se Letizia era ou não adequada, ele disse aos seus pais: “Vocês consideram-me uma pessoa sensata, razoável, que penso nas coisas e dizem que estou preparado. Acreditem em mim quando vos digo que ela vai ser uma boa rainha”. Afinal, que condições é que são necessárias para ser rainha? Ter sangue real? Lady Di tinha e correu mal. É preciso ter traços de personalidade fortes, como vontade e empenho. E isso, Letizia demonstrou várias vezes. Quando o noivado foi anunciado era preciso arranjar-lhe um sítio novo para viver que não o seu apartamento em Madrid por razões de segurança. E como não encontraram, ela foi viver para o palácio de Zarzuela [residência dos reis de Espanha]. Então, quando se casou, já tinha passado seis meses em Zarzuela, vendo como ia ser a sua vida. E foi tão duro que nalgumas ocasiões, disse a Felipe: “Isto é tão difícil, tira-me daqui”, e ele levava-a a jantar fora, E ela casou-se por vontade própria. Um dia falei com um funcionário da Casa Real que me disse: “Viver aqui [em Zarzuela] é muito duro, pode parecer muito glamouroso, mas é difícil, porque não vives a tua vida. Para sair daqui tens de pedir permissão à segurança, não podes sair quando queres. Viver aqui é como viver numa prisão”. E há 10 anos que ela vive assim. Acredito que vamos assistir à transformação de Letizia, que passou 10 anos encarcerada e era a candidata. Agora é rainha!

Vai-se libertar?
Vai ter cuidado porque a rainha é uma figura secundária, quem detém o cargo é Felipe. Mas vamos ver uma rainha muito mais relaxada do que quando era princesa.

Descreve no livro alguns traços da personalidade deste casal. Eles são parecidos?
Parecem-se em algumas coisas e noutras não. Ela é muito mais espontânea, mais rápida a reagir, ele é mais reflexivo. Ela é hiperativa, ele é mais tranquilo. Ela é madrugadora, ele é mais noctívago. Complementam-se bem. Ela traz-lhe realidade. Quer se queira, quer não, o príncipe viveu num sítio especial, protegido. Ela esteve na Universidade Autónoma de Madrid, numa escola normal, ganhava o seu salário, trabalhava numa redação, tinha uma casa alugada. Ela tem mais sensibilidade para a vida dos cidadãos e para as suas dificuldades. E nota-se a influência dela. O príncipe tem feito uns discursos espetaculares, com muito tato, a olhar para as pessoas, e isso é influência dela.

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Pelo que observamos e pelo que explica no livro, Felipe desabrochou quando conheceu Letizia, tornou-se mais extrovertido. Ao mesmo tempo Letizia, retraiu-se. É devido à atenção mediática? No livro fala da “trituradora” que inspeciona ao pormenor todos os movimentos de Letizia…
Houve gente muito dura com ela. Ela já é uma mulher feita, ou seja, completamente formada e tem personalidade. Não gosta de se rir por se rir ou para parecer simpática, não gosta de simular, não gosta da vida da corte, não gosta dos amigos de Felipe, que são meninos de bem – e por isso Felipe dá-se menos com eles. Ela não ri por rir, e penso que até se engana nesse ponto, mas como é uma mulher com personalidade, acha que não tem de se rir. O próprio Felipe já lhe disse para se rir mais e acho que isso se começa a ver agora. Até agora ela sentiu-se muito observada. Qualquer coisa que fizesse era criticada. A mais recente crise, que eu acho uma parvoíce, são umas fotografias da princesa a comer sementes de girassol na Gran Vía [principal avenida de Madrid]. Mas qual é o problema? Qual é o grande delito? E depois também há a questão de as pessoas dizerem que ela está sempre tão tensa que as imagens em que ela se ri ou que brinca com crianças – ela dá-se muito bem com crianças – aparecem menos. E essa imagem é que passa para fora, mas os espanhóis gostam dela. Quando a vêm na rua dizem-lhe: “Hola Letizia, guapa!”. Mas vamos ver uma mudança porque quando se é rainha, as coisas mudam e aposto que muito críticos da princesa Letizia, vão dizer bem dela como rainha.

Letizia alterou um pouco o círculo de amigos de Felipe e pô-lo em contacto com artistas, intelectuais, jornalistas. Isso foi importante para aproximar Felipe dos espanhóis?
Sim. Nestes 10 anos de casamento, Felipe e Letizia visitaram, jantaram e almoçaram com pessoas muito diferentes, muitas delas de esquerda. A mim parece-me que a princesa foi muito importante e Felipe também sempre achou importante estar mais perto dos espanhóis. Às vezes correu-lhes mal, mas foi importante. O próprio rei já há muito tempo que se vinha a dar a conhecer. Recebe cara a cara sindicatos, investigadores, professores catedráticos, pessoas que não são do poder. E ele tem especial atenção em cativar pessoas da sua idade.

"[Letizia] Não gosta de se rir por se rir ou para parecer simpática, não gosta de simular, não gosta da vida da corte, não gosta dos amigos de Felipe, que são meninos de bem"
José Apezarena

Diz que Felipe é um homem sensível às dificuldades dos espanhóis. Como é que analisa o comportamento do rei neste período de crise?
Causou muita estranheza a forma como Felipe foi proclamado rei. Uma sessão no parlamento e uma receção no palácio. Porque fez isto? Porque Espanha não está num momento de grandes comemorações. Há muita gente zangada, há cinco milhões de pessoas no desemprego. E o rei foi criticado por ter feito pouco alarido quando subiu ao trono. Mas ele sabe o que faz. Porque é que ele cortou de uma forma tão definitiva as relações com a sua irmã e o cunhado Iñaki Urdangarín? Porque sabe as dificuldades que os espanhóis estão a passar e a imagem que o caso Nóos deu. Porque é que Felipe insiste em ter as contas todas em dia na Zarzuela? Sabe que os espanhóis estão a observa-lo de perto. Sei que a crise não vai durar para sempre e que os mal-estares na sociedade espanhola, especialmente o sentimento para com a casa real, vai passar. Há 10 anos, 70% dos espanhóis aprovavam a monarquia, agora anda por volta dos 50% e dizem que é um grande desastre, mas mesmo assim continua acima da aprovação do governo, do parlamento, dos políticos e dos sindicatos e isso tem a ver com a revolta dos espanhóis pelas dificuldades que vivem.

Acha que Leonor, herdeira do trono, vai reinar?
A monarquia de Espanha não terá problemas se não houver mais escândalos. E se os dois grandes partidos políticos assim quiserem. Nem o PP, nem o PSOE querem mudanças. Esta não e a altura para uma grande mudança. Se os partidos virem que o rei se porta com normalidade e cumpre as suas obrigações, não vão arranjar problemas. O nosso sistema é uma república com rei. Quem manda são os partidos, o rei não manda nada. O desafio da monarquia é demonstrar que é útil ao país, que em vez de ser um problema, é uma vantagem para Espanha. Do meu ponto de vista, fazem coisas muito boas. Eu viajei com os reis dezenas de vezes e sei que a maneira de receber um rei é diferente da maneira de receber um presidente. Já nem falo da questão irracional e do imaginário. É a cultura que temos e isso não passa. Mas na verdade, o rei de Espanha abre portas ao país. O rei tem uma agenda de contactos como ninguém e quando ele liga, ninguém pergunta quem está do outro lado, não tem de esperar. Fala mais facilmente com quem quer do que o presidente de um pequeno país europeu. Juan Carlos viajou por todo o mundo com muitas comitivas de empresários em busca de contratos para Espanha. Um dos mais recentes foi um concurso ferroviário na Arábia Saudita, em que uma empresa espanhola ganhou. Se não fizerem mal, se não prejudicarem, porque é que havemos de mudar? Mas se quisermos mudar, mudamos. A própria família real sabe que se agir mal, os espanhóis vão tirá-los de lá. Se fizerem um bom serviço ao país, acredito que Leonor será rainha.

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Pensa que é adequado que as infantas Leonor e Sofia levem uma vida dita normal? Essa normalidade não pode interferir com o papel que vão desempenhar?
O que fizeram com as infantas, é repetir a educação que o seu pai recebeu. Mas, mesmo estando num colégio de classe média/alta, que nem sequer é o melhor de Madrid, consta-me que as educam com uma grande exigência. A mãe é muito disciplinadora e quem acompanhou de perto o seu crescimento, contou-me que elas são extremamente bem-educadas. E isso já é visível publicamente. São meninas muito bonitas, falam muito bem inglês e vê-se que já se preocupam com a maneira como se portam. Claro que são crianças e às vezes extravasam, mas basta um olhar da mãe para se portarem logo bem. Estão a ser muito bem-educadas e esse é um dos maiores desafios de um rei, educar bem os seus filhos que também virão a reinar. Juan Carlos e Sofia deixam um bom legado na pessoa de Felipe, algumas pessoas dizem que ele é a melhor pessoa da família. Cabe-lhe agora fazer o mesmo com as suas filhas.

"O desafio da monarquia é demonstrar que é útil ao país, que em vez de ser um problema, é uma vantagem para Espanha."
José Apezarena

Qual vai ser o papel de Juan Carlos daqui para a frente?
É complicado. Por um lado não deve sair muito, porque é preciso deixar o protagonismo para Felipe. O que é que Juan Carlos fez até agora desde que abdicou? Uma viagem fora de Espanha e mais nada. É preciso encontrar um lugar para ele, mas nada com muito brilho, em que não esteja muito ativo, que não saia muito. Há quem diga que é uma sorte Felipe ter o pai para o aconselhar e eu digo: “Não repitas isso, porque não é bom para o rei”. Felipe tem de ganhar o seu lugar sozinho, sem o pai por trás. Ao mesmo tempo, Juan Carlos está muito debilitado fisicamente…

Como é que acha que Juan Carlos, que foi um desportista, encara essa nova realidade?
Muito mal, está a passar muito mal. Não pode fazer nada. Não pode fazer desportos, não pode navegar, não pode caçar, não pode ir passear. Mais, não tem ninguém em casa. Agora dizemos que o rei Juan Carlos está sozinho. Os filhos já não moram com ele, a rainha Sofia está sempre em viagem – e faz bem. Agora Juan Carlos já não vai falar com o primeiro-ministro ou com os ministros sobre os assuntos de Estado. Está a viver um momento difícil. Sei que tem um amigo com quem vai almoçar a Madrid, mas não faz mais nada.

"]Juan Carlos] Não pode fazer desportos, não pode navegar, não pode caçar, não pode ir passear. Mais, não tem ninguém em casa. Agora dizemos que o rei Juan Carlos está sozinho"
José Apezarena

Fala-se num divórcio iminente entre Juan Carlos e Sofia, acha que é possível?
Eu não acredito, mas não sou profeta, não sei se vai acontecer. Não desconfio do jornal italiano que deu a notícia, mas penso que não serão a melhor fonte. Divorciar-se para quê? O rei tem 76 anos, vai começar agora um projeto de vida novo?

Corinna zu Sayn-Wittgenstein, amante do rei, ainda está com ele?
Não! Ela já não é bem-vinda. Tanto Juan Carlos como Sofia, já vivem vidas separadas. E mais, isto vai ajudar o rei? Vai só ser um pequeno escândalo. Para Juan Carlos e Sofia, a coisa mais importante da sua vida é que o filho seja rei durante muito tempo. A Casa Real diz que não, nem dá credibilidade a estes rumores e eu pessoalmente também não.

 

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