789kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

i

João Pedro Morais/Observador

João Pedro Morais/Observador

Vasco Cordeiro acena com ingovernabilidade. "É o pior serviço que se pode prestar aos Açores"

Vasco Cordeiro alerta para "o pior" cenário: o PS a governar à vista, sem maioria. Em entrevista ao Observador, diz que notícia sobre Bolieiro "não é nova" e que faz campanha mínima por "respeito".

Entrevista em São Miguel, Açores

Falta um dia e meio de campanha, e o candidato do PS à presidência do governo regional dos Açores desce a pedreira do Nordeste, na ponta oriental da ilha de São Miguel, com a passada larga do costume. É engolido pelo verde dos campos à sua volta, porque pessoas há poucas para cumprimentar. É lá em baixo, num muro à beira da estrada engolido por essa mancha verde e azul (com o mar ao fundo) que o também Presidente do Governo regional dá uma curta entrevista ao Observador.

Um carro ou outro passa, e vários são os gatos que, passando ali à volta, se vão entrelaçar nas pernas de entrevistadora e entrevistado, mas Vasco Cordeiro não sai do mesmo registo: não equaciona outros cenários que não o da maioria absoluta, e rejeita extrapolar para acordos futuros o entendimento que o CDS na região tem tido com o PS na Assembleia Legislativa. “O pior serviço que se pode prestar aos Açores” era esse, deixar o PS a olhar para a esquerda ou para a direita, preocupado em governar à vista, alerta. Ou seja, só com maioria absoluta é que o PS dá estabilidade aos Açores. É esta a mensagem de campanha dos socialistas, numa altura em que a única sondagem divulgada aponta para a reedição da maioria, mas por um triz. Será a sexta desde que Carlos César iniciou as maiorias absolutas do PS nos Açores no ano 2000. Não é demais? O PSD esteve no governo mais tempo, responde Cordeiro.

João Pedro Morais/Observador

Candidata-se para o terceiro e último mandato na presidência do Governo regional dos Açores. Há 24 anos que o PS governa nos Açores, 20 deles com maioria absoluta. Isto não é tempo demais?
É tempo que tem sido renovado de quatro em quatro anos, e uma das razões pelas quais acredito que o PS tem merecido a confiança dos açorianos tem sido porque o próprio PS tem sabido renovar-se.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Antes do PS, foi o PSD que liderou os Açores durante outras duas décadas e o PS era o primeiro a apontar o dedo aos vícios que se criam e ao facto de as maiorias absolutas muito prolongadas não serem vantajosas. Não se aplica o mesmo princípio ao PS?
O que posso dizer sobre isso é que, se retirarmos a situação do presidente Madruga da Costa, entre 1995 e 1996, o presidente do PSD que esteve mais tempo no Governo regional, Mota Amaral, esteve mais tempo do que qualquer um dos presidentes do PS.

É uma competição entre os dois partidos?
Não é competição nenhuma. É indesmentível, na situação que estamos a viver, que termos a possibilidade de ter segurança, estabilidade, ter as condições para passarmos esta tormenta que estamos a viver com um rumo certo é uma vantagem. E aí, o juízo dos açorianos a cada quatro anos é que é soberano.

“Oposição está na campanha para tirar maioria ao PS”

A crise pandémica dá mais força à ideia de que o PS deve manter-se no poder? 
Não, esta crise pandémica dá mais força à necessidade de estabilidade, de segurança, de ter no fundo uma governação que coloque como critério principal e único a defesa dos Açores e dos açorianos e não uma disputa entre partidos.

E como é que se consegue essa estabilidade se não for através da maioria absoluta? Com que partido é que o PS conta se não tiver maioria?
É melhor não irmos por aí porque a minha resposta a essa matéria é clara: os açorianos decidirão. Aquilo a que temos assistido nesta campanha é os partidos da oposição a estarem nesta campanha por causa do PS, para tirar a maioria absoluta ao PS. E o PS está nesta campanha por causa dos Açores.

O CDS é um partido que tem viabilizado vários orçamentos na Assembleia Legislativa Regional. É um parceiro preferencial do PS?
O CDS tem votado a favor…

…Sem necessidade de votar a favor, porque os votos do PS chegam.
Exato. Mas há outro dado que é importante salientar, das iniciativas que foram aprovadas nesta legislatura na Assembleia Legislativa regional cerca de 94% foram aprovadas por mais de um partido. Julgo que isso dá nota da forma como o PS encara as condições que tem na Assembleia Legislativa da região. Condições de segurança e de estabilidade, mas que não impedem um trabalho de diálogo, de concertação e de cooperação com outros partidos, uma vez que só assim é que se explica este número.

"Crise pandémica dá mais força à necessidade de estabilidade, de segurança, de ter no fundo uma governação que coloque como critério principal e único a defesa dos Açores"

Mas os orçamentos são sempre momentos importantes para a estabilidade de um governo, e o CDS votou três vezes, nas últimas quatro, ao lado do PS, mesmo não sendo preciso aritmeticamente. Isso diz alguma coisa. É um parceiro preferencial?
A forma como as propostas de orçamento são apresentadas bem como a postura de diálogo e de concertação que o PS tem assumido têm permitido construir esse quadro mais alargado de aprovação, ou, dito de outra forma, de não-voto-contra por parte de outros partidos.

Isso pode aplicar-se a um cenário futuro, se o PS não tiver a maioria?
Pode-se aplicar ao passado, que é a realidade que nós temos. Futurologia não fazemos.

Não equaciona outro cenário que não o da maioria absoluta?
O cenário que equaciono é o seguinte: no dia 25, os açorianos devem ir votar porque através do exercício do voto podem dar mais força aos Açores. E para além disso, um dos aspetos que o PS considera que deve ser avaliado, no meio de toda a conjuntura que vivemos, é o valor da estabilidade, da segurança, de não termos algo semelhante a um barco no meio de uma tormenta com vários a quererem agarrar o leme. Um a dizer que é para a direita, outro a dizer que é para a esquerda, para a frente ou para trás. Esse é o pior serviço que se pode prestar aos Açores. O juízo que a partir daí se faz é explicitar aquilo que achamos que está em causa no dia 25: está em causa dar força aos Açores e à nossa autonomia através do voto, e sendo o PS um garante de estabilidade, de rumo firme, tudo isto deve ser valorado e decidido pelos açorianos.

Evitar ajuntamentos na campanha "é uma forma de demonstrar algum respeito" para com as pessoas e os trabalhadores que fizeram sacrifícios com a pandemia

Quando fala nessa dualidade entre olhar para a esquerda ou para a direita, faz mais sentido o PS olhar para a esquerda, para o BE por exemplo, se precisar de um mandato ou dois para chegar à maioria? Não seria mais coerente com o que se passa em termos nacionais?
Essa é uma forma inteligente de procurar resposta à pergunta sobre a qual já respondi. Os açorianos decidirão no domingo. Não há necessidade de estarmos aqui a especular. Não há receio nenhum.

Candidato do PSD investigado. “Notícia não é nova, já foi notícia aqui nos Açores”

Há quem equacione ainda um outro cenário. Mota Amaral fê-lo num artigo de opinião esta semana: se o PS não tiver maioria, todos os partidos juntarem-se numa espécie de geringonça alargada para tirar o PS do poder…
O doutor Mota Amaral foi meu antecessor como presidente do governo regional, permitir-me-á não comentar as suas declarações.

Pode comentar só o cenário.
Aquilo que nós temos notado nesta campanha é que todos os partidos estão nesta campanha por causa do PS. O PS está nesta campanha por causa dos Açores. Julgo que o que está em causa é percetível e os açorianos avaliarão.

"Não podemos ter algo semelhante a um barco no meio de uma tormenta com vários a quererem agarrar o leme. Um a dizer que é para a direita, outro a dizer que é para a esquerda, para a frente ou para trás. Esse é o pior serviço que se pode prestar aos Açores"

António Costa não esteve cá a fazer campanha ao seu lado. Porquê?
Naturalmente porque as solicitações que tem a outro nível não o permitiram. Mas quem me dera a mim que todos os partidos que são candidatos a estas eleições regionais tivessem um líder nacional que tivesse feito tanto pelos Açores como António Costa.

Esta quinta-feira o jornal Público divulgou uma notícia sobre o seu adversário, o candidato do PSD à presidência do governo regional, que está a ser investigado pelo MP por insolvência culposa em relação a uma empresa pública, a Azores Parque. Não é estranho esta notícia sair a dois dias das eleições?
Isso terá de perguntar ao jornal que publicou. A notícia não é nova, já foi notícia aqui nos Açores. Sobre isso só tenho a dizer: que se esclareça tudo o mais rápido possível.

Campanha sem festa “é uma questão de respeito”

Em relação a esta campanha, é a primeira da era Covid. Como é fazer campanha assim?
É diferente. Muito diferente. Desde o contacto com as pessoas, até aos eventos de campanha que o PS decidiu que não realizaria: comícios, jantares, almoços-comício. É uma situação que impõe algumas diferenças mas mesmo assim temos feito esforço no sentido de contribuir para o esclarecimento, para a mobilização das pessoas, para irem votar no dia 25.

E não fazem esse tipo de eventos para dar o exemplo? A campanha nos Açores tem de servir de ensaio para as campanhas que se seguem para o ano, presidenciais e autárquicas?
Não, é sobretudo um sinal de respeito. Um sinal de respeito para com as pessoas, trabalhadores, que ao longo destes meses fizeram muitos sacrifícios para preservar a saúde pública. E acho que esta é uma forma de demonstrar algum respeito.

Está a candidatar-se para um terceiro e último mandato. O seu próximo governo já vai refletir a preparação da sua sucessão? 
Agradeço a confiança que demonstra na eleição do PS, mas vamos aguardar por domingo.

Imagino que espere que vá ser eleito. Se for eleito, terá de preparar a sua sucessão. Francisco César é um nome possível?
Agradeço a confiança que demonstra na eleição do PS, mas vamos aguardar por domingo.

João Pedro Morais/Observador

Não vai sair desta resposta. O PS vai discutir brevemente o apoio para as presidenciais de janeiro. Já decidiu o que vai fazer?
Depois das regionais conversamos. Neste momento, a minha prioridade é os Açores, fazer tudo o que estiver ao meu alcance para defender e preservar os Açores nesta tempestade pandémica que aí vem. A segunda prioridade são as eleições regionais. Depois então teremos oportunidade de falar.

Concorda com Augusto Santos Silva, que diz que Ana Gomes, socialista, não daria uma boa candidata do PS?
A minha resposta mantém-se.

Se o PS vencer estas eleições baterá o recorde ficando à frente do Governo durante 28 anos. Há falta de liberdade política nos Açores?
Já referi alguns elementos que dão bem nota do clima e da postura de diálogo do PS. Eu sei que há alguns partidos que gostam muito de insistir nesta tecla, mas a verdade é que à pergunta ‘digam-me onde, quando, com quem é que isso aconteceu’ ninguém indica um caso concreto, ninguém indica uma situação concreta. As situações não são toleráveis, como não é tolerável a acusação geral e abstrata. Portanto, se sabe diga qual foi a situação para que eu possa agir.

Assine por 19,74€

Não é só para chegar ao fim deste artigo:

  • Leitura sem limites, em qualquer dispositivo
  • Menos publicidade
  • Desconto na Academia Observador
  • Desconto na revista best-of
  • Newsletter exclusiva
  • Conversas com jornalistas exclusivas
  • Oferta de artigos
  • Participação nos comentários

Apoie agora o jornalismo independente

Ver planos

Oferta limitada

Apoio ao cliente | Já é assinante? Faça logout e inicie sessão na conta com a qual tem uma assinatura

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.

Assine por 19,74€

Apoie o jornalismo independente

Assinar agora