Explicador
O essencial para entender o conflito israelo-palestiniano
- Como é que tudo começou?
- O que são hoje Israel e a Palestina?
- O que foi o movimento sionista?
- Que importância teve a declaração de Balfour?
- Como é que Israel se tornou num estado independente?
- O que foi “a catástrofe”?
- Quando e como é que Israel ocupou os territórios?
- O que foram os acordos de Camp David?
- O que é e o que significa Jerusalém?
- O que é a Cisjordânia ou Margem Ocidental?
- O que é a Faixa de Gaza?
- O que é a Autoridade Palestiniana?
- O que é a OLP?
- O que é o Hamas?
- O que foram as Intifadas?
- Como evoluiu o processo de paz desde os Acordos de Oslo?
- Quem é que vive em Israel?
- Israel é uma democracia?
- A Autoridade Palestiniana é uma democracia?
- De que falamos quando falamos de dois estados? E de só um estado?
- Existe um problema de refugiados?
- O que são os colonatos? Que problemas levantam?
- Quem são os aliados de Israel?
- Como é a relação de Israel com os seus vizinhos?
- O acordo entre a Fatah e o Hamas pode ajudar a chegar à paz?
- Como é que começou a actual escalada de violência?
- Quais são os objectivos de Israel com a ofensiva terrestre em Gaza?
- Que perguntas ficaram por responder?
Como é que Israel se tornou num estado independente?
No final do século XIX não eram muitos os judeus que viviam na Palestina. Havia algumas colónias – como a fundada pelo financeiro e filantropo Moses Montefiori em meados do século nos arredores de Jerusalém -, mas a presença judaica era ainda pequena: quase metade dos 35 mil emigrantes que tinham chegado a partir de 1882 vindos da Rússia não se conseguiram fixar.
A estratégia sionista nas primeiras décadas so século XX foi a de promover a imigração para a Palestina, onde os novos habitantes começaram a chegar a pouco e pouco, comprando casas e terrenos, construindo novas aldeias e depois cidades – como Telavive, fundada em 1909 nuns terrenos desolados um pouco a norte do velhíssimo porto de Jaffa -, criando as cooperativas que mais tarde dariam origem aos kibbutz, onde se vivia num regime parecido com o comunismo primitivo numa base voluntária.
A migração para a Palestina, que inicialmente foi tolerada pelas autoridades otomanas, começou a gerar tensões no tempo do mandato britânico. Nessas décadas que vão de 1920 ao fim dos anos 40, sucederam-se revoltas árabes e judaicas, reivindicando ambas as comunidades o direito a constituírem um Estado independente. Os ingleses foram tendo cada vez mais dificuldade em controlarem a situação.
Como noutros locais, a História acelerou-se com a II Guerra Mundial. Do lado árabe, as principais autoridades, com destaque para o mufti de Jerusalém, optaram por uma aproximação à Alemanha nazi, daí esperando tirar vantagens para barrarem o caminho aos judeus. Do lado judeu a luta mais institucional conduzida pelo homens de Ben-Gurion foi desafiada pelo activismo radical do Irgun, o movimento nacionalista que não hesitava em recorrer a actos de terror no seu combate à presença britânica.
Quando a II Guerra terminou as autoridades britânicas tiveram de enfrentar um novo problema: uma enorme vaga migratória que partia dos portos do sul da Europa e que conduzia á Palestina milhares de judeus sobreviventes do Holocausto. A encarniçada oposição britânica ao desembarque de alguns barcos sobrelotados colocou terríveis dilemas morais às autoridades, que rapidamente se sentiram incapazes de continuar a gerir um território mergulhado numa guerra civil larvar que os soldados de Sua Majestade já não conseguiam conter.
A solução do conflito passou então para as mãos das recém-criadas Nações Unidas, de onde sairia, no final de 1947, o plano de partição da Palestina, dividindo-a entre um estado árabe e um estado judeu. A Agência Judaica aceitou esse plano, a Liga Árabe rejeitou-o.
A 14 de Maio de 1948, um dia antes de terminar o mandato britânico, David Ben-Gurion proclamou “o estabelecimento de um estado judaico em Eretz-Israel, que será conhecido como o Estado de Israel”.