“Acho que precisamos de parar de fazer tudo em rosa ou azul, evitar as grandes festas de revelação de género dos bebés. Não há problema em ficar animado quando se descobre que o seu filho é de um sexo específico. As pessoas sonham com o que querem que as suas famílias sejam, mas é importante não forçar todas essas expectativas no seu filho.” Foi em 2021 que a pediatra Lauren T. Roth fez estas e outras declarações sobre pessoas transgénero. Na altura, o vídeo poucas visualizações teve até que a Fox News, em 2023, escreveu um artigo sobre o assunto.

O título desse artigo era: “Professora de medicina diz que pais devem implementar ideologia de género em bebés” e usava uma frase da pediatra norte-americana que defende que a identidade de género ‘começa no nascimento’. Outros jornais acabaram a escrever sobre o assunto, e as declarações de Lauren T. Roth ganharam dimensão, começando a ser feitas, inclusive, verificação de factos sobre o que foi dito.

A publicação que corre as redes sociais

Outra das frases que gerou polémica foi quando a pediatra se referiu à consciência das crianças sobre a sua identidade de género. “As crianças pequenas começam a perceber as diferenças físicas e a desenvolver a identidade de género desde os 18 meses até aos dois anos.”

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O vídeo com a entrevista original foi partilhado no Youtube e pode ser visionado aqui. A questão dos 18 meses começa a ser discutida a partir dos 8 minutos de gravação.

Nas redes sociais, e em concreto no Facebook, duas ideias foram ligadas: as declarações da pediatra e a ideia de que as escolas de medicina nos Estados Unidos estão a normalizar aquilo a esses internautas chamam de “cuidados de afirmação de género ou mutilação e castração química” em crianças quando se querem referir à mudança de sexo de pessoas transgénero.

No entanto, as duas coisas não estão relacionadas. Em primeiro lugar, as declarações da pediatra estão descontextualizadas da sua mensagem global, embora sejam verdadeiras, de facto, as frases que lhe são atribuídas. Apesar disso, dizer que as escolas de medicina estão a normalizar a mutilação e a castração química de crianças é falso.

A pediatra — que, no vídeo, partilha a história do seu irmão, também ele uma pessoa transgénero — pertence ao Grupo de Interesse Especial em Saúde e Bem-Estar LGBTQ, da Academic Pediatric Association (APA), onde trabalha com médicos e estudantes de medicina sobre questões de saúde ligadas à comunidade LGBTQi+. Além disso, é professora no Albert Einstein College of Medicine.

Conclusão

Falso. No vídeo em que Lauren T. Roth fala sobre identidade de género nunca é feita nenhuma associação com castração química ou mutilação em crianças. A pediatra, que pertence ao Grupo de Interesse Especial em Saúde e Bem-Estar LGBTQi+ da Academic Pediatric Association norte-americana, alerta para a necessidade de os educadores estarem atentos à identidade de género das crianças que, defende, pode começar logo aos 18 meses de idade.

Segundo a classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:

FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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