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Christina Ricci, Juliette Lewis, Tawny Cypress e Melanie Lynskey são as protagonistas de "Yellowjackets"
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Christina Ricci, Juliette Lewis, Tawny Cypress e Melanie Lynskey são as protagonistas de "Yellowjackets"

Christina Ricci, Juliette Lewis, Tawny Cypress e Melanie Lynskey são as protagonistas de "Yellowjackets"

“Yellowjackets”: a série que conquistou os EUA no final do ano vai fazer o mesmo entre nós? “Pelo menos medo vão ter”

Foi um dos fenómenos do final do ano passado e esta terça-feira chega à HBO Portugal. “Yellowjackets" tem sobrevivência, adolescência e canibalismo de mãos dada. Falámos com uma das protagonistas.

Há qualquer coisa de especial em “Yellowjackets”. A série de 10 episódios que se estreia esta terça-feira, 15 de fevereiro, na HBO Portugal foi uma das surpresas na reta final do ano passado. O início é brutalmente violento. Logo a seguir intercala-se a vida de um grupo de amigas adolescentes que jogam futebol (o nome da equipa é precisamente o nome da série, Yellowjackets), em meados da década de 1990, com a de mulheres adultas no presente. Rapidamente ficamos a saber que as adolescentes estiveram envolvidas num acidente de avião e desaparecidas durante dezanove meses. As mulheres da atualidade são algumas das sobreviventes. Pelo meio, cerca de 25 anos depois, algo se passou.

É uma série de adolescentes, um drama sobre stress pós-traumático, uma versão de “O Deus das Moscas” inspirado por acidentes reais que levaram ao canibalismo como forma de sobrevivência. Corre uma certa nostalgia dos 1990s – a banda-sonora ajuda – mas nada é impositivo. O que é fascinante é como tudo se cruza sem se pisar e, como à medida que a série se desenvolve, se percebe que o passado é um sítio seguro, por mais traumático que seja. E é preciso mantê-lo. A adolescência como local de sobrevivência, no seu limite.

Estivemos à conversa com Tawny Cypress, que interpreta a versão adulta de Taissa. Tawny tem uma extensa carreira na televisão e nada a preparou para trabalhar ao lado de atrizes com quem cresceu e idolatrou: Melanie Lynskey, Christina Ricci e Juliette Lewis. Tawny foi uma adolescente nos 1990s, cresceu com a televisão e é uma fã assumida de Stephen King. O papel de Taissa fica-lhe bem.

[o trailer de “Yellowjackets”:]

Tem uma longa e diversa carreira na televisão. No início teria aceitado o papel de Taissa enquanto jovem?
Isso é a gozar? Adoraria. A minha personagem a dado momento diz “tanta coisa mudou numa geração”. E é absolutamente verdade, esta nova geração é muito mais aberta e recetiva, mais do que a minha geração. Adoraria ter aquela idade e ter a oportunidade de interpretar uma personagem forte e lésbica. Isso deixar-me-ia muito realizada.

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Até estava mais a pensar no que ela faz…
É uma série espectacular. Eu limparia o chão, se fosse isso que quisessem que eu fizesse.

E a Tawny do presente, ficou impressionada com o quê, quando viu o argumento?
Recebo muitos guiões, é raro algo destacar-se, este foi instantâneo. Li de uma ponta a outra. A conexão com Nova Jérsia, eu cresci lá… aliás, eu poderia ter andado naquela escola secundária, acabei o secundário em 1994. Por isso, quando li o piloto, perguntei aos criadores: porquê Nova Jérsia? Bem, eles são de Nova Jérsia. É fantástico fazer parte de algo a que estou naturalmente ligada. Além disso, sou fã do Stephen King, adoro terror, coisas violentas, isso atrai-me imenso.

Imagino que não tenha jogado futebol nos 1990s [Tawny acena com a cabeça a dizer que não]. Mas daquilo que se lembra de Nova Jérsia, o retrato que vemos na série é real?
Sim, acho que capturaram bem a adolescência nos 1990s. A Ashley Lyle e o Bart Nickerson [criadores de “Yellowjackets”] estiveram em Nova Jérsia, são um pouco mais novos do que eu,  mas acho que apanharam o que se passava na altura. Mas eu era mais como a Natalie, não que fosse alguém fora do baralho, mas a Natalie seria uma das minhas amigas naquela altura. De certeza.

"Todos temos trauma nas nossas vidas, não se sai da adolescência sem cicatrizes. A série é um comentário sobre isso, de um modo extremo, mas na base da história está o stress pós-traumático que está ligado a esse momento da vida, à medida que crescemos."

Com que proximidade trabalhou com a Jasmin Savoy Brown [que interpreta uma jovem Taissa]?
Não sei como o fizeram, mas eu e a Jasmin somos muito parecidas, mas também compreendemos a personagem na mesma forma. Não houve muita discussão sobre isso, mas talvez tenha a ver com a escrita e a forma como a personagem existe no guião. Temos os mesmos maneirismos… mas falámos de detalhes, de como dizia certas expressões, comer terra… Um dia fomos a um parque, ao almoço, e mostrámos uma à outra como comíamos terra. Houve uma grande conexão. Mas vivíamos com relativa proximidade em Vancouver [onde a série foi filmada], fomos as únicas que trouxemos os nossos gatos, conectámos facilmente.

As duas linhas temporais criam algo de interessante na série. A sua personagem, no presente, nunca poderá ter uma vida normal. A inocência perdeu-se. As personagens estão presas no passado, e querem estar lá, é por isso que fazem o que fazem para o proteger.
Isso é verdade. É uma boa visão. Todos temos trauma nas nossas vidas, não se sai da adolescência sem cicatrizes. A série é um comentário sobre isso, de um modo extremo, mas na base da história está o stress pós-traumático que está ligado a esse momento da vida, à medida que crescemos. Ou seja, os traumas que enfrentas na adolescência. OK, a maior parte das pessoas não ficará desaparecida na floresta, depois de um acidente de avião, após 19 meses, mas não conheço ninguém que esteja bem com a adolescência. Todos temos a nossa bagagem.

Porque é que gostamos tanto de aviões que desaparecem?
É aterrador. Estou sempre a pensar nisso, detesto voar. E parece-me que é um medo de qualquer pessoa que já tenha andado de avião. É isso e ver a sobrevivência, depois de uma tragédia assim, dá-nos alguma esperança. Mesmo que um avião caia, podemos sobreviver de alguma maneira. Mas somos atraídos pelo terror de ter a nossa vida nas mãos de uma pessoa que controla uma lata de metal enorme. E como esta série, pelo menos medo vão ter.

Kailey Schwerman/SHOWTIME

Esperava que a série tivesse este sucesso?
Sabia que tínhamos algo de especial. Vejo muita televisão, cresci com televisão. Não vejo nada de errado em ver televisão nove horas por dia. Sou uma grande fã de televisão, quando leio os argumentos e quando estou a filmar a série, enquanto fã, penso: “eu veria esta série”. Sim, sabia que era boa. Mas houve uma explosão para a qual não estava, e ainda não estou, preparada.

Disse que gosta de televisão. É uma das razões porque faz tanto trabalho para este meio?
Lembro-me de ser uma criança… éramos três miúdos, a minha mãe não estava muito presente, eu, a minha irmã e irmão educamo-nos a nós mesmo. E lembro-me de passar horas em frente à televisão e querer entrar na caixa, estar com as pessoas que estão na caixa, e o quão fixe isso seria. Persegui isso, tenho tido sorte na minha carreira, mas honestamente… digo isto como uma fã: estou a trabalhar ao lado de Juliette Lewis, acho que as pessoas não percebem bem o que isso significa… Faz-me tremer… conhecer as pessoas que me inspiraram e com quem cresci… é arrepiante. E não escondo, sou uma fangirl sempre que tenho oportunidade.

Juliette Lewis e também Christina Ricci. Certamente que foi muito influenciada por elas?
Sim, os filmes dela disseram-me muito. Mas a Melanie Lynskey também, tinha 18 anos quando entrei num cinema em Nova Iorque e vi o “Amizade Sem Limites” com ela e com a Kate Winslet. Isso mudou a minha vida. Foi um despertar. É arrepiante trabalhar com estas mulheres. E a televisão ficou tão melhor desde que comecei, em 1998. As histórias que existem agora — como é que alguém não gostaria de fazer televisão? É onde tudo acontece, temos as melhores histórias.

"O 'Quantum Leap', que era de ficção científica, mas tinha muita comédia, 'Ficheiros Secretos' tinha ficção científica, comédia e uma história de amor. Mas esta série nunca poderia estar na “network television”, e eu não queria que fosse alterado para estar na televisão."

Mencionou que é fã de Stephen King, acho que a vi pela primeira vez na série “Heroes”. Gosta destes géneros, de fantasia, super-heróis, terror?
Pessoalmente, sim. Vejo imenso filmes de terror. A minha missão na vida é ler todos os livros do Stephen King. O meu irmão trabalha em banda-desenhada e quando era miúda, ele passava a vida a mostrar-me livros. Li muitos, aprendi tudo sobre as personagens desde muito cedo, joguei bastante Advanced Dungeons & Dragons. Sou uma nerd… ainda hoje jogo muitos videojogos, ficção científica, fantasia, é o que gosto mais.

E gosta das adaptações do Stephen King?
Não. Raramente fico impressionada com as adaptações. Quem leu o “The Shinning”, nunca mais esquece o quão aterrador é. O filme não lhe faz justiça e as pessoas não vão ler o livro porque viram o filme. Adoro os livros do “The Gunslinger”, adaptaram ao cinema, com o Idris Elba, e foi uma deceção.

Graças ao streaming, temos acesso a inúmeras séries, de diferentes géneros. E podemos escolher. Uma série como esta, que mistura vários estilos, acha que funcionaria noutra altura?
Sim, penso que houve outras séries que tentaram misturar géneros. Como o “Quantum Leap”, que era de ficção científica, mas tinha muita comédia, “Ficheiros Secretos” tinha ficção científica, comédia e uma história de amor. Mas esta série nunca poderia estar na “network television”, e eu não queria que fosse alterado para estar na televisão. É o problema da “network television”, há boas histórias, mas depois é preciso fazê-la chegar a várias audiências, e para isso é preciso fazer cedências.

E esta série, “Yellowjackets”, não seria a mesmo sem a violência. O início, aliás, diz logo ao que vamos.
Sim, e se não gostas do que vês, não vais gostar do resto. Muda de canal.

O que é a Taissa mais velha diria à Taissa adolescente?
Penso que a Taissa acha que fez tudo bem, está no limite de comportamento obsessivo-compulsivo, tudo tem de estar perfeito, tudo tem de parecer perfeito. E parece. Ela conseguiu, ela é aquela que venceu.

Acha que ela é a mais equilibrada do grupo?
Não. Mas ela acha que é. Elas são todas doidas.

Porque é que o público americano se relacionou de imediato com “Yellowjackets” e de forma tão intensa?
Criaram uma fórmula vencedora, temos estas mulheres lindíssimas que estão a passar por um momento que vai alterar as suas vidas. Há sangue, violência, há humor, também há uma banda-sonora ótima. Não sei porque é que se destaca, mas eu, como fã, gosto disso.

A banda-sonora é ótima.
Pois é! Mas acho que o público gosta de ver mulheres que são fáceis de detestar. E de torcer por elas. Torces por elas mesmo que não haja nenhuma razão específica para isso. São todas detestáveis! Mas fazemo-lo na mesma, há qualquer coisa de humano nelas…

O aspeto da sobrevivência também pode ser cativante… Para terminar, como imagina a sua personagem a desenvolver-se?
Não sei nada. Gostaria de a ver a fazer coisas que faz enquanto sonâmbula, mas não estando sonâmbula. Deixar essa espécie de alter-ego tomar conta da vida dela. Mas, honestamente, podem-me meter no armário na próxima temporada!

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