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JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

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Vantta. Um dos fundadores desta startup já ajudou 1.800 startups na Web Summit

Vítor deixou a Web Summit para se dedicar a uma startup de avaliação de estabelecimentos. Mas não foi o fim. Com João e Henrique, voltou à cimeira de tecnologia. Agora, para darem a conhecer a Vantta.

No Pavilhão 1 da Web Summit, que desde segunda-feira ocupou a Altice Arena e a Feira Internacional de Lisboa, Vítor Andrade, João Sousa Martins e Henrique Pinto colocam um desafio: através de um tablet surge um gráfico onde, com apenas um swipe (movimento com o dedo no ecrã) se pode avaliar a Web Summit em seis categorias. A avaliação demorou segundos e tratava-se de um teste para mostrar o que é a Vantta, uma das startups portuguesas que este ano esteve a expôr na maior cimeira de tecnologia, empreendedorismo e inovação da Europa. Mas a história não começa aqui. Envolve restaurantes, falhanços e Dublin-Lisboa-Porto.

Primeiro detalhe: Vítor trabalhou na Web Summit durante um ano, onde entrevistou e acompanhou mais de 1800 startups que se candidataram para chegar ao evento. Nesse tempo, passou dois meses em Dublin e o resto no escritório em Lisboa. Em outubro, decidiu abandonar a aventura para se dedicar a full-time à Vantta, a startup com a qual agora regressa ao evento. Depois de uma conversa (e um pitch) com Paddy Cosgrave, surgiu o convite para voltar, mas desta vez como startup Alpha, juntamente com João e Henrique. A ideia tinha surgido num dia em que jantaram os três.

“Na altura, estávamos num jantar e alguma coisa correu mal no serviço e pensamos: ‘pá, gostava mesmo de ter um botão para poder pedir tudo o que quero'”, começou por explicar Vítor. A maior frustração era, no entanto, “a quantidade de vezes que os restaurantes não têm a mínima noção se os clientes estão ou não satisfeitos com alguma coisa”. Além disso, enumerou João, existiam ainda dois problemas que o grupo de amigos encontrou nesta área: “As reviews falsas de pessoas que nunca estiveram num determinado restaurante e a baixa taxa de resposta dos clientes, no que diz respeito às avaliações dos estabelecimentos”.

(da esquerda para a direita) Vítor Andrade, João Sousa Martins e Henrique Pinto fundaram a Vantta, uma startup que quer inovar na forma como os clientes dão o seu feedback.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Quando o grupo percebeu todos estes problemas, decidiu reunir-se para pensar numa solução. Queriam criar uma forma inovadora para recolher feedback dos clientes, mas tinha de ser diferente de todos os questionários de avaliação dos estabelecimentos que já existiam. No entanto, não sabiam como fazê-lo e “aquilo ficou cerca de três ou quatro meses com um ponto de interrogação”, conta Henrique. “De repente, um de nós lembrou-se do gesto do dedo a fazer swipe, o outro percebeu a ideia, levantou-se e começou a escrever no quadro”. E assim, contam, surgiu a Vantta, uma startup que quer inovar na forma como os clientes dão o seu feedback.

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Apesar de ainda estar em fase de testes com um restaurante no Porto, a Vantta já tem o processo de funcionamento definido: cada restaurante que aderir ao serviço vai ter tablets disponibilizados pela empresa, com o software de avaliação instalado no tablet e no computador principal do restaurante. No final das refeições, em vez de o funcionário entregar a típica conta em papel, leva o dispositivo com a conta ao cliente que, depois de aceitar, vai poder fazer uma avaliação do serviço. Ao mesmo tempo, conta Vítor, os funcionários do restaurante podem estar atentos ao seu computador, que indica quais os fatores que tiveram uma melhor e uma pior avaliação, permitindo saber o que deve ser melhorado.

“É quase como se fosse um jogo, sem que os clientes tenham que lidar com um humano ou o empregado que os atendeu, sentindo-se mais à vontade para fazer a avaliação”, explicam, sublinhando ainda que o objetivo é que seja “algo natural, pois o feedback não surge do nada, acaba por ser de uma forma genuína”.

João, que estudou Marketing no Porto juntamente com Vítor e que atualmente é gestor de projeto noutra empresa, conta que um dos objetivos passa também por “fornecer dados concretos para os restaurantes tomarem decisões informadas sobre como melhorar o negócio”. “No restaurante de teste, tinham três anos de funcionamento e 90 reviews na Zomato. Connosco, em duas semanas, ultrapassaram as 90″, rematou.

João Sousa Martins estudou marketing no Porto e é um dos fundadores da Vantta

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Os falhanços e o “cemitério do empreendedorismo”

A Vantta está na Web Summit e foi uma das escolhidas para o Startup Voucher, uma bolsa do Governo incluída na StartUP Portugal – Estratégia Nacional para o Empreendedorismo, que permite o desenvolvimento de projetos empresariais que se encontrem em fase de ideia. Mas, antes disso, também houve tentativas falhadas, sobretudo por serem três jovens cuja “maior paixão é criar coisas”, como diz Henrique, que trata de toda a vertente do software do projeto e tirou o curso de Ciência de Computadores na Universidade do Porto.

“Temos até o chamado ‘cemitério de empreendedorismo’ porque estamos há muito tempo sempre a tentar outras ideias”, explicou João. Nesta espécie de “cemitério”, já foram algumas as ideias enterradas: uma plataforma peer-to-peer de aluguer de produtos que não conseguiu ser selecionado para o Startup Voucher, uma marca de t-shirts “que nunca saiu do papel” e servia para arranjar financiamento para outra ideia nascer — “Nunca façam isso”, avisou Vítor –, e também um projeto de sorteio de bilhetes para eventos que “apesar de ser uma boa ideia, não era um negócio”.

Como encararam os falhanços? “Não foi fácil, principalmente com a primeira ideia. Estivemos algum tempo a fazer o luto”, confessou João, acrescentando que tudo acabou por fazer parte de uma aprendizagem. Sobre as constantes mudanças que têm de fazer, Vítor explica: “É um pouco a vida de uma startup: para a semana aparece um novo facto e nós temos que nos adaptar. Temos de comunicar bem, ter as prioridades bem definidas, analisar tudo e não ter medo de matar as ideias iniciais”.

Henrique Pinto trata de toda a vertente do software do projeto e tirou o curso de Ciência de Computadores no Porto

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Com a Vantta a nascer, o alvo são os restaurantes de média e alta escala, “por terem a estrutura, a dor, a preocupação e o dinheiro para investir”, acrescentou um dos fundadores. O serviço mais básico custará cerca de 50 euros por mês, existindo depois packs com mais funcionalidades e equipamentos que rondam os 70 e 100 euros. No entanto, o plano é que o serviço também possa ser utilizado para todo o tipo de áreas que têm de estar atentas às opiniões dos clientes.

Tentamos criar aqui uma ponte de forma extremamente fácil, que foge à forma normal de se dar o feedback para que consigamos trazer mais perto aquilo que um consumidor sente com aquilo que um restaurante é capaz de fazer”, explicou Vítor.

O lançamento do projeto está previsto para janeiro ou fevereiro do próximo ano e contou até agora com um investimento de cerca de três mil euros — do próprio bolso dos três empreendedores — destinados ao pedido de patente, ao material e às deslocações. E o feedback dos utilizadores também já chegou: “Até hoje, acho que a minha maior satisfação foi ver um pai e uma filha com cerca de quatro anos, ela estava sentada no colo dele e eles estavam a avaliar com o nosso tablet o restaurante. Comentavam e riam-se, estavam a divertir-se enquanto avaliavam e isso foi incrível”, contou Henrique.

Web Summit: uma saída, um pitch para Paddy Cosgrave e duas estreias

Na história da Vantta, não é apenas a Web Summit deste ano que se cruza no caminho da startup. Em 2016, o primeiro ano em que o evento se realizou em Lisboa, Vítor foi um dos vários voluntários que ajudaram nos dias da cimeira, depois de ter visto um anúncio no Facebook. “Mesmo depois de acabar o evento, não tinha ideia da escala da Web Summit”, confessou.

Um ano depois, e enquanto estudava para os exames da faculdade em junho, recebeu um contacto no LinkedIn de Patrick Kelly, da Web Summit em Dublin. “Foi tudo muito rápido” e, duas ou três entrevistas depois, tudo aconteceu: terminou o curso, arriscou e voou para a Irlanda para trabalhar com a Web Summit. Ao todo, conheceu cerca de 1800 startups.

“Estava um pouco receoso porque teria de me mudar para Dublin, mas aceitei porque era um emprego de sonho para mim, coordenar startups, falar com startups todos os dias. Pensei ‘vou aprender tanto, vou conhecer tanto, conhecer tanta gente. Tenho de ir'”, explica Vítor Andrade, que também chegou a trabalhar num restaurante em Londres.

Dois meses depois, voltou para Portugal, onde começou a trabalhar nos mais recentes escritórios da Web Summit em Lisboa. Mas, e apesar de considerar que toda a experiência “foi fantástica” e continuar a sentir-se “parte da Web Summit, Vítor decidiu sair, voltar para o norte e dedicar-se a 100% à Vantta, para que, quando a empresa conseguir levantar investimento, João e Henrique se juntem também a full-time e tornem a ideia no foco principal.

Vítor Andrade trabalhou na Web Summit, mas saiu para se dedicar à Vantta

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Antes de deixar o trabalho, quis falar com Paddy Cosgrave, o presidente da Web Summit, para lhe explicar o porquê da saída e “agradecer-lhe imenso por tudo o que ele fez”. “Ele aproveitou, pediu-me para fazer um pitch sobre o que era a Vantta, fez-me perguntas, ficou maravilhado e teve o gesto bonito de perguntar se gostaríamos de ir à Web Summit como startup Alpha”, conta Vítor.

Foi um gesto bonito da parte dele [Paddy] e que também reflete muito aquilo que ele é”, referiu Vítor Andrade, acrescentando ainda que Paddy Cosgrave deu o conselho de “terem sempre a última palavra nas decisões que tomam”.

Segundo detalhe: nesse mesmo dia em que deixou de fazer parte do staff da Web Summit, Vitor estava no comboio de volta para o Porto, quando se abriu outra porta: a Vantt tinha sido uma das startups escolhidas para o Startup Voucher. “Foi uma boa coincidência”, disseram os três jovens.

A experiência na Web Summit que Vítor trazia na bagagem ajudou a preparar a chegada como startup Alpha. “Já conhecia bem o programa, sabia exatamente o que havia de melhor, como é que nós poderíamos apresentar, como não perder o nosso foco”, referiu, não escondendo a felicidade em saber que o evento vai ficar por mais dez anos em Lisboa: “É ótimo para o nosso país porque vai aumentar ainda mais a exposição e a vontade de qualquer jovem criar o seu próprio negócio. Isto vai atrair talento, talento vai atrair investimento e estruturas para que se criem realmente startups que vão fomentar a economia de amanhã”.

Já João e Henrique estão pela primeira vez na Web Summit e sublinham que é necessário “vir com um foco porque os estímulos são tantos, a informação é tanta” que há o risco de se tornar complicado “digerir todo o evento”. “Às vezes há aquela perceção de que se vai à Web Summit e já está. Não está. É mesmo preciso ir atrás das pessoas, falar com elas, não tenham medo de ouvir um ‘não’. Não é uma raspadinha, raspa-se e já se ganhou”, alerta João.

O grupo reuniu-se para preparar a ida ao evento, o que iam e não iam fazer e definiram as prioridades. Saíram de lá com o interesse de vários possíveis investidores e com a vontade de continuar. E João, Vítor e Henrique asseguram: “Ainda não somos ninguém, mas estamos a tentar ser. E as pessoas que estão a tentar chegar, amigos ou que estejam a desenvolver ideias de negócio, por favor façam, porque há sempre um espaço para nós”.

(Artigo editado por Ana Pimentel)

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