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Para onde vai crescer o Metro de Lisboa?

Esta segunda-feira foi anunciada a primeira extensão da rede do Metro de Lisboa dentro da cidade nos últimos quinze anos. Ao contrário das mais recentes aberturas — Odivelas, Reboleira — a expansão vai direta ao coração da capital, com a abertura de duas novas estações, Estrela e Santos, que vão reforçar o efeito de rede.

As novas estações implicam a construção de dois quilómetros de infraestrutura a partir do Rato, daquela que é atualmente a Linha Amarela. Com a ligação ao Cais do Sodré, toda esta parte da linha passará a verde, criando a primeira linha circular do Metro de Lisboa, com passagens pelo Campo Grande, Rato e Cais do Sodré.

Este anel terá uma oferta reforçada na hora de ponta, com circulações de seis carruagens num intervalo de 3 minutos e 40 segundos.

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Como vai ficar a rede do Metro de Lisboa?

A grande alteração será a evolução da Linha Verde para um anel, absorvendo uma boa parte das estações que estão na Linha Amarela. Esta ficará reduzida à extensão entre Telheiras e Odivelas.

 

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Quando estarão construídas as novas estações?

Os estudos prévios e projetos de execução deverão ficar concluídos até ao final de 2017.

O plano operacional de desenvolvimento da rede do Metro prevê que os concursos para empreitadas avancem no segundo semestre de 2018, com os trabalhos a começarem em 2019 para ficarem concluídos até ao final de 2021. A exploração comercial só deve avançar em 2022.

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Onde vão ficar localizadas as novas estações?

O estudo realizado prevê que a estação da Estrela fique na Calçada da Estrela junto ao antigo Hospital Militar e em frente à Basílica da Estrela.

A estação de Santos deverá ficar localizada na Av. D. Carlos I, junto ao edifício do Batalhão de Sapadores Bombeiros. A última fase desta ligação ao Cais do Sodré será construída a céu aberto.

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Quanto vai custar e quem paga?

O investimento estimado nesta expansão é de 216 milhões de euros. O valor inclui a necessidade de criar um Nó do Campo Grande para a futura linha circular verde, o que passa pela construção de dois viadutos. Foi ainda anunciada a compra de 33 novas composições num investimento de 50 milhões de euros.

Considerando a totalidade dos projetos anunciados, e que incluem ligações pedonais e reabilitação de estações, o investimento nos próximos cinco anos será da ordem dos 300 milhões de euros. O financiamento virá dos fundos comunitários e Banco Europeu de Investimentos (BEI), mas, também, do Fundo Ambiental, um instrumento público que conta com um orçamento na ordem dos 150 milhões de euros.

Segundo o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, esta verba será usada para financiar parcialmente os investimentos na expansão dos metros de Lisboa e do Porto, cujo valor total para os próximos anos ascenderá a cerca de 500 milhões de euros.

Com a exceção do Fundo Ambiental, que é financiado com receitas de taxas e impostos, não foi referida mais nenhuma fonte de financiamento por via do Orçamento do Estado.

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Quando irá o metro chegar a Campo de Ourique e às Amoreiras?

O prolongamento do Metro de Lisboa a Campo de Ourique e às Amoreiras, dois polos importantes de residência e circulação em Lisboa, foi objeto de um estudo de viabilidade que incidiu sobre uma ligação de dois quilómetros a partir da Linha Vermelha, na estação de S. Sebastião.

As estações ficariam localizadas na avenida Conselheiro Fernando de Sousa, junto ao cruzamento com a avenida Engenheiro Duarte Pacheco (Amoreiras) e junto à Escola de Saúde Pública Militar, no cruzamento com a Rua Ferreira Borges (Campo de Ourique).

O investimento de 186,7 milhões de euros não tem ainda calendário de execução — será sempre depois de 2022 — porque não existem garantias de financiamento. O que está neste momento em cima da mesa é a possibilidade de financiar esta obra apenas no próximo ciclo de fundos comunitários que arranca a partir de 2021.

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Porquê avançar para o rio e não para oeste?

Segundo o presidente do Metro de Lisboa, Vítor Domingues dos Santos, as conclusões do estudo de mercado indicaram uma maior procura para o prolongamento da linha Amarela. Entre outros aspetos, concluiu-se que a projetada estação da Estrela criará mais fluxo de passageiros do que a projetada estação de Campo de Ourique. Estão previstos mais oito milhões de passageiros por ano com esta ligação, dos quais 3,3 milhões vão passar pela Estrela.

Por outro lado, o fecho da Linha Verde e a criação da primeira circular no Metro de Lisboa procuram responder aos novos padrões de procura em que a maioria das deslocações para o emprego seguem para depois do Marquês de Pombal, já não se centrando na baixa.

Cerca de 90% dos passageiros que chegam de barco e comboio ao Cais do Sodré (da Almada e da Linha de Cascais) apanham um transporte público para outros destinos e, no caso do Metro, a maioria tem de mudar na Baixa-Chiado para chegar à zona do Marquês. Esta rutura deixará de ser necessária para muitos com a ligação direta ao Rato e Avenidas Novas.

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Como vai funcionar a ligação pedonal às Amoreiras?

Ainda que Campo de Ourique e Amoreiras fiquem excluídas da próxima fase de expansão do metro, há um projeto que procura minimizar essa exclusão e que deverá avançar a curto prazo.

A ligação subterrânea e pedonal entre o Rato e as Amoreiras (Praça de Santa Isabel) vai ter uma extensão de 300 metros, ao longo da Avenida D. João V, e vai contar com passadeiras rolantes, escadas e elevadores, adiantou o ministro do Ambiente aos jornalistas. Segundo Matos Fernandes, esta ligação, que vai permitir a aproximação a uma das colinas mais altas de Lisboa, poderá estar concluída no final de 2018.

O investimento previsto é de 15,6 milhões de euros.

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O que avança já este ano?

Há várias intervenções previstas para este ano, sobretudo ao nível da reabilitação de estações. O projeto mais importante, no valor de sete milhões de euros, é o do alargamento e reabilitação da estação de Arroios na Linha Verde de forma a ultrapassar o constrangimento do cais que não permite atualmente a circulação de seis carruagens.

A estação de Arroios vai encerrar no dia 19 de julho e a obra deverá estar concluída em 18 meses, ou seja, apenas em 2018. Estão ainda previstas intervenções nas estações do Areeiro, Olivais, Colégio Militar e Baixa-Chiado — ao nível das escadas rolantes.

Estes investimentos totalizam 16,2 milhões de euros.

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O que muda em relação ao anúncio feito e retirado na sexta-feira?

Várias coisas, desde o investimento até a algumas estações. O comunicado emitido na sexta-feira, e entretanto retirado, anunciava quatro novas estações até 2022: Santos e Estrela, que se mantêm, e Amoreiras e Campolide.

Metro vai chegar a Campolide, Santos, Estrela e Amoreiras? Governo anuncia, mas depois recua

Campolide deixa de constar, para já, do plano oficial em estudo, ainda que a localização estudada para as Amoreiras preveja uma saída para o cruzamento com a Avenida Conselheiro de Sousa que dá acesso à Rua de Campolide. O programa contempla uma estação em Campo de Ourique que, na primeira versão, estaria ligada à estação das Amoreiras por um túnel pedonal. Agora, a ligação subterrânea passa a ser entre o Rato e a zona das Amoreiras.

O plano erradamente divulgado apontava para um investimento de 684 milhões de euros. Os projetos agora revelados totalizam um pouco menos de 500 milhões de euros e com uma outra diferença muito relevante: As duas extensões não são para fazer ao mesmo tempo. Agora só avança o prolongamento para Estrela e Santos, o segundo projeto não tem financiamento, nem calendário e não deverá ser lançado antes de 2021.

Questionado pelos jornalistas, o ministro João Matos Fernandes assumiu que houve um lapso e foi dada informação errada. Sem explicar o que aconteceu — estava fora de Lisboa — explicou que o comunicado inicial, entretanto recolhido, dava a ideia errada de que os dois projetos seriam desenvolvidos em paralelo.

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Todos defendem a ligação do Campo Grande ao Aeroporto. Mas quando?

Não consta do plano apresentado esta segunda-feira, mas a ligação do Campo Grande até ao Aeroporto de Lisboa foi defendida pelo presidente da Câmara de Lisboa, e apoiada pelo ministro do Ambiente. Para Matos Fernandes, esta opção teria feito muito mais sentido do que atual ligação através da Linha Vermelha, decidida no Governo de Durão Barroso em 2003.

No entanto, não foram ainda apontados valores, nem calendário para esta ligação. Em resposta ao Observador, o Metro de Lisboa diz que o prolongamento da rede de metro da estação Aeroporto para Poente, eventualmente para a estação Campo Grande, ainda se encontra em estudo, não havendo mais informação disponível, nomeadamente quanto ao custo de investimento ou data de início.

 

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O que quer o presidente da Câmara de Lisboa?

Para Fernando Medida, a extensão da rede do Metro de Lisboa anunciada representa um ponto de viragem no ciclo de cortes e fechos e redução de oferta, iniciado em 2012 e que terá provocado perdas de 100 milhões de passageiros na área da Grande Lisboa.

O presidente da Câmara de Lisboa definiu como prioridade para a autarquia a extensão da Linha Vermelha para Oeste, a tal ligação a Campo de Ourique, que ainda não tem financiamento nem calendário de execução, e foi mais longe na ambição.

O próximo passo, para Fernando Medina, será chegar ao Vale de Alcântara, ligando Campo de Ourique à estação ferroviária do Alvito, em Monsanto, que fica a caminho da ponte 25 de Abril. Trata-se de uma estação técnica, sem exploração comercial, e que permite resolver algum problema de exploração ou segurança na circulação do comboio na ponte.

A sua ligação ao Metro poderia ser um primeiro passo para realizar um projeto antigo de ligar a Linha de Cascais à Linha de Cintura, em Alcântara mas exigiria também um novo meio de transporte, tipo metro ligeiro de superfície. Para o autarca, será agora mais fácil de executar uma infraestrutura no Vale de Alcântara, uma vez resolvido o problema do caneiro de Alcântara, (coletor de águas).

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O que mais promete o Metro de Lisboa mudar?

O Metro de Lisboa tem atualmente 56 estações e 44 quilómetros de rede, tendo transportado 153 milhões de passageiros em 2016.

A extensão agora anunciada representa uma expansão de cerca de 5% da oferta, mas a empresa promete mais do que crescer, quer também melhorar a qualidade da oferta, depois de anos marcados por um “percurso tortuoso”, nas palavras do presidente da empresa, Vítor Domingues dos Santos. Como?

“Mais e melhor oferta com tempos de espera mais reduzidos. Estações com melhores acessos e segurança reforçada e, ainda, novos tipos de títulos para novos clientes.”

Para além das intervenções previstas na melhoria de várias estações em 2017, o responsável da empresa admitiu 30 novos agentes de tráfego e está em curso a admissão de mais 22 trabalhadores para a manutenção, área que vem sendo reforçada desde o ano passado.

Foi ainda nomeada Natércia Cabral para provedora do cliente.