Atenção! Versailles fecha portas

É na Versailles que se prepara um jantar centenário para comemorar os seus 100 anos de história de existência. Um jantar para alguns amigos da casa que vão ter direito a surpresas e presentes surpreendentes.

Em seguida, espera-se o encerramento de portas do característico café da Av. da República. O tal mais português,  com o nome tão francês.  Uma Versailles que fecha portas em breve, mas que tem esperança no futuro porque.. pensa longe, e alcança ainda mais longe, como aliás, o faz há mais de 100 anos.

Quando começamos a conversar com o Sr. Paulo, a emoção é visível. Afinal são 100 anos de muita história, orgulho, sentido de pertença, tradição, e acima de tudo, uma visão de quem advinha o futuro.

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A Versailles faz 100 anos e está de parabéns. Um marco icónico da história lisboeta conta um sem número de histórias. Poderíamos enumerar uma especial por cada época de vivência deste café.

Através de fotografias simbólicas de registos históricos desta patisserie, viajamos até aos anos 20 do século passado. Uma visão futurista fez dos senhores, José Vinhais e Salvador Antunes, conceberem eventos para fora, e, levarem o “novo” conceito de catering no exterior, fornecido pela Versailles, para a mais alta roda lisboeta, onde se reuniam ao ar livre centenas de pessoas para almoços, ou jantares comemorativos.

Jantares à porta fechada, que se sabem hoje, promovidos pelo antigo regime, quase num perfil de sociedade secreta, de onde fizeram sair decisões que, com certeza, desenharam a história da nação.

Fotografias da mocidade portuguesa, todos alinhados por uma farda bem engomada, que sorriam em uníssono para a câmera, comprovam a época militar vivida em Portugal dos anos 40. Eusébio e algumas personalidades portuguesas, célebres dos anos 80 e 90, assumiram as estórias que por lá se vivem, há mais de 100 anos, no edifício que é hoje Imóvel de Interesse Público e que alberga a famosa Versailles.

Croquetes aos molhos

Se a Versailles fosse um prato, seria sem dúvida um dos seus, arriscamos dizer, mundialmente famosos croquetes. Conhecidos por todos os portugueses, e já hoje por muitos estrangeiros,  este prato especialíssimo, continua até hoje a fazer as delícias de quem passa por ali.  São caseiros e repletos de magia, ou então é do tempero, o que é facto, é que não há quem discorde que são, efectivamente, uma iguaria. Ao balcão, no prato ou simplesmente com um café, são eles próprios um ícone deste espaço. Um cartão de visita, e uma marca registada. Mas não só. Segundo o Sr. Paulo, “ o bife do lombo à Versailles com batata frita e esparregado” é também um  must a não perder. Para além disso, e se a vontade for de doces, então recomenda-se o nacionalíssimo pastel de nata e os duchesse ( de inspiração francesa). São ambos uma escolha garantida na área da pastelaria.

Versailles: 100 anos em revista

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Inaugura-se a Versailles, fundada em 25 de Novembro 1922 pelos transmontanos José Monteiro de Vinhais e Salvador José Antunes –  com formação francesa, apaixonado arte e pastelaria e responsável pelo naming “Patisserie Versailles”.

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O  Estado Novo em Portugal decreta a proibição de estrangeirismos, obrigando a “Patisserie Versailles” a tornar-se “Pastelaria Versailles”. Durante este período da história, a Versailles foi local de encontros a portas fechada que influenciaram tomadas de decisões políticas e empresariais relevantes para os destinos da sociedade civil e do país.

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Norte Júnior desenhava novas montras para a pastelaria, que ainda hoje ornamentam o espaço.

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A nova gerência lidera algumas remodelações no espaço.

Evento inauguração — os sócios Gaspar Ramos, Julio Góis, Comendador Mário Pereira Gonçalves e António Morgado convidam figuras públicas para convívios no espaço — Eusébio, visita a casa é como casa de referência à cidade de Lisboa

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O edifício da Versailles é classificado como Imóvel de Interesse Público

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São feitas obras de remodelação para revitalizar a sala de convívio (balcão e chão). A complexa manutenção do tecto e a talha dourada nas paredes obrigam a limpezas técnicas a cada dez anos.

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É realizada uma obra de fundos pela administração da Versailles. A reabilitação contou com os estudantes de Belas Artes para a realização do restauro dos frescos, abóbodas e aplicação de folhas de ouro. Um momento decisivo para a Versailles, dado o assédio de venda da casa para grandes cadeias de restauração e entretenimento turístico internacional.

Umas Avenidas Novas, celebradas com este nome nos anos 20 do século passado, beneficiaram por serem a morada de uma nova Versailles, que até então, não existia nada do género, a não ser na zona da Baixa.

Clientes tradicionais, clientes habituais, ou os novos clientes. Hoje, todos vêm à Versailles porque este é “um modo de vida” como nos conta o Sr. Paulo cheio de orgulho desta sua casa. É uma maneira de estar, de pensar, de comer, de sentir, receber e ser recebido. É uma tradição do passado e uma tendência de futuro.