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Vitalino Canas foi porta-voz do PS
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Vitalino Canas foi porta-voz do PS

MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

Vitalino Canas foi porta-voz do PS

MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

Vitalino Canas: "Governo precisa de remodelação profunda. A número dois não tem peso político"

O antigo porta-voz do PS elogia a prestação de Pedro Nuno Santos no Parlamento e diz que Mendonça Mendes fez um grande esforço para não "desmentir formalmente" Galamba.

O antigo porta-voz do PS, Vitalino Canas, diz que António Mendonça Mendes fez um esforço para não “desmentir formalmente” João Galamba, embora tacitamente o tenha feito. Em entrevista ao programa Vichyssoise, da Rádio Observador, o antigo deputado do PS diz que ficou claro o “desconforto” do secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro perante o facto de o ministro das Infraestruturas o ter envolvido.

O antigo porta-voz do PS diz que Costa não vai, para já, “recuar um milímetro” na decisão de não afastar João Galamba, mas defende uma “remodelação profunda” no executivo. Quando confrontado com a hipótese de uma remodelação orgânica que levasse Carlos César a vice-primeiro-ministro, respondeu: “Por exemplo”. E acrescentou que Mariana Vieira da Silva é uma “número dois do Governo não tem peso político suficiente, e não é suficientemente reconhecida pelos seus pares, como verdadeiramente número dois”.

Quanto às presidenciais, Vitalino Canas defende que o PS deve ter um candidato próprio e considera Augusto Santos Silva “um excelente candidato”, acrescentando que “é um político de grande nível”. O antigo dirigente do PS revelou ainda que já não mantém contacto com José Sócrates e que o antigo primeiro-ministro dificilmente seria um candidato vencedor a Belém. Disse ainda que quem vaticinou o fim da carreira política de Pedro Nuno Santos “exagerou” e que, apesar de ser de uma ala diferente do PS, a audição comprovou que o antigo ministro das Infraestruturas é um “político de grande qualidade” e de “grande capacidade política”.

[Ouça aqui o episódio completo do programa Vichyssoise:]

A TINA de Pedro Nuno e a não verdade de Galamba

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Disse na semana passada que era preciso esclarecer qual o teor da articulação entre o ministro das Infraestruturas e o secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro. Depois da audição de António Mendonça Mendes o assunto ficou esclarecido? 
Creio que a situação não ficou totalmente esclarecida. Compreendo porque é que não ficou, ou consigo fazer uma leitura dos motivos que terão levado o secretário de Estado a ser muitíssimo cauteloso. Pareceu-me que sabe perfeitamente que faltar à verdade numa comissão de inquérito pode ter consequências graves do ponto de vista criminal e portanto não pode dizer nada que não seja absolutamente verdade. Não quis desmentir o seu colega de Governo, porque isso o colocaria também em dificuldades, nem dizer nada que não fosse a sua verdade. A interpretação que se pode fazer é que ele não pode confirmar que deu qualquer tipo de indicação ao ministro para se dirigir ao SIS. Como bom jurista que é, fez uma declaração formalmente verídica, que é que não houve relação de causa-efeito entre o seu telefonema e o reporte ao SIS, que terá sido feito antes pela chefe de gabinete…

Apesar de não existir esse nexo de causalidade, o próprio secretário de Estado diz que João Galamba lhe fez uma listagem das entidades que devia contactar e diz que nunca ninguém que não conhecesse os documentos, posição na qual se coloca, poderia ter dado essa sugestão. Tacitamente, exclui-se de alguém que tivesse capacidade para dar essa sugestão.
Exatamente. Ou seja, o secretário de Estado não quer desmentir formalmente o ministro…

"[Mendonça Mendes] está a tentar uma solução que não seja de desmentir formalmente o ministro, porque isso colocaria o ministro em sérios apuros, mas também não está a confirmar que tenha dado qualquer tipo de orientação ou sugestão porque não o pode fazer, manifestamente, porque ele acha que não o fez"

Mas não acaba por desmentir? O ministro disse que tinha vindo dele a sugestão de contactar as secretas.
Está a tentar uma solução que não seja de desmentir formalmente o ministro, porque isso colocaria o ministro em sérios apuros, mas também não está a confirmar que tenha dado qualquer tipo de orientação ou sugestão porque não o pode fazer, manifestamente, porque ele acha que não o fez. Desta intervenção também me pareceu notar um certo desconforto em relação à atuação de outros membros do Governo. Não tenho nenhuma informação privilegiada mas parece-me que, embora ninguém dentro do Governo conteste a decisão do primeiro-ministro de fazer uma espécie de declaração de autoridade em relação ao Presidente da República e recusar a demissão do ministro, existe certo desconforto em relação ao modo como as coisas têm sido conduzidas. Isso nota-se a espaços e notou-se.

No que é que notou isso?
Deu-me impressão que o secretário de Estado Adjunto não estava perfeitamente confortável com questões como ter sido divulgada publicamente a lista desses contactos que foram feitos e o seu teor…

"Relações de confiança e solidariedade no Governo foram colocadas em causa e isso causa desconforto"

Ele falou em banalização. Acha que isso está a acontecer?
Não sei se é banalização, mas é dizer algo que deve ficar entre as pessoas que dentro de um Governo, que têm de manter relações de solidariedade e de confiança. Isso manifestamente foi colocado em causa e causa desconforto.

João Galamba foi o primeiro a dar uma lista desses contactos. Com toda esta informação, acha que tem condições para continuar como ministro?
Nesta altura, irá continuar como ministro, não tenho nenhuma dúvida: o primeiro-ministro há umas semanas fez uma declaração de autoridade, de um primeiro-ministro de maioria absoluta num sistema de Governo semi-presidencial, em torno de João Galamba. Não me parece que nesta altura vá recuar um milímetro. Pode ser a prazo, pode na primeira remodelação haver alterações a esse nível…

Mas na sua opinião Galamba deve ficar? Tem condições para isso?
Isso são eles que têm de avaliar. Tenho defendido, embora isso tenha ficado em segundo plano na discussão pública, que é necessário haver uma remodelação profunda da estrutura deste Governo. Não de um, dois ou três ministros, mas uma reestruturação profunda, de funcionamento interno. Mais tarde ou mais cedo irá acontecer. O que se passou em Espanha é algo que acharia que muitos socialistas estão a pensar que devia acontecer em Portugal: o primeiro-ministro, numa situação deficitária, de erosão do seu Governo, decidiu aproveitar uma oportunidade para tomar conta do rumo dos acontecimentos e passar de novo a liderar a agenda política. É algo semelhante a isso que mais tarde ou mais cedo António Costa, um político muito experiente, pragmático e arguto, sabe que vai ter de fazer. Passar a conduzir de novo a agenda política, tomar iniciativa e pôr as coisas em ordem.

"A número dois do Governo [Mariana Vieira da Silva] não tem peso político suficiente, e não é suficientemente reconhecida pelos seus pares, como verdadeiramente número dois"

Mas sem precipitar eleições.
Não, não vai haver eleições. Houve ali um epifenómeno na altura mais aguda, com a intervenção de Cavaco Silva e de Balsemão, em que pareceu que houve um tour de force. Mas a intervenção de Cavaco Silva até terá sido contraproducente, porque não parece que o Presidente tenha ficado muito impressionado com ela e sobretudo contribuiu para unir muito o PS. Os dados económicos que surgem todos os dias mostram que o que os portugueses podem esperar, talvez não imediatamente porque não se está a refletir nos bolsos, mas nos próximos meses é a melhoria da sua vida.

Há pouco falava das reformulações profundas que Costa devia fazer no Governo. O que é que precisaria de mudar? Seria orgânica? Houve quem falasse de ter um vice primeiro-ministro mais político, do género de Carlos César.
Por exemplo. Diria que alguns episódios que têm existido têm mostrado que a número dois do Governo não tem peso político suficiente, e não é suficientemente reconhecida pelos seus pares, como verdadeiramente número dois. O número dois é alguém perfeitamente capaz de substituir o primeiro-ministro e tem a sua confiança — e a ministra da Presidência tem-na certamente — mas aparentemente não é reconhecida internamente. Isso é algo que o primeiro-ministro terá um dia seguramente de pensar. Ele tem responsabilidades internacionais.

Vitalino Canas estaria disponível para reforçar o Governo?
Não, não… Nesta altura estou a fazer coisas bastante interessantes, seria desinteressante pensar nisso. Mas tem de haver alterações do ponto de vista do funcionamento do Governo e também da composição de alguns ministérios, até porque sentimos que alguns estão bastante fragilizados na sua relação com os setores com que lidam.

Quais?
Há duas situações, que são as do ministro das Finanças e do Ambiente, que estão a ser objeto de notícias de casos judiciais e rapidamente terá de haver uma clarificação que compete integralmente ao Ministério Público, perante esta fuga de informação. Tem de agir rapidamente ou ilibando todas ou algumas das pessoas investigadas ou fazendo a constituição de arguidos.

Mas quando falava da má relação dos ministros com os setores, de que está a falar? Parece da Agricultura, por exemplo.
Pode ser um dos casos. Não gosto de fazer apreciação pessoal das pessoas, que têm os seus méritos e capacidades. Há certas ocasiões em que a forma como podem tomar decisões políticas e implementá-las começa a ficar com dificuldades e nessas alturas tem de se pensar no que se está a fazer.

Se nos próximos dias for suscitada uma averiguação sobre se João Galamba mentiu na comissão de inquérito, e se chegar à conclusão de que mentiu, nesse caso tem condições para continuar?
Não estou a ver como se pode chegar a essas conclusões firmes. Dá-me impressão que a única pessoa que poderia fazê-lo era o secretário de Estado Adjunto. Não o fez, foi cauteloso e criou uma fórmula hábil, formalmente correta.

Esta semana foi a do regresso de Pedro Nuno Santos ao Parlamento. tendo em conta a primeira audição, o ex-ministro ainda pode sonhar com a liderança do PS?
Sim, quem, após a demissão do ministro, vaticinou que a sua carreira política estava acabada exagerou um pouco. Não sou suspeito do caso porque não serei certamente visto com um dos próximos das suas perspetivas política e da sua formula ideológica. Portanto, estou particularmente à vontade para falar e o que me parece é que Pedro Nuno Santos é um quadro político de grande qualidade, grande capacidade política, e demonstrou isso na audição desta semana.

Com a postura de atacar mais a direita e salvaguardar o PS?
A única coisa que lhe correu mal foi a circunstância de depois da audição dele ter havido outra com o secretário de Estado Adjunto que, de alguma forma, empalideceu a sua performance política que teve grande qualidade. Conseguiu defender a sua atuação, puxar pelos galões — as pessoas dizem que foi uma forma vaidosa, mas os políticos, de forma geral, têm de ter alguma vaidade e alguma arrogância, ou não conseguem defender aquilo que fazem –, conseguiu defender o que fez e ainda um ataque mortífero em relação ao Governo do PSD e ao negócio que fez com a TAP. Acho que o PSD ficará totalmente na defensiva a partir de agora em relação a isso. Pedro Nuno Santos mostrou grande capacidade política, fez uma intervenção muito articulada e muito bem preparada. Essa ideia que continua a ser um forte candidato à liderança do PS, acho que sim. Talvez não com o meu apoio, mas sim, com certeza.

O PS deve ter um candidato próprio às eleições presidenciais?
Sim, deverá ter sempre um candidato próprio às presidenciais e só em situações absolutamente excecionais é que isso não deve suceder. Por exemplo, na última eleição presidencial, tendo em conta a boa relação que existia entre o Presidente da República, o primeiro-ministro e o Governo do PS, não fazia grande sentido ter um candidato próprio que se opusesse.

Nesta altura do campeonato o PS já está arrependido desse apoio?
Não sei. Eu pessoalmente apoiei a eleição do atual Presidente da República nesta segunda eleição, não estou absolutamente nada arrependido.

Mas a boa relação esfumou-se?
Não, a boa relação foi obrigada a reconduzir-se ao que ela pode ser nas condições políticas atuais, que são completamente diferentes das que existiam até ao ano passado, até às eleições e à maioria absoluta do PS. As condições políticas anteriores eram de que o primeiro-ministro e o Governo dependiam muito do apoio do Presidente da República, até para os proteger de maiorias adversas na Assembleia da República. Nas condições políticas atuais é que o Governo tem todos os instrumentos constitucionais e operacionais para agir sem necessitar da colaboração ou intervenção do Presidente da República. Isso é natural, a política é assim, não é feita de idealismo.

Augusto Santos Silva é uma figura que gostaria de ver no lugar hoje ocupado por Marcelo Rebelo de Sousa?
Sim, Augusto Santos Silva é um bom nome. É alguém que conheço há bastante tempo, tenho muito apreço, é um político de grande nível e é um excelente candidato.

"Augusto Santos Silva é um bom nome [para Belém]. É alguém que conheço há bastante tempo, tenho muito apreço, é um político de grande nível e é um excelente candidato."

Esteve uns anos mais afastado e é associado a José Sócrates, tendo sido uma das pessoas do PS que teve até mais tarde sem cortar relações. José Sócrates ainda teria hipótese de ter uma candidatura presidencial caso prescrevam todos os crimes que pendem sobre ele?
Não me parece.

Continua a manter contacto com ele e a acreditar na sua inocência?
Não, não tenho tido contactos com ele há vários anos. Acompanho nos jornais o que se vai passando, mas não conheço o processo o suficiente para poder fazer qualquer afirmação sobre inocência ou não inocência.

Foi muito lacónico na resposta. Porque é que não lhe parece que ele ainda possa ter uma carreira política ou ser candidato presidencial?
Então foi reformular um bocadinho a minha resposta: não me parece que possa ser um candidato vencedor às eleições à Presidência da República. Candidato qualquer um de nós pode ser, até eu — embora não vá ser. Qualquer um com mais de 35 anos pode ser candidato. Candidato vencedor já é outra coisa porque, para isso, tem de ter mais de 50% dos votos e José Sócrates é um nome que ainda pode ser forte em alguns setores da sociedade, mas não suficientemente forte para ter essa capacidade que chegar a esse nível.

"Não me parece que [José Sócrates] possa ser um candidato vencedor às eleições à Presidência da República. Candidato qualquer um de nós pode ser, até eu"

Falta um ano para chegar às Europeias. Quem são os rostos no PS que estão mais bem preparados para isso?
Ainda é um bocadinho cedo para isso. Ainda estamos aqui um pouco embrenhados na política interna e acho que a escolha dos candidatos às Europeias também depende dos objetivos que o líder do partido quiser obter nessas eleições e o que for necessário.

Que objetivos devem ser esses?
Das duas uma. Ou as eleições Europeias são algo de absolutamente vital para o Governo continuar e se chega às eleições Europeias com que o Governo e o PS a entenderem que têm de ganhar ou perder por pouco para continuar — e nesse aspecto o líder do PSD já deu uma pequena ajuda ao dizer que não se demitirá se perder por pouco, já que também não pode pedir ao Governo que se demita se perder por pouco. Mas se o objetivo for chegar às Europeias e ganhá-las ou perder por pouco, o perfil do candidato do PS é diferente.

Já se falou de nomes como Tiago Brandão Rodrigues ou Marta Temido…
Não queria falar de nomes. Não faço a mínima ideia em relação ao debate interno que estará a haver sobre isso e muito menos o que estará na cabeça do primeiro-ministro.

Vamos avançar para o Carne ou Peixe. O segmento do nosso programa em que tem de escolher um de duas opções… Com quem preferia fazer campanha para Belém: Augusto Santos Silva ou Carlos César?
Conheço melhor Augusto Santos Silva. Não tenho dúvidas quanto à capacidade política de Carlos César, mas preferia Augusto Santos Silva.

Preferia ser porta-voz de um PS liderado por Pedro Nuno Santos ou Fernando Medina?
Não seria de forma nenhuma alguma vez mais porta-voz de um partido político e nem sequer do PS.

Quem gostaria de refiliar no PS Henrique Neto ou José Sócrates?
Não me parece que nesta altura qualquer um deles estivesse muito interessado nisso. Acho que a refiliação deve sempre depender da vontade do próprio e nenhum deles está interessado nisso.

A quem oferecia um Zé Povinho típico das Caldas, a sua terra natal: António José Seguro ou Francisco Assis?
Sou próximo dos dois, ambos ainda têm futuro no PS até em termos de altos cargos dentro do partido e do país. Portanto., o Zé Povinho, aquele mais conhecido, não ofereceria a nenhum deles.

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