Uma “Bolsa Travesti” no valor de 1.800 reais (324 euros). É essa a medida que vários utilizadores de diferentes redes sociais têm anunciado que foi tomada pelo ministro da Fazenda (Finanças) brasileiro, Fernando Haddad, nos últimos dias. E que está a provocar indignação, num país onde o salário médio é de 1.100 reais (198 euros), segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).
A publicação em causa diz que o projeto “volta”, como se tivesse já estado em vigor antes. Isto acontece porque um projeto semelhante foi aplicado por Haddad no município de São Paulo, quando era autarca da cidade, em 2015. À altura, o programa apelidado de “Transcidadania” tinha como objetivo a atribuição de uma bolsa no valor de 840 reais (151 euros) a cidadãos transgénero e travesti para indivíduos destes grupos que participassem em aulas para terminar graus de ensino.
O site da Globo, o G1, lembra que desde essa altura o programa abrangeu 1.350 pessoas e que no ano passado tinha 660 vagas por turma. Foi mantido e aperfeiçoado pelos sucessores de Haddad e atualmente a bolsa é de 1.272 reais (228 euros) mensais. É apenas atribuída aos inscritos que tencionam concluir graus de ensino e frequentam também cursos de qualificação profissional e diferentes seminários.
Isso não significa, contudo, que Haddad esteja a pensar alargar o programa a nível nacional, com uma bolsa mensal superior. Contactado pelo G1, o Ministério da Fazenda desmentiu quaisquer planos de criar uma “Bolsa Travesti” nacional: “Trata-se de um programa criado em 2015 pela prefeitura de São Paulo voltado para a população trans e travestis em situação de vulnerabilidade. O programa visava formar, qualificar e dar bolsas para a população vulnerável na capital paulista à época. O vídeo citado é de 2015 e foi tirado de contexto. Não há qualquer programa nesse sentido no Ministério da Fazenda.”
Conclusão
Haddad criou um programa de qualificação para cidadãos transgénero e travesti quando era prefeito em São Paulo, em 2015, que envolvia a atribuição de uma bolsa mensal, inferior aos 1.800 reais mencionados na publicação. Contudo, agora que é ministro da Fazenda, não tem quaisquer planos para aplicar o programa a nível nacional.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.