Tornou-se viral nos últimos dias um alegado comunicado da polícia francesa que anuncia o “encerramento” da Internet face aos protestos nas ruas. As publicações têm circulado nas redes sociais, com críticas ao governo francês, mas são falsas. O Ministério da Europa e dos Negócios Estrangeiros de França nega estas restrições.
As publicações começaram a circular no dia 2 de julho, no âmbito dos protestos de rua, e partilham um comunicado falso da polícia francesa. Neste documento, pode ler-se que a Internet seria suspensa a partir do dia seguinte, 3 de julho, durante a noite em determinadas zonas de França “para evitar o uso indevido das redes sociais e de plataformas online para coordenar ações ilegais e incitar à violência”.
“Urgente: Macron está a planear desligar a Internet do país”, lê-se num dos muitos posts que circulam nas redes sociais.
Mas, como já referido, trata-se de uma notícia falsa, com base num comunicado que não existe.
O Ministério da Europa e dos Negócios Estrangeiros de França desmentiu a afirmação através de uma nota deixada nas redes sociais.
Atenção às notícias falsas. Um ‘comunicado de imprensa’ da polícia francesa alega que foram impostas restrições temporárias ao acesso à Internet em certos bairros. Este documento é FALSO: não foi tomada tal decisão”, lê-se num tweet da conta oficial do Ministério.
#UrbanViolence | Beware of #FakeNews
???? A “press release” from the French national police force @PoliceNationale has claimed that temporary restrictions have been imposed on Internet access in certain neighbourhoods.
❌ This document is FALSE: no such decision has been taken. pic.twitter.com/IyvFK3bN1z
— France Diplomacy ???????????????? (@francediplo_EN) July 3, 2023
O mesmo desmentido do Ministério da Europa e dos Negócios Estrangeiros de França foi feito no Facebook.
No site oficial do Ministério também não existe nenhum comunicado sobre restrições no acesso à Internet. A Polícia Nacional de França, que está sob a tutela do Ministério do Interior, também não divulgou nenhum comunicado nesse sentido.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, admitiu tomar medidas para controlar as redes sociais, como “remoção de conteúdos mais sensíveis” que incentivem à violência. Para além disso, o Chefe de Estado apelou à responsabilidade dos pais, indicando que muitos dos detidos são jovens. Mas nunca anunciou restrições de acesso noturno ou mesmo o “encerramento” da Internet.
Em causa estão os protestos de rua motivados pela morte de um adolescente de 17 anos, Nahel, baleado pela polícia durante um controlo de trânsito. Há registo de milhares de detidos e feridos e também danos em vários edifícios e infraestruturas, um pouco por todo o país.
O agente da polícia suspeito de ter alvejado mortalmente o jovem está em prisão preventiva e foi acusado de homicídio voluntário.
Conclusão
O governo francês não vai “fechar a Internet”, no âmbito dos protestos de rua motivados pela morte de um jovem de 17 anos às mãos da polícia. O comunicado da polícia que circula nas redes sociais a anunciar supostas restrições de acesso à Internet é falso. O Ministério da Europa e dos Negócios Estrangeiros de França já veio a público desmentir a informação.
Segundo a classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.